Bolsista: BRUNA RODRIGUES MACHADO
Orientador(a): Antonio Marcos Pereira Brotas
Resumo: Em um contexto marcado pela rápida disseminação de informações nas mídias sociais e pela crescente dificuldade em distinguir conteúdos verídicos de informações falsas, a desinformação representa um grave desafio à saúde pública, impactando diretamente a confiança nas vacinas e, consequentemente, na adesão às campanhas de imunização, especialmente entre adolescentes. A infodemia, superabundância de informações sobre saúde, verdadeiras ou não, intensificou-se durante a pandemia da Covid-19, dificultando o combate à hesitação vacinal e afetando a confiança da população em medidas preventivas, como a vacinação contra o HPV. (TOPF JM & WILLIAMS PN, 2021). Jovens e seus responsáveis, muitas vezes influenciados por conteúdos disseminados nas redes sociais, podem hesitar em relação à eficácia e segurança das vacinas, sobretudo em comunidades vulneráveis com acesso restrito a informações confiáveis. (GALHARDI, et al.; 2022).O presente estudo tem como objetivo aprofundar a compreensão da percepção dos jovens estudantes de escolas públicas de Salvador, Catu e Cachoeira, na Bahia, acerca da desinformação em saúde e ciência, com foco especial na vacinação. O estudo justifica-se pela urgência em compreender os fatores que influenciam a aceitação ou recusa das vacinas por adolescentes, sobretudo em territórios vulnerabilizados, nos quais a desinformação circula com mais força. A partir dessa compreensão, é possível subsidiar ações mais eficazes de comunicação, educação e formulação de políticas públicas sensíveis às especificidades dos jovens.A metodologia adotada inclui revisão bibliográfica, análise de questionários previamente aplicados a 112 estudantes do ensino médio dos três colégios estaduais baianos, e dos relatórios de grupos focais realizados com cerca de 30 estudantes no total. Os dados revelam que a maioria dos jovens participantes considera difícil identificar informações falsas. Embora confiem majoritariamente em cientistas e professores, o acesso às informações se dá, em grande parte, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, o que os expõe a um volume maior de fake news.A análise revelou que apenas uma parcela reduzida dos estudantes tem contato frequente com conteúdos formais de divulgação científica, e que a confiança em fontes institucionais é alta, ainda que o acesso a elas seja limitado. Além disso, identificou-se a necessidade de desenvolver um novo questionário focado exclusivamente na temática da vacinação, uma vez que os instrumentos anteriores abordavam a desinformação de forma mais ampla. O novo formulário será validado inicialmente com um grupo reduzido de estudantes para ajustes antes da aplicação em maior escala.Dessa forma, o estudo destaca a importância de estratégias de enfrentamento à desinformação adaptadas ao contexto juvenil, escolar e territorial, considerando fatores como escolaridade, acesso à informação e confiança em fontes. Os resultados visam contribuir para o fortalecimento da cobertura vacinal, a promoção da saúde pública e a valorização do papel das instituições científicas e educacionais como fontes legítimas e acessíveis de informação.