Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação do perfil genético e virológico de gestantes infectadas pelo vírus da hepatite B
Bolsista: KAIO CALLEBE PEDRO FERREIRA
Orientador(a): LIA LAURA LEWIS XIMENEZ DE SOUZA RODRIGUES
Resumo: Estima-se que cerca de 58 milhões de pessoas no mundo estejam cronicamente infectadas com o vírus da hepatite C (HCV), das quais cerca de 29.000 são mulheres em idade reprodutiva, sendo que aproximadamente 8% estão grávidas. O HCV pode ser transmitido durante a gravidez, especialmente em cargas virais > ou =600.000 UI/mL, e ocorre mais frequentemente durante o segundo e terceiro trimestres de gestação. Apesar de existirem medicamentos com elevadas taxas de cura para o HCV, estes não podem ser utilizados durante a gravidez devido aos seus efeitos teratogênicos. Alguns estudos mostram que determinadas mutações podem estar relacionadas com a transmissão vertical e que mutações prévias de resistência a fármacos podem ser transmitidas da mãe para o bebê. O objetivo deste estudo foi avaliar a variabilidade genética do HCV em gestantes acompanhadas em um centro de referência no Rio de Janeiro entre 2016-2022. Foram selecionadas amostras de gestantes cronicamente infectadas pelo HCV e com cargas virais de > ou =3x10 log. Após a seleção das amostras, o RNA viral foi extraído, amplificado por um RT-PCR qualitativo para a região NS5B do HCV, e posteriormente sequenciado e analisado para identificar subtipos virais e possíveis mutações de importância clínica. Foram identificadas 94 grávidas com anti-HCV reativo, 70 das quais tinham RNA do HCV > ou =3x10 log. Estas grávidas tinham uma idade média de 32,9 ± 7,0 anos (18 a 45 anos) e encontravam-se majoritariamente no 2º trimestre de gestação (n=45; 47,9%). Foi possível amplificar 53/70 (75,7%) e sequenciar com sucesso 33/53 (62,3%) amostras, sendo a maioria do subtipo 1a (n=12/33; 36,4%), seguido de 1b (n=17/33; 51,5%) e 3a (n=3/33; 9,1%). Os resultados das análises de mutação mostraram uma baixa frequência de mutações de resistência a medicamentos (n=6, 18,2%), tais como V321L, V321IV e C316N. Apesar de as mutações encontradas relacionadas com a resistência aos fármacos serem secundárias e de baixa relevância clínica, é necessária uma atenção futura no tratamento destas mulheres no período pós-parto. Nossos resultados demonstram a importância da identificação de mutações medicamentosas em gestantes portadoras de HCV para fins de vigilância epidemiológica.
Epidemiologia das Anomalias Congênitas do Sistema Nervoso Central no Estado do Rio de Janeiro
Bolsista: LUIZ CARLOS MEDEIROS DE SOUZA FILHO
Orientador(a): FERNANDO REGLA VARGAS
Resumo: A bolsa PIBIC foi implementada em 01.03.2025. Desde este período foram realizadas atividades com foco avaliação inicial em nascidos vivos através do SINASC. Aguardamos retorno da Plataforma PCDAS / FIOCRUZ para obter dados complementares dos bancos de dados SIM e AIH. Neste período foram também realizadas atividades relacionadas à revisão sistemática da literatura sobre disgenesia do corpo caloso associada a craniossinostoses. A fase de análise dados coletados para esta revisão será iniciada este mês.
Aplicação de citometria para a determinação do perfil pró-coagulante de plaquetas como fator preditivo de morte em pacientes com HIV
Bolsista: LEONARDO FERNANDES RIBEIRO
Orientador(a): Paulo Afonso Nogueira
Resumo: O estado de imunodeficiência associado à baixa contagem de linfócitos CD4 favorece o desenvolvimento de diversas alterações hematológicas, principalmente anormalidades morfofuncionais plaquetárias, que tendem a se agravar nos estágios finais da doença. Evidências também sugerem que essas alterações podem influenciar o curso da doença e, sobretudo, o desfecho clínico de pacientes com HIV, uma vez que o aumento na contagem plaquetária está relacionado à carga viral e pode impulsionar a progressão da infecção. Frente à necessidade de evidenciar as alterações morfofuncionais no comportamento plaquetário diante da infecção pelo HIV, um estudo integrado em uma coorte prospectiva foi instituído por nosso grupo de pesquisa, com o objetivo de correlacionar, por meio de avaliações citométricas, alterações plaquetárias como possíveis marcadores de desfecho clínico em pessoas vivendo com HIV (PVHIV) atendidas no pronto atendimento da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FMT-HVD, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram incluídos no estudo PVHIV com comprovação sorológica, com idades entre 18 e 70 anos, de ambos os sexos, divididos em perfis de acordo com o uso regular ou não da terapia antirretroviral (TARV). Foram excluídos indivíduos fora da faixa etária mencionada, com qualquer patologia relacionada ao sistema hematológico, coinfecção por HIV e hepatite B ou C, e usuários de anti-hipertensivos. Os objetivos do estudo foram traçados e definidos com prioridade na avaliação da morfologia plaquetária por meio dos índices plaquetários do hemograma e da imunofenotipagem de plaquetas por citometria de fluxo, realizados na admissão e antes da alta hospitalar. Entre as metas específicas, destacaram-se: comparar os índices plaquetários MPV (volume plaquetário médio) e PDW (largura de distribuição plaquetária) em relação à trombocitopenia e aos critérios de gravidade hospitalar; determinar associações entre os índices plaquetários e a imunofenotipagem de plaquetas ativadas com a gravidade da infecção, tanto na admissão quanto na alta; e avaliar o desfecho clínico como fator primordial na evolução da doença, relacionando-o com o ambiente inflamatório gerado por citocinas, plaquetas e carga viral (CV).Foi possível identificar que a ativação plaquetária está relacionada à patogênese da infecção pelo HIV. Evidenciaram-se alterações morfofuncionais plaquetárias, por meio dos índices hematimétricos MPV e PDW, tanto em indivíduos que faziam uso regular da TARV quanto naqueles com uso irregular ou falha terapêutica. Além das alterações hematimétricas, foram observadas correlações relevantes entre as variáveis plaquetas, carga viral, expressão do fator tecidual plaquetário (CD142) e citocinas inflamatórias, atuando como preditores de desfecho clínico nos pacientes especialmente devido à formação acentuada de um estado pró-inflamatório e pró-trombótico, o qual contribuiu para o desfecho de óbito. Esse achado se mostra extremamente relevante para a compreensão fisiopatológica da doença e para o entendimento do seu desenvolvimento em indivíduos com HIV. Alterações hematológicas são frequentemente relatadas em diversos estudos envolvendo pacientes com HIV, destacando-se trombocitopenia, ativação plaquetária e a presença de um estado inflamatório e trombótico exacerbado. Todas essas variáveis, quando presentes, contribuem para diferentes tipos de desfechos clínicos nesses pacientes e são de extrema importância para um manejo clínico eficaz e individualizado dos PVHIV. Dessa forma, é fundamental que esses indivíduos sejam abordados de forma abrangente, levando-se em consideração todas as alterações sistêmicas possíveis de serem detectadas no espectro da doença, especialmente as alterações hematológicas associadas às plaquetas, permitindo, assim, a prevenção de desfechos clínicos negativos mais graves.
QUANTIFICAÇÃO DE HBsAg EM PACIENTES MONOINFECTADOS COM VÍRUS DA HEPATITE B E COINFECTADOS COM VÍRUS DA HEPATITE DELTA NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Bolsista: LUIZ FILIPE DA SILVA SANTOS
Orientador(a): DEUSILENE SOUZA VIEIRA DALLACQUA
Resumo: Estudos recentes demonstram a importância da quantificação do antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg), sendo um marcador importante que não só indica infecção por hepatite B ativa, mas também pode prever os resultados clínicos e de tratamento. Apesar da potencial aplicação da quantificação do HBsAg para monitoramento da doença hepatica, não há estudos envolvendo esta temática em pacientes da Região Amazônica, que se apresenta como local endêmico tanto para casos de Hepatite B crônica, quanto para coinfecções entre os vírus B e Delta. Desta forma, o objetivo do estudo foi quantificar os níveis de HBsAg em pacientes monoinfectados com Vírus da Hepatite B e coinfectados com Vírus da Hepatite Delta na Amazônia Ocidental. O estudo foi realizado com portadores crônicos monoinfectados com HBV e coinfectados com HBV/HDV atendidos no Ambulatório Especializado em Hepatites Virais pertencente ao Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia CEPEM. As amostras de soro foram encaminhadas ao Laboratório de Virologia Molecular da Fundação Oswaldo Cruz Rondônia onde realizou-se a coleta de dados clínicos epidemiológicos e 115 amostras biológicas, detecção qualitativa e/ou quantitativa de HBV e/ou HDV, e quantificação do HbsAg utilizando kits comerciais. Os dados clínicos e virológicos foram correlacionados por meio de análises estatísticas utilizando o software GraphPad 9.0 Prism e R studio. Os resultados obtidos demonstraram efetividade da quantificação de HBsAg em portadores com doença hepática avançada, principalmente em valores exacerbados em coinfectados, sendo relacionados diretamente ao manejo terapêutico dos pacientes.
Desvendando os mecanismos de indução de corpúsculos lipídicos mediado pelo Glicolipídio Fenólico I (PGL-I) em células de Schwann: Implicações na Neuropatia Hanseniana
Bolsista: BERNARDO DE COUTO MESQUITA NASCIMENTO E SOUSA
Orientador(a): MARIA CRISTINA VIDAL PESSOLANI
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae (ML), que possui tropismo por células de Schwann (CSs) no sistema nervoso periférico (SNP). A infecção dessas células é um fator-chave no desenvolvimento das complicações neuropáticas observadas em todas as formas clínicas da doença, muitas vezes resultando em lesões irreversíveis nos nervos. Dentre os mecanismos que facilitam a interação do patógeno com as CSs, destaca-se o glicolipídio fenólico I (PGL-I), exclusivo do ML, que se liga ao domínio G da cadeia alfa 2 da laminina-211, um importante componente da lâmina basal dessas células. Essa interação permite a conexão com o receptor de laminina, a distroglicana (DAG1), facilitando a adesão e entrada da micobactéria na célula hospedeira. Estudos recentes demonstram que o PGL-I está envolvido na indução da formação de corpúsculos lipídicos (CLs) nas CSs infectadas pelo ML. A formação de CLs constitui uma das principais alterações fenotípicas observadas nas células infectadas, e estão intimamente associados à sobrevivência intracelular do bacilo. No entanto, os exatos mecanismos moleculares associados a esse processo permanecem pouco elucidados. Neste contexto, o presente projeto tem como objetivo principal investigar a participação do complexo Laminina-211/DAG1 na indução de CLs mediada pelo PGL-I, bem como explorar possíveis vias metabólicas envolvidas nesse processo, investigando especificamente a potencial participação do fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1) ou do fator de transcrição Nur77, já apontado como envolvido na homeostase lipídica. Os dados preliminares indicam que o bloqueio do receptor DAG1 por anticorpo neutralizante reduz significativamente a formação de corpúsculos lipídicos induzida por PGL-I, sugerindo que esse receptor desempenha papel central na mediação da resposta lipogênica ao estímulo desse componente da parede celular do ML. Contudo, os dados disponíveis até o momento não apontam para um papel direto do PGL-I na indução de IGF-1, indicando que a via lipogênica ativada pode envolver outros mecanismos moleculares ainda não caracterizados. Dessa forma, este estudo visa contribuir para o entendimento dos mecanismos de interação M. leprae-CSs, aprofundando o conhecimento sobre a patogênese da hanseníase e, potencialmente, revelando novos alvos terapêuticos para a prevenção e tratamento da neuropatia hanseniana, um dos aspectos mais incapacitantes da doença.
Desenvolvimento de uma Ferramenta Computacional para Extração de Dados de Prontuários Eletrônicos Hospitalares para fins de Pesquisa Clínica sobre Vírus Respiratórios
Bolsista: IZAURA ELIAS PORTO
Orientador(a): Cristiane Campello Bresani Salvi
Resumo: A pandemia de COVID-19 evidenciou a necessidade de acesso rápido e qualificado a dados clínicos primários para subsidiar pesquisas em saúde pública. No entanto, a falta de padronização e o difícil acesso a prontuários eletrônicos do SUS impõem obstáculos à análise sistematizada dessas informações. Este projeto tem como objetivo desenvolver e validar o EXIVIR, uma ferramenta computacional baseada em inteligência artificial (IA), voltada à extração estruturada de dados clínico-laboratoriais de prontuários eletrônicos de pacientes, com foco na caracterização das síndromes respiratórias virais. A metodologia inclui a construção de pipelines de IA para reconhecimento de sinais, sintomas e exames laboratoriais em arquivos em formato PDF., por meio de OCR (Reconhecimento Ótico de Imagens) e extração de dessas informações de forma padronizada em formado de base de dados. A ferramenta será desenvolvida e testada com prontuários de pacientes com COVID-19 internados em dois hospitais públicos de Recife: Hospital Agamenon Magalhães e Hospital Getúlio Vargas. Até o momento, foram lidos 63 prontuários e identificados os termos relevantes previamente definidos. Diante da diversidade de descrições clínicas e inconsistências nos registros clínicos, os dados preliminares reforçam a importância do EXIVIR como uma potencial ferramenta de extração de dados primários de saúde voltados à pesquisa clínica em cenários de emergências sanitárias.
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