Bolsista: Geovana de Lima Soares
Orientador(a): Lia Carolina A S Medeiros
Resumo: Leishmaniose é uma doença tropical negligenciada, com diferentes manifestações clínicas, cujos agentes etiológicos são parasitas unicelulares flagelados do gênero Leishmania spp. No Brasil, a Leishmaniose Visceral, forma mais grave da doença, é causada pelo parasita L. infantum. O tratamento quimioterápico realizado é bastante tóxico e antiquado, baseado em medicamentos antimoniais, que apresentam diversas desvantagens, e uma ferramenta vacinal eficiente ainda não está disponível. Por isso, espera-se identificar formas de modernizar o tratamento e prevenção. O flagelo único das Leishmanias, embora não seja essencial para sua sobrevivência, desempenha papel chave na sua motilidade, invasão, transporte e funções sensoriais. Essas atribuições se devem, em grande parte, a diferentes proteínas localizadas ao longo do flagelo, como por exemplo, a tripanina. A tripanina foi descrita pela primeira vez em Trypanosoma brucei como parte do complexo regulador da dineína. Embora em formas procíclicas a mutação no gene que codifica a TbTripanina tenha levado a defeitos de motilidade, nas formas sanguíneas, o fenótipo foi letal. Em Trypanosoma cruzi, esta proteína desempenha um papel semelhante: formas epimastigotas duplo mutantes para tripanina apresentaram menor taxa de crescimento, flagelos parcialmente destacados e defeitos de motilidade, além de diminuição da eficiência da metaciclogênese in vitro, com reduzida capacidade de infecção.O presente projeto, portanto, se propõe a obter e caracterizar parasitas mutantes para Tripanina em L. infantum e avaliar sua capacidade infectiva. Mais especificamente, pretendemos realizar a edição do gene que codifica para a proteína flagelar Tripanina em L. infantum por CRISPR-Cas9; avaliar a motilidade e comportamento do flagelo das formas promastigotas de L. infantum mutantes através de ensaios de motilidade por vídeo microscopia; e avaliar a capacidade de infecção in vitro de L. infantum mutantes em macrófagos derivados de células THP-1. Assim, o presente projeto visa abrir caminhos para a descoberta de novos alvos quimioterápicos na Leishmaniose em humanos, além de uma possível ferramenta vacinal.