Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Vigilância Popular em Saúde em comunidades do campo e das águas do Ceará
Bolsista: ADRIELLE DE SOUSA RODRIGUES
Orientador(a): Fernando Ferreira Carneiro
Resumo: Resumo do Relatório Final de Bolsa Adrielle RodriguesO relatório apresenta as atividades desenvolvidas por Adrielle de Sousa Rodrigues, bolsista e graduanda em História na Universidade Federal do Ceará, no projeto Vigilância Popular em Saúde em Comunidades do Campo e das Águas do Ceará. O estudo ocorreu entre setembro de 2024 e abril de 2025, sendo orientado por Fernando Ferreira Carneiro (Fiocruz Ceará) e coorientado por Mário Martins Viana Júnior (UFC).Objetivos do ProjetoAnalisar, apoiar e atualizar planos de pesquisa-ação do Participatório na Chapada do Apodi e no Quilombo do Cumbe (CE).Fortalecer a participação popular na formulação de indicadores e estratégias para a promoção da saúde.MetodologiaO projeto baseou-se nos princípios de Paulo Freire, da Epidemiologia Crítica e da Ecologia de Saberes, envolvendo:Análise documental de registros históricos e relatórios de impacto socioambiental.Participação em círculos de cultura e encontros comunitários.Observação direta das práticas culturais e produtivas das comunidades.Entrevistas com moradores sobre desafios socioambientais e estratégias de resistência.Principais Atividades e Resultados1. Relatório: Viagem de Campo ao Quilombo do Cumbe e Chapada do ApodiAs comunidades visitadas possuem históricos de resistência contra processos de expropriação e degradação ambiental, sendo afetadas por:Empreendimentos predatórios (carcinicultura, parques eólicos e infraestrutura) que comprometem a biodiversidade e a segurança alimentar.Restrição territorial que impede o acesso às áreas de pesca e cultivo.Apagamento histórico e cultural, deslegitimando as identidades quilombola e camponesa.Apesar disso, práticas tradicionais, como o artesanato em labirintos, os currais de peixe e a medicina tradicional, reforçam a identidade e resistência comunitária.2. Relatório: Luta e Resistência na Chapada do ApodiA pesquisa analisou a luta camponesa contra o agronegócio e seus impactos na saúde e no meio ambiente. Foram identificados problemas como:Contaminação por agrotóxicos, afetando a qualidade da água e a saúde pública.Violência territorial, com ameaças e expulsões de agricultores.Omissão de dados, dificultando denúncias sobre doenças causadas por agrotóxicos.A resistência camponesa se manifesta através de práticas agroecológicas sustentáveis, como a diversificação dos plantios sem venenos, o uso de flores no controle de pragas e a troca de sementes crioulas.3. Relatório: Terra, Água e Tradição A Resistência Indígena no SemiáridoA pesquisa abordou a adaptação histórica dos povos indígenas às secas e sua relação com o meio ambiente. Estratégias de sobrevivência incluem:Uso de plantas nativas como o umbuzeiro e o pequi.Localização de lençóis subterrâneos para garantir água.Mobilidade estratégica, migrando para regiões com mais recursos naturais.Resistência territorial, com conflitos históricos para defender suas terras.O estudo destaca que a expropriação de territórios e a degradação ambiental seguem impactando negativamente a saúde indígena, tornando essencial a valorização dos saberes tradicionais.Eventos e Participações1. Seminário de Vigilância Popular e Cuidado em Saúde nos Territórios do Campo, da Floresta e das Águas (Fiocruz Ceará, outubro-novembro de 2024)Discussão sobre pesquisa-ação participativa e integração da Vigilância Popular com o SUS.Adrielle atuou como relatora do grupo sobre Vigilância Popular em Saúde e Agrotóxicos, onde foram apresentadas experiências de diferentes estados brasileiros.2. Curso Internacional de Vigilância Popular em Saúde e Monitoramento Participativo (Fiocruz Ceará, dezembro de 2024)Evento coordenado por Fernando Carneiro e Jaime Breilh (Equador), abordando a Determinação Social da Saúde e a relação entre academia e comunidades.3. Oficinas de Planejamento e Pesquisa sobre Mudanças Climáticas e Povos Indígenas (fevereiro de 2025)
Investigação do papel anticorpos contra proteína ribossomal 60S L30 de Plasmodium vivax em diferentes espécies de Plasmodium.
Bolsista: Júlia Valle Gonçalves Rodrigues
Orientador(a): LUNA BARROCO DE LACERDA
Resumo: A malária é uma doença infecciosa transmitida por anofelinos infectados com parasitos do gênero Plasmodium. Estima-se que 263 milhões de casos no mundo no ano de 2023 (WHO, 2024). No Brasil, houve a notificação de 131.224 casos, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2024), com predomínio de casos por P. vivax.A partir da peculiaridade do Plasmodium vivax de infectar somente reticulócitos, hemácias imaturas que ainda conservam parte da maquinaria de tradução de proteínas, foi demonstrado novo mecanismo de imunidade celular protetora durante a infecção sanguínea. Quando as células alvo são infectadas, são capazes de expressar moléculas HLA de classe 1, ativando células citotóxicas T CD8+. Essas células citotóxicas reconhecem os reticulócitos infectados e iniciam o processo de liberação de grânulos citotóxicos, como a granulisina, que é capaz de se ligar à superfície do reticulócito e libera granzima B, ocasionando a lise do reticulócito infectado e do parasito intracelular (JUNQUEIRA, 2018).Também foi realizada uma análise de imunopeptidômica para identificar quais são os antígenos de P. vivax associados ao HLA-I da superfície de reticulócitos infectados. Foram identificados 573 peptídeos exclusivos de P. vivax, sendo mais de 60% de proteínas essenciais para as funções básicas do parasito, entre elas as proteínas ribossômicas (BARBOSA, 2020).Em projeto subsequente, foi selecionado proteínas ribossômicas para estudos com foco em candidatos vacinais. Essas são proteínas cruciais para a sobrevivência do parasito, portanto, são conservadas em diferentes espécies (CUI, LINDNER. AND MAIO, 2015). Outro ponto de interesse é a expressão dessas proteínas em todos os estágios do parasito (FLORENS et al, 2002). Uma das proteínas selecionadas que continua sendo estudada pelo grupo, principalmente como candidato vacinal, é a proteína 60S L30 de P. vivax. Esta proteína ainda não possui muitas informações disponíveis na literatura e sua antigenicidade, especialmente sobre a produção de anticorpos, permanece pouco compreendida. Assim, este projeto teve como objetivo principal o entendimento da produção de anticorpos IgG contra a proteína em indivíduos infectados. Inicialmente foi realizada a padronização do ensaio imunoenzimático indireto, utilizando a proteína L30 recombinante, realizando inicialmente titulação da quantidade de proteína L30 por poço; concentração de soros de indivíduos saudáveis não endêmicos, indivíduos saudáveis endêmicos, pacientes infectados com P. vivax; e concentração do anticorpo secundário anti-IgG humano conjugado com peroxidase. Depois foi acrescentado ao teste soro de pacientes infectados com P. falciparum. Para melhorar os resultados adquiridos, foi necessário modificar as soluções do ensaio, mudando as concentrações de reagentes e pH. Os tempos de incubação também foram modificados. O resultado obtido nesta parte do projeto demonstrou que os títulos de anticorpos contra essa proteína são curiosamente maiores em soros de pacientes infectados com P. falciparum, sendo possível diferenciar os soros infectados dos demais soros testados. Possivelmente, este resultado advém da homologia da proteína 60S L30 de P. vivax e de P. falciparum, possibilitando que pacientes infectados com P. falciparum produzam anticorpos que reconhecem a proteína L30 de P. vivax, mesmo que o mecanismo desta produção ainda não tenha sido elucidado. A partir do gel de poliacrilamida e Western Blot foi observado que extrato de hemácias infectadas com P. falciparum possuem a proteína L30, que foi reconhecida por anticorpos específicos. Também foi observado o reconhecimento dos soros de pacientes de P. vivax e P. falciparum a proteína L30. Portanto, agora que há comprovações da existência desses anticorpos, é com isso interessante continuar a pesquisa para elucidar o mecanismos de ação destes anticorpos.
O Exílio dos Cientistas: a conversa epistolar entre Haity Moussatché, Herman Lent e José Leite Lopes (1969-1979).
Bolsista: GUILHERME DA SILVA DE OLIVEIRA
Orientador(a): Gilberto Hochman
Resumo: Os temas da imigração, do desterro, dos refugiados e do exílio são atuais e fundamentais em um mundo marcado por desigualdade, conflitos armados, perseguições políticas, guerras civis e emergência climática que produzem um trágico deslocamento massivo de seres humanos, inclusive de intelectuais e cientistas. A pesquisa dessa fase da iniciação científica manteve o objetivo de analisar a experiência de exílio de cientistas brasileiros durante o regime militar (1964-1985). A questão central é analisar, por meio de documentação e arquivos pessoais, os impactos do autoritarismo sobre cientistas brasileiros aposentados compulsoriamente, cassados e perseguidos e tiveram que se exilar depois do golpe de 1964 e sobre as suas próprias práticas científicas. No desenvolvimento desse subprojeto foram analisadas as experiências de cientistas do Instituto Oswaldo Cruz que, depois da cassação e perda de direitos políticos em abril de 1970, foram forçados a se exilar e trabalharam em universidades e centros de pesquisa no exterior. Para esse empreendimento, os principais arquivos pessoais pesquisados foram os de Haity Moussatché e de Herman Lent (ambos se exilaram na Venezuela) que contêm volume considerável de cartas e estão depositados no Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz e do físico José Leite Lopes (exilado na França), principal correspondente de Haity Moussatché, que estão no Centro de Pesquisa em História do Brasil Republicano (CPDOC/FGV). As cartas trocadas entre cientistas e intelectuais tem o potencial de compreensão da especificidade do exílio de cientistas na América Latina da Guerra Fria e revela as redes científicas e de sociabilidade que os envolviam nessa experiência de desterro e permitem uma análise sobre as relações entre ciência e democracia, tem que nos é contemporâneo. O período de análise foi aquele das suas cassações pelo Ato Institucional n.5 em 1969 e 1970 (Massacre de Manguinhos) e a promulgação da Lei da Anistia em 1979.
Efeito de análogos de 1-aril-4-(4,5-di-hidro-1H-imidazol-2-il)-1H-1,2,3-triazóis contra Trypanosoma cruzi
Bolsista: GIULIA KARINA OLIVEIRA MONTELLANO
Orientador(a): MIRIAN CLAUDIA DE SOUZA PEREIRA
Resumo: Efeito de análogos de 1,2,3 triazol-imidazolina contra Trypanosoma cruziA doença de Chagas, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, é uma doença tropical negligenciada que afeta cerca de 6 milhões de pessoas no mundo, com estimativa de 75 milhões sob risco de infecção. Esta doença silenciosa possui uma fase aguda, que dura cerca de 2 a 3 meses, e uma fase crônica que pode ser assintomática (forma indeterminada) ou sintomática. Cerca de 30% dos indivíduos infectados evoluem para manifestações cardíacas, digestivas, neurológicas ou cardiodigestivas. O tratamento, baseado em dois nitroderivados: benznidazol e nifurtimox, é insatisfatório. Estes medicamentos possuem eficácia parcial na fase aguda (60-80%), mas apresentam grandes limitações com baixa eficácia na fase crônica, contraindicações na gravidez e em portadores de insuficiência hepática e altos efeitos adversos que levam à descontinuidade do tratamento. Assim, a busca por novos fármacos eficazes para o tratamento da doença de Chagas é essencial. Derivados contendo grupamento triazol tem se destacado devido a sua ampla atividade biológica. Uma série inédita de 1,2,3-triazol-imidazolina foi sintetizada e avaliada quanto a sua atividade antiparasitária e seletividade. Os derivados possuem predição de boa biodisponibilidade oral, sem violação das regras de Lipinski e Veber, e baixa toxicidade (CC50 >500 µM). A maioria dos derivados apresentou baixa atividade contra formas amastigotas e tripomastigotas de T. cruzi. Destacamos o composto 1b (2,4-diCl) com valor de IC50 igual a 2,79 microM em tripomastigotas e 16 µM em amastigotas e índice de seletividade (IS) superior a 10. Além dos derivados triazólicos, derivados de pirazol-carboxamida, planejados com base no composto hit (5-amino pirazol-imidazolina) e no composto 3H5 (pirazol-carboxamida-benzoimidazol) descrito no PDB como inibidor de cruzaína, foram analisados quanto aos parâmetros físico-químicos e toxicidade. Os resultados sugerem que esses análogos apresentam boa biodisponibilidade oral e as predições indicam absorção intestinal favorável e capacidade de permear a barreira hematoencefálica, com exceção do derivado 2o. Além disso, os derivados de pirazol-carboxamida não interferem com a atividade da glicoproteína P, proteína de efluxo de xenobióticos. Os compostos da série pirazol-carboxamida apresentaram baixa toxicidade em células VERO, sugerindo baixo risco de efeitos adversos. Estes novos derivados seguirão na plataforma de triagem fenotípica com a análise de atividade antiparasitária.
Estudo do efeito da malária não grave experimental na memória de reconhecimento
Bolsista: EMERSON SANTOS DA SILVA
Orientador(a): CLAUDIO TADEU DANIEL RIBEIRO
Resumo: A malária é uma doença infecto-parasitária de grande relevância em saúde. O seu agente etiológico mais prevalente é o Plasmodium falciparum, manifestando-se de forma clássica com sintomas inespecíficos de síndromes febris, podendo evoluir para formas graves, como a malária cerebral (MC). Sequelas cognitivas têm sido observadas em sobreviventes de MC, bem como em modelos murinos. Após episódio de malária não grave têm-se observado prejuízos cognitivos, que não são, entretanto, registrados em modelos murinos de malária não cerebral. A memória tem grande importância na função cognitiva, sendo a memória de reconhecimento um componente relevante da memória associada a eventos e objetos. O modelo de camundongo C57BL/6 infectado pela cepa ANKA de P. berghei é considerado o modelo clássico para o estudo das complicações da MC. Nesse contexto, o nosso grupo desenvolveu um modelo para estudo dos efeitos neurocognitivos da malária não grave utilizando o modelo clássico para estudo da MC, mas tratando a infecção antes de qualquer sinal clínico de comprometimento cerebral, de forma a simular a situação de 98% dos casos de malária humana por P. falciparum, na qual a doença é tratada antes da complicação cerebral se instalar. Esse modelo expressou sequelas cognitivas e comportamentais proporcionando caminhos para um estudo mais aprofundado da memória de reconhecimento. Nesse cenário, esse projeto busca investigar o efeito da malária não grave experimental nos processos de formação da memória de reconhecimento. Para isso, utilizaremos a cepa ANKA de P. berghei para reproduzir o modelo de malária não grave experimental e investigaremos o efeito da infecção plasmodial nas etapas de formação da memória de reconhecimento, como aquisição, consolidação e evocação, por meio de testes comportamentais. Espera-se avançar no conhecimento sobre a patogênese da malária e assim contribuir para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas bem-sucedidas.Palavras-chave: Plasmodium berghei ANKA, camundongo C57BL/6, aprendizado e memória, malária não grave.
CONVERSANDO SOBRE SAÚDE E SEXUALIDADE um estudo com adolescentes e jovens no Piauí numa perspectiva interseccional
Bolsista: Maria Laura Mendes dos Santos Leal
Orientador(a): ELAINE FERREIRA DO NASCIMENTO
Resumo: Introdução: Gênero, sexo e sexualidade são temas associados à juventude, pois, geralmente, nessa fase se vivenciam processos de autodescoberta. Apesar disso, diálogos sobre essas temáticas, sobretudo quando interseccionalizadas com marcadores de raça e classe, ainda são interditados pelos tabus inerentes. Objetivo: Compreender criticamente os processos racializados de gênero, sexualidades, educação e classe nos cursos de medicina e enfermagem de uma universidade pública. Metodologia: O trabalho terá como metodologia uma pesquisa exploratória e qualitativa a ser realizada por meio da aplicação de questionários a aproximadamente 10 jovens discentes dos cursos de enfermagem e medicina de uma universidade pública de Parnaíba-Piauí. Resultados esperados: Espera-se, com os dados obtidos, caracterizar o perfil sociodemográfico dos jovens pesquisados e como ele se relaciona com seus conhecimentos sobre temas relacionados à raça, classe, gênero e sexualidade, com destaque para o papel da universidade na geração da informação e da sua qualidade.
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