Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Bolsista: HELENA BAPTISTA SILVA RIBEIRO DE CARVALHO
Orientador(a): ELIDA AZEVEDO HENNINGTON
Resumo: A pesquisa SUBJETIVIDADES, PRODUÇÃO DE SAÚDE E BEM VIVER: TRAJETÓRIAS DE TRABALHADORAS IMIGRANTES DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO é subprojeto integrado ao projeto maior O bem viver, subjetividades e estratégias de produção de saúde e resistência às opressões de gênero, raça e classe de mulheres trabalhadoras imigrantes das cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Boa Vista, coordenado por Élida Azevedo Hennington (Cesteh/Ensp/Fiocruz) e Simone Mainieri Paulon (PPGPSI/UFRGS), CAAE 0061.0.009.000-11, pesquisa intervenção participativa multicêntrica. A bolsista iniciou atividades de iniciação científica com a pesquisa já em andamento. Tem participado das reuniões regulares da equipe de pesquisa (quinzenal, às sextas-feiras), com pesquisadores dos três campos (Rio de Janeiro, Porto Alegre e Boa Vista), e reuniões semanais às terças-feiras com o grupo de pesquisadoras bolsistas. É uma das participantes da atividade de revisão de escopo sobre a temática trabalho e migração internacional no Brasil. Também participou do fichamento de artigos científicos da revisão de literatura geral, do tipo narrativa. Além disso, está participando da fase de "tagueamento" dos materiais de pesquisa (artigos, diários de campo, rodas de conversa) para inserção no software de análise qualitativa NVivo. Participou também de rodas de conversa com mulheres migrantes no Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante (CRAI Rio) que resultou na criação de livreto com mapeamento coletivo sobre lugares de apoio, assistência e convivência produzido com e para mulheres migrantes da cidade do Rio de Janeiro que está em fase final de produção.

Bolsista: PALOMA JACOB TELACIO
Orientador(a): DANIEL PEDRA ADESSE
Resumo: As substâncias per- e poli-fluoroalquílicas (PFAS) são compostos sintéticos amplamente utilizados na indústria e na agricultura, presentes em produtos como tecidos, cosméticos, medicamentos, panelas antiaderentes e tintas. Caracterizam-se por sua alta persistência no ambiente e tendência à bioacumulação, o que permite sua detecção no solo, em peixes e até no sangue humano. Devido a esses impactos ambientais e sua persistência, os PFAS foram incluídos na lista de poluentes orgânicos persistentes da Convenção de Estocolmo, com o objetivo de restringir seu uso. No entanto, no Brasil, ainda não há regulamentação específica para controlar os níveis desses compostos nos produtos, o que permite sua utilização contínua e expõe a população ao risco de contaminação. A exposição aos PFAS tem gerado crescente preocupação, especialmente entre grupos vulneráveis como gestantes, fetos e recém-nascidos, visto que esses compostos podem ser transferidos pela placenta e pelo leite materno. Estudos indicam que a exposição aos PFAS durante a gravidez está associada ao aumento do risco de ansiedade e depressão em crianças, devido a alterações no neurodesenvolvimento. Além disso, pesquisas sugerem que esses compostos podem interferir no crescimento sináptico, prejudicar a plasticidade neuronal e alterar a resposta comportamental. Também há evidências de que os PFAS afetam os níveis de hormônios tireoidianos, essenciais para o desenvolvimento cerebral.Outro efeito adverso dos PFAS é o estresse oxidativo, caracterizado pelo desequilíbrio entre os mecanismos antioxidantes e a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS). Esse desequilíbrio pode resultar em danos celulares, incluindo danos ao DNA. Estudos com modelos celulares e animais mostram que os PFAS alteram a atividade de enzimas antioxidantes, como glutationa peroxidase, catalase e superóxido dismutase, além de aumentarem a produção de ROS, o que está relacionado a distúrbios do neurodesenvolvimento. Diante desse cenário, o objetivo deste projeto é validar um ensaio para avaliar os efeitos teratogênicos e neurotóxicos dos PFAS, utilizando linhagens celulares murinas (Neuro2a) e humanas (SH-SY5Y). Essas células têm a capacidade de se diferenciar em neurônios, e a análise de marcadores de estresse oxidativo será parte essencial da investigação, com o intuito de avaliar os impactos desses compostos na saúde humana. A realização desse estudo visa contribuir para a compreensão dos riscos associados aos PFAS e fornecer dados relevantes para políticas públicas de saúde e segurança ambiental.

Bolsista: LUIZA TANAJURA DE ARAUJO
Orientador(a): Mitermayer Galvão dos Reis
Resumo: A resistência bacteriana aos antimicrobianos é uma ameaça à saúde pública global, e o ambiente tem se mostrado uma importante fonte de bactérias resistentes. Este estudo investigou isolados bacterianos de Enterobacterales e bacilos não fermentadores na Bacia do Rio Pituaçu e na comunidade de Bate-Facho, em Salvador (BA), com foco na resistência e genes associados. Foram coletadas amostras de água e fezes, analisando-se o perfil fenotípico e genotípico de resistência em Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter cloacae, Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii. E. coli e K. pneumoniae foram as bactérias mais prevalentes tanto no ambiente quanto na comunidade. Estas bactérias apresentaram alta taxa de resistência aos antimicrobianos, especialmente às cefalosporinas e ciprofloxacino. A resistência foi maior nos isolados ambientais, principalmente em E. coli, com destaque para o período seco. A busca por genes de resistência está em andamento, mas resultados parciais mostraram que as principais beta-lactamases identificadas em E. coli foram blaSHV e blaCTX-M. O estudo destaca a importância de medidas de controle para mitigar a disseminação da resistência aos antimicrobianos e seus impactos na saúde pública.Palavras-chave: resistência antimicrobiana, Enterobacterales, E. coli, K. pneumoniae, saúde pública.

Bolsista: CLARA SARQUIS RODRIGUES
Orientador(a): ANNA CRISTINA CALCADA CARVALHO
Resumo: A tuberculose (TB) segue sendo uma das principais causas de morbimortalidade no mundo, afetando de forma significativa crianças e adolescentes, especialmente em regiões de alta prevalência como o estado do Rio de Janeiro. O projeto "Coorte prospectiva de crianças e adolescentes com tuberculose presuntiva na região metropolitana do Rio de Janeiro tem como objetivo geral aprimorar o cuidado à TB nesse grupo etário por meio do estabelecimento de uma coorte prospectiva de pacientes com TB presuntiva, possibilitando a avaliação de novos testes diagnósticos e novas terapias, contribuindo assim para a redução da morbimortalidade pela doença. Trata-se de um estudo observacional, prospectivo, multicêntrico, que prevê o recrutamento de 525 participantes menores de 20 anos ao longo de 24 meses, com seguimento clínico até 12 meses após o final do tratamento.Como bolsista de Iniciação Científica no Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos (LITEB -IOC/Fiocruz) atuo no projeto em atividades dentro e fora do LITEB. Participo do recrutamento dos participantes da pesquisa, apresentando o projeto, aplicando os termos de consentimento/assentimento e realizando as entrevistas com os jovens pacientes do ambulatório de Pneumopediatria do Hospital Gaffrée Guinle (UniRio).Também participo da coleta e processamento de amostras biológicas sob supervisão médica durante a visita médica.No LITEB participo da gestão do banco de dados do estudo, desenvolvido na plataforma Research Electronic Data Capture (REDCap), contribuindo para a validação das Clinical Research Forms (CRF) e inserção das informações coletadas. Participei de capacitações e reuniões semanais com a equipe, voltadas para aprimorar a codificação e estruturação do banco de dados. Essa experiência tem sido essencial para o desenvolvimento de habilidades em gestão de dados clínicos e análise estatística.Além disso, tenho participado ativamente das reuniões científicas trimestrais do projeto, que reúnem pesquisadores de diversas instituições onde discutem sobre o andamento do projeto e apresentam trabalhos científicos com atualizações na área da TB pediátrica. Estive presente em visitas técnicas a outros centros colaboradores do estudo, como o Hospital Infantil Ismélia da Silveira e o Centro Municipal de Saúde, ambos no município de Duque de Caxias, enriquecendo assim minha vivência prática na pesquisa clínica.Durante o período obtive certificação de diversos cursos, como o de Boas Práticas Clínicas (ICH-GCP), Gestão da Qualidade e Biossegurança (Fiocruz), além de cursos sobre Leptospirose e redação científica. Também participei do Workshop sobre TB pediátrica (REDE-TB/UFRJ) e de aulas ministradas pela professora Giorgia Sulis, da Universidade de Ottawa. Atualmente, participo de um projeto de colaboração entre minha orientadora e a Profa Giorgia no desenvolvimento do artigo "The Role of Macronutrients on Tuberculosis Treatment Outcomes and Diet Optimization During Tuberculosis Treatment: A Scoping Review Protocol", no qual atuo na revisão metodológica, seleção e análise de literatura. Paralelamente, fui convidada por minha orientadora para participar da redação de outro manuscrito, intitulado "Diagnóstico e Manejo da Tuberculose durante a Gestação: abordagens e desafios", que está em fase de final de preparação.Até março de 2025, 32 participantes foram recrutados para o estudo, sendo quatro do centro da UniRio, onde atuo presencialmente. A participação no projeto tem proporcionado um aprendizado técnico, humano e ético essencial para minha formação médica. Trabalhar com uma equipe interdisciplinar e sob a orientação da Profa Anna Cristina C. Carvalho tem sido uma oportunidade transformadora, consolidando minha vontade de seguir atuando em pesquisa clínica com foco em doenças infecciosas e contribuindo para o avanço do conhecimento científico e a melhoria da atenção à saúde de populações vulneráveis.

Bolsista: VINICIUS PIRES FERNANDES
Orientador(a): VICTOR DO VALLE PEREIRA MIDLEJ
Resumo: Ainda hoje, as doenças negligenciadas afetam quase um sexto da população mundial, refletindo um descaso de vários setores da sociedade, inclusive as próprias pessoas que são acometidas. Nesse cenário, surge a giardíase, doença comum no Brasil. Os efeitos clínicos da giardíase são mais significantes em crianças, podendo A maioria dos estudos não atentam para o ambiente onde esses parasitos colonizam, descartando a microbiota como uma variável importante para entender a patogênese da doença. Esse conjunto de bactérias esta diretamente ligada à saúde do ser humano e sabe-se que interfere no modo como alguns parasitos infectam seus hospedeiros. Nesse projeto visamos abordar a relação parasito-hospedeiro incluindo o fator microbiota, onde verificaremos o papel de uma microbiota saudável ou em disbiose, relacionada às doenças, na interação da giárdia com o hospedeiro. Utilizaremos cultivo simultâneo entre os parasitos, bactérias e células intestinais para ensaios de interação. Avaliamos o tempo de geração da E. coli por 6, 12 e 18h com inóculos diferentes, ao final vimos que o número de bactérias é similar, independente do inóculo. Também observamos que em co-cultivo E. coli e G. intestinalis há um menor crescimento do parasito após 18h de cultivo. Nossos dados preliminares demonstram uma ação antiproliferativa de e. coli frente a g. intestinalis. Ainda serão empregadas técnicas microscópicas e moleculares a fim de entender o mecanismo celular de interação desses microrganismos.

Bolsista: Laiza Martins Peixoto dos Santos
Orientador(a): GLAUCIA DINIZ ALESSIO
Resumo: A doença de Chagas (DCh) é um grave problema de saúde pública, com 6-7 milhões de indivíduos infectados pelo Trypanosoma cruzi no mundo. A eficácia terapêutica na DCh depende da fase da doença em que o tratamento é estabelecido e também pode ser impactada pelos genótipos, ou seja as Discrete Typing Unitys (DTUs) do T. cruzi que causam a infecção no hospedeiro. Além disso, os métodos laboratoriais disponíveis para o monitoramento pós-terapêutico da DCh na fase crônica representam um desafio durante o manejo clínico. Sendo assim, é necessário o desenvolvimento de novos métodos para o acompanhamento pós-terapêutico de pacientes com DCh na fase crônica. Nesse contexto, foi padronizada a técnica sorológica de pesquisa de anticorpos IgG1 anti-formas amastigotas (AMA), tripomastigotas (TRIPO) e epimastigotas (EPI) do T. cruzi por citometria de fluxo (Chagas-Flow ATE) para o diagnóstico da doença de Chagas. Trabalhos prévios demonstraram que a Chagas-Flow ATE apresentou uma excelente acurácia no diagnóstico universal e genótipo-específico da DCh. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o desempenho da técnica Chagas-Flow ATE no monitoramento pós-terapêutico da doença de Chagas na fase crônica. Foram avaliadas pela Chagas-Flow ATE a reatividade de 77 amostras de soros de pacientes com doença de Chagas na fase crônica, não tratados e tratados com benznidazol, com 5, 15-25 e 26-45 anos pós-tratamento. As formas AMA, TRIPO e EPI do T. cruzi das DTUs TcI, TcVI e TcII foram cultivadas e preparadas para serem utilizadas como antígeno nessa técnica. Em seguida, foi realizada a sorologia Chagas-Fow ATE e a leitura no citômetro de fluxo. As análises foram feitas nos softwares FlowJo e GraphPad Prism. Os resultados prévios, demonstraram que quando testados os antígenos de TRIPO e EPI da DTU TcI, na diluição 1:1.000, a Chagas-Flow ATE apresentou uma alta acurácia para discriminar as amostras de soros dos grupos não tratados (TRIPO TcI- 88% e EPI TcI- 94%), tratados com benznidazol há 15-25 anos (TRIPO e EPI TcI- 100%) e tratados com benznidazol há 26-45 anos (TRIPO e EPI TcI- 100%). Além do mais observou-se uma acurácia moderada para segregar as amostras de soros dos pacientes tratados com benznidazol há 5 anos, com esses mesmos antígenos (TRIPO TcI- 63%; EPI TcI- 77%). No geral, a maioria das amostras de soros dos pacientes tratados foram negativas na Chagas-Flow ATE, enquanto todas as amostras de soros desses mesmos pacientes foram reativas quando testadas pela técnica de ELISA. Assim, a Chagas-Flow ATE têm se mostrado como uma metodologia promissora para ser utilizada no monitoramento pós-terapêutico de pacientes com doença de Chagas na fase crônica. Como perspectivas desse projeto serão avaliadas a reatividade de amostras de soros de pacientes com DCh na fase crônica, tratados com benznidazol, com 10-14 anos pós-tratamento, pela Chagas-Flow ATE. Além do mais, outra proposta desse estudo será otimizar a Chagas-Flow ATE em uma plataforma multiplex, tanto para o diagnóstico universal e genótipo-específico, quanto para o monitoramento pós-terapêutico da DCh na fase crônica. Dessa forma, essa nova metodologia poderá ser uma ferramenta relevante para um manejo clínico e esquemas terapêuticos mais precisos para os pacientes com doença de Chagas.