Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
ANÁLISE DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DA CARGA PARASITÁRIA NA PELE DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS COM Leishmania infantum
Bolsista: ANA CAROLINA DE OLIVEIRA CAMPOS
Orientador(a): FERNANDA NAZARE MORGADO
Resumo: A leishmaniose visceral no Brasil é causada pelo protozoário Leishmania infantum e os cães domésticos são considerados os principais animais reservatórios em meio urbano. Mesmo quando assintomáticos, os cães podem apresentar carga detectável de Leishmania na pele sadia com possível capacidade de infectar o vetor flebotomíneo. As lesões de pele nos cães acometidos por LV têm sido frequentemente observadas, e microscopicamente, apresentam intensidade variada de alterações inflamatórias, e infiltração de macrófagos e neutrófilos acompanhados da presença de amastigotas. As armadilhas extracelulares de neutrófilos constituídas de DNA (NETs) já foram descritas em estudo in vitro a partir de células de cães infectados. Recentemente, em outros modelos de infecção, foi identificada a capacidade dos macrófagos produzirem as METs (macrophage extracelular traps). Nos cães infectados, o perfil inflamatório na derme e possível correlação com o aumento da carga parasitária e disseminação do parasita pela pele ainda não estão completamente estabelecidas e a possibilidade de formação de METs ainda não foi avaliada. Outro fator que pode estar envolvido na patogênese e na modulação dos perfis celulares presentes na pele é o fator induzível por hipóxia (HIF-1). Este já foi demonstrado na infecção in vitro de macrófagos por outras espécies de Leishmania, porém não foram ainda avaliados na pele de cães infectados. Assim, o objetivo deste estudo é quantificar marcadores inflamatórios (NOS2, CXCL8, CCL-2), de perfil celular (macrófagos, neutrófilos e ETs) e HIF-1 em pele de distintas regiões do corpo de cães naturalmente infectados por Leishmania infantum e sua possível correlação com a carga parasitária e a sintomatologia clínica. Os animais serão divididos em grupos de acordo com o escore clínico: 1- baixo; 2- médio; e 3- alto escore clínico. Amostras de pele da orelha e abdomen de 30 cães provenientes de Mato Grosso estão sendo avaliadas por análise histopatológica, imuno-histoquímica e imunofluorescência. A carga parasitária será quantificada por mm2 de tecido e será feita a descrição qualitativa de sua distribuição. Até o momento, padronizou-se a técnica de imuno-histoquímica para identificação de células HIF-1Alpha+ e marcadores de perfil de macrófagos M2 (CD206 e CD163) nos cortes de pele de cães naturalmente infectados. Observou-se a presença de células positivas para os 3 marcadores no infiltrado inflamatório presente na derme e na epiderme. A análise quantitativa absoluta mostrou que todos os marcadores avaliados foram mais intensos na pele de orelha do que de abdômen, apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas quando os grupos foram comparados. As maiores quantidades de células HIF-1 alfa, CD206+ e CD163+ foram acompanhadas por um maior infiltrado celular na pele de orelha. Queratinócitos também apresentaram expressões dos marcadores estudados, principalmente quando a expressão era muito intensa no infiltrado inflamatório dérmico. Os marcadores HIF-1Alpha+ e CD163 apresentaram maiores resultados percentuais e quantitativos, considerando os padrões de cálculo utilizados. Pela primeira vez a expressão de HIF1-Alpha foi demonstrada na pele de cães com LV naturalmente infectados. Apesar de preliminares, os dados sugerem que a hipóxia gerada pelo intenso infiltrado inflamatório na orelha levou a uma maior expressão de HIF-1a e maior indução de células com perfil M2, o que pode contribuir para uma maior dispersão de amastigotas pela derme. Os dados produzidos neste estudo poderão trazer subsídios para o melhor entendimento sobre a imunopatogenia da LVC e a possível identificação de alvos para imunomodulação.
Potencial terapêutico do acetato em modelo experimental de exacerbação de enfisema pulmonar induzida por influenza
Bolsista: Ana Beatriz Nunes Antero
Orientador(a): CRISTIANA COUTO GARCIA
Resumo: A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma das três principais causas de morte em todo mundo. Frequentemente pacientes com DPOC sofrem exacerbações agudas associadas a infecções respiratórias virais ou bacterianas que reduzem a eficácia de tratamentos convencionais e são a principal causa de hospitalização. Portanto, é essencial entender os mecanismos das exacerbações para desenvolver novas terapias. Modelos experimentais têm contribuído para a compreensão dessas exacerbações. A modulação da microbiota endógena e seus metabólitos têm mostrado potencial em diversas doenças respiratórias e infecciosas. O presente projeto tem como objetivo caracterizar um modelo de exacerbação da DPOC por influenza para avaliar como a modulação da inflamação por metabólitos da microbiota pode afetar a progressão da doença. Para isso, camundongos C57BL/6 foram instilados com Elastase porcina pancreática (PPE) para indução de enfisema pulmonar ou PBS. Após 28 dias, quando o enfisema está estabelecido, foi feita a infecção com 102 PFU do vírus influenza A/PR/8 H1N1 (PR8) ou PBS. Em um primeiro experimento, foi utilizado como estratégia para modular a microbiota, a suplementação do metabólito acetato, na água dos camundongos de maneira preventiva, ou seja, antes da exacerbação e terapêutica, após a exacerbação. A perda de peso e letalidade foram acompanhados para avaliação do efeito na morbimortalidade dos animais nas diferentes estratégias. Em um segundo experimento o protocolo de exacerbação padronizado foi comparado em camundongos C57/BL6 WT e GPR43 nocaute (KO). A perda de peso, letalidade a composição da microbiota e seus metabólitos e os títulos virais foram acompanhados. Por fim, foi conduzido um experimento com animais submetidos ao protocolo de exacerbação, nos quais foi realizada a pré-colonização intranasal com 2x105 CFU de Lactobacillus johnsonii isolado das vias aéreas de animais WT não infectados, 1 dia antes da infecção pelo PR8. O modelo de exacerbação causou uma perda de peso significativa e letalidade de 57%. O tratamento preventivo com acetato reverteu em 100% a letalidade. Em outro protocolo, os animais WT apresentaram maior perda de peso e letalidade no grupo exacerbação, comparado ao grupo somente infectado, enquanto os animais GPR43 KO não apresentaram o fenótipo significativo de exacerbação. Foi possível observar que os animais GPR43 KO apresentam uma microbiota diferente dos WT, com grande presença de enterobactérias, que se mantém elevada durante o protocolo de indução do enfisema e após a infecção por influenza. De maneira geral, os animais GPR43 KO apresentaram um aumento na colonização bacteriana nas vias aéreas por espécies gram-positivas e gram-negativas, bem como por Enterobacteriaceae spp., em comparação aos animais WT, associado a uma disbiose de Lactobacillus spp. Os animais do grupo Exacerbação WT apresentam um recrutamento de leucócitos para as vias aéreas maior que os grupos controles WT enquanto os grupos Flu e Exacerbação GPR43 KO não tiveram diferenças nessas contagens de leucócitos. Os animais GPR43 KO do grupo Exacerbação apresentaram títulos virais superiores ao grupo Flu. O grupo exacerbação colonizado por L. johnsonii apresentou uma taxa de sobrevida de 62,5%, enquanto o grupo exacerbação apresentou 85,7% de sobrevida. Em conclusão, o protocolo de exacerbação proposto alterou a morbimortalidade dos animais em comparação com os controles infectados, aumentando o recrutamento de neutrófilos para as vias aéreas, mas sem alterar a carga viral. O tratamento preventivo com o metabólito microbiano acetato reverteu o aumento da mortalidade no protocolo de exacerbação. A ausência do receptor de ácidos graxos de cadeia curta GPR43 reduziu a resposta inflamatória, alterou a composição bacteriana tanto intestinal quanto nas vias aéreas, mas resultou em pior controle do vírus. A colonização por Lactobacillus johnsonii anterior à infecção viral impactou negativamente a taxa de sobrevida.
Aptâmeros: inovação para o diagnóstico do câncer de pulmão
Bolsista: GIOVANNA MARQUES BRAGA
Orientador(a): MARIANA CALDAS WAGHABI
Resumo: O câncer de pulmão é uma das principais causas de mortalidade no mundo, com taxas de sobrevida reduzidas, especialmente em estágios avançados. O diagnóstico precoce é um grande desafio, pois os métodos convencionais, como tomografia e biópsia, possuem limitações, como alto custo e necessidade de procedimentos invasivos. Nesse contexto, os aptâmeros surgem como uma alternativa promissora, oferecendo alta especificidade e estabilidade química para a detecção de biomarcadores tumorais. Os aptâmeros são pequenos oligonucleotídeos de DNA ou RNA que reconhecem alvos moleculares com elevada afinidade. Eles são obtidos por meio do processo SELEX, que permite a seleção de sequências com alta especificidade para biomarcadores tumorais. No câncer de pulmão, aptâmeros como o S6, que reconhece a proteína PTK7, têm demonstrado potencial para diagnóstico mais sensível e precoce da doença. Aptasensores eletroquímicos, por exemplo, possibilitam a detecção de antígenos tumorais com alta precisão, enquanto aptâmeros conjugados com agentes fluorescentes ou de contraste podem ser usados em exames de imagem, como PET e ressonância magnética. Outra aplicação relevante é a detecção de células tumorais circulantes (CTCs), auxiliando no monitoramento da progressão tumoral. O presente estudo tem como objetivo desenvolver um kit de diagnóstico específico para câncer de pulmão baseado na tecnologia de aptâmeros. Para isso, pretende-se selecionar aptâmeros específicos para o carcinoma de células não pequenas (CPNPC) pelo método CELL-SELEX, identificar suas sequências por NGS e mapear epítopos de ligação em células tumorais. Nesta etapa inicial do projeto, foram padronizados os protocolos de cultivo celular da linhagem tumoral A549 para sua aplicação nos ensaios de CELL-SELEX. O foco esteve na capacitação técnica, incluindo preparo de meios de cultura, descongelamento e manutenção celular, além de extração de DNA e PCR. O meio de cultura RPMI 1640 foi preparado seguindo protocolos rigorosos, garantindo um ambiente adequado para a proliferação celular. O processo de descongelamento foi conduzido com cuidado para preservar a viabilidade das células, e a manutenção das culturas ocorreu sob condições controladas, com trocas regulares de meio e monitoramento do crescimento celular. As células A549 demonstraram um crescimento satisfatório, atingindo aproximadamente 400.000 células/mL em uma semana. Além disso, a replicação celular foi avaliada ao longo de seis dias, iniciando com 500.000 células. Após 48 horas, a contagem celular chegou a 1.115.000 células, com uma taxa média de 0,99 divisões diárias. Em 144 horas, registraram-se cerca de 3,50 divisões totais, com leve redução na taxa devido ao aumento da confluência. Os resultados confirmam o crescimento esperado, validando a estabilidade do cultivo para experimentos futuros. A implementação dessa tecnologia pode contribuir significativamente para o avanço dos métodos de diagnóstico, tornando-os mais rápidos, acessíveis e eficientes.
Vigilância Genômica de Bactérias Multirresistentes em Ambiente Hospitalar no HU-Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí.
Bolsista: SABRYNNA DE OLIVEIRA DOS SANTOS
Orientador(a): Vladimir Costa Silva
Resumo: O projeto em questão, busca estruturar e fortalecer a Rede Nacional deVigilância Genômica de Bactérias Multirresistentes, promovendo a colaboração entreespecialistas de diferentes unidades da Fiocruz e LACENS. Além de oportunizar ainiciação científica de graduandos, por meio de programas como o PIBIC.As ações em curso visam capacitar a aluna de IC em ferramentas de pesquisa em biotecnologia em ciências avançasdas como genômica e bioinformática. Esse processo está em curso e as proximas etapas serão o terinamento em genômica com ênfase em sequencaimento NGS e montagem e análise de genomas de bactérias multirresistentes análise de bioinformática para identificação de genes relacionados a multirresistência.
Estudo descritivo de uma coorte de pacientes com acondroplasia em uso do medicamento Vosoritide
Bolsista: HENRIQUE CORDEIRO DE MELO BOTTI
Orientador(a): JUAN CLINTON LLERENA JUNIOR
Resumo: A história dos indivíduos com baixa estatura extrema (nanismo) remonta à antiguidade; e, com os avanços tecnológicos e de pesquisas nas doenças ósseas foi identificada a influência dos genes nesse processo. A Acondroplasia é considerada a displasia esquelética não-letal de origem genética mais comum. As displasias esqueléticas (DE) constituem um grupo de doenças do esqueleto clínica e geneticamente heterogêneas, multisistêmicas com diferentes complicações clínicas ao longo da sua história natural. Cerca de 30% delas são consideradas letais e a maioria tem sua etiologia genética bem definida. A Acondroplasia (AC) é a DE mais comum em recém-nascidos vivos com uma prevalência de 1:25.000 nascidos. Apresenta uma história natural bem documentada e uma série de recomendações clínicas definidas por consensos nacional e internacional. Classificada dentro do grupo das doenças raras (DR), teve recentemente aprovada uma intervenção medicamentosa utilizando uma terapia de precisão a partir da interferência do peptídeo recombinante natriurético tipo C (Vosorite) na via celular Ras/Mapk, ativada pelo ganho de função da mutação do gene FGFR3. Esta pesquisa tem por objetivo descrever as características clínicas, antropométricas e qualidade de vida em uma coorte de pacientes com AC tratados com o medicamento Vosoritide. Baseia-se no estudo da história natural da AC em pacientes medicados com Vosoritide. Como resultados, com o início do uso da medicação, os pacientes apresentaram aumento da velocidade de crescimento anual, ganho estatural nas curvas de Z-Score, diminuição da desproporção entre membros e melhora na qualidade de vida, com redução das complicações conhecidas da condição. O medicamento mostrou-se seguro para todos os pacientes.
Avaliação da influência da superinfecção de DENV e CHIKV na competência vetorial do Aedes aegypti
Bolsista: ALEXIA KATLEN RIBEIRO RAMOS DA SILVA
Orientador(a): NAGILA FRANCINETE COSTA SECUNDINO
Resumo: As arboviroses representam um desafio um desafio significativo para a saúde pública em todo o mundo. Entre as arboviroses mais comum estão a dengue e a chikunngunya causadas pelos vírus DENV e CHIKV. No Brasil, as condições ambientais favorecem a proliferação do mosquito, favorecendo a cocirculação e disseminação de múltiplos arbovírus. Em áreas endêmicas a cocirculação de múltiplos arbovírus levanta preocupações sobre coinfecção em vetores e humanos. Diante da crescente preocupação com a disseminação de arboviroses, a Organização Mundial da Saúde (WHO) lançou, em 2022, a Global Arbovirus Initiative, estruturada em seis pilares estratégicos para combater arbovírus emergentes e reemergentes (WHO, 2022). Este estudo está alinhado ao primeiro pilar, que visa o monitoramento e antecipação do risco, pois investiga as interações entre CHIKV e DENV-1/DENV-2 em Aedes aegypti, fornecendo informações sobre a dinâmica de coinfecções e transmissão do vírus. A compreensão desses fatores pode aprimorar a vigilância epidemiológica e auxiliar na previsão de surtos, contribuindo para estratégias mais eficazes de controle vetorial e mitigação dos impactos à saúde pública. Assim, o objetivo desse projeto é avaliar a competência vetorial do Ae. aegypti em resposta a superinfecção por DENV e CHIKV. Fêmeas de Ae. Aegypti serão superinfectados usando o método de infecção via membrana. Para avaliar a viabilidade dos mosquitos superinfectados serão usados métodos de transmissão via picada usando camundongos da linhagem Balb/C (Mus musculus) e coleta de saliva dos mosquitos infectados. Técnica de biologia molecular será utilizada para a quantificação da carga viral e a dinâmica e/ou interferência viral. Nossa proposta visa compreender a superinfecção com DENV e CHIKV na competência vetorial do Ae. Aegypti, demonstrando que múltiplas infecções em populações de vetores é inevitável e de grande preocupação em áreas de cocirculação de múltiplos arbovírus.
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