Bolsista: MARIANA DE OLIVEIRA DUARTE
Orientador(a): Najla Benevides Matos
Resumo: Streptococcus agalactiae (Estreptococo do Grupo B GBS) é reconhecido como um importante patógeno neonatal, sendo responsável por quadros graves de sepse e meningite em recém-nascidos, especialmente nos primeiros dias de vida. A principal via de transmissão é vertical, durante o parto, a partir da colonização retovaginal em gestantes. A diversidade capsular dos isolados de GBS, classificada em diferentes sorotipos, e o aumento da resistência a antimicrobianos, sobretudo aos macrolídeos e lincosamidas, reforçam a importância de estudos regionais que subsidiem estratégias de vigilância e prevenção, principalmente em áreas com poucos dados epidemiológicos, como a Amazônia brasileira. O presente estudo teve como objetivo identificar e caracterizar isolados de Streptococcus agalactiae provenientes de recém-nascidos atendidos em um hospital público de Porto Velho, Rondônia, abordando aspectos clínicos, epidemiológicos, tipagem capsular e perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos. Trata-se de um estudo observacional analítico, com inclusão de 169 neonatos avaliados entre abril de 2023 e março de 2024. Foram coletadas amostras de secreção nasal, retal e umbilical dos neonatos, imediatamente após o parto, para identificação microbiológica e análise molecular. A taxa de colonização neonatal por GBS foi de 4,7% (8/169), sem associação estatisticamente significativa com fatores clínico-obstétricos. No entanto, observou-se maior frequência de colonização em filhos de mães mais jovens e partos sem antibioticoterapia intraparto. Dos 22 isolados obtidos, 9 foram considerados não repetidos e incluídos nas análises fenotípicas e genotípicas. Os isolados demonstraram 100% de sensibilidade à penicilina, ampicilina, cefazolina, vancomicina e cloranfenicol. Contudo, verificou-se elevada taxa de não sensibilidade à tetraciclina (66,7%), seguida por levofloxacina e azitromicina (33,3%), eritromicina (22,2%) e clindamicina (11,1%). Esses dados reforçam a necessidade de vigilância contínua frente ao aumento da resistência a antimicrobianos alternativos, importantes para o tratamento de gestantes alérgicas à penicilina. A tipagem capsular revelou a presença dos sorotipos Ia (33,3%), Ib (22,2%), II (22,2%), IV (11,1%) e VI (11,1%), sendo observada a colonização simultânea por dois sorotipos em um neonato, indicando diversidade genética entre os isolados da região. Os resultados deste estudo contribuem para o entendimento da epidemiologia local da colonização neonatal por GBS, destacando a importância da ampliação dos programas de rastreamento em gestantes e da adoção sistemática da profilaxia intraparto. Além disso, reforçam a necessidade de monitoramento contínuo dos perfis de resistência antimicrobiana e da caracterização molecular dos isolados, a fim de subsidiar estratégias de controle e prevenção da infecção neonatal por GBS, especialmente em regiões da Amazônia brasileira com escassez de dados científicos.