Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Perfil de expressão da OPN secretada e suas isoformas de splicing alternativo na COVID-19
Bolsista: CARINE FELIPE DOS SANTOS
Orientador(a): ALINE DA ROCHA MATOS
Resumo: Os coronavírus humanos são agentes etiológicos de infecções respiratórias que apresentam ampla variabilidade clínica. A pandemia de COVID-19 destacou diferenças marcantes na resposta imunológica entre os indivíduos, especialmente nos casos graves. Este estudo teve como objetivo investigar a osteopontina (OPN) e suas isoformas como biomarcadores inflamatórios associados à gravidade da COVID-19, em amostras clínicas de pacientes com diferentes desfechos. Foram analisadas amostras clínicas de pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19, estratificados de acordo com a gravidade clínica (leve, grave e óbitos). Os níveis séricos de OPN total foram quantificados por ELISA e a expressão de isoformas de OPN foi avaliada por PCR quantitativo em tempo real a partir de RNA extraído de amostras respiratórias. Além disso, foram dosados IL-6 e proteína C reativa (PCR) séricos para investigação de correlações entre os marcadores. Observou-se que pacientes com quadros graves e óbitos apresentaram níveis significativamente elevados de OPN, os quais se correlacionaram positivamente com os níveis séricos de IL-6 e PCR, sugerindo uma associação entre a OPN e o estado inflamatório sistêmico. A análise das isoformas revelou que a OPNa somente foi expressa em amostras graves e de óbitos, enquanto que o nível de expressão das variantes não teve modulação diferencial nos distintos grupos clínicos analisados. Conclui-se que a OPN apresenta potencial como biomarcador de gravidade da COVID-19, especialmente quando considerada em conjunto com IL-6 e PCR. A correlação positiva entre esses marcadores reforça a relevância da OPN na fisiopatologia da inflamação em infecções respiratórias virais e destaca seu valor na estratificação de risco e monitoramento clínico.
EPIGENÉTICA, FUNCIONAMENTO EXECUTIVO, MEMÓRIAS E VIOLÊNCIAS
Bolsista: NATASHA REIS LACERDA
Orientador(a): SIMONE GONCALVES DE ASSIS
Resumo: Introdução: Este relatório apresenta minha atuação como bolsista de iniciação científica (março/2024 a abril/2025), com foco no artigo de revisão Alterações epigenéticas associadas a aspectos cognitivos de crianças e adolescentes que vivenciaram traumas e violências. O estudo investiga como adversidades precoces impactam a cognição por meio de mecanismos epigenéticos, especialmente a metilação do DNA. A revisão buscou sintetizar as evidências mais recentes sobre essa relação. Além disso, o relatório também introduz o plano de trabalho para 2025-2026, que agregará uma abordagem empírica. Métodos: A revisão de escopo realizada seguiu as diretrizes do PRISMA-ScR e foi registrada no OSF. O estudo analisou a produção científica sobre modificações epigenéticas associadas a traumas na infância, adolescência e juventude e seus impactos cognitivos. A busca foi realizada em sete bases de dados, cobrindo publicações de 2018 a 2024. A análise explorou características metodológicas, vias epigenéticas e suas relações com cognição e transtornos emocionais. Resultados: Os objetivos alcançados ao longo do meu primeiro ano incluem a produção de uma revisão de escopo, a qual foram analisados 22 artigos publicados entre 2018 e 2024, com foco em memória, atenção e funções executivas. A metilação de genes como NR3C1, FKBP5, BDNF e OXTR foi identificada como possível mediadora entre estressores ambientais e prejuízos cognitivos. Apesar dos avanços, ainda há lacunas na literatura, como a escassez de estudos longitudinais e empíricos, além da limitação na diversidade amostral. Paralelamente a isso, resultado adicional foi a participação na escrita e apresentação de trabalhos em eventos científicos, com destaque para o congresso Brain, Behavior and Emotions, em 2024, onde apresentei um resumo sore a associação entre violência na comunidade e dificuldades atencionais ao longo do desenvolvimento infantojuvenil, sendo premiada na categoria Jovem Pesquisador. Dando continuidade ao projeto, no ano de 2025, submeti ao mesmo congresso o resumo Violência familiar e comunitária no desenvolvimento infantojuvenil e suas expressões epigenéticas nas Disfunções Executivas na juventude. Participar de eventos de divulgação científica é importante, pois amplia meu conhecimento sobre temas que dialogam diretamente com minha trajetória acadêmica e profissional. Para além disso, minha participação na iniciação científica, relato ainda os encontros semanais e demais atividades do grupo de pesquisa. Por fim, para o período de 2025-2026, está previsto o aprofundamento na análise de genes candidatos associados ao funcionamento executivo, a produção de novos artigos científicos e a continuidade na participação em congressos da área. Conclusão: O relatório apresenta as atividades desenvolvidas na iniciação científica, com foco na revisão de escopo Epigenética, Eventos Adversos e Funcionamento Cognitivo, atualmente em fase final de revisão e mapeamento para submissão. Além disso, destaca-se a participação na escrita do artigo Violência física familiar e comunitária: efeitos sobre disfunção executiva e problemas com a atenção na infância e juventude, em processo de submissão. Também foi abordado a participação em congressos e cursos, bem como atividades complementares no grupo de pesquisa. Para 2025-2026, o plano inclui a análise de genes candidatos associados ao funcionamento executivo, a produção de novos artigos e a apresentação de pesquisas em eventos científicos.
Avaliação de consumo de energia elétrica de equipamentos de laboratório
Bolsista: rebeca de souza muniz
Orientador(a): Luciano Kalabric Silva
Resumo: No primeiro ano da bolsa (2023-2024), criamos um banco de dados com 228 registros de equipamentos do tipo freezers e geladeiras no IGM. A maioria deles estavam cadastrados no SGA. Durante este período, vistoriámos 63 equipamentos. Isso permitiu uma análise preliminar sobre as práticas de uso dos freezers e geladeiras nos laboratórios. No período deste relatório parcial (2024-2025), que compreende a 1. Renovação da minha bolsa, atualizamos nosso cadastro para 262 registros de equipamentos e ampliamos o total de vistorias para 128 equipamentos. Durante as vistorias técnicas, orientações de bom uso dos equipamentos foram dadas aos usuários. Além disso, fizemos medições de consumo de energia e comparações diversas. Trinta e quatro equipamentos foram incluídos no nosso banco de dados a partir das 65 novas vistorias. Apesar da grande maioria dos equipamentos estarem tombados, estes equipamentos não tinham cadastro no SGA originalmente. Estamos medindo os consumos de alguns equipamentos utilizando o analisador de energia RE700, porém os dados ainda não foram analisados.
Desenvolvimento de hidrogéis tradicionais e hidrogéis 3D contendo paromomicina para tratamento da leishmaniose cutânea
Bolsista: Beatriz Andrade Da Silva
Orientador(a): Alessandra Lifsitch Vicosa
Resumo: Leishmaniose é um conjunto de doenças infecciosas parasitárias negligenciadas causadas por um protozoário do gênero Leishmania e transmitida pela picada de um inseto vetor. Dentre as manifestações clínicas, a leishmaniose cutânea (LC) se caracteriza pela presença de lesões na pele no local da picada do inseto. O tratamento atual consiste na administração intramuscular ou endovenosa de antimoniais pentavalente ou anfotericina B, sendo a paromomicina (PM) um dos fármacos utilizados como terapia alternativa. Entretanto, esses tratamentos apresentam inúmeros efeitos adversos. Por isso, diversos estudos vêm buscando novas alternativas ao tratamento atual como novas vias de administração como a tópica, transdérmica, intralesional. Além disso, estudos envolvendo novas tecnologias de produção de formulações farmacêuticas como a impressão 3D também vem sendo realizados. Dentre as diversas técnicas, a técnica de modelo por deposição fundida (FDM) é uma das mais utilizadas. Essa técnica pode ser adaptada para extrusão de semissólidos (SSE) que consiste na incorporação de um fármaco em uma matriz polimérica sendo extrusado com auxílio de uma seringa acoplada à impressora 3D. Uma das opções de semissólidos que podem ser produzidos por impressão 3D é o hidrogel polimérico. Os hidrogéis são formulações que já vem sendo administrados em tratamento de feridas e são biodegradáveis e biocompatíveis. A produção dos hidrogéis por impressão 3D facilita o delineamento do comprimento exato do material para ser utilizado como curativo cobrindo toda a extensão da ferida em questão e a customização da dose do fármaco selecionado. Baseado neste cenário, o objetivo geral deste trabalho é produzir e caracterizar hidrogéis tradicionais e hidrogéis obtidos por impressão 3D contendo PM visando o tratamento da LC. Primeiramente, o fármaco PM foi caracterizado através de técnicas como microscopia eletrônica de varredura (MEV), análise térmica (DSC e TGA) e infravermelho (FTIR). Em seguida, foram selecionados polímeros já conhecidos para a produção de hidrogéis, tratamento de feridas e uso em impressão 3D pela técnica SSE como derivados de celulose (carboximetilcelulose - CMC e hidroxietilcelulose - HEC) e gomas (goma xantana e gelatina, 1:1 p/p). Foram preparadas formulações placebo e contendo PM visando a obtenção dos hidrogéis tradicionais e material intermediário para uso na impressora 3D farmacêutica M3dimaker com o módulo SSE (FabRX, UK). Os hidrogéis foram então caracterizados por aspecto macroscópico, pH, teste de centrífuga e, os hidrogéis impressos foram caracterizados quanto ao aspecto e tamanho/dimensões. A PM apresentou um aspecto cristalino com evento endotérmico em 70ºC, perda de massa a partir de 200ºC e espectro de FTIR de acordo com resultados já descritos na literatura. Foi verificado uma possível incompatibilidade entre a PM e os derivados de celulose, já que os hidrogéis produzidos com CMC e HEC apresentaram sinérese. Por esse motivo, a produção de hidrogéis a base de derivados de celulose foi descartada para a continuidade do projeto. Os hidrogéis produzidos a base de goma xantana e gelatina foram produzidos em duas concentrações diferentes dos polímeros visando o uso tradicional e o preparo para aplicação da impressão 3D. Esses hidrogéis apresentaram uma coloração amarelada opaca e sem separação de fases, apresentando-se estáveis após teste de centrifugação. O pH dos géis permaneceu compatível com o pH da pele. Os hidrogéis com maiores concentrações de goma xantana e gelatina apresentaram uma viscosidade aparentemente elevada e foram submetidos ao teste de impressão em modelo de disco com dimensões (3x3x0,3cm). Os hidrogéis impressos (placebo e com PM) apresentaram dimensões semelhante as estabelecidas no desenho digital e peso médio entre 3-4 g. As próximas etapas consistem em realizar novas caracterizações, além de ajustes nas formulações e nos parâmetros de impressão com a finalidade de obter hidrogéis mais bem estruturados.
Análise de eletrocardiogramas para avaliação de cardiotoxicidade em pacientes tratados para leishmaniose tegumentar americana em um centro de referência no Rio de Janeiro
Bolsista: JULIANA MONTEIRO FERREIRA
Orientador(a): MARIA INES FERNANDES PIMENTEL
Resumo: Introdução: O antimoniato de meglumina (AM) é um dos medicamentos de primeira escolha recomendados pelo Ministério da Saúde para o tratamento de leishmaniose tegumentar americana (LTA) no Brasil. Trata-se, entretanto, de medicamento com toxicidade relevante para o coração, gerando a necessidade de realizar eletrocardiogramas antes, durante e após o tratamento. O Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, é um centro de referência para diagnóstico e tratamento da LTA no estado do RJ, com mais de 1.200 pacientes acompanhados desde 1989. De todos aqueles acometidos pela LTA de 2001 a 2013 e tratados neste centro, 96,9% receberam AM como tratamento inicial, sendo cerca de 87% por via sistêmica e 10% por via intralesional. Objetivos: Avaliar a cardiotoxicidade ocasionada pelo AM no primeiro tratamento de pacientes com LTA no LaPClin VigiLeish a partir de 2008, de acordo com a dose e via de administração, através da análise do traçado do ECG antes, durante e após o tratamento. Métodos: Os registros eletrocardiográficos de pacientes com LTA de 13 anos ou mais, arquivados nos prontuários, são analisados para a identificação de possíveis anormalidades encontradas antes, durante e após o tratamento com AM, a fim de determinar a frequência, a gravidade e a cronologia do ocorrência de eventos adversos eletrocardiográficos, de acordo com o esquema terapêutico empregado: AM 10 a 20 mg de antimônio pentavalente (Sb5+) por kg/dia por via intravenosa (IV) ou intramuscular (IM); AM 5 mg Sb5+/kg/dia por via IV ou IM; e AM por via intralesional. É avaliada a gravidade dos eventos eletrocardiográficos adversos encontrados segundo a ferramenta Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), volume 5. Análises adicionais são feitas para verificar se as características clínicas têm alguma influência na cardiotoxicidade ocorrida durante o tratamento com AM. Resultados parciais: Até o momento, foram avaliados os eletrocardiogramas seriados digitalizados de 133 pacientes com LTA tratados com AM. Destes, 48 foram tratados com 15-20 mg Sb5+/kg/dia, 36 foram tratados com 5mg Sb5+/kg/dia, e 49 receberam tratamento intralesional. O prolongamento do intervalo QTc acima de 450 ms foi identificado em 22 pacientes, sendo 5 do grupo intralesional e 17 do grupo sistêmico. Alterações na onda T foram observadas em 70 pacientes, dos quais 46 pertenciam ao grupo de tratamento sistêmico e 24 ao grupo intralesional. Ainda não é possível determinar se o uso sistêmico do AM apresenta maior cardiotoxicidade em comparação à via intralesional, uma vez que a análise completa dos prontuários não foi finalizada. Atualmente, 42 destes prontuários digitalizados apresentam dados incompletos devido à má visualização do traçado eletrocardiográfico ou ausência de alguns eletrocardiogramas, e estamos analisando os prontuários físicos para tentar melhorar a análise. Espera-se que a ocorrência de eventos adversos seja mais frequente em pacientes com comorbidades clínicas, idade avançada e naqueles submetidos ao tratamento sistêmico com AM, em comparação ao tratamento intralesional.
SUBJETIVIDADES, PRODUÇÃO DE SAÚDE E BEM VIVER: TECNOLOGIAS EDUCATIVAS E DE INTERAÇÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA MIGRATÓRIA DE MULHERES
Bolsista: LETICIA ROSA SANT ANNA
Orientador(a): ELIDA AZEVEDO HENNINGTON
Resumo: A pesquisa "Subjetividades, produção de saúde e bem viver: tecnologias educativas e de interação sobre a experiência migratória de mulheres" é subprojeto do estudo multicêntrico O bem viver, subjetividades e estratégias de produção de saúde e resistência às opressões de gênero, raça e classe de mulheres trabalhadoras imigrantes das cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Boa Vista, coordenado pelas pesquisadoras Élida Azevedo Hennington (Cesteh/Ensp/Fiocruz) e Simone Mainieri Paulon (PPGPSI/UFRGS), CAAE 0061.0.009.000-11, contemplado pelo Edital Inova ENSP FAPERGS/FIOCRUZ 13/2022 REDE SAÚDE ÚNICA. Trata-se de pesquisa intervenção participativa com mulheres migrantes e refugiadas, baseada no método da Cartografia. O campo empírico tem sido desenvolvido em 3 polos distintos: Rio de Janeiro, Porto Alegre e Boa Vista. A bolsista participou de diversas atividades de pesquisa, atividades gerais e atividades específicas do campo Rio de Janeiro, dentre elas: revisão de literatura do tipo narrativa sobre a temática de pesquisa; revisão de escopo sobre o tema trabalho e migração internacional no Brasil, produção e postagens no Instagram da pesquisa, tratamento de material de pesquisa para uso do software de análise qualitativa NVivo. Participou de diversas ações para operacionalização da pesquisa e de três rodas de conversa com mulheres migrantes no Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI Rio). Produziu mapa interativo e contribuiu na elaboração do livreto coletivo De mulheres migrantes para mulheres migrantes: mapeamento coletivo e afetivo de serviços e lugares de assistência, convivência e apoio à população migrante, refugiada e apátrida no Rio de Janeiro. Participou de reuniões de pesquisa ordinárias e de seminários de pesquisa, além de reuniões científicas e congressos.
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