Bolsista: NATHALYA ROCHA DURAM
Orientador(a): Soraya dos Santos Pereira
Resumo: O vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 (HTLV-1) é um retrovírus com alta prevalência em determinadas regiões do Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde fatores como desigualdade no acesso à saúde e subnotificação agravam seu impacto. A infecção por HTLV-1 é frequentemente negligenciada, embora possa levar a condições graves como mielopatia associada ao HTLV e leucemia/linfoma de células T do adulto. A detecção precoce da infecção é crucial para controle epidemiológico, manejo clínico e prevenção de complicações. No entanto, os métodos diagnósticos atualmente disponíveis, como ELISA, Western blot e PCR, são caros, de difícil acesso e frequentemente dependem de kits importados. Além disso, apresentam limitações como resultados falso-positivos e dificuldades na confirmação dos casos. Diante desse contexto, o presente projeto visa desenvolver e otimizar ferramentas diagnósticas alternativas, acessíveis e de alta especificidade utilizando anticorpos de domínio único (VHHs), também conhecidos como nanocorpos, direcionados à proteína p24 do HTLV-1. Esses anticorpos apresentam vantagens como alta estabilidade térmica, baixo custo de produção em sistemas bacterianos e afinidade elevada pelo antígeno-alvo, tornando-se candidatos ideais para a construção de biossensores diagnósticos. Inicialmente, uma biblioteca de VHHs foi gerada a partir da imunização de Lama glama com a proteína recombinante p24 do HTLV-1. Clones específicos foram selecionados por Phage Display e testados por ELISA. Com o objetivo de expandir as possibilidades diagnósticas, o projeto buscou otimizar a expressão de novos clones denominados VHH-52, VHH-59, VHH-60 e VHH-63, inicialmente subclonados no vetor pET22b(+). Contudo, os ensaios de expressão realizados em Escherichia coli Rosetta gami revelaram que, embora houvesse expressão induzida por IPTG, os VHHs estavam presentes em corpos de inclusão, inviabilizando sua aplicação funcional. Para contornar esse problema, as sequências codificantes dos VHHs foram subclonadas no vetor pET28SUMO, com o objetivo de melhorar a solubilidade das proteínas recombinantes. A expressão e purificação foram padronizadas nas cepas de E. coli utilizando cromatografia de afinidade por coluna de cobalto (IMAC), com posterior diálise e quantificação das proteínas purificadas pelo Kit BCA Protein Assay. Dois clones, VHH-52 e VHH-59, foram selecionados para expressão com IPTG a 0,3 mM a 30°C, por períodos de 2, 4, 6 e 20 horas pós-indução. Ambos apresentaram expressão solúvel no novo sistema, e as eluições foram purificadas com sucesso. A imunorreatividade foi avaliada por ELISA indireto: o VHH-52 subclonado em pET28SUMO demonstrou maior absorbância comparado à versão expressa em pET22b(+), sugerindo melhora na funcionalidade. Por outro lado, o VHH-59 não apresentou reatividade significativa à proteína p24, indicando possível alteração na estrutura ou perda da capacidade de ligação ao antígeno após a subclonagem. Os resultados obtidos demonstram que a subclonagem para pET28SUMO melhorou a solubilidade e a resposta imunológica de pelo menos um dos clones testados, validando a estratégia como alternativa viável para expressão funcional. Ainda assim, são necessárias etapas adicionais de otimização para aprimorar a expressão e a estabilidade dos demais clones, além de avaliações complementares quanto à especificidade e sensibilidade dos VHHs em diferentes plataformas de detecção. A continuidade deste trabalho poderá contribuir significativamente para o desenvolvimento de um método diagnóstico nacional, de baixo custo e alta precisão para HTLV-1, impactando positivamente os programas de triagem e vigilância em saúde pública, sobretudo em regiões endêmicas e vulneráveis.