Bolsista: ANNA CLARA SANTIAGO MORAES
Orientador(a): Eugênia Terra Granado Pina
Resumo: Justificativa e Relevância: A leucemia linfoblástica aguda de células B (LLA-B) é a neoplasia maligna mais frequente na infância, com grande heterogeneidade genética, o que dificulta a estratificação de risco. No Brasil, incluindo a Bahia, há escassez de estudos epidemiológicos e limitações no acesso a técnicas diagnósticas moleculares no SUS. A adoção de ferramentas capazes de identificar subtipos genéticos, como a análise de ploidia por citometria de fluxo, surge como ferramenta promissora para o aprimoramento prognóstico e a individualização terapêutica. O projeto visa implementar essa ferramenta diagnóstica, por meio da capacitação de equipes e fortalecimento da infraestrutura laboratorial, contribuindo para o diagnóstico mais preciso, e favorecendo escolhas terapêuticas mais adequadas. Objetivos: Implementar a técnica de Índice de DNA para pacientes pediátricos com LLA-B atendidos no estado da Bahia; padronizar a técnica de índice de DNA; implementar o índice de DNA na rotina do laboratório de imunofenotipagem; correlacionar os resultados de ploidia, com as respostas terapêuticas iniciais dos pacientes avaliados; avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes avaliados. Metodologia: Foram incluídos pacientes de 0 a 18 anos com suspeita de doenças onco-hematológicas, encaminhados pelos hospitais Martagão Gesteira e Aristides Maltez localizados em Salvador; e da Santa de Misericórdia, de Itabuna, entre novembro de 2023 e fevereiro de 2025. As amostras de medula óssea ou sangue periférico de casos confirmados de LLA-B e controles foram analisadas por citometria de fluxo, utilizando marcação por anticorpos, lise celular, tratamento com RNAse e iodeto de propídeo, seguido de aquisição no citômetro DXFlex. A análise do índice de DNA foi realizada no software FlowJo, por meio da mediana de fluorescência na fase G0/G1, considerando padrões para hipodiploidia, hiperdiploidia e zona cinza. Informações clínicas foram coletadas dos prontuários, incluindo dados demográficos, laboratoriais e resposta terapêutica. Foram realizadas análises descritivas dos dados. Discussão de resultados: A padronização da técnica de índice de DNA envolveu a avaliação de protocolos e a definição dos linfócitos maduros da própria amostra como controle diploide, com uso de anticorpos como CD45, CD19 e CD3 para otimizar a identificação dessa população celular. Durante o processo de padronização e implementação, foram realizadas marcações do índice de DNA em 29 amostras de pacientes enviadas para análise. Apenas 18 pacientes foram incluídos no projeto, por estarem dentro dos critérios de inclusão, que envolvem o diagnóstico de LLA-B e viabilidade da amostra. Entre as amostras excluídas tivemos 7 com diagnóstico diferente de LLA-B (LMA, aplasia, LMC ou não leucêmico), e 4 amostras inviáveis para análise devido a uso prévio de corticoides ou baixa viabilidade das amostras. Aproximadamente 55,5% dos pacientes foram classificados como portadores de baixa hiperdiploidia, ou próximos a diploidia, caracterizada por um valor de índice superior a 1,0 e inferior a 1,16. Entre as amostras estudadas, 38,8% foram classificadas com alta hiperdiploidia, definida por uma razão entre 1,16 e 1,60, sendo associada a um prognóstico favorável. Um único paciente classificado com triploidia (n=1), cuja razão entre as medianas ultrapassa 1,60, e está relacionada a um prognóstico ruim. Conclusões parciais: Este trabalho viabilizou a implementação da técnica de índice de DNA, contribuindo para a classificação molecular de pacientes pediátricos com LLA-B atendidos pelo SUS. As análises em andamento buscam correlacionar os achados moleculares com dados clínicos e prognósticos, reforçando a relevância da citometria de fluxo na estratificação de risco em LLA-B.