Bolsista: LUCAS SAMPAIO ARMADA
Orientador(a): VIVIANE MUNIZ DA SILVA FRAGOSO
Resumo: Introdução: O estresse é uma resposta natural do organismo a situações de ameaça, podendo se tornar prejudicial quando crônico. O estresse crônico afeta a saúde mental, favorecendo transtornos como ansiedade e agressividade. A violência, muitas vezes consequência do estresse, é um problema grave no Brasil. Para estudar esse fenômeno, nossa equipe desenvolveu o Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) em camundongos, permitindo avaliar respostas neuroendócrinas e comportamentais. Observou-se que camundongos agressivos apresentam falhas na ativação do eixo HHA, alterações dopaminérgicas e aumento do estresse oxidativo. Estudos com a curcumina sugerem seu potencial terapêutico na promoção da resiliência ao estresse. Objetivos: Este projeto visa caracterizar o MEA com os camundongos Swiss Webster, com foco na expressão dos receptores dopaminérgicos D1R e D2R em regiões cerebrais específicas (amígdala, hipocampo e hipotálamo). Avaliar o impacto da suplementação com curcumina na concentração plasmática de corticosterona, na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e na expressão da proteína c-Fos no córtex pré-frontal. Materiais e Métodos: Foram utilizados 60 camundongos Swiss Webster machos, mantidos sob condições controladas. Após adaptação, foram distribuídos em grupos controle e tratados com curcumina. A caracterização do modelo espontâneo de agressividade (MEA) foi feita por Teste de Suspensão da Cauda, Etograma e análise do Padrão de Comportamento Agressivo. A dieta enriquecida com 1,5% de curcumina foi administrada por 10 dias antes do reagrupamento. Foram analisadas a expressão dos receptores D1R/D2R por Western blot, a concentração de corticosterona plasmática por ELISA em dois períodos do ciclo circadiano e a produção de ROS no córtex pré-frontal por ensaio de DHE. A análise de fluorescência foi realizada por microscopia confocal e quantificada via ImageJ. Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) sob número de licença (L-032/2019-A2). Resultados: Foram avaliados parâmetros comportamentais e moleculares de camundongos submetidos ao estresse social por reagrupamento, com e sem tratamento com curcumina. Nos testes comportamentais, animais agredidos (AgD) apresentaram maiores escores de agressividade e lesões, enquanto os agressores (AgR) mostraram maior número de ataques. A curcumina reduziu a agressividade e lesões. Molecularmente, observou-se redução da expressão do receptor D1R na amígdala (AgR) e córtex pré-frontal (AgD), regiões associadas à regulação emocional e resposta ao estresse em animais controle. A análise de corticosterona indicou aumento no período exponencial em animais suplementados, sem diferenças no pico. A produção de ROS foi maior em AgR do grupo controle, sendo reduzida pela curcumina, sugerindo efeito antioxidante. Os achados indicam que a curcumina atenua efeitos comportamentais, neuroendócrinos e oxidativos do estresse social. Conclusão: O reagrupamento induz estresse em camundongos machos, promovendo mudanças comportamentais, com parte dos animais desenvolvendo agressividade exacerbada (AgR) e outros, resiliência. Animais AgR não suplementados apresentaram redução na expressão de D1R na amígdala e córtex pré-frontal, o que pode impactar a resposta ao estresse e a interação social. A curcumina não impediu o surgimento do comportamento agressivo, mas reduziu a intensidade dos ataques. AgR não suplementados não elevaram os níveis de corticosterona, sugerindo falha na adaptação ao estresse. A curcumina regulou os níveis desse hormônio, prevenindo hipercortisolemia, mas sem corrigir a disfunção do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA). Além disso, reduziu ROS no córtex pré-frontal de AgR, confirmando seu efeito antioxidante. Os dados contribuem para o entendimento da gênese da agressividade impulsiva, indicando a necessidade de estudos contínuos para identificação de alvos terapêuticos.