Bolsista: Karen da Silva Medeiros
Orientador(a): Gisele Porto Sanglard
Resumo: A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi criada em 28 de agosto de 1942 sob a direção da primeira-dama do Brasil, Darcy Sarmanho Vargas, em convênio com a Confederação Nacional da Indústria e com a Associação Comercial do Brasil. Em pronunciamento às primeiras-damas dos estados, D. Darcy afirmou: Visto grandes dificuldades que atravessam nosso país, mulher brasileira será chamada a cumprir missão na proteção das famílias dos bravos soldados e execução de todos os deveres civis que forem necessários. (As Origens da LBA, 1977)A fim de prestar assistência às famílias dos homens brasileiros que foram convocados para lutar com a Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), D. Darcy iniciou um movimento que extrapolaria tal objetivo. A LBA tornou-se um meio de promover serviços de assistência social aos mais pobres, aqueles que não eram contemplados pela previdência e ficavam às margens dos benefícios sociais conquistados na última década.Sem fins lucrativos e visando o amparo aos desvalidos, a organização possuía um caráter estritamente voluntário naquele momento, onde as mulheres de bom coração e de boa moral cristã, sem distinção de raça, classe ou idade, prestariam serviços por amor à pátria e em solidariedade com as famílias dos soldados. Uma intensa campanha de chamamento para ser uma legionária foi feita e o generoso movimento teve espontâneas adesões (O Fluminense, 12 de setembro de 1942). Existiam diferentes setores de assistência onde as legionárias podiam atuar como o corpo de voluntárias, monitoras agrícolas e visitadoras sociais. Cursos eram oferecidos para que melhores serviços fossem prestados pelas voluntárias, assim como o movimento coordenava campanhas de arrecadação de insumos de guerra, de agasalhos e presentes de Natal. As campanhas mais notáveis da LBA em vista do contexto da guerra foram as de correspondência e de madrinha do combatente, onde as legionárias mediavam a comunicação entre os soldados e suas famílias, e garantiam a eles que seus filhos e esposas estavam sendo assistidos. Todas essas ações eram amplamente divulgadas nos meios de comunicação, seguindo a cartilha varguista do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). O movimento foi organizado com a Comissão Central a nível nacional, tendo à frente D. Darcy, as Comissões Estaduais (CE) com as esposas dos governadores/interventores e as Comissões Municipais (CM) com as esposas dos prefeitos. Apesar do caráter patriótico que condizia com a agenda estadonovista, a LBA não era um órgão estatal, mas tinha o governo federal como parceiro, estabelecendo uma cooperação entre o Estado, o empresariado e o voluntariado, sendo guiada sempre pela figura da primeira-dama. Nesta pesquisa, nos ateremos à Comissão Estadual do Rio de Janeiro, sediada na cidade de Niterói - àquele tempo, capital do estado - e presidida por Alzira Vargas do Amaral Peixoto, não só primeira-dama do estado, mas também filha de D. Darcy e Getúlio Vargas. A intenção é procurar entender como a lógica do cuidado com a alimentação infantil, atrelada ao discurso patriótico e do progresso brasileiro, se manifestou nas ações da LBA na CE do Rio de Janeiro, iniciando a pesquisa pela sua sede, Niterói. A discussão sobre a má alimentação da população brasileira vinha sendo colocada em pauta por médicos e sanitaristas desde o início do século, mas, acima de tudo, a grande preocupação era a alimentação infantil, entendida naquele momento como a maior causa da mortalidade infantil. Defendida pelo Departamento Nacional da Criança, criado em 1940 e dirigido pelo professor Olinto de Oliveira, a puericultura se mostrava como a grande solução para o problema. O ensinar a cuidar da criança e, sobretudo, incentivar e defender a amamentação natural e a alimentação saudável aliada ao consumo diário do leite garantiria o futuro da nação.