Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Bolsista: GABRIELA GOMES LAIA DA SILVA
Orientador(a): Adriana Sotero Martins
Resumo: A água de reúso é definida como a reutilização de águas, estas provenientes de efluentes tratados. A agricultura é a atividade econômica que mais demanda água, e devido à escassez das fontes hídricas para esta atividade em diversas regiões, a água de reúso se torna uma alternativa para enfrentamento desse problema. A utilização de água de reúso traz benefícios à agricultura como fonte de nutrientes que auxiliam o crescimento de cultivos, entretanto deve-se ter segurança da qualidade sanitária para não prejudicar a saúde humana e ambiental. O objetivo do trabalho é contribuir com dados dos estudos científicos para subsidiar a inclusão de parâmetros de qualidade sanitária (microbiológicos, físicos e químicos) em uma legislação de água de reúso para utilização na agricultura. Foi realizada uma revisão da literatura sobre as normatizações brasileiras existentes e as principais dos EUA, baseado em consultas em fontes de dados documentais eletrônicas, que apresentavam parâmetros de qualidade (microbiológicos, físicos e químicos) para reúso agrícola, além de estudos Grupo de Pesquisa Saúde, Ambiente e Saneamento ENSP/FIOCRUZ. Quanto aos resultados do estudo, foi verificado que há ausência de uma legislação federal específica no Brasil para reúso agrícola, que contenha parâmetros de qualidade sanitária, o que representa um entrave ao avanço dessa prática. As normatizações brasileiras existentes são menos restritivas em comparação com os padrões internacionais. A Resolução CONERH nº 75/2010 da Bahia foi a mais completa em termos de parâmetros de qualidade microbiológica, física e química. Nessa lei, os padrões de qualidade da maioria dos parâmetros físicos e químicos são semelhantes ao padrão internacional estabelecido nas Diretrizes para reúso de água EPA, e os parâmetros microbiológicos são os mesmos estabelecidos nas Diretrizes para o uso seguro de águas residuárias, excretas e águas cinzas OMS. No entanto, na Norma ABNT 13969/97, que é a única normativa de nível federal que possui padrões de qualidade para o uso da água de reúso, recomenda valores limites diferentes e acima do determinado pelas regulamentações internacionais, sendo menos restritivas. Neste sentido, com a realização do levantamento de revisão da literatura sobre o reúso agrícola, assim como estudos do Grupo de Pesquisa foi descrita uma Proposta de Projeto de Lei (PL) sobre Reúso Agrícola para o Estado do Rio de Janeiro. A proposta de PL possui valores máximos permitidos para os parâmetros de qualidade microbiológicos (coliformes termotolerantes e helmintos), e parâmetros físico-químicos. O PL propõe que a água de reúso utilizada na agricultura, deverá ser tratada, e estar de acordo com o padrão de qualidade estabelecido neste projeto de lei, e deve passar pela etapa de desinfecção por meio da cloração. A proposta de PL também propõe irrigação por gotejamento, e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI's) pelos agricultores. Portanto, a pesquisa pode auxiliar com dados para subsidiar a inclusão de parâmetros de qualidade sanitária a uma legislação de água de reúso para utilização na agricultura. A proposta de um Projeto de Lei sobre Reúso Agrícola para o estado do Rio de Janeiro, pode resultar no aumento de utilização do reúso agrícola, assegurando a saúde humana e ambiental.

Bolsista: JOANA BRANDAO MEIRELLES
Orientador(a): Jose Paulo Pereira Junior
Resumo: 1. Construção do projeto de pesquisa - feito2. Levantamento dos casos da pesquisa - feito3. Desenvolvimento de TCLE adequado ao trabalho da boslsita - em construção4. Desenvolvimento fe ficha para coleta de dados - feito5. Adequação da ficha de coleta de daos após simulação - em construção6. Submissão do TCLE ao CEP do IFF Fiocruz7. Incio da coleta de dados em 30 a 60 dias

Bolsista: WENDEL RODRIGUES VIANA
Orientador(a): ADRIANA COSTA BACELO
Resumo: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), são predominantes no cenário epidemiológico brasileiro e responde por cerca de 75% das causas dos óbitos em pessoas de 30 a 69. A OMS vem reiterando a necessidade de ampliar o acesso aos serviços e os instrumentos inovadores para tratamento de diversas doenças, e o desenvolvimento de uma plataforma digital acessível e responsiva para a prevenção e/ou acompanhamento multiprofissional de pessoas com DCNTs, com ênfase em saúde nutricional pretende facilitar a comunicação entre pacientes e profissionais de saúde, permitindo o gerenciamento de prescrições, o monitoramento da saúde e o engajamento do paciente em seu tratamento. O bolsista participou ativamente da estruturação do backend, desenvolvimento do frontend, testes de usabilidade e gestão do projeto. A parceria entre a UFC e a Fiocruz foi crucial para a evolução do projeto, possibilitando a expansão da plataforma para incluir abordagens mais holísticas e integradas, atendendo tanto aos pacientes quanto aos profissionais de saúde com uma interface intuitiva e funcional. A metodologia aplicada no desenvolvimento seguiu as boas práticas de desenvolvimento ágil, com o uso do Scrum para gerenciamento das tarefas. Etapas: A) planejamento Inicial (levantamento de requisitos e definição do escopo do projeto, com ajustes contínuos ao longo do desenvolvimento, envolvendo o planejamento de funcionalidades tanto para mobile (pacientes) quanto para a web (profissionais de saúde); B) Desenvolvimento de Software (para o frontend, utilizando React e TypeScript, e para o backend aplicando Node.js com PostgreSQL, criando APIs RESTful para o gerenciamento de dados de saúde. Sempre priorizando a integração de funcionalidades de monitoramento de saúde e de prescrições nas interfaces de pacientes e de profissionais); C) Testes de Usabilidade (testes contínuos, com feedback de pacientes e profissionais de saúde, buscando uma plataforma acessível e de fácil usabilidade, com especial atenção a acessibilidade digital); D) Integração com APIs Externas (integração de APIs para envio de notificações com foco na adesão); E) Gestão do Projeto (utilização do Scrum para organização e acompanhamento das tarefas, com reuniões quinzenais e ajustes nas funcionalidades conforme necessário. Fase de desenvolvimento: o protótipo Hora de Cuidar (HDC) passou pelas fases de: a) levantamento e refinamento de requisitos e o planejamento do escopo da plataforma, definição do escopo das funcionalidades; b) desenvolvimento do frontend e backend em repositório no GitHub, onde o código foi depositado. Foi utilizado React e TypeScript para o frontend e Node.js com PostgreSQL para backend, e para a implementação das funcionalidades principais, como o registro de pacientes, prescrições, monitoramento de saúde e alertas automáticos; c) finalização do wireframe do protótipo na plataforma no Figma, validado, nesta fase, pelos membros da equipe e pelos stakeholders; e d) testes contínuos de usabilidade com a participação de profissionais de saúde e pacientes, com foco na identificação dos pontos de melhoria na interface e na usabilidade. O processo de desenvolvimento da solução digital foi apresentado no 1º Encontro Internacional de Saúde Digital, o que permitiu a discussão e reavaliação da inovação. A renovação da bolsa se justifica pela necessidade de continuidade do desenvolvimento de backend e aprimoramento das funcionalidades, em especial para pessoas com vulnerabilidades, como analfabetismo, cegueira e surdez. O novo cronograma visa garantir a entrega do MVP em setembro de 2026, com tempo suficiente para a realização de testes finais, ajustes com base no feedback dos usuários e lançamento completo da plataforma.

Bolsista: LUCAS SOARES DORNELLAS
Orientador(a): SIMONE QUINELATO BEZERRA
Resumo: Avaliação do potencial biotecnológico de cepas de Aspergillus niger preservadas em coleção biológica.As coleções microbiológicas são vivas e representam recursos estratégicos para pesquisa e inovação, com um papel fundamental na preservação da biodiversidade e no suporte à ciência e vigilância epidemiológica. Elas oferecem serviços como manutenção, catalogação e distribuição de microrganismos autenticados. Entre a diversidade de espécies preservadas no acervo da Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos (CCFF/Fiocruz) há cepas de Aspergillus niger, espécie cosmopolita e amplamente utilizada na biotecnologia industrial pela sua capacidade de produzir ácido cítrico. A produção de ácido cítrico em larga escala enfrenta desafios relacionados ao custo, demandando alternativas. Este metabólito secundário é valorizado pelas suas propriedades reguladoras de sabor, antioxidantes e conservantes, além de aplicações farmacêuticas como anticoagulante. O estudo realizado focou na autenticação taxonômica e na avaliação do potencial de produção de ácido cítrico por cepas de Aspergillus niger preservadas na CCFF. Durante a pesquisa, 23 cepas foram reativadas e avaliadas quanto à sua viabilidade e estabilidade. Destas, 15 cepas mostraram-se viáveis e foram caracterizadas macro e micromorfologicamente, sendo autenticadas com base na literatura especializada. Além disso, essas cepas passaram por uma análise qualitativa em meio de cultura Foster para avaliar sua capacidade de produção de ácido cítrico. Os resultados destacaram que todas as cepas viáveis apresentaram características morfológicas consistentes com a espécie A. niger, tanto em macro quanto em microcultivo. Quanto aos métodos de preservação, a liofilização se mostrou superior à preservação em óleo mineral, sendo mais eficiente na manutenção das características originais dos fungos. As cepas CCFF 4586 e CCFF 4591 foram as que demonstraram maior potencial na produção de ácido cítrico, enquanto algumas, como CCFF 4606 e CCFF 477, obtiveram resultados menos expressivos. Esses achados reforçam o valor biotecnológico e científico das coleções biológicas, que não apenas asseguram a qualidade dos recursos preservados, mas também impulsionam o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Em uma etapa futura, as cepas analisadas qualitativamente quanto à produção de ácido cítrico serão submetidas a uma avaliação quantitativa utilizando espectrofotometria, com o objetivo de determinar com maior precisão as quantidades produzidas por cada uma. Paralelamente, será realizada a autenticação molecular dessas cepas, com a finalidade de complementar as análises morfológicas e proporcionar maior exatidão e confiabilidade na caracterização dos fungos estudados.

Bolsista: Beatriz Hayne de Azevedo
Orientador(a): JULIANA PERRONE BEZERRA DE MENEZES FULLAM
Resumo: Leishmania é um parasito intracelular capaz de causar lesão na pele, mucosa e órgãos internos. A disseminação e homing de células infectadas contendo antígenos de Leishmania são fundamentais para a sobrevivência do parasito no hospedeiro e para o estabelecimento da lesão. Trabalhos publicados anteriormente pelo nosso grupo demonstraram que a infecção de macrófagos por Leishmania spp resulta em redução da migração celular, fenômeno associado à diminuição na formação de complexos de adesão e a alterações na dinâmica de polimerização de actina. Em contraste, em trabalho recente, nossa equipe observou um aumento na migração de células dendríticas infectadas por L. infantum, mas não por L. amazonensis ou L. braziliensis, correlacionado à maior expressão de proteínas componentes dos complexos de adesão, intensificação da polimerização de actina e elevação da expressão do receptor CCR7. Esses achados indicam um possível envolvimento das células dendríticas no processo de visceralização promovido por L. infantum. Entretanto, os fatores parasitários responsáveis por induzir a migração dessas células permanecem desconhecidos. Assim, a presente proposta tem como objetivo avaliar a adesão e migração de células dendríticas infectadas por Leishmania infantum nocaute para o gene lpg2 (do inglês lipophosphoglycan glyconconjugate 2), um fator de virulência multifuncional na infecção por este parasito. Nossa hipótese é que o lpg2 de Leishmania infantum participa da modulação da migração de células dendríticas, contribuindo para a apresentação de antígenos em linfonodos drenantes e para a disseminação da doença no hospedeiro vertebrado.

Bolsista: GUSTAVO PINHEIRO DE ARAUJO
Orientador(a): DANIEL PEDRA ADESSE
Resumo: A toxoplasmose é uma protozoose, causada pelo agente etiológico Toxoplasma gondii que integra o filo Apicomplexa. Cerca de 90% das pessoas com infecção adquirida por toxoplasmose não apresentam sinais ou sintomas típicos. Se presentes, os sintomas clínicos de infecção ativa incluem febre baixa, mal-estar e linfadenopatia. Em indivíduos imunocomprometidos e em casos de infecção congênita a toxoplasmose pode levar a sintomas graves. Atualmente sabe-se que a infecção congênita é a forma mais grave de toxoplasmose e pode ocorrer nos filhos de mulheres que tiveram infecção primária por T. gondii durante a gravidez. A infecção in utero pode levar à toxoplasmose congênita (TC), que pode causar graves danos ao feto, como aborto espontâneo, calcificação intracraniana, hidrocefalia e causar toxoplasmose ocular, que envolve infecção e danos às estruturas do sistema visual, como a retina, dependendo do período gestacional em que ocorre. Durante o desenvolvimento da retina, a angiogênese é essencial para a formação de uma estrutura que é uma extensão especializada da barreira hematoencefálica, a barreira hemato-retiniana (BRB) é uma estrutura que regula a troca de nutrientes e metabólitos entre a circulação sanguínea e o tecido neural. Recentemente o nosso grupo mostrou que a infecção adquirida pelo T. gondii levou a um aumento na permeabilidade da barreira hematoencefálica, além de neurogênese retiniana prejudicada em um modelo de infecção materna com T. gondii. Nosso objetivo foi avaliar os componentes do BRB em um modelo de estudo de TC. Camundongos fêmeas C57BL/6 prenhes receberam uma inoculação intragástrica de dois cistos de T. gondii no 10º dia de desenvolvimento embrionário (E10); o grupo controle recebeu uma injeção de macerado cerebral de um camundongo não infectado. Os animais no dia 5 pós-natal (P5) foram eutanasiados e as retinas e o cérebro foram dissecados para análises de imunohistoquímica, RT-qPCR e western blotting. Nós detectamos bradizoítos na retina e no cérebro de camundongos de mães infectadas no dia 5 pós-natal (P5), confirmando a infecção congênita. Além disso, um nível mais alto de bradizoítos foi encontrado nos cérebros quando comparamos com as retinas. Além disso, as retinas dos camundongos infectados tiveram uma diminuição significativa do conteúdo de proteína ácida fibrilar glial (GFAP), um marcador de astrócitos. Os resultados mostram uma possível influência da infecção congênita por T. gondii em componentes retinianos que são importantes para a angiogênese e desenvolvimento da barreira hemato-retiniana. Nossos dados mostraram uma diminuição no conteúdo de GFAP, sugerindo que essas células também são afetadas durante a infecção por T. gondii. Para verificar se o T. gondii modula a expressão proteica de proteínas de junção apertada em camundongos nessa idade, foi feita a densidade total das proteínas de junção apertada Ocludina e Claudina-5, sendo possível observar que o parasito parece modular a expressão de Claudina-5 (Figura 4), porém mais replicatas serão possíveis para concluir este resultado. Nos resultados de RT-qPCR foi possível observar que o parasito anão modula a expressão gênica de junções apertadas dos genes de ZO-1 , VE-caderina, Ocludina e Claudina-5 na idade P5, a fim de confirmar estes resultados uma análise por imunohistoquímica seria viável.