Bolsista: Júlia Valle Gonçalves Rodrigues
Orientador(a): LUNA BARROCO DE LACERDA
Resumo: A malária é uma doença infecciosa transmitida por anofelinos infectados com parasitos do gênero Plasmodium. Estima-se que 263 milhões de casos no mundo no ano de 2023 (WHO, 2024). No Brasil, houve a notificação de 131.224 casos, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2024), com predomínio de casos por P. vivax.A partir da peculiaridade do Plasmodium vivax de infectar somente reticulócitos, hemácias imaturas que ainda conservam parte da maquinaria de tradução de proteínas, foi demonstrado novo mecanismo de imunidade celular protetora durante a infecção sanguínea. Quando as células alvo são infectadas, são capazes de expressar moléculas HLA de classe 1, ativando células citotóxicas T CD8+. Essas células citotóxicas reconhecem os reticulócitos infectados e iniciam o processo de liberação de grânulos citotóxicos, como a granulisina, que é capaz de se ligar à superfície do reticulócito e libera granzima B, ocasionando a lise do reticulócito infectado e do parasito intracelular (JUNQUEIRA, 2018).Também foi realizada uma análise de imunopeptidômica para identificar quais são os antígenos de P. vivax associados ao HLA-I da superfície de reticulócitos infectados. Foram identificados 573 peptídeos exclusivos de P. vivax, sendo mais de 60% de proteínas essenciais para as funções básicas do parasito, entre elas as proteínas ribossômicas (BARBOSA, 2020).Em projeto subsequente, foi selecionado proteínas ribossômicas para estudos com foco em candidatos vacinais. Essas são proteínas cruciais para a sobrevivência do parasito, portanto, são conservadas em diferentes espécies (CUI, LINDNER. AND MAIO, 2015). Outro ponto de interesse é a expressão dessas proteínas em todos os estágios do parasito (FLORENS et al, 2002). Uma das proteínas selecionadas que continua sendo estudada pelo grupo, principalmente como candidato vacinal, é a proteína 60S L30 de P. vivax. Esta proteína ainda não possui muitas informações disponíveis na literatura e sua antigenicidade, especialmente sobre a produção de anticorpos, permanece pouco compreendida. Assim, este projeto teve como objetivo principal o entendimento da produção de anticorpos IgG contra a proteína em indivíduos infectados. Inicialmente foi realizada a padronização do ensaio imunoenzimático indireto, utilizando a proteína L30 recombinante, realizando inicialmente titulação da quantidade de proteína L30 por poço; concentração de soros de indivíduos saudáveis não endêmicos, indivíduos saudáveis endêmicos, pacientes infectados com P. vivax; e concentração do anticorpo secundário anti-IgG humano conjugado com peroxidase. Depois foi acrescentado ao teste soro de pacientes infectados com P. falciparum. Para melhorar os resultados adquiridos, foi necessário modificar as soluções do ensaio, mudando as concentrações de reagentes e pH. Os tempos de incubação também foram modificados. O resultado obtido nesta parte do projeto demonstrou que os títulos de anticorpos contra essa proteína são curiosamente maiores em soros de pacientes infectados com P. falciparum, sendo possível diferenciar os soros infectados dos demais soros testados. Possivelmente, este resultado advém da homologia da proteína 60S L30 de P. vivax e de P. falciparum, possibilitando que pacientes infectados com P. falciparum produzam anticorpos que reconhecem a proteína L30 de P. vivax, mesmo que o mecanismo desta produção ainda não tenha sido elucidado. A partir do gel de poliacrilamida e Western Blot foi observado que extrato de hemácias infectadas com P. falciparum possuem a proteína L30, que foi reconhecida por anticorpos específicos. Também foi observado o reconhecimento dos soros de pacientes de P. vivax e P. falciparum a proteína L30. Portanto, agora que há comprovações da existência desses anticorpos, é com isso interessante continuar a pesquisa para elucidar o mecanismos de ação destes anticorpos.