Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
CONSTRUÇÃO DE MODELO PREDITIVO EM DATA SCIENCE PARA VIGILÂNCIA DA OCORRÊNCIA DE DOENÇAS EMERGENTES COM FOCO NA COVID-19 EM PERNAMBUCO USANDO INTELIGENCIA ARTIFICIAL
Bolsista: ANTONIO VINICIUS GOMES ALVES
Orientador(a): LOUISIANA REGADAS DE MACEDO QUININO
Resumo: Doenças infecciosas emergentes são doenças transmissíveis novas, ou que surgiram recentemente em uma determinada sociedade. Quando surgem, demandam o emprego urgente de medidas de prevenção, de controle e de contenção de riscos, de danos e de agravos à saúde pública em situações que podem ser epidemiológicas, de desastres, ou de desassistência à população. Para seu enfrentamento, o uso de técnicas e tecnologias faz-se necessário, visando além de compreender sua reprodução social (cenários pretérito e atual), o desenvolvimento de outras técnicas e tecnologias da informação e comunicação para mediar os processos informacionais e comunicativos por meio de recursos tecnológicos integrados entre si que facilitam o ensino, aprendizagem, gestão e pesquisa evitando, assim, que o conhecimento gerado fique apenas no âmbito acadêmico (cenários futuros). A ocorrência da pandemia da COVID-19 mostrou ao mundo que trabalhos neste sentido devem ser realizados de forma perene pelos setores de pesquisa, aliados aos serviços de saúde em prol da população. Este trabalho pretende realizar um olhar para o passado da pandemia da COVID-19 em Pernambuco, analisando os fatores associados à sua reprodução (macropolíticos, ambientais, sociais, demográficos) utilizando, para isso, ferramental estatístico, Data Science e Inteligência artificial para construir um retrato da pandemia no tempo e espaço, considerando variáveis macropolíticas, ambientais, sociais, demográficas, compreendendo o complexo contexto na qual a mesma se reproduziu. A partir destas análises, modelos estatísticos de predição de problemas complexos serão criados, utilizando técnicas estatísticas de modelização, big data e machine learning para, através dos dados analisados, fazer previsões. Em seguida, estes modelos serão automatizados dentro de uma plataforma epidemiológica web multifuncional que permitirá que os trabalhadores em saúde a utilizem na compreensão de fenômenos complexos e previsão de cenários epidemiológicos críticos no seu território. Parte da fase analítica do estudo pressupõe a verificação dois fatores associados à ocorrência de Covid em Pernambuco. Analisaram-se os casos graves hospitalizados e os fatores associados à proteção ao óbito por COVID-19 entre 01/01/2020 a 30/10/2023. Estudo transversal, com dados secundários. Modelos de regressão logística foram empregados. O estudo evidenciou que ser mulher, estar gestante, ser profissional de saúde, ter sido vacinada, ter a cor da pele parda ou amarela, ter de 0 até 16 anos e ter apresentado tosse e/ou dispneia são fatores de proteção ao óbito por Covid-19. Por outro lado, ter a presença de comorbidades pré-existentes como as doenças vasculares, a hipertensão arterial sistêmica, ter histórico de tabagismo e ter apresentado febre e/ou desconforto respiratório aumentam a chance do indivíduo vir a óbito por Covid-19 quando comparado aos que tem o fator de proteção. Políticas publicas adequadas podem ser elaboradas considerando estas características.
Tecnologia educativa para cuidados e prevenção de violências no campo, na floresta e nas águas em Manaus.
Bolsista: FRANCISCO MUNIZ GONCALVES FILHO
Orientador(a): THALITA RENATA OLIVEIRA DAS NEVES GUEDES
Resumo: A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), com o objetivo de promover a saúde das populações do campo, da floresta e das águas por meio de ações e iniciativas que reconheçam as especificidades dessa população e seus territórios, assim como a redução de riscos e agravos à saúde decorrente dos processos de trabalho e das tecnologias agrícolas. Neste sentido, esta pesquisa-ação tem como objetivo geral produzir tecnologia educativa para cuidado e prevenção de violências nas populações do campo, da floresta e das águas em Manaus e específicos: 1. Caracterizar o perfil epidemiológico da população atendida nas unidades de saúde rural por acidentes e violências; 2.Identificar barreiras de acesso na produção do cuidado nessa população; 3. Elaborar materiais pedagógicos para educação permanente em saúde; Para tanto, serão analisados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em relação a notificação de violência interpessoal e autoprovocada dos cadastros da população rural no Sistema de Informação da Atenção Básica E-SUS. Após análise por estítica descritiva, será elaborado material educativo destinado às populações do campo, da floresta e das águas, a fim de disseminar o cuidado e prevenção de violências.
DESIGUALDADE SOCIAL E PERSPECTIVA DO CURSO DE VIDA NO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Bolsista: AMANDA GONCALVES DE SOUZA
Orientador(a): Juliana Vaz de Melo Mambrini
Resumo: INTRODUÇÃO: O envelhecimento populacional avança rapidamente no Brasil, impulsionado pelo aumento da expectativa de vida e pela redução da fecundidade. Estima-se que, até 2060, mais de 30% da população brasileira terá 60 anos ou mais. No entanto, viver mais não significa, necessariamente, viver com saúde. Grande parte dos anos adicionais de vida pode ser acompanhada por doenças ou incapacidades, o que impõe desafios à formulação de políticas públicas. A Organização Mundial da Saúde definiu 2021-2030 como a Década do Envelhecimento Saudável, destacando a importância de promover a habilidade funcional por meio da interação entre capacidade intrínseca e ambiente. Nesse contexto, desigualdades sociais e experiências ao longo do curso de vida influenciam significativamente os desfechos na velhice. Avaliar esses determinantes é essencial para promover a equidade em saúde em um país marcado por profundas desigualdades socioeconômicas.OBJETIVO: Avaliar a associação entre o envelhecimento saudável e indicadores socioeconômicos em diferentes estágios do curso de vida entre idosos brasileiros.MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal, baseado nos dados da segunda onda do ELSI-Brasil, realizado entre 2019 e 2021, conduzido com amostra nacional representativa da população com 50 anos ou mais não institucionalizada. Foram incluídos neste estudo todos os participantes com 60 anos ou mais. O desfecho do estudo é o envelhecimento saudável, avaliado com base em 23 indicadores, conforme orientação da OMS. O envelhecimento saudável foi mensurado com base na Teoria de Resposta ao Item, por meio do modelo de Samejima (Graded Response Model). Essa variável foi, inicialmente, categorizada com base nos tercis e, em um segundo momento, dicotomizada (tercis 1 e 2 versus tercil 3), sendo o valor 1 atribuído aos participantes de maiores escores de envelhecimento saudável (tercil 3). Foram analisados marcadores socioeconômicos da infância e adolescência (como escolaridade dos pais, presença de livros em casa e situação financeira), da vida adulta e velhice (escolaridade e renda per capita domiciliar). Variáveis como sexo, idade, cor, autoavaliação da saúde e multimorbidade foram consideradas potenciais confundidores. A análise descritiva incluiu frequências e intervalos de confiança de 95%. Para as associações brutas, utilizou-se o teste Qui-Quadrado de Pearson com correção de Rao-Scott e regressão logística ajustada, estimando-se razões de chance (RC) com IC95%. As análises foram feitas no Stata 16.0, com pesos amostrais e efeito de delineamento, adotando-se 5% de significância.RESULTADOS PARCIAIS: A amostra incluiu 6.929 pessoas idosas, com média de idade de 71,1 anos (±8,3), sendo 54,4% mulheres. Cerca de 40% tinham menos de 4 anos de estudo, 47% não relataram doenças crônicas e menos da metade avaliou sua saúde como boa ou muito boa. O escore de envelhecimento saudável, com distribuição aproximadamente simétrica, variou de -2,86 a 2,26 (média = 0,006; DP = 0,87). Em relação à infância e adolescência, a maioria dos pais era analfabeta, havia ausência de livros no domicílio e a condição financeira familiar era considerada pobre. Cerca de 70% estavam na escola aos 10 anos e 60% relataram boa saúde até os 15 anos. Todas as variáveis estudadas mostraram associação estatisticamente significativa com o envelhecimento saudável. Melhores escores foram observados entre participantes cujos pais tinham maior escolaridade, que estavam na escola aos 10 anos e viviam em ambientes mais favorecidos.CONSIDERAÇÕES FINAIS: O estudo evidenciou que desigualdades sociais ao longo do curso de vida influenciam o envelhecimento saudável. Todas as variáveis analisadas foram significativamente associadas ao desfecho. Melhores escores foram observados entre idosos com pais mais escolarizados, que estudaram aos 10 anos, tinham bom desempenho escolar, livros em casa e melhores condições de saúde na adolescência.
Enriquecimento ambiental para camundongos associado a garantia do bem-estar e qualidade da pesquisa no Centro de Experimentação Animal do Instituto Oswaldo Cruz
Bolsista: LARISSA DOS SANTOS DE SOUZA
Orientador(a): Isabele Barbieri dos Santos
Resumo: O Instituto Oswaldo Cruz (IOC) /FIOCRUZ atua nas áreas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, inovação e na prestação de serviços de referência para diagnóstico de doenças infecciosas e genéticas e controle de vetores. Os alojamentos dos animais em biotérios diferem bastante de seu ambiente natural, que é rico em estímulos. O bem-estar animal (BEA) envolve o estado momentâneo de harmonia entre o organismo e o ambiente que o rodeia, no qual o animal procura atender suas necessidades fisiológicas mediante adaptação. O enriquecimento ambiental (EA), definido como "qualquer medida que promove a expressão de tipos de comportamento naturais específicos da espécie, apresenta-se como alternativa para a manutenção das condições de BEA, mitigando o efeito do confinamento dos animais em experimentação, ajudando a prevenir a ansiedade, frustração e estresse crônico. A legislação brasileira recomenda que o EA deve ser fornecido como parte dos cuidados de rotina dos animais utilizados para pesquisa e ensino. Uma das principais consequências da ausência/redução do BEA para a pesquisa é o comprometimento da fidedignidade dos dados. Há diversos relatos associando a redução da agressividade dos animais em experimentação (e assim redução de estresse, lesões e óbitos) com o uso adequado de itens de EA. O objetivo deste estudo foi avaliar se a implantação de itens de enriquecimento ambiental de fácil manejo e baixo custo selecionados, no alojamento de camundongos Mus musculus, albergados no Centro de Experimentação Animal, implica na diminuição do estresse, aumento do BEA e consequentemente na melhoria dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelo IOC. Os itens de EA selecionados foram algodão, feno, iglu, papel toalha, trapézio, máscara, cano e cano de papelão. Todos estes itens foram selecionados porque apresentam baixo custo, fácil manuseio e higienização, permitindo esterilização, o que facilita sua implantação e permanência na rotina de manutenção dos animais do CEA/IOC. Camundongos Swiss Webster A/J e BALB/c foram divididos em dois grupos de 8 animais: grupo 1 de 04 machos, e grupo 2 de 04 fêmeas, para os quais foram oferecidos os itens de EA. O comportamento dos animais e sua interação com os itens de EA foram analisados pelo método de varredura de filmagens diárias com duração de uma hora durante 15 dias. O item de EA foi considerado efetivo quando foi registrada pelo menos uma interação por minuto. Interações dos camundongos C57BL6: iglu com disco 73 interações de fêmeas e 76 de machos; cano de papelão 71 de fêmeas e 69 de machos; plataforma obteve 66 interações de fêmeas e 31 machos; iglu 67 interações de fêmeas e 68 de machos; toalha obteve 70 interações de fêmeas e 64 de machos, cano obteve 63 interações de fêmeas e 50 de machos, papel pardo obteve 64 interações de fêmeas e 41 de machos; algodão obteve 51 interações de fêmeas e 47 de machos; feno obteve 50 interações de fêmeas e 42 do grupo de machos e trapézio obteve 38 interações de fêmeas e 22 de machos; A/J: cano de papelão obteve 78 interações de fêmeas e 77 de machos; iglu obteve 78 interações de fêmeas e 79 de machos; papel toalha obteve 58 interações de fêmeas e 64 de machos; cano PVC obteve 64 interações do de fêmeas e 66 de machos; rede (máscaras cirúrgicas sem o arame) obteve 61 interações de fêmeas e 2 de machos; algodão obteve 58 interações de fêmeas e 71 de machos; feno obteve 68 interações de fêmeas e 72 de machos; trapézio obteve 12 interações de fêmeas e 11 de machos. BALB/c: cano de papelão obteve 74 interações de fêmeas e 76 de machos; iglu com disco obteve 80 interações de fêmeas e 74 de machos; plataforma obteve 59 interações de fêmeas e 58 de machos; papel pardo obteve 63 interações de fêmeas e 54 de machos; rede (máscaras cirúrgicas sem o arame) obteve 46 interações de fêmeas e 56 de machos; algodão obteve 52 interações de fêmeas e 61 de machos; feno obteve 64 interações de fêmeas e 69 de machos; trapézio obteve 29 interações de fêmeas e 32 de machos.
Do Rio Janeiro a Moçambique: a trajetória da Luis Vicente di Simoni no Brasil joanino (1808-1821)
Bolsista: MARIA CLARA PILOTO PEREIRA
Orientador(a): Lorelai Brilhante Kury
Resumo: A obra Tratado médico sobre o clima e as enfermidades de Moçambique (1821) foi composta pelo médico genovês Luís Vicente Di Simoni após seu retorno da ilha de Moçambique, onde serviu à Coroa portuguesa como Físico-Mor entre 1819 e 1821. Para além de temas médicos, o tratado disserta sobre aspectos geográficos, climáticos, sanitários e socioculturais da ilha africana, oferecendo um quadro bastante rico da África oriental portuguesa no início da década de 1820. Este subprojeto está vinculado à pesquisa principal coordenada por Ricardo Cabral de Freitas, intitulada Só o seu nome horroriza quem o vê: medicina, corpo e doença no Tratado médico sobre o clima e as enfermidades de Moçambique (1821), e tem como foco a investigação da trajetória socioprofissional de Di Simoni. Compreender o percurso do autor permite contextualizar a produção do tratado, articulando aspectos biográficos, médicos e políticos da época joanina.Apesar da existência de uma bibliografia mais consolidada sobre o período posterior à Independência, a chegada de Di Simoni ao Brasil, sua inserção na Corte e sua missão em Moçambique permanecem pouco exploradas pela historiografia. É nesse sentido que este subprojeto se propõe a investigar os marcos de sua atuação durante o governo joanino, suas estratégias de ascensão social e sua contribuição para os projetos reformistas da época. Para isso, estabeleci uma divisão de três etapas, primeiro, a leitura bibliográfica sobre o contexto médico, político e cultural do Rio de Janeiro joanino. Segundo a análise de fontes que relatem sobre a trajetória de Di Simoni ao Brasil e à Moçambique. E por último, a análise da nosografia popular produzida por Di Simoni em seu tratado sobre Moçambique. Ao longo do ano de pesquisa, a partir da investigação da trajetória de Luís Vicente Di Simoni e da leitura inicial do Tratado médico, foi possível construir uma base sólida para compreender não apenas suas concepções médicas, mas também as dinâmicas sociais e políticas que marcaram sua atuação no Brasil joanino e em Moçambique. Alcançamos os objetivos de contextualizar as práticas de cura no Rio de Janeiro, analisar a inserção do personagem na comunidade médica e identificar possíveis estratégias de ascensão profissional.Essa trajetória analítica também contribuiu diretamente para meu amadurecimento enquanto pesquisadora, revelando as possibilidades de abordagem historiográfica a partir de fontes médicas e biográficas. A conclusão desta etapa inaugura, ao mesmo tempo, uma nova fase da pesquisa: mais centrada na análise aprofundada do Tratado, de suas categorias nosológicas e do contexto de circulação de saberes entre Corte e colônia.Nesse sentido, a circularidade entre metodologia, objetivos e resultados permitiu não apenas a consolidação do que foi produzido, mas também o delineamento de novos caminhos para continuar investigando as relações entre medicina, poder e saber nos espaços coloniais e metropolitanos.
Do in silico ao in vivo: A utilização da triagem virtual por docagem molecular para a seleção de inibidores da tripanotiona redutase de Leishmania infantum
Bolsista: JULIA XAVIER PARREIRA
Orientador(a): ELMO EDUARDO DE ALMEIDA AMARAL
Resumo: As leishmanioses são doenças negligenciadas que ainda representam um grande desafio para a saúde pública no Brasil, devido à sua elevada incidência e às limitações dos tratamentos atualmente disponíveis, que são tóxicos, caros e de difícil administração. Nesse cenário, o reposicionamento de fármacos e a busca por produtos naturais surgem como estratégias promissoras para o desenvolvimento de terapias mais eficazes, seguras e acessíveis. Neste trabalho, foram utilizadas duas bibliotecas distintas para a triagem de candidatos com potencial leishmanicida: a biblioteca de fármacos aprovados pela FDA, composta por medicamentos com segurança clínica já estabelecida; e a biblioteca de produtos naturais, fonte relevante de moléculas com alto potencial farmacológico. A primeira etapa do projeto consistiu na triagem in silico de ambas as bibliotecas utilizando como alvo molecular a enzima tripanotiona redutase (TR) de Leishmania infantum, essencial para a sobrevivência do parasito, por sua função na defesa contra o estresse oxidativo. Essa abordagem permitiu a seleção de compostos com alta afinidade pelo sítio catalítico da enzima, com destaque para FVN-701, FVN-273, FDA-151 e FDA-902. Dentre esses, os compostos FVN-273, FVN-701 e FDA-151 apresentaram atividade antipromastigota in vitro, com valores de IC de 20,79 microM, 194,3 microM e 7,344 microM, respectivamente. FDA-902 não demonstrou atividade significativa nas concentrações testadas. Em relação à toxicidade, FVN-273 e FDA-151 não apresentaram efeitos tóxicos nas concentrações utilizadas, enquanto FVN-701 mostrou toxicidade apenas em doses mais elevadas (CC = 573,0 microM). Os três compostos também inibiram significativamente a infecção por amastigotas intracelulares e apresentaram índices de seletividade compatíveis com ação direta sobre o parasito. Em modelo murino de leishmaniose visceral, observou-se redução da carga parasitária nos animais tratados. Análises preliminares do mecanismo de ação indicaram aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS) em promastigotas tratadas com FVN-701, com correlação direta entre produção de ROS e inibição do crescimento parasitário. Com os resultados avançados da triagem envolvendo a TR, foi iniciada uma segunda triagem, utilizando a enzima ascorbato peroxidase (AsP) de L. infantum como alvo, também envolvida na resposta antioxidante do parasito. Essa abordagem visa identificar compostos com potencial multialvo, capazes de inibir diferentes mecanismos essenciais à sobrevivência do parasito. Até o momento, os compostos FVN-273, FVN-701, FDA-058, FDA-092, FDA-168 e FDA-815 demonstraram interações favoráveis com o sítio catalítico da AsP. Entre eles, FDA-092, FDA-168 e FDA-815 apresentaram atividade antipromastigota com IC de 25,45 microM, 59,56 microM e 436,6 microM, respectivamente, com efeito concentração-dependente. As próximas etapas incluem o aprofundamento da análise dos compostos identificados na triagem com a AsP, com o objetivo de consolidar candidatos que atuem de forma eficaz sobre múltiplos alvos do parasito, reforçando o potencial dessas moléculas. Durante o período, foram realizados cursos de capacitação: "Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos" (FIOCRUZ) e o "XII Curso de Microbiologia e Parasitologia no Contexto Atual" (UFF). Além disso, foi publicado o capítulo de livro "Perspectivas terapêuticas: Ferramentas para a busca de novos fármacos no combate à leishmaniose", na obra Parasitologia em foco: Ciência, saúde e propostas para a educação (16ª ed., Maceió: Hawking, 2024). O trabalho também foi reconhecido em eventos científicos, conquistando o 1º lugar na categoria Iniciação Científica (apresentação oral) no III Host-Pathogen Interaction Meeting e na XVI Semana de Biomedicina da UNIRIO, além de receber menção honrosa na 32ª Reunião Anual de Iniciação Científica do IOC/Fiocruz
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