Identificação de variantes do SARS-CoV-2, por meio do Sequenciamento de Nova Geração, no estado de Minas Gerais (2025-2026).
Bolsista: MARIA EDUARDA LIMA SANTOS
Orientador(a): Pedro Augusto Alves
Resumo: Desde a detecção inicial do SARS-CoV-2 em dezembro de 2019 em Wuhan, China, o vírus que circula atualmente já passou por diversas alterações genéticas, principalmente devido à pressão seletiva sobre esses microrganismos. As alterações observadas no genoma do SARS-CoV-2 podem levar ao surgimento de novas variantes com potencial para alterar algumas características virais, como transmissibilidade, aumento da gravidade da doença, escape vacinal e resposta imune e aumento da mortalidade. As estimativas sugerem que as linhagens circulantes de SARS-CoV-2 acumulam mutações de nucleotídeos a uma taxa de cerca de 1-2 mutações por mês. A metodologia comumente utilizada para identificação e detecção de linhagens virais é o sequenciamento de nova geração (NGS). No entanto, o NGS é uma técnica de alto custo tanto com infraestrutura quanto com pessoal treinado, o que dificulta sua implementação, principalmente em países de baixa renda. É de grande importância utilizar metodologias alternativas ao NGS para inferir sobre a circulação das diferentes variantes do SARS-CoV-2 e disponibilizar os dados rapidamente para os serviços de vigilância epidemiológica para a implementação de medidas para conter a propagação desses vírus de forma rápida e eficiente. O sequenciamento Sanger vem sendo utilizado como ferramenta de monitoramento de variantes do SARS-CoV-2. Essa técnica possui a vantagem de ser de simples execução, gerando resultados mais rápidos, com baixos custos com insumos e infraestrutura. É importante pontuar que a aplicação de técnicas moleculares foi fundamental para o enfrentamento da pandemia. Sendo assim, esse trabalho tem o objetivo de monitorar, através do sequenciamento capilar, a circulação de variantes de interesse (VOI), variantes sob monitoramento (VUM) e variantes de preocupação (VOC) do SARS-CoV-2 em amostras coletadas em Belo Horizonte, MG e região metropolitana. Um conjunto de 30 amostras foi testado utilizando todos os conjuntos de iniciadores selecionados: 75L/77R (S), 8L/10R (ORF1a), 14L/14R (ORF1a), 18L/18R (ORF1a) e 21L/21R (ORF1a). A partir desses testes, houve maior número de amostras com amplificação nos conjuntos de iniciadores localizados na região da ORF1a. Durante o monitoramento de variantes de SARS-CoV-2, foi observada a emergência de uma variante recombinante nomeada XAG, inicialmente detectada no Brasil. Foram selecionadas 3 amostras da recombinante XAG para amplificação e sequenciamento além, de 1 amostra de cada uma das linhagens parentais e uma amostra da variante Delta (AY.99.2). Houve amplificação das amostras BA.1, BA.2 e de duas amostras de XAG. Como conclusão, os resultados demonstram que o Sanger é uma alternativa a outros métodos mais complexos e de alto custo, como o NGS, para monitoramento e identificação de variantes do SARS-CoV-2. O sequenciamento Sanger, com sua execução simples e resultados rápidos, tem a capacidade de atuar como ferramenta de vigilância epidemiológica, complementar ao NGS, auxiliando os órgãos de saúde pública no controle da dispersão de variantes circulantes e minimizando os impactos à população. Os resultados demonstrados neste trabalho enfatizam a importância do desenvolvimento e da continuidade da vigilância genômica.