Bolsista: MANUELLA FARIAS CASTRICINI DA SILVA
Orientador(a): ANDRESSA BERNARDI
Resumo: O glioblastoma (GBM) representa a maior parte dos casos de gliomas, descrito como um tumor astrocítico, altamente maligno, de grau IV, tipo mais agressivo e invasivo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O GBM apresenta terapêuticas limitadas, ocasionando uma alta taxa de recorrência tumoral. A progressão deste tumor maligno influencia as células saudáveis do sistema nervoso central (SNC) causando, além de neuroinflamação, alterações fisiológicas que podem afetar o circuito neuronal e levar à degeneração de sinapses. Esses mecanismos não são bem compreendidos, de modo que mais estudos são necessários para identificar novos potencias alvos terapêuticos. A partir disso, compreender sua fisiopatologia frente as comunicações celulares presente no microambiente tumoral e a neuroinflamação pode determinar caminhos para descoberta de novas estratégias terapêuticas. Neste contexto, o objetivo deste estudo visa, através da modulação da microglia e dos macrófagos associados ao tumor (TAMs), avaliar como a neuroinflamação presente no microambiente tumoral pode interferir na progressão e na malignidade dos GBMs em modelo pré-clínico, com enfoque nas interações entre células tumorais e os neurônios. Para indução do modelo in vivo, 200 mil células da linhagem GL261 foram injetadas no striatum direito de camundongos C57BL/6, machos, de 8 semanas. Para avaliação do possível envolvimento de microglia/TAMs, foi utilizado como ferramenta farmacológica a Minociclina como inibidor dessas células (30 mg/kg, pela via intraperitoneal, por 5 dias previamente à indução do tumor). O quimioterápico Temozolomida (TMZ) (10 mg/kg/dia pela via oral por 5 dias a partir do décimo dia pós-implante tumoral) foi utilizado como controle positivo para o modelo estabelecido. Quinze dias após a indução do tumor, o tecido cerebral foi removido para análise das proteínas relacionadas com a comunicação celular, degeneração e formação de sinapses pela técnica de Western blotting. Os resultados obtidos através da técnica de Western blotting mostraram uma diminuição significativa da expressão da proteína GAP43, relacionada às junções do tipo fenda, no grupo Tumor, quando comparadas ao grupo controle negativo (Sham). Para avaliação de marcadores pré-sináptico e pós-sináptico, foi avaliado a expressão das proteínas Sinaptofisina e PSD95, respectivamente. Observou-se uma diminuição significativa na expressão da proteína Sinaptofisina no grupo Tumor e Tumor+TMZ, quando comparado ao grupo controle. De forma semelhante, foi observado uma diminuição na expressão da proteína PSD95 no grupo Tumor e Tumor+Mino, quando comparado ao grupo controle. Por outro lado, a expressão da proteína NeuN, marcador de núcleo neuronal, não apresentou alteração significativa entre os grupos. Ainda que mais experimentos sejam necessários, os dados preliminares nesse estudo sugerem evidências do envolvimento da degeneração sináptica na gliomagênese. Para uma melhor compreensão da participação desses mecanismos na fisiopatologia do GBM, com foco na neuroinflamação e na neurodegeneração, mais experimentos são necessários e estão previstos no cronograma subprojeto. Por fim, após a finalização dos objetivos propostos no subprojeto, pretende-se melhor compreender a relação dos neurônios com a progressão tumoral e explorar outros mecanismos de malignidade do GBM na busca por novos potenciais alvos terapêuticos.