Bolsista: EVERTON RODRIGUES DE SOUZA
Orientador(a): FERNANDA DE BRUYCKER NOGUEIRA
Resumo: O vírus Chikungunya (CHIKV) é um arbovírus causador de uma doença febril aguda caracterizada por grave e debilitante poliartralgia. O período de incubação do CHIKV varia de um a 12 dias, e é seguido por febre alta, exantema, mialgia, dores de cabeça e artralgia. A artralgia é geralmente simétrico e, quase sempre, afeta mais de uma articulação. Além do quadro clínico típico do CHIKV, manifestações atípicas como complicações neurológicas foram relatadas. Nestes casos, o espectro clínico entre adultos e as crianças têm sido semelhantes. Manifestações neurológicas secundárias foram relatadas em infecção por CHIKV, sendo a encefalite a apresentação neurológica mais comum. Complicações neurológicas descritas nas recentes epidemias incluem: meningoencefalite, meningoencefalografiamielorradiculite, mielite, mieloneuropatia, Síndrome de Guillain-Barre (GBS), oftalmoplegia externa, paralisia facial, surdez e neurite óptica. Sabe-se que o CHIKV possui três genótipos distintos - Oeste Africano, Asiático e o Leste Centro Sul Africano (ECSA) e uma linhagem descendente do genótipo ECSA - Linhagem Oceano Índico IOL. Neste último, uma mutação no genoma permitiu a adaptação desta variante genotípica ao vetor Aedes albopictus, o que favoreceu a sua disseminação. Estudos filogenéticos no Brasil mais recentes têm demonstrado a presença dos genótipos Asiático e ECSA, introduzidos no país quase simultaneamente a partir das regiões norte e nordeste, respectivamente. No estado do Rio de Janeiro foi identificado o genótipo Asiático em casos importados em 2014 e 2015, porém a circulação do genótipo ECSA em casos autóctones foi descrita a partir do ano de 2016. O reconhecimento dos genótipos circulantes, possíveis variantes genotípicas e mutações no genoma viral, possui grande relevância no monitoramento de possíveis cepas mais virulentas, podendo auxiliar na adoção das medidas de controle. Constitui também um componente essencial para o entendimento da epidemiologia da doença, caracterizando fatores que levam à transmissão e dispersão viral. Desta forma, além da detecção dos vírus no país, há necessidade de se reconhecer quais cepas virais estão circulando, através de estudos de caracterização molecular e filogenia. Neste estudo, tínhamos o objetivo de realizar a caracterização molecular e genotipagem dos CHIKV de pacientes com manifestações neurológicas, comparando-os às cepas encontradas em pacientes sem manifestações neurológicas, almejando identificar possíveis mutações que poderiam estar associadas às diferentes manifestações clínicas dos pacientes, podendo atuar como marcadores moleculares de gravidade neurológica. Porém, ao longo do ano de 2024 e até o momento, em 2025, todas as amostras recebidas apresentando algum quadro neurológico resultaram em diagnóstico negativo para CHIKV, impossibilitando a continuidade do estudo no momento. Com isso, realizamos o sequenciamento nucleotídico das amostras positivas para CHIKV no diagnóstico molecular por RT-qPCR com o objetivo de apoiar o monitoramento genômico na identificação do genótipo circulante no país, independente das manifestações clínicas dos pacientes.