Bolsista: GIOVANNA FONTES MARCELINO
Orientador(a): MARISA ZENAIDE RIBEIRO GOMES
Resumo: O desenvolvimento deste estudo obtém relevância pelo impacto da sepse como causa infecciosa comum de morbimortalidade, exigindo cuidados intensivos. Tal situação torna necessárias a busca por um protocolo adequado que amplie as possibilidades de identificação do agente causador e, simultaneamente, atue de maneira precoce no manejo do paciente. Ademais, há a repercussão financeira no sistema de saúde. Outro ponto crucial é a identificação fidedigna do agente causador do quadro, o que pode sofrer influência pela coleta prioritária apenas de hemoculturas. Sendo assim, é necessário comparar os índices de positividade da coleta de hemoculturas e da cultura de outros materiais biológicos, com objetivo de otimizar a abordagem do paciente. A interpretação dos dados poderá orientar um manejo mais amplo dos pacientes com sepse e fornecer informações acerca da variedade de patógenos e o perfil que predomina, para além do estudo prioritário de hemoculturas, contribuindo para a ponderação adequada sobre a etiologia do quadro e posterior descalonamento correto da terapia antimicrobiana. Trata-se de um subprojeto do estudo principal, denominado Diagnóstico e Tratamento de Sepse por Bacilos Gram-negativos em Centros de Tratamento Intensivo do Rio de Janeiro e realizado, prospectivamente, em pacientes adultos, que preencheram os critérios de sepse-2 e/ou sepse-3 adaptado, hospitalar, enquanto internados em terapia intensiva médico-cirúrgica, em hospital público, terciário, federal, do Rio de Janeiro, e acompanhados entre agosto de 2015 e dezembro de 2017. Objetiva-se, neste subprojeto, dar continuidade à avaliação previamente iniciada em componente amostral menor. Isto é, no TCC (Bacharelado em Medicina) - UNIRIO, 2022, intitulado Positividade de hemoculturas e perfil etiológico em sepse hospitalar em centro de tratamento intensivo do Rio de Janeiro: coorte prospectiva unicêntrica [16], realizado como subprojeto do estudo principal acima mencionado, pelo orientando e médico graduado Murillo Marçal Castro, in memoriam. Castro observou que a positividade encontrada na cultura de outros materiais representava um terço da detecção da etiologia, assim como a hemocultura. No entanto, a porcentagem de agentes isolados mostrou-se maior na cultura de outros materiais do foco infeccioso da sepse. Logo, ao ampliar o tamanho da amostra estudada, este subprojeto visa alcançar de forma estatisticamente adequada os objetivos do estudo, mostrando-se útil para o hospital de estudo, assim como para outras unidades do Sistema Único de Saúde do Brasil, com porte e perfil similares. Visando analisar seus processos assistenciais internos, nos ambientes de terapia intensiva, associados à sepse hospitalar. Mas, também, podendo servir de modelo para estudos futuros, multicêntricos e internacionais. Resultados preliminares demonstram que do total de 629 admissões, acompanhados por 7.797 paciente-dias, foram aleatoriamente selecionados 194 episódios de Sepse-2/Sepse-3 (67,8%), ocorridos em 163 pacientes (78,4%). Foi obtido 508 sets de hemoculturas (907 frascos). Hemocultura detectou a etiologia em 32% (62/194) dos episódios, com 42% dos agentes isolados (65/155), enquanto outros materiais detectaram outro terço das etiologias e 58% dos agentes (90/155). A determinação do foco infeccioso da sepse provável ou definitivo contou principalmente com a cultura de outros materiais (p=0.009). Quando se investigou apenas bacteremia como sepse, Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter. baumannii se encontraram significativamente (p=0.0004) menos representados. Dessa forma, o estudo conclui preliminarmente que bacteremia por cultura convencional não representa sepse. Além das hemoculturas, coleta de outros materiais deve ser priorizada na investigação e acompanhamento da sepse.