Bolsista: Isabel Silva Mitraud Ruas
Orientador(a): Taynana Cesar Simoes
Resumo: O Brasil vem mostrando queda importante da cobertura vacinal dos imunobiológicos contemplados no calendário básico infantil, que pode impactar negativamente na Saúde Pública do país, levando ao retorno e fortalecimento de doenças imunopreveníveis de importante impacto na morbimortalidade de crianças. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) coordena as ações de imunização no país. Embora o programa venha tendo alto desempenho e sucesso ao longo dos anos, com diminuição e erradicação de algumas doenças importantes como sarampo, poliomielite e tétano neonatal, tem-se verificado quedas progressivas das coberturas vacinais do calendário básico infantil desde 2011. Esta queda da cobertura é multifatorial, podendo estar associada ao próprio sucesso do PNI, uma vez que a população atualmente não convive com as mazelas das doenças imunopreveníveis como antigamente, deixando de valorizar a vacinação precoce e rotineira como ferramenta importante da manutenção da situação epidemiológica de controle, devido a movimentos antivacinas, que minimizam os benefícios da vacinação e maximizam os riscos e efeitos adversos, à deficiência de oferta e à falta de operacionalização da vacinação em outros ambientes como escolas, universidades, locais de trabalho, convivência de dois sistemas de informação, um que registra as doses aplicadas e outro que registra crianças vacinadas, entre outros fatores. Resultados anteriores, foram mostradas quedas significativas nas coberturas vacinais para todos os imunobiológicos do calendário básico infantil oferecidos pelo SUS no período de 2011 a 2021 para as capitais brasileiras. O indicador proposto de razão de doses permitiu trabalhar com modelos estatísticos para dados de contagem, sem a necessidade de aproximações ou transformações na variável original de cobertura vacinal, tendo uma estimativa do tipo razão como medida de efeito estimado e, portanto, de mais fácil interpretação epidemiológica. Houve quedas das coberturas, com a maioria estando abaixo da meta mínima preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). Estas quedas não ocorreram da mesma maneira no território brasileiro, sendo maiores nas capitais das regiões Norte e Nordeste nos anos mais recentes, em particular, anos pós-pandemia de COVID-19. No presente estudo, dá-se continuidade à proposta, avaliando mudanças na distribuição espacial no período de 2010 a 2022, nos municípios de Minas Gerais (MG). Serão exploradas ainda diferenças ao nível das Regiões de Planejamento do estado. Objetiva-se também avaliar as associações no espaço e tempo das coberturas com as incidências das doenças imunopreveníveis correspondentes, considerando defasagens temporais entre as séries temporais, bem como a influência de fatores socioeconômicos e de acesso à saúde na heterogeneidade espacial das coberturas.Em MG, 14 das 22 coberturas vacinais analisadas registraram queda no período, com algumas reduções expressivas, como de -44,56% para a vacina Meningocócica Conjugada C, -25,08% para o 1º reforço da Pneumocócica e -20,91% para o 1º reforço da DTP. Além disso, em 2022, observou-se que 11 dos imunobiológicos estavam abaixo da meta mínima preconizada pelo MS, incluindo alguns que apresentaram aumento da cobertura, como o 2º reforço da DTP, que cresceu 5,82%, mas ainda permaneceu 19,8 pontos percentuais abaixo da meta estabelecida. Observou-se diferenças entres as regiões do estado, com a Região Norte frequentemente apresentando as menores coberturas para diferentes imunobiológicos. Os modelos GAM para Hepatite B corroborou a heterogeneidade espacial, mostrando que as regiões Central, Mata, Sul de Minas, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte tiveram quedas significativas na cobertura vacinal em alguns períodos. As regiões Triângulo, Centro-Oeste, e Jequitinhonha não apresentam quedas significativas no período.