Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Screening da Microbiota Fúngica em pacientes com Doença de Crohn em ambulatório de unidade de referência no Rio de Janeiro.
Bolsista: EDUARDA BORGES SANTOS
Orientador(a): Manoel Marques Evangelista de Oliveira
Resumo: Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa Idiopática (RCUI) são as principais condições clínicas das Doenças inflamatórias intestinais (DII), associadas à ocorrência de processos inflamatórios no trato gastrointestinal. Estudos têm demonstrado que alterações na microbiota fúngica em pacientes com DII, especialmente a presença de fungos emergentes, têm se mostrado um fator de agravamento da condição clínica desses indivíduos. Investigar a presença de espécies fúngicas na cavidade oral de pacientes imunocomprometidos é crucial, pois essas infecções podem dificultar o manejo clínico desses pacientes. O objetivo deste estudo é realizar um screening da microbiota oral de pacientes com Doença Intestinal Inflamatória (DII). Foram inicialmente recebidos no laboratório, o quantitativo de 25 swabs coletados de pacientes diagnosticados com RCUI ou DC, durante o período de outubro de 2024 a março de 2025. Observamos o crescimento de amostras provenientes de 13 pacientes, as quais deram origem ao isolamento de 15 leveduras que foram encaminhadas às etapas seguintes de identificação. Em relação ao total de swabs recebidos, as amostras de 12 pacientes não apresentaram crescimento. Sucintamente, em pacientes diagnosticados com DC detectamos a presença de Rhodotorula mucilaginosa, Candida orthopsilosis e Kodamaea jinghongensis, enquanto em indivíduos com RCUI foram encontrados isolados de Cutaneotrichosporon dermatis, Candida glabrata, Candida lusitanea e Candida tropicalis. Nas próximas etapas iremos aumentar o N de paciente, realizando o processamento de mais swabs orais de pacientes diagnosticados com RCUI ou DC, atendidos no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ, bem como de pacientes controles negativos para as doenças mas pareados por idade e origem, atendidos pela mesma equipe multidisciplinar .
Profilaxia pré-exposição para o HIV e infecções sexualmente transmissíveis no Brasil: análise longitudinal do estudo Implementation PrEP (ImPrEP)
Bolsista: JOAO VICTOR OLIVEIRA BASTOS
Orientador(a): BEATRIZ GILDA JEGERHORN GRINSZTEJN
Resumo: Em 2019, a América Latina registrou taxas de incidência de ISTs maiores que os índices globais, enfrentando desafios como escassez de estudos populacionais e testes moleculares para diagnóstico. As ISTs representam uma preocupação abrangente em termos de saúde pública em todo o mundo, exercendo impacto direto sobre a saúde reprodutiva e aumentando a probabilidade de contrair outras ISTs, incluindo o HIV. No caso da América Latina, a compreensão da dinâmica de transmissão das ISTs e dos fatores associados é fundamental para o desenvolvimento de intervenções preventivas eficazes, mas a falta de dados e o acesso limitado ao diagnóstico molecular na região são desafios para uma resposta eficaz às ISTs. Populações vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis, mulheres trans e pessoas vivendo com HIV, apresentam prevalências preocupantes de ISTs, destacando a necessidade de estratégias de prevenção mais eficazes para tais grupos. Nesse aspecto, o Implementation PrEP foi um estudo que possibilitou um maior conhecimento sobre ISTs a nível regional, tendo avaliado a oferta de PrEP em sistemas públicos de saúde em três países da América Latina (Brasil, México e Peru) para estes grupos vulnerabilizados.
Validação de testes rápidos de antígenos para diagnóstico por RT-PCR e vigilância genômica
Bolsista: JOYCE DA SILVA CARVALHO
Orientador(a): Fabio Miyajima
Resumo: Durante o desenvolvimento do projeto, a bolsista atuou de forma ativa e estratégica nas diferentes etapas da pesquisa, contribuindo para a validação de novas abordagens no enfrentamento das síndromes respiratórias agudas graves (SRAGs), com foco principal no SARS-CoV-2. Sua participação foi essencial na viabilização do reaproveitamento de amostras de testes rápidos (TRs) imunocromatográficos para aplicação em diagnósticos moleculares e sequenciamento genômico, fortalecendo a vigilância epidemiológica e genômica no Brasil.As atividades desempenhadas incluíram a metodologia para o reaproveitamento dos testes rápidos provenientes de unidades básicas de saúde do município de Eusébio (CE). O bolsista atuou na organização das amostras e no controle de qualidade das mesmas, assegurando a rastreabilidade e integridade para análises posteriores.Na etapa laboratorial, colaborou na extração automatizada do material genético viral por meio de protocolos baseados em partículas magnéticas, utilizando o kit MagMAX(Trade Mark) Viral/Pathogen Ultra e a plataforma KingFisher Flex. Em seguida, participou ativamente da preparação e execução das reações de RT-qPCR, tanto para a triagem de SARS-CoV-2 quanto para a identificação de outros vírus respiratórios, como Influenza A/B, VSR, Rinovírus, Adenovírus e Metapneumovírus, com apoio de kits comerciais desenvolvidos por Bio-Manguinhos/Fiocruz.Além disso, a bolsista contribuiu na seleção criteriosa das amostras para sequenciamento, com base nos valores de Ct, apoiando a padronização de critérios de inclusão para as etapas subsequentes. Sua atuação se estendeu ao preparo de bibliotecas genômicas, utilizando os painéis COVIDSeq (sequenciamento de genoma completo do SARS-CoV-2) e o Respiratory Virus Oligo Panel (RVOP), baseado em hibridização, ambos da plataforma Illumina.A bolsista foi capacitada para executar protocolos de síntese de cDNA, amplificação por PCR, indexação e quantificação de bibliotecas por Qubit. Também esteve envolvido no carregamento das amostras nas plataformas de sequenciamento MiSeq e NextSeq 1000/2000. Demonstrou domínio técnico nas etapas laboratoriais, senso crítico na interpretação dos resultados e organização no gerenciamento dos dados gerados, integrando informações genômicas ao banco de dados epidemiológicos do projeto.Como resultado de sua atuação, foi possível estabelecer um novo fluxo laboratorial para reaproveitamento de testes rápidos, garantindo a viabilidade da utilização dessas amostras tanto em RT-qPCR quanto em sequenciamento genômico. Tal abordagem contribuiu para ampliar o alcance da vigilância genômica, reduzir custos com insumos laboratoriais e possibilitar a identificação de variantes virais e outros patógenos respiratórios em circulação.A bolsista também participou da elaboração de relatórios técnicos, apresentações em reuniões de grupo, promovendo a divulgação dos resultados parciais do projeto em espaços institucionais e eventos científicos.Dessa forma, sua atuação foi fundamental para o êxito das metas do subprojeto, integrando conhecimentos teóricos e práticos em diagnóstico molecular, vigilância genômica e saúde pública, além de demonstrar compromisso com a ciência translacional voltada ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
RISCO NUTRICIONAL E CONDIÇÕES SOCIOECONOMICAS DE PESSOAS COM DOENÇAS INFECCIOSAS INTERNADAS NO CENTRO HOSPITALAR DO INI-FIOCRUZ
Bolsista: EDNA DOS SANTOS PEREIRA
Orientador(a): PAULA SIMPLICIO DA SILVA
Resumo: Risco nutricional e condições socioeconomicas de pessoas com doenças infecciosas internadas no Centro Hospitalar do INI-FiocruzBolsista PIBIC: Edna dos Santos Pereira Orientadora: Paula Simplício da SilvaResumoIntrodução: A desnutrição hospitalar é associada a altas taxas de complicações infecciosas, contribuindo para um aumento significativo na morbidade e na mortalidade. E as condições socioeconômicas podem influenciar o acesso aos alimentos em quantidade e qualidade suficientes, que podem refletir no estado nutricional. Objetivo: avaliar a prevalência de risco nutricional e sua associação com condições socioeconômicas em pessoas hospitalizadas com doenças infecciosas no CH do INI/Fiocruz. Metodologia: Está sendo desenvolvido um estudo de coorte transversal com pacientes portadores de doenças infecciosas internados no CH-INI/Fiocruz. O presente estudo faz parte do projeto: Insegurança alimentar, determinantes nutricionais e desfechos clínicos em pessoas com doenças infecciosas internadas no Centro Hospitalar do INI-Fiocruz, aprovado pelo CEP CAAE: 75238123.1.0000.5262. Os voluntários da pesquisa são avaliados, em até 72h da internação, quanto ao risco nutricional, pelo questionário Nutritional Risk Screening (NRS-2002), que é um instrumento de triagem nutricional no âmbito hospitalar, para detectar a desnutrição ou o risco de desenvolvê-la durante a internação hospitalar. O estado nutricional é avaliado por parâmetros antropométricos peso atual, estatura, índice de massa corporal (IMC) e circunferência da panturrilha (CP), e circunferência abdominal. A avaliação socioeconômica é realizada pela renda, número de membros da família, escolaridade, e recebimento de benefícios sociais. Os dados são armazenados na plataforma REDCap e os cálculos estatísticos foram realizados pelo software Stata (versão 17.0). Resultados preliminares: Até a presente data, foram recrutadas 101 pessoas com doenças infecciosas. Destes, 68,3% são pessoas vivendo com HIV, seguido de pessoas com tuberculose (12,87%) (Quadro 2). Nove pessoas relatarem situação de rua, destes 7 eram pessoas vivendo com HIV e 2 pessoas com tuberculose. O sexo masculino representa 72,28% da amostra, a idade média é de 43,34±14,04, e 57,4% se declaram pardos. Quanto a escolaridade, 44,56% eram não alfabetizados ou possuíam o fundamental incompleto e apresentam renda familiar de até 2 salários mínimos (60,4%). Quando ao acesso a benefícios sociais, 18,81% relataram receber o Bolsa Família e 12,87% recebem o benefício BPC/LOAS. O estado nutricional, avaliado por IMC, mostra que 33% das pessoas incluídas no estudo, apresentam algum grau de desnutrição (17% desnutrição grave, 7% desnutrição moderada, e 9% desnutrição leve). O risco nutricional foi observado em 78,22% das pessoas hospitalizadas, 44,5% apresentaram IMC menor que 20,5 Kg/m2, 58,42% relataram perda de peso nos últimos 3 meses, redução da ingestão alimentar foi observada em 53,4% das pessoas e saúde gravemente comprometida em 8,91% da população estudada. Conclusão: Foi encontrado uma elevada prevalência de risco nutricional e de desnutrição na população atendida no Centro Hospitalar do INI/Fiocruz, refletindo a necessidade de acompanhamento nutricional precoce para prevenção e recuperação do estado nutricional. A maior parte da população estudada tem renda familiar de até 2 salários mínimos, e ainda podemos observar um número considerável de pessoas em situação de rua e sem rendimentos, as quais vivem de doação, o que reflete a carência econômica desta população, reforçando a necessidade de políticas públicas que possam atender a população com doenças infecciosas.Palavras chave: risco nutricional, desnutrição, hospitalização, fatores socioeconômicos
OCORRÊNCIA DE VÍRUS CAUSADORES DE GASTROENTERITE AGUDA NA POPULAÇÃO DA ILHA DA MARAMBAIA, MANGARATIBA, RIO DE JANEIRO
Bolsista: CLARA GONCALVES FERREIRA DE ARAUJO
Orientador(a): SHENIA PATRICIA CORREA NOVO
Resumo: Os vírus gastroentéricos, são importantes contaminantes presentes em diferentes matrizes ambientais impactadas pela contaminação fecal humana e animal, sendo diretamente associados a doenças de veiculação hídrica. A Ilha da Marambaia, localizada no município de Mangaratiba - RJ, é uma Área de Proteção Ambiental, tendo como responsável pela sua segurança a Marinha do Brasil onde se localiza o Centro de Avaliação da Ilha da Marambaia CADIM. O local é de circulação de militares oriundos de diversas partes do mundo, além de residirem militares, seus familiares e uma população civil. Não há serviços públicos de fornecimento de água ou tratamento de efluentes, tornando esta população exposta a doenças de veiculação hídrica. Levando em consideração os fatos acima e relatos de surtos de diarreia em indivíduos recém-chegados na Ilha, esse subprojeto tem como objetivo investigar os vírus gastroentéricos que possam estar acometendo a população do estudo e causando quadros de gastroenterite aguda. Para isso, será utilizado o RT-PCR Multiplex (IBMP LRRR) para rotavírus (NSP3) e norovírus genogrupo I e II (junção ORF1-ORF2) / CI Controle Interno Endógeno kit IBMP, nas amostras fecais dos recrutas que entram na Ilha da Marambaia e ali permanecem por um período de 6 meses consecutivos. O primeiro grupo de recrutas foi abordado em agosto de 2024, após duas semanas de sua chegada na Ilha da Marambaia. 132 indivíduos foram abordados e desses, 65 aceitaram participar da pesquisa. Duas amostras estavam positivas para norovírus GII e uma para norovírus GI. O segundo grupo será abordado em agosto de 2025. Para caracterização molecular, as amostras positivas nas duas coletas serão submetidas a protocolos de sequenciamento massivo. Espera-se ao final desta pesquisa conhecer os vírus gastroentéricos circulantes na Ilha da Marambaia e poder orientar a população quanto às formas prevenção e de mitigação quanto à usufruírem de uma água de melhor qualidade. Palavra-chave: Microrganismos de veiculação hídrica, Virologia ambiental, Saneamento básico.
Validação dos miR-20b-3p, miR-378a-3p e miR-215-5p plasmáticos para diagnóstico e evolução clínica de pacientes com câncer de pâncreas
Bolsista: GABRIELA MARINO KOERICH
Orientador(a): Mateus Nobrega Aoki
Resumo: Com esse projeto foi possível consolidar a quantificação relativa de microRNAs plasmáticos utilizando o spike-in exógeno miR39-3p de C. elegans. Os resultados obtidos demonstram que o miR-20b-3p e miR-215-5p apresentam expressão significativamente reduzida em pacientes com câncer de pâncreas em relação ao controle, o que foi primeiramente observado no RNASeq de microRNAs plasmático e depois por RT-qPCR. Nesse projeto destacamos o achado do miR-20b-3p como um maior poder diagnóstico pela observação da curva ROC. Além da relevância dos resultados citados, a análise da expressão de microRNAs ao longo de diferentes pontos de coleta reforça os achados, trazendo maior entendimento sobre a progressão da doença, já que a alteração da expressão dos miRNAs podem refletir mudanças moleculares ao longo do tempo, as quais podem identificar tanto uma melhora quanto uma piora do quadro. Tais resultados podem ser correlacionados com dados clínicos e demográficos, associando a expressão de miRNAs com parâmetros como tamanho, tipo e localização do tumor, sobrevida do paciente, idade, sexo, resposta aos tratamentos, entre outros. Esses dados demonstram que os microRNAs plasmáticos podem ser biomarcadores plasmáticos interessantes e aplicados para diagnóstico de câncer de pâncreas, mas mais estudos clínicos longitudinais são necessários, principalmente associados estadiamento da doença, tipo de tratamento e progressão, associando os microRNAs com parâmetros clínicos e buscando um painel de microRNAs que possam diferenciar de forma mais precisa.
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