Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
INVESTIGAÇÃO DO MECANISMO DE INIBIÇÃO DO 17-AAG E 17-DMAG FRENTE A HSP83 de Leishmania braziliensis
Bolsista: THALITA CAROLYNE SOUZA TRINDADE
Orientador(a): Thamires Quadros Froes
Resumo: A leishmaniose é classificada como uma Doença de Determinação Social (DDS), sendo a forma cutânea a manifestação clínica mais comum, com cerca de 90% dos casos concentrados em países da América Latina. O arsenal terapêutico atualmente disponível apresenta alta toxicidade e baixa adesão, o que favorece a seleção de cepas resistentes. Diante disso, torna-se essencial a busca por novas estratégias terapêuticas, sendo o primeiro passo a identificação de alvos moleculares fundamentais para a sobrevivência do parasita. As chaperonas moleculares, como a Hsp90, são proteínas envolvidas no enovelamento adequado de outras proteínas e na regulação da expressão gênica. Em Leishmania spp., a isoforma Hsp83 tem papel crucial, auxiliando na diferenciação entre os estágios do ciclo de vida e conferindo vantagens como termotolerância, maior virulência e adaptação ao pH, temperatura, estresse oxidativo e degradação enzimática.Estudos anteriores demonstraram que derivados da Geldanamicina (GA), como 17-AAG e 17-DMAG, apresentam atividade leishmanicida e alta seletividade in vitro, além de redução significativa da carga parasitária em modelos in vivo, especialmente com o uso do 17-DMAG. O objetivo geral deste trabalho foi investigar o mecanismo de inibição do 17-AAG e 17-DMAG sobre a LbHsp83. Os objetivos específicos incluíram a padronização da expressão e purificação das construções completa (full) e truncada da LbHsp83 (região N-terminal), o desenvolvimento do ensaio de deslocamento térmico (Thermofluor), a determinação da afinidade (Kd) dos inibidores para a proteína e a caracterização da interação. As duas construções da LbHsp83 foram expressas e purificadas por cromatografia de afinidade. Para a criopreservação das proteínas, utilizou-se glicerol a 10% para LbHsp83FULL e a 20% para LbHsp83N. Já para os ensaios com os inibidores, a concentração de DMSO foi padronizada em 5%. A termoestabilidade das proteínas na presença de 50 µM de 17-AAG e 17-DMAG demonstrou um aumento mais acentuado da temperatura de desnaturação (Tm) para a construção truncada, o que está de acordo com dados da literatura que indicam que esses compostos atuam como inibidores competitivos com o ATP. Os ensaios de dose-resposta revelaram que o aumento da concentração dos inibidores resulta em elevação proporcional de DeltaTm. Com base nesses dados, foi possível estimar a constante de afinidade (Kd), sendo 10 nM para o 17-DMAG e 16 nM para o 17-AAG frente à LbHsp83FULL. Apesar de ambos os compostos se mostrarem inibidores potentes, os valores de Kd obtidos divergem daqueles observados em outras espécies, o que destaca a necessidade do uso de técnicas mais sensíveis para estimar o Kd, como a fluorescência intrínseca do triptofano. Como perspectiva também se pretende confirmar o mecanismo competitivo com ATP por meio de abordagens complementares, como os ensaios de competição utilizando os ensaios de deslocamento térmico na presença do ATP.
Positividade de hemoculturas e perfil etiológico da sepse hospitalar em unidade de terapia intensiva do Rio de Janeiro: estudo longitudinal prospectivo unicêntrico
Bolsista: GIOVANNA FONTES MARCELINO
Orientador(a): MARISA ZENAIDE RIBEIRO GOMES
Resumo: O desenvolvimento deste estudo obtém relevância pelo impacto da sepse como causa infecciosa comum de morbimortalidade, exigindo cuidados intensivos. Tal situação torna necessárias a busca por um protocolo adequado que amplie as possibilidades de identificação do agente causador e, simultaneamente, atue de maneira precoce no manejo do paciente. Ademais, há a repercussão financeira no sistema de saúde. Outro ponto crucial é a identificação fidedigna do agente causador do quadro, o que pode sofrer influência pela coleta prioritária apenas de hemoculturas. Sendo assim, é necessário comparar os índices de positividade da coleta de hemoculturas e da cultura de outros materiais biológicos, com objetivo de otimizar a abordagem do paciente. A interpretação dos dados poderá orientar um manejo mais amplo dos pacientes com sepse e fornecer informações acerca da variedade de patógenos e o perfil que predomina, para além do estudo prioritário de hemoculturas, contribuindo para a ponderação adequada sobre a etiologia do quadro e posterior descalonamento correto da terapia antimicrobiana. Trata-se de um subprojeto do estudo principal, denominado Diagnóstico e Tratamento de Sepse por Bacilos Gram-negativos em Centros de Tratamento Intensivo do Rio de Janeiro e realizado, prospectivamente, em pacientes adultos, que preencheram os critérios de sepse-2 e/ou sepse-3 adaptado, hospitalar, enquanto internados em terapia intensiva médico-cirúrgica, em hospital público, terciário, federal, do Rio de Janeiro, e acompanhados entre agosto de 2015 e dezembro de 2017. Objetiva-se, neste subprojeto, dar continuidade à avaliação previamente iniciada em componente amostral menor. Isto é, no TCC (Bacharelado em Medicina) - UNIRIO, 2022, intitulado Positividade de hemoculturas e perfil etiológico em sepse hospitalar em centro de tratamento intensivo do Rio de Janeiro: coorte prospectiva unicêntrica [16], realizado como subprojeto do estudo principal acima mencionado, pelo orientando e médico graduado Murillo Marçal Castro, in memoriam. Castro observou que a positividade encontrada na cultura de outros materiais representava um terço da detecção da etiologia, assim como a hemocultura. No entanto, a porcentagem de agentes isolados mostrou-se maior na cultura de outros materiais do foco infeccioso da sepse. Logo, ao ampliar o tamanho da amostra estudada, este subprojeto visa alcançar de forma estatisticamente adequada os objetivos do estudo, mostrando-se útil para o hospital de estudo, assim como para outras unidades do Sistema Único de Saúde do Brasil, com porte e perfil similares. Visando analisar seus processos assistenciais internos, nos ambientes de terapia intensiva, associados à sepse hospitalar. Mas, também, podendo servir de modelo para estudos futuros, multicêntricos e internacionais. Resultados preliminares demonstram que do total de 629 admissões, acompanhados por 7.797 paciente-dias, foram aleatoriamente selecionados 194 episódios de Sepse-2/Sepse-3 (67,8%), ocorridos em 163 pacientes (78,4%). Foi obtido 508 sets de hemoculturas (907 frascos). Hemocultura detectou a etiologia em 32% (62/194) dos episódios, com 42% dos agentes isolados (65/155), enquanto outros materiais detectaram outro terço das etiologias e 58% dos agentes (90/155). A determinação do foco infeccioso da sepse provável ou definitivo contou principalmente com a cultura de outros materiais (p=0.009). Quando se investigou apenas bacteremia como sepse, Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter. baumannii se encontraram significativamente (p=0.0004) menos representados. Dessa forma, o estudo conclui preliminarmente que bacteremia por cultura convencional não representa sepse. Além das hemoculturas, coleta de outros materiais deve ser priorizada na investigação e acompanhamento da sepse.
Expressão dos genes da rede de sinalização de GAB2 em pacientes com Leucemia Mieloide Crônica
Bolsista: Bianca Nichele Kusma
Orientador(a): Dalila Luciola Zanette
Resumo: Destaco que o projeto inicialmente proposto teve seus objetivos principais finalizados e os resultados estão em um artigo que está sob análise do segundo revisor na revista Frontiers in Oncololgy. Os objetivos que seriam propostos para a renovação perderam sua importância uma vez que foram encontrados relatos semelhantes na literatura, que tornam desnecessário o cumprimento dos mesmos. Assim, propomos um novo subprojeto, utilizando a mesma coorte de pacientes, mas com novos genes-alvo a ser analisados, que podem complementar os achados do primeiro ano da bolsista e compor novo artigo para o segundo ano da bolsa. Destaco a grande eficiência e maturidade da bolsista, que executa suas tarefas de maneira impecável, além de analisar e discutir os resultados e propor novos objetivos.A ação das ciclooxigenases ainda não está bem elucidada no contexto da Leucemia Mieloide Crônica e atualmente não existem evidências suficientes para desvendar seus mecanismos pró ou antitumorais. Porém, existem várias evidências da existência de uma relação com vários tipos de câncer, ainda que bastante diversas.Assim, este estudo demonstrou variações estatisticamente significativas da expressão de PTGS1 e PTGS2 em LMC, dependendo da resposta ao tratamento e do estágio clínico. A partir destes resultados, sugere-se uma possível relação entre o PTGS1 e o tratamento com imatinibe, assim como entre o PTGS2 e a fisiopatologia da LMC. Ainda, mais estudos são necessários para explorar os mecanismos responsáveis pela regulação de ambos os genes no contexto da LMC.
Avaliação da transmissão vertical em amostras de mosquitos alimentados artificialmente com os vírus Zika e Chikungunya
Bolsista: ALINE CAVALCANTI MUNIZ
Orientador(a): CONSTANCIA FLAVIA JUNQUEIRA AYRES LOPES
Resumo: Nesta fase inicial, os experimentos específicos ainda não foram colocados em prática,pois o foco principal foi o treinamento da bolsista. Como o trabalho com amostras virais exigemuito cuidado, técnica e segurança, foi necessário investir tempo no treinamento adequadoantes de iniciar qualquer experimento. Os treinamentos estão em vias de finalização e vêm sendorealizados com sucesso. A expectativa é começar os experimentos entre neste mês de abril. Por isso, os primeiros resultados mais concretos só devem aparecer após essa nova fase.Os treinamentos realizados foram:-Treinamento na identificação das espécies utilizadas nos experimentos;-Treinamento na criação e manutenção das colônias de mosquitos em laboratório;-Treinamento na realização do cultivo celular;-Revisão da literatura e coleta de informações relevantes para fundamentar teoricamente oprojeto.O projeto ainda está em sua fase inicial, e os primeiros resultados devem começar asurgir e ser discutidos nos próximos meses.
Helmintofauna de pequenos mamíferos não-voadores de áreas antropizadas da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro
Bolsista: GIOVANNA GOMES RIBEIRO
Orientador(a): Paulo Sergio D Andrea
Resumo: A Mata Atlântica é um dos biomas mais biodiversos do planeta e encontra-se sob intensa pressão antrópica, resultando na fragmentação de habitats e favorecendo a proliferação de espécies generalistas e seus parasitos, inclusive aqueles com potencial zoonótico. Este estudo teve como objetiva descrever a helmintofauna de pequenos mamíferos não-voadores em áreas antropizadas dos municípios de Volta Redonda e Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro. Foram realizadas duas coletas, utilizando armadilhas Tomahawk(Marca Registrada) e Sherman(Marca Registrada) . Os pequenos mamíferos capturados foram eutanasiados para a coleta de helmintos e outras amostras biológicas, seguindo protocolos de biossegurança e com licenças apropriadas. Os helmintos foram obtidos por triagem do sistema digestório e cavidades internas dos hospedeiros, sendo conservados em álcool 70%, processados e identificados com base em características morfológicas. Até o momento, 46 indivíduos de oito espécies foram analisados, revelando 14 espécies de helmintos nos espécimes de Volta Redonda, distribuídas entre os filos Nematoda, Platyhelminthes (Trematoda e Cestoda) e Acanthocephala. Destacam-se espécies como Travassostrongylus orloffi, Guerrerostrongylus zeta e Rhopalias coronatus. Estão em andamento análises parasitológicas (prevalência, intensidade e abundância) e modelos estatísticos (GLM) para avaliar a influência de variáveis bióticas nos padrões de infecção. Os resultados preliminares indicam alta diversidade helmintológica mesmo em fragmentos florestais urbanos, destacando a relevância do monitoramento parasitológico em regiões antropizadas, com implicações importantes para a conservação da biodiversidade e vigilância em saúde.
LEVANTAMENTO DA ATUAÇÃO LEGISLATIVA BRASILEIRA EM MATERIA DE SAÚDE PARA A CONSTRUÇÃO DE UM OBSERVATÓRIO PERMANENTE
Bolsista: ERICA OLIVEIRA DE SOUZA
Orientador(a): Sandra Mara Campos Alves
Resumo: A bolsista Erica Oliveira de Sousa desenvolveu as seguintes atividades: leituras de artigos científico sobre Direito Sanitário e Poder Legislativos; leituras de material sobre Processo Legislativo brasileiro; simulações de pesquisa nos sites da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para aprender a usar as bases de pesquisas; coleta de dados de artigos em duas revistas específicas de direito sanitário Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário (ISSN 2358-1824) e Revista de Direito Sanitário (ISSN 2316-9044) para verificar as principais publicações sobre o tema, na perspectiva do direito sanitário e busca da legislação de saúde do Brasil, que, por uma questão de hierarquia das normas, iniciou-se pela Constituição Federal e a identificação dos principais artigos que tratam do direito à saúde.
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