Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação da atividade de caspase-1 como molécula efetora de piroptose e sua contribuição na suscetibilidade da tuberculose em pessoas vivendo com HIV/AIDS
Bolsista: RAYANNA MARIA CARRETEIRO DOWSLEY BREDERODES
Orientador(a): WLISSES HENRIQUE VELOSO DE CARVALHO DA SILVA
Resumo: Estima-se que cerca de 14 milhões de indivíduos em todo o mundo estejam duplamente infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e Mycobacterium tuberculosis (Mtb), e a tuberculose (TB) continua sendo a principal causa de morte entre pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHIV). Dessa forma, o estudo se torna extremamente relevante por proporcionar a investigação da influência na atividade de caspase-1 na susceptibilidade à TB e coinfecção TB-HIV. A partir disso, o projeto está sendo realizado em unidades de referência do estado de Pernambuco para diagnóstico de TB. Após compreensão e assinatura do TCLE são coletadas amostras de sangue, urina e escarro. As amostras de urina e escarro passam por descontaminação utilizando o Método de Petroff, com solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 4%. Em seguida, são encaminhadas para análise microbiológica, incluindo baciloscopia e cultura em meio de Lowenstein-Jensen, além do teste molecular GeneXpert MTB/RIF. A partir do sangue coletado, realiza-se o isolamento das células mononucleares do sangue periférico (PBMCs). Foram selecionados 223 pacientes com suspeita de tuberculose (TB) como também foram selecionados pacientes com PVHIV e TB-HIV. Os exames laboratoriais indicaram que 29 pacientes tinham a TB ativa e 55 eram PVHIV, enquanto 2 tinham coinfecção TB-HIV. Entre os 29 casos com tuberculose ativa, 26 (89%) eram do sexo masculino e 3 (11%) do sexo feminino. No grupo com HIV ativo, 40 (72%) eram homens e 15 (28%) mulheres. Os dois casos de coinfecção TB-HIV foram todos do sexo masculino. O grupo TB-HIV do projeto até o momento é composto por 2 pacientes homens, com média de idade de 37,5. Os dois relataram perda de peso, febre, falta de ar, fraqueza muscular, 1 relatou tosse seca e o outro relatou tosse produtiva. O reconhecimento da sintomatologia da TB em pacientes portadores de PVHIV, corroboram para detecção da TB previamente e consequentemente colabora com o tratamento para coinfecção TB-HIV.
Associação da memantina com fármacos de referência no tratamento da leishmaniose tegumentar
Bolsista: CLARA REGINA PEREIRA ABREU
Orientador(a): ELMO EDUARDO DE ALMEIDA AMARAL
Resumo: As leishmanioses são um grupo de doenças infecciosas causadas por protozoários do gênero Leishmania, onde mais de 20 espécies são responsáveis pelas principais manifestações clínicas da doença: Leishmaniose Tegumentar (LT) e Leishmaniose Visceral (LV), sendo considerada uma das doenças mais negligenciadas do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde e diretamente associada à pobreza e à escassez de recursos financeiros, especialmente em países em desenvolvimento localizados em regiões tropicais e subtropicais. A Leishmania infantum é o agente etiológico responsável pela forma clínica mais grave, a leishmaniose visceral (LV), que pode ser letal em mais de 95% dos casos não tratados adequadamente. Epidemiologicamente, o Brasil destaca-se por obter 90% dos casos registrados na América Latina, onde em média, cerca de 3.500 casos são reportados por ano e a incidência é de 2 casos a cada 100.000 habitantes. O tratamento disponível é limitado a poucos fármacos, os quais apresentam diversos desafios, como falhas terapêuticas, toxicidade elevada, altos custos e surgimento de cepas resistentes. Diante desse cenário, estratégias como a combinação e o reposicionamento de fármacos vêm sendo exploradas como alternativas promissoras. Nesse contexto, destaca-se o uso combinado da memantina um fármaco aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer com medicamentos de referência no tratamento da leishmaniose e sua eficácia em células resistentes ao fármaco de primeira escolha utilizado no Brasil, o antimoniato de meglumina. Este estudo teve como objetivo avaliar a atividade avaliar o efeito da memantina sozinha ou combinada com antimoniato de meglumina e miltefosina em L. infantum sensível e resistente ao SbIII. Inicialmente, promastigotas de L. infantum foram incubadas por 72 horas com miltefosina e SbIII para determinação dos valores de IC, obtendo-se 19,7 microM e 55 microM, respectivamente. O valor de IC da memantina previamente determinado para promastigotas foi de 273 microM. As combinações de memantina com miltefosina ou SbIII em diferentes proporções (5:0; 4:1; 3:2; 2:3; 1:4 e 0:5) em promastigotas de L. infantum foram avaliadas após 72 horas de incubação, sendo a viabilidade celular medida por fluorescência com o reagente resazurina. Os valores de concentração inibitória fracionada (FICI) para as combinações de memantina com miltefosina e com SbIII foram de 1,12 e 1,67, respectivamente, indicando efeito aditivo em ambas as associações. Para amastigotas intracelulares, os valores de IC determinados foram de 1,98 ± 0,24 microM para memantina e 0,24 ± 0,02 microM para miltefosina. A combinação entre memantina e miltefosina demonstrou inibir o índice de infecção de maneira dependente da concentração após 72 horas de tratamento, com um FICI de 1,38, também caracterizando um efeito aditivo. Para sugerir uma terapia eficaz em casos de cepas resistentes, promastigotas de L. infantum forma cultivadas ou não com adição de concentrações crescentes progressivas de SbIII para obtenção de resistência. Uma vez atingido 10x o valor de IC50 previamente determinado, as células sensíveis e resistentes foram incubadas com SbIII para verificação de resistência, indicando valores de IC50 40,79 microM e 2630 microM, respectivamente, comprovando a resistência de 64,5 vezes quando comparada à célula sensível. Posteriormente, as células sensíveis ou resistentes ao SbIII foram incubadas com concentrações crescentes de memantina por 72 horas, demonstrando um IC50 de 544,1 microM e 878 microM, respectivamente. Em conjunto, os resultados sugerem que a associação de fármacos de referência com a memantina representa uma estratégia terapêutica promissora para o tratamento da leishmaniose.
IMPACTO DA EXPRESSÃO DAS MOLÉCULAS IMUNOMODULADORAS EM PACIENTES INFANTO-JUVENIS COM LINFOMA DE HODGKIN DE UM CENTRO ONCOLÓGICO EM RECIFE.
Bolsista: BEATRIZ TORRES SOARES DE LIMA
Orientador(a): Norma Lucena Cavalcanti Licinio da Silva
Resumo: O linfoma de Hodgkin é mais frequente em crianças menores de 15 anos e tem o percentual de aproximadamente 0,6% dentre todos os cânceres pediátricos. O microambiente tumoral é rico em linfócitos, com características celulares específica, sendo a presença de células T reguladores associadas com a progressão tumoral. A presença de biomarcadores CTLA-4, CD28 e Foxp3 no tumor esclarece sobre o estado de ativação ou inibição do sistema imunológico no microambiente tumoral, e esse dado pode ter uma implicação clínica. Com o objetivo de estudar as características do linfoma para entender o desenvolvimento e o desfecho da neoplasia e identificar potenciais moléculas de valor prognóstico, foram estudados 49 pacientes e amostras de biopsias do IMIP. Os dados clínicos e as caraterísticas anatomopatológicas foram coletadas de prontuários eletrônicos dos pacientes. A padronização da técnica de imuno-histoquímica foi realizada inicialmente para as reações com o anticorpo monoclonal de camundongo: anti-CD28 e anti-Foxp3 utilizando as amostras de pacientes, nas concentrações 1:50; 1:100 e 1:250 para avaliar a sensibilidade entre a ligação do anticorpo primário com as moléculas alvo. A reação antígeno-anticorpo foi visualizada em um microscópio invertido equipado com câmera e o software de análise de imagem LAS EZ para fotografar as lâminas. A análise quantitativa foi avaliada por contagem de pixels por meio do programa GIMP(copyright) versão 2.10.12. Como resultado a diluição selecionada foi de 1:250, devido a melhor imunomarcação entre os antígenos e os anticorpos específicos, sem ligação inespecífica e melhor contraste. A avaliação da expressão de CD-28 e FoxP3 dos pacientes está em andamento, assim como a padronização da reação com anti-CTLA-4. Em conclusão, o estudo está em desenvolvimento e a avaliação da expressão das moléculas citadas será possível após a conclusão das imuno-histoquímicas, permitindo a compreensão da relação entre a resposta imune no microambiente tumoral e a clínica do linfoma.
Análise do envolvimento do PPAR gama, SIRT e MAP kinase na neuroinflamação na sepse causada pela Klebsiella pneumoniae
Bolsista: Eduarda Vieira Thiele Genezio da Silva
Orientador(a): ADRIANA RIBEIRO SILVA
Resumo: A presença de astrócitos e microglia reativos está correlacionada com diversas neuropatologias. Os distúrbios neurológicos são descritos durante e após os eventos de sepse e podem piorar o prognóstico dos indivíduos. A presença de astrócitos e microglia ativados e inflamação ocorre em casos de sepse, mas o número de trabalhos ainda é pequeno e os mecanismos envolvidos entre sepse e gliose relacionando com a inflamação ainda são desconhecidos. Os fármacos que possam inibir os mecanismos de ativação glial tem potencial para diminuir os efeitos deletérios induzidos por estas neuropatologias. Avaliamos o efeito do tratamento com o agonista de PPAR gama rosiglitazona como tratamento para a pneumonia e os seus efeitos no sistema nervoso central. A rosiglitazona controla o metabolismo de lipídios, de glicose e a resposta inflamatória. As MAP kinases estão envolvidas com a indução da produção de mediadores inflamatórios e podem ser os mecanismos intracelulares envolvidos durante a pneumosepse. Com o uso de camundongos Swiss, verificamos o efeito da administração de rosiglitazona na sobrevida, aparecimento de sinais clínicos e inflamação em modelo animal de pneumosepse causada pela bactéria resistente a beta-lactâmicos Klebsiella pneumoniae. Realizamos a análise de marcadores de inflamação em cérebros de animais infectados e tratados com rosiglitazona e associamos com a inflamação local, através da avaliação da produção de mediadores inflamatórios como as citocinas. Nós mostramos que a rosiglitazona aumentou a sobrevida, diminuiu o aparecimento dos sinais clínicos da pneumosepse e a inflamação local, apesar de não mostrar efeito na neuroinflamação. Verificamos se a rosiglitazona é benéfica na pneumonia e inibe a gliose reativa e a neuroinflamação, no intuito de avaliar os mecanismos moleculares envolvidos e uma potencial aplicação terapêutica em casos de organismos resistentes a antimicrobianos (AMR).
DESENVOLVIMENTO DE TESTE BASEADO NA DETECÇÃO DE INTERFERON GAMA INDUZIDO POR BIOMARCADORES ESPECÍFICOS PARA DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM PRIMATAS NÃO HUMANOS
Bolsista: LIVIA MARINA SANTOS MONTEIRO
Orientador(a): Tatiana Kugelmeier
Resumo: O presente relatório descreve as atividades desenvolvidas pela bolsista Lívia Marina Santos Monteiro no âmbito do projeto Desenvolvimento de teste baseado na detecção de interferon-gama induzido por biomarcadores específicos para diagnóstico da tuberculose em primatas não humanos (PNH), vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI/Fiocruz).O projeto visa padronizar e validar um teste imunológico do tipo IGRA (Interferon Gamma Release Assay), utilizando um antígeno quimérico recombinante nacional PstS1(285374):CFP10 para a detecção de infecção por Mycobacterium tuberculosis em PNH, com ênfase em macacos rhesus, cynomolgus e micos-de-cheiro mantidos no ICTB/Fiocruz. A iniciativa responde à necessidade de alternativas diagnósticas economicamente viáveis e aplicáveis à realidade nacional, dado o alto custo dos testes comerciais importados e sua limitação para uso veterinário.As atividades realizadas incluíram a reativação de clones bacterianos previamente transformados, indução de expressão proteica por IPTG, lise celular e purificação do antígeno por cromatografia de afinidade. As proteínas obtidas foram analisadas quanto à qualidade e concentração, por SDS-PAGE e espectrofotometria. Após a obtenção de lotes purificados, a bolsista participou da padronização do ensaio IGRA in house (MELIG-TB), com estimulação de sangue total de PNHs usando o antígeno PsC e o mitógeno ConA, com posterior quantificação de IFN-Gamma por ELISA específico para primatas.Os testes foram realizados em animais classificados como sadios, suspeitos ou positivos para tuberculose com base em resultados de TCT e PCR. A prova de conceito demonstrou que o antígeno PsC foi capaz de induzir resposta imune significativa em animal reagente ao TCT e positivo por PCR (AL67), com liberação de IFN-Gamma de 909 pg/mL. A padronização do ensaio foi ampliada com diferentes concentrações do antígeno e mitógeno, além da comparação com o teste comercial QTF-Plus, evidenciando a necessidade de ajustes técnicos e a possível introdução de outros mitógenos como PWM para otimização do teste.
Avaliação de micro-organismos resistentes à Polimixinas em águas de praia no Rio de Janeiro
Bolsista: BRUNA CARDOSO DA SILVA
Orientador(a): Maysa Beatriz Mandetta Clementino
Resumo: Durante a permanência da bolsa, a aluna executou um treinamento de dois meses (dezembro/2024 e janeiro/2025) em biossegurança de laboratório, técnicas de microbiologia como preparo de meios de cultura, processamento de amostras ambientais, cultivo bacteriano, isolamento e técnica de identificação de microrganismos pela técnica Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization Time-of-Flight (MALDI-Tof). A aluna realizou coleta de água superficial, areia seca e hidratada de doze praias localizadas no município do Rio de Janeiro. Foi realizado em laboratório o processamento das amostras, seguido de isolamento de bactérias resistentes, criopreservação dessas cepas e identificadas das cepas pelo MALDI-Tof. Foi realizado depósito das cepas identificadas na Coleção de Culturas de Vigilância de Saúde Única (CCVSU).
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