Bolsista: ANA JULIA FIGUEIREDO OLIVEIRA
Orientador(a): MONICA MAGNO VILAR
Resumo: A Imunidade Concomitante, fenômeno pouco estudado dentro da Esquistossomose, resulta de uma resistência imune do hospedeiro à reinfecção. Ainda não há certeza acerca de quais moléculas estão envolvidas nesse processo, mas sabe-se que a idade do hospedeiro e a carga e a genética parasitária também podem ser fatores de influência. Este estudo propõe avaliar os efeitos da reinfecção, comparando entre inóculos altos e baixos em camundongos Swiss webster, que são modelos mais próximos a população humana por serem não-singênicos. O principal objetivo deste projeto é analisar, histopatologicamente, a resposta dos hospedeiros murinos frente às infecções sucessivas por Schistosoma mansoni, além de parâmetros como sobrevivência, presença de vermes e de ovos. O formato escolhido para esse projeto foi o de triplicata, utilizando-se do mesmo modelo experimental em todas as repetições. Os animais foram divididos em 7 grupos: grupo A, reinfectado com 200 cercárias; grupo B, controle da primeira infecção de 200 cercárias; grupo C, reinfectado com 70 cercárias; grupo D, controle da primeira infecção de 70 cercárias; grupo E, controle da segunda infecção de 200 cercárias; grupo F controle da segunda infecção de 70 cercárias; e grupo G, controle não infectado. Os grupos A, B, C e D foram infectados e, 45 dias após, os grupos A e C foram reinfectados e os grupos E e F infectados. No dia 90 do experimento, todos os grupos foram necropsiados após eutanásia com anestésico, para obtenção dos órgãos a serem analisados, que foram armazenados em formalina Millonig para a clivagem posterior. Para a obtenção dos vermes adultos, os animais foram perfundidos através do sistema porta-hepático venoso com PBS. Foram observadas alterações histológicas relacionadas à infecção nos pulmões, fígado, estômago, intestinos, pâncreas e baço. Para ilustrar essas alterações, somente quatro grupos foram escolhidos: animais reinfectados, animais controle da primeira infecção e controle da segunda infecção, todos infectados com 200 cercárias, e um grupo controle não infectado. Nos pulmões, os animais do grupo reinfectado (A) apresentaram vermes adultos mortos, além de granulomas e infiltrados inflamatórios. O grupo controle da primeira infecção (B) apresentou lesões semelhantes às do grupo A, porém sem vermes, enquanto o grupo controle da segunda infecção (C) apresentou leve infiltrado. O fígado exibiu granulomas em todos os grupos, sendo mais intensa a reação no grupo A. Já nos intestinos e baço, os grupos A e B apresentaram grande presença de ovos e granulomas, em contraste com o grupo C, que foi menos afetado. No pâncreas, as lesões foram semelhantes entre os grupos, com granulomas e infiltrados leves. Na avaliação da sobrevivência, em um dos experimentos, o grupo B apresentou 100% de mortalidade. Nos outros experimentos, houve 100% de sobrevivência de todos os grupos de animais, inclusive o grupo B.A avaliação do número de vermes obtidos mostrou diferenças significativas: o grupo C, reinfectado com 70 cercárias, exibiu mais vermes que o grupo A, reinfectado com 200, sugerindo competição intraespecífica. Do grupo D, controle da primeira infecção de 70 cercárias, recuperou-se menos vermes comparado ao grupo E, controle da segunda infecção de 200 cercárias, ou seja, os animais com 45 dias de infecção (200 cercárias) demonstraram mais vermes que os animais com 90 dias de infecção (70 cercárias). Foram encontrados casais de vermes mortos nos pulmões, indicando competição e recirculação.Os achados sugerem que a reinfecção modula o sistema imune, favorecendo a sobrevivência de parasitas da primeira infecção e contribuindo para a compreensão da imunidade concomitante em áreas endêmicas. Os protocolos foram replicados para garantir maior precisão estatística e reforçar os dados obtidos.