Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
PANORAMA DA COBERTURA VACINAL INFANTIL: ASSOCIAÇÃO TEMPORAL COM INCIDÊNCIAS DE DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS, HETEROGENEIDADE ESPACIAL E SEUS FATORES ASSOCIADOS NOS MUNICÍPIOS DE MINAS GERAIS
Bolsista: Isabel Silva Mitraud Ruas
Orientador(a): Taynana Cesar Simoes
Resumo: O Brasil vem mostrando queda importante da cobertura vacinal dos imunobiológicos contemplados no calendário básico infantil, que pode impactar negativamente na Saúde Pública do país, levando ao retorno e fortalecimento de doenças imunopreveníveis de importante impacto na morbimortalidade de crianças. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) coordena as ações de imunização no país. Embora o programa venha tendo alto desempenho e sucesso ao longo dos anos, com diminuição e erradicação de algumas doenças importantes como sarampo, poliomielite e tétano neonatal, tem-se verificado quedas progressivas das coberturas vacinais do calendário básico infantil desde 2011. Esta queda da cobertura é multifatorial, podendo estar associada ao próprio sucesso do PNI, uma vez que a população atualmente não convive com as mazelas das doenças imunopreveníveis como antigamente, deixando de valorizar a vacinação precoce e rotineira como ferramenta importante da manutenção da situação epidemiológica de controle, devido a movimentos antivacinas, que minimizam os benefícios da vacinação e maximizam os riscos e efeitos adversos, à deficiência de oferta e à falta de operacionalização da vacinação em outros ambientes como escolas, universidades, locais de trabalho, convivência de dois sistemas de informação, um que registra as doses aplicadas e outro que registra crianças vacinadas, entre outros fatores. Resultados anteriores, foram mostradas quedas significativas nas coberturas vacinais para todos os imunobiológicos do calendário básico infantil oferecidos pelo SUS no período de 2011 a 2021 para as capitais brasileiras. O indicador proposto de razão de doses permitiu trabalhar com modelos estatísticos para dados de contagem, sem a necessidade de aproximações ou transformações na variável original de cobertura vacinal, tendo uma estimativa do tipo razão como medida de efeito estimado e, portanto, de mais fácil interpretação epidemiológica. Houve quedas das coberturas, com a maioria estando abaixo da meta mínima preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). Estas quedas não ocorreram da mesma maneira no território brasileiro, sendo maiores nas capitais das regiões Norte e Nordeste nos anos mais recentes, em particular, anos pós-pandemia de COVID-19. No presente estudo, dá-se continuidade à proposta, avaliando mudanças na distribuição espacial no período de 2010 a 2022, nos municípios de Minas Gerais (MG). Serão exploradas ainda diferenças ao nível das Regiões de Planejamento do estado. Objetiva-se também avaliar as associações no espaço e tempo das coberturas com as incidências das doenças imunopreveníveis correspondentes, considerando defasagens temporais entre as séries temporais, bem como a influência de fatores socioeconômicos e de acesso à saúde na heterogeneidade espacial das coberturas.Em MG, 14 das 22 coberturas vacinais analisadas registraram queda no período, com algumas reduções expressivas, como de -44,56% para a vacina Meningocócica Conjugada C, -25,08% para o 1º reforço da Pneumocócica e -20,91% para o 1º reforço da DTP. Além disso, em 2022, observou-se que 11 dos imunobiológicos estavam abaixo da meta mínima preconizada pelo MS, incluindo alguns que apresentaram aumento da cobertura, como o 2º reforço da DTP, que cresceu 5,82%, mas ainda permaneceu 19,8 pontos percentuais abaixo da meta estabelecida. Observou-se diferenças entres as regiões do estado, com a Região Norte frequentemente apresentando as menores coberturas para diferentes imunobiológicos. Os modelos GAM para Hepatite B corroborou a heterogeneidade espacial, mostrando que as regiões Central, Mata, Sul de Minas, Alto Paranaíba, Noroeste e Norte tiveram quedas significativas na cobertura vacinal em alguns períodos. As regiões Triângulo, Centro-Oeste, e Jequitinhonha não apresentam quedas significativas no período.
Seleção e caracterização de amostras biológicas provenientes de cães infectados por Leishmania sp. em área endêmica do estado do Rio de Janeiro para uso em avaliação da técnica Loop-mediated isothermal amplification (LAMP) e ddPCR
Bolsista: VITORIA DE FREITAS DA SILVA
Orientador(a): ANDREZA PAIN MARCELINO
Resumo: O objetivo do projeto é desenvolver um painel de amostras biológicas para validação de técnicas moleculares como técnica Loop-mediated isothermal amplification (LAMP) e PCR digital no diagnóstico da leishmaniose visceral canina e como objetivos especificios detalhar as características clínicas dos animais suspeitos para leishmaniose visceral, caracterizar os animais quanto a infecção por Leishmania spp. por meio de exames parasitológicos diretos, acompanhar os métodos moleculares de diagnóstico que serão desenvolvidos no projeto principal e isolar e identificar as espécies de Leishmania spp. nos cães participantes do estudo por métodos parasitológicos de cultura/isolamento e caracterização da espécie por isoenzimas. Ingressei como aluna PIBIC em 2025 em substituição à aluna Luanna Ventura. Desta forma estou sendo capacitada para os requisitos de qualidade laboratorial e acompanhando algumas atividades da rotina do VigiLeish e também do projeto de pesquisa. Algumas atividades como acompanhar o protocolo de recebimento e armazenamento das amostras biológicas no LapClinVigileish, onde também realiza-se exame direto, cultura, cPCR, LAMP, MLEE, e qPCR estão sendo realizadas. Algumas atividades já desenvolvidas: Treinamentos em Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs): Diagnóstico Parasitológico Indireto Através de Isolamento em Cultura (Cultivo de Leishmania) (POP VL 002); Exame Parasitológico Direto para o Diagnóstico das Leishmanioses (POP VL 019); Coloração de lâminas de esfregaço de MO e imprint de baço para exame direto e leitura destas lâminas em microscópio óptico; Acompanhamento da cultura; Acompanhamento de recebimento de amostras biológicas e registro das mesmas; Acompanhamento da realização de LAMP, e de utilização de escpectofotômetro ELISA para leitura de resultados LAMP.
Consumo de pornografia e juventude: uma questão de saúde pública
Bolsista: JULIANA MULLER BARBOSA
Orientador(a): ANA CRISTINA AUGUSTO DE SOUSA
Resumo: RESUMO Introdução: Com a popularização do smartfone, a pornografia online ficou tão perto de uma criança ou um adolescente quanto o telefone mais próximo. Esse simples fato muda fundamentalmente tudo o que sabíamos ou pensávamos que sabíamos sobre pornografia e jovens. A literatura internacional tem alertado que o aumento expressivo do consumo de pornografia online entre menores tem sido acompanhado de exposição a conteúdos extremos e violentos, o que estaria afetando de forma relevante a sexualidade de toda uma geração. Também diz que pais subestimam o acesso dos filhos, enquanto professores reconhecem a prevalência, mas enfrentam barreiras para abordar o tema, especialmente em países onde a educação sexual não é obrigatória. Na ausência de espaços seguros para discutir o sexo, os adolescentes têm encontrado na pornografia online sua fonte principal de "aprendizado" de comportamentos e expectativas sexuais. Dessa forma, esses conteúdos vêm se configurando como um currículo paralelo sexual que transmite mensagens e conteúdos não só sobre o sexo, mas principalmente sobre o senso de identidade, as relações e as pessoas. Objetivo Este subprojeto faz parte de projeto que visa investigar o consumo da pornografia online entre adolescentes, a partir de uma perspectiva de saúde pública. O projeto pretende compreender melhor esse fenômeno, a partir do desenvolvimento de tecnologia social que permita a prospecção de dados junto a estudantes do ensino médio-técnico de uma unidade escolar do IFRJ, no Rio de Janeiro. Metodologia: A fase exploratória combinou busca bibliográfica sistematizada sobre o tema nas principais bases de saúde e realização de grupos focais com estudantes, na condição de especialistas para conhecer suas perspectivas. Resultados: A consulta aos estudantes confirmou a exposição precoce e, em especial, aos conteúdos extremos e violentos tal qual apontado pela literatura. Do mesmo modo, o reforço de estereótipos de gênero, de padrões estéticos irreais e o apagamento da noção de consentimento, entre outros. Os estudantes também destacaram as lacunas educacionais na abordagem do assunto. Discussão: A experiencia com os grupos indicou, preliminarmente, que a pornografia online tem atuado como "currículo sexual paralelo", com efeitos sobre a saúde mental (ansiedade relacionada a desempenho e imagem corporal) e sexual (sexo desprotegido); relacionamentos (naturalização de assimetrias de gênero e da violência; apagamento do consentimento), ocupando as lacunas deixadas pelo currículo escolar. Conclusão Ficou provada a pertinência de continuar a pesquisa e a necessidade de alfabetização midiática que desconstrua narrativas pornificadas; de reformas curriculares que valorizem debates sobre consentimento, diversidade e segurança digital; e ações de promoção da saúde no ambiente escolar.
Avaliação do desempenho in vitro de formulações semissólidas de uso tópico para o tratamento de leishmaniose cutânea
Bolsista: KATHLEEN VICTORIA VIEIRA DA SILVA
Orientador(a): CAMILA AREIAS DE OLIVEIRA
Resumo: A Leishmaniose Tegumentar (LT) é uma doença não contagiosa caracterizada pelo surgimento de úlceras arredondadas, indolores e com bordas avermelhadas. A LT é transmitido pela picada da fêmea do mosquito-palha (gênero Lutzomyia). No Brasil, a LT é uma doença de relevância em saúde pública, sendo classificada pela OPAS como uma doença tropical negligenciada. A falta de interesse da indústria farmacêutica dificulta o desenvolvimento de novos tratamentos. Diante desse cenário, Farmanguinhos, em parceria com a Faculdade de Farmácia da UFMG, busca desenvolver um gel hidrofílico de paromomicina (PARO-GEL) para tratamento tópico da LT, cumprindo os requisitos regulatórios da ANVISA. A paromomicina é um aminoglicosídeo com propriedades antibacterianas e antiparasitárias, possuindo alta solubilidade em água e baixa permeabilidade em membranas biológicas, o que limita sua biodisponibilidade oral. O desenvolvimento do PARO-GEL envolveu a otimização de um método de quantificação e liberação in vitro, visando garantir a estabilidade e eficácia do medicamento. De acordo com o Guia 20 da ANVISA, o ensaio de liberação é essencial para assegurar a disponibilidade do fármaco no local de ação. No projeto, a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) acoplada ao detector CAD foi utilizada para quantificar a paromomicina, devido à ausência de grupos cromóforos na molécula. O desenvolvimento analítico foi realizado a partir da abordagem Analytical Quality by Design (AQbD), que permite uma avaliação sistemática de riscos, com o objetivo de desenvolver um procedimento analítico adequado ao fim a que se destina: medir um atributo ou atributos do medicamento analisado com a especificidade/seletividade e a precisão e/ou exatidão necessários acima do limite de quantificação adequado. Para tal, a seleção de fases estacionárias adequadas tornou-se fundamental. Foram testadas colunas HILIC e C18-T3 Atlantis, sendo esta última a mais adequada devido ao melhor desempenho cromatográfico. Para a otimização do método analítico, aplicou-se o delineamento Plackett-Burman (PB) para identificar variáveis críticas que impactam a precisão e exatidão do método. O software Protimiza Experimental Design foi utilizado para a análise estatística dos efeitos das variáveis. A mudança na estratégia de desenvolvimento foi necessária para garantir maior sensibilidade e confiabilidade na quantificação da paromomicina, assegurando a precisão e exatidão ao do ensaio de liberação. Assim, os objetivos principais foram atingidos, garantindo um caminho seguro para o desenvolvimento de um método adequado para quantificação do teor do fármaco no ensaio de perfil liberação, viabilizando a produção industrial do PARO-GEL para tratamento da Leishmaniose Tegumentar.
Desenvolvimento de biossensores para detecção específica de arbovírus por espalhamento dinâmico de luz
Bolsista: BEATRIZ OLIVEIRA BARROS
Orientador(a): NAIARA CRISTINA CLEMENTE DOS SANTOS TAVARES DE PAULA
Resumo: As arboviroses são doenças infecciosas transmitidas por artrópodes, como mosquitos, e continuam a representar um grande desafio para a saúde pública, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. Entre os arbovírus mais relevantes no Brasil estão o vírus da dengue (DENV), o vírus Zika (ZIKV), o vírus Chikungunya (CHIKV) e o vírus Oropouche (OROV), com os três primeiros sendo causadores de surtos frequentes e graves. Esses vírus causam uma ampla gama de sintomas, desde febres leves e erupções cutâneas até formas graves de infecção, como síndromes neurológicas e hemorrágicas, dificultando o diagnóstico clínico, que frequentemente se confunde com outras infecções virais. O diagnóstico dessas arboviroses no Brasil é desafiador devido à semelhança nos sintomas entre elas. Embora existam métodos como a RT-qPCR, a identificação precoce das infecções continua sendo um obstáculo, principalmente em áreas com poucos recursos. Além disso, um vírus como o Oropouche, que antes era restrito à região amazônica, foi detectado fora dessa área em 2024, o que gerou preocupações com sua expansão e o aumento do risco de novas epidemias. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivo o desenvolvimento de uma plataforma inovadora de diagnóstico para a detecção simultânea de quatro arbovírus críticos: Dengue (DENV), Zika (ZIKV), Chikungunya (CHIKV) e Oropouche (OROV). O projeto se baseia em biossensores desenvolvidos com nanobastões de ouro, funcionalizados com sondas específicas para o RNA viral de cada arbovírus. A técnica utilizada para a detecção é o Espalhamento Dinâmico de Luz Diferencial (DDLS), que, devido à sua alta sensibilidade e especificidade, permite a identificação precoce e precisa de infecções virais. A fase inicial do projeto focou no desenvolvimento e otimização das sondas específicas para os arbovírus-alvo. As sondas foram projetadas com base nas sequências de RNA viral de cada patógeno, obtidas a partir de bancos de dados genômicos, e foram avaliadas quanto à sua especificidade e eficiência. As análises realizadas indicaram que as sondas possuem características favoráveis e baixa propensão à formação de estruturas secundárias ou dímeros. A modificação tiolada das sondas na extremidade 5 permitirá a ligação covalente com os nanobastões de ouro, garantindo a criação de biossensores altamente específicos para cada arbovírus. Além do desenvolvimento das sondas, também foram realizadas atividades de treinamento em boas práticas de laboratório e biossegurança, fundamentais para garantir a qualidade e segurança das etapas subsequentes do projeto. A síntese dos nanobastões de ouro e a funcionalização com as sondas específicas estão previstas para as próximas fases, que incluem a construção e padronização do biossensor, bem como a avaliação da sensibilidade e especificidade para o diagnóstico em amostras clínicas. Os resultados esperados do projeto têm o potencial de proporcionar uma ferramenta rápida, sensível e acessível para o diagnóstico de arboviroses, o que pode melhorar significativamente a vigilância e o controle das epidemias causadas por esses vírus. A plataforma proposta tem o objetivo de reduzir o tempo e os custos envolvidos no diagnóstico, além de fornecer uma alternativa eficaz para áreas com recursos limitados, onde os métodos tradicionais de diagnóstico muitas vezes são inacessíveis.
Radar de Territórios Saudáveis e Sustentáveis: RIDE-DF SUBPROJETO DE PESQUISA-AÇÃO
Bolsista: João Gabriel Duarte Mateus
Orientador(a): Denise Oliveira e Silva
Resumo: Proposta de Adaptação da Escala brasileira de insegurança alimentar para a população em situação de ruaResumoDesde a primeira guerra mundial que o debate acerca da segurança alimentar vem sendo fomentado, com diversas mudanças no conceito ao longo das últimas décadas, porém o primeiro instrumento de quantificação da insegurança alimentar surge na década de 1990 nos Estados Unidos. No Brasil, o primeiro instrumento de medição da insegurança alimentar, a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), surge em 2007. Este instrumento vem sendo adaptado e ao longo dos anos, inclusive contendo menor número de questões e abrangendo outras realidades, populações e culturas. Estes instrumentos são importantes para potencializar e promover o avanço científico com vistas a solucionar problemas vigentes no País, identificando áreas prioritárias e grupos populacionais vulneráveis que requerem atenção e estratégias para o enfrentamento da insegurança alimentar e nutricional (IAN) e assim, direcionar políticas públicas em alimentação e nutrição com propriedade. Com o auxílio da EBIA, diversas pesquisas de âmbito nacional e municipal foram feitas a fim de mensurar a IAN. E os resultados são alarmantes, indicando que o Brasil apresenta altos índices de IAN, principalmente entre os pretos, pardos, mulheres, periféricos e indivíduos com baixa renda e escolaridade. Porém, ainda não se verifica na literatura estudos que avaliaram a IAN, através da utilização de um instrumento como a EBIA, em populações específicas como a População em Situação de Rua (PSR), talvez pela falta de um instrumento que seja adequado para estes indivíduos. Assim, pretende-se adaptar a EBIA para a PSR com base nos relatos e da aplicação da EBIA de 14 itens. Palavras chave: Escala Brasileira de Insegurança Alimentar; Insegurança Alimentar e Nutricional; População em Situação de Rua; quantificação da IAN.
Página 7 de 68 páginas.