Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 3

Revista: Edição 3 | Ano: 2025 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Caracterização dos fragmentos de sinalização nuclear das GP63 em promastigotas e amastigotas de Leishmania (Viannia) braziliensis
Bolsista: PRISCILA DIAS DA SILVA
Orientador(a): FRANKLIN SOUZA DA SILVA
Resumo: A GP63 é uma importante metaloprotease de Leishmania spp envolvida na evasão imunológica e modulação da célula hospedeira. Evidências sugerem que isoformas com motivo de localização nuclear (NLS) possam ter funções adicionais na patogênese. Este estudo investigou a presença de NLSs em GP63 de L. (V.) braziliensis e avaliou experimentalmente o perfil proteico e proteolítico de suas formas promastigota e amastigota axênica. Inicialmente, foram realizadas análises in silico para identificar sequências de GP63 com NLS (K-R-D-I-L-V), utilizando alinhamentos múltiplos a partir do banco de dados TryTripDB e o servidor Clustal Omega. Em seguida, culturas de promastigotas e amastigotas axênicas foram submetidas ao fracionamento com Triton X-114 para separação de proteínas hidrofílicas e hidrofóbicas. As proteínas foram quantificadas por BCA, analisadas por SDS-PAGE com coloração por Coomassie e prata, e avaliadas por zimografia para atividade gelatinolítica. Os resultados indicaram que, cerca de 40% das GP63 analisadas em L. (V.) braziliensis apresentam o motivo NLS, indicando conservação evolutiva. Os ensaios bioquímicos indicaram que a fração hidrofílica apresenta maior concentração proteica que a hidrofóbica (30x em promastigotas e 69x em amastigotas). Na SDS-PAGE com Coomassie, observou-se boa resolução nas frações hidrofílicas, enquanto as hidrofóbicas apresentaram baixa coloração, provavelmente devido à natureza hidrofóbica das proteínas e presença de detergente. Por outro lado, a coloração por prata evidenciou perfis proteicos distintos nas diferentes frações. Os resultados de zimografia indicaram bandas de atividade gelatinolítica predominante entre 75 e 200 kDa nas frações hidrofílicas, e bandas em torno de 75 kDa nas hidrofóbicas, em ambas as formas do parasito. Como conclusões preliminares é possível sugerir que: (i) GP63 com motivo NLS estão presentes em isoformas de L. (V.) braziliensis e (ii) diferenças nos perfis proteicos e na atividade proteolítica reforçam o potencial papel funcional de isoformas na biologia do parasito.
Investigação da neurobiologia e da intervenção nutricional em camundongos Swiss Webster sob estresse social crônico do Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA).
Bolsista: LUCAS SAMPAIO ARMADA
Orientador(a): VIVIANE MUNIZ DA SILVA FRAGOSO
Resumo: Introdução: O estresse é uma resposta natural do organismo a situações de ameaça, podendo se tornar prejudicial quando crônico. O estresse crônico afeta a saúde mental, favorecendo transtornos como ansiedade e agressividade. A violência, muitas vezes consequência do estresse, é um problema grave no Brasil. Para estudar esse fenômeno, nossa equipe desenvolveu o Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) em camundongos, permitindo avaliar respostas neuroendócrinas e comportamentais. Observou-se que camundongos agressivos apresentam falhas na ativação do eixo HHA, alterações dopaminérgicas e aumento do estresse oxidativo. Estudos com a curcumina sugerem seu potencial terapêutico na promoção da resiliência ao estresse. Objetivos: Este projeto visa caracterizar o MEA com os camundongos Swiss Webster, com foco na expressão dos receptores dopaminérgicos D1R e D2R em regiões cerebrais específicas (amígdala, hipocampo e hipotálamo). Avaliar o impacto da suplementação com curcumina na concentração plasmática de corticosterona, na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e na expressão da proteína c-Fos no córtex pré-frontal. Materiais e Métodos: Foram utilizados 60 camundongos Swiss Webster machos, mantidos sob condições controladas. Após adaptação, foram distribuídos em grupos controle e tratados com curcumina. A caracterização do modelo espontâneo de agressividade (MEA) foi feita por Teste de Suspensão da Cauda, Etograma e análise do Padrão de Comportamento Agressivo. A dieta enriquecida com 1,5% de curcumina foi administrada por 10 dias antes do reagrupamento. Foram analisadas a expressão dos receptores D1R/D2R por Western blot, a concentração de corticosterona plasmática por ELISA em dois períodos do ciclo circadiano e a produção de ROS no córtex pré-frontal por ensaio de DHE. A análise de fluorescência foi realizada por microscopia confocal e quantificada via ImageJ. Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) sob número de licença (L-032/2019-A2). Resultados: Foram avaliados parâmetros comportamentais e moleculares de camundongos submetidos ao estresse social por reagrupamento, com e sem tratamento com curcumina. Nos testes comportamentais, animais agredidos (AgD) apresentaram maiores escores de agressividade e lesões, enquanto os agressores (AgR) mostraram maior número de ataques. A curcumina reduziu a agressividade e lesões. Molecularmente, observou-se redução da expressão do receptor D1R na amígdala (AgR) e córtex pré-frontal (AgD), regiões associadas à regulação emocional e resposta ao estresse em animais controle. A análise de corticosterona indicou aumento no período exponencial em animais suplementados, sem diferenças no pico. A produção de ROS foi maior em AgR do grupo controle, sendo reduzida pela curcumina, sugerindo efeito antioxidante. Os achados indicam que a curcumina atenua efeitos comportamentais, neuroendócrinos e oxidativos do estresse social. Conclusão: O reagrupamento induz estresse em camundongos machos, promovendo mudanças comportamentais, com parte dos animais desenvolvendo agressividade exacerbada (AgR) e outros, resiliência. Animais AgR não suplementados apresentaram redução na expressão de D1R na amígdala e córtex pré-frontal, o que pode impactar a resposta ao estresse e a interação social. A curcumina não impediu o surgimento do comportamento agressivo, mas reduziu a intensidade dos ataques. AgR não suplementados não elevaram os níveis de corticosterona, sugerindo falha na adaptação ao estresse. A curcumina regulou os níveis desse hormônio, prevenindo hipercortisolemia, mas sem corrigir a disfunção do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA). Além disso, reduziu ROS no córtex pré-frontal de AgR, confirmando seu efeito antioxidante. Os dados contribuem para o entendimento da gênese da agressividade impulsiva, indicando a necessidade de estudos contínuos para identificação de alvos terapêuticos.
Desenvolvimento de Ferramentas para Análise das Vesículas Extracelulares em Fungos
Bolsista: MARIANA RODRIGUES MIRANDA STANZYK DA MAIA
Orientador(a): Lysangela Ronalt Alves
Resumo: Os fungos são organismos onipresentes na natureza, com cerca de 100.000 espécies de fungos já descritas, estima-se que existam 5,1 milhões de espécies de fungos em nosso planeta, tornando os fungos um dos maiores e mais diversos reinos de eucariotos, eles desempenhando papéis essenciais nos ecossistemas, porém alguns possuem potencial patogênico, representando um desafio crescente para a saúde pública global. As infecções fúngicas, particularmente em indivíduos imunocomprometidos, como pacientes oncológicos, transplantados e portadores de doenças crônicas, têm se tornado cada vez mais frequentes e letais. O diagnóstico tardio e as opções terapêuticas limitadas agravam ainda mais esse cenário, resultando em taxas de mortalidade alarmantes.Um fator que contribui para a persistência dessas infecções é a resistência aos antifúngicos, um problema que compromete a eficácia dos tratamentos disponíveis e dificulta o controle das doenças fúngicas em hospitais ao redor do mundo. Além disso, a escassez de terapias inovadoras reflete uma lacuna no conhecimento sobre os mecanismos que tornam esses microrganismos tão eficientes na infecção do hospedeiro. Entre esses mecanismos, destacam-se as vesículas extracelulares (VEs), estruturas liberadas pelos fungos que transportam biomoléculas fundamentais para sua adaptação e virulência. Essas vesículas atuam diretamente na comunicação celular, na modulação da resposta imune do hospedeiro e na disseminação da infecção. No entanto, sua análise ainda enfrenta desafios metodológicos, pois grande parte dos estudos utiliza protocolos adaptados de modelos mamíferos, o que pode comprometer a precisão dos achados.Diante desse contexto, este projeto propõe o desenvolvimento de ferramentas inovadoras para a análise das VEs fúngicas, possibilitando a identificação detalhada das proteínas presentes nessas estruturas. Para isso, serão produzidos anticorpos específicos que permitirão a detecção precisa dessas vesículas, promovendo um avanço significativo na compreensão de seu papel na patogenicidade. A melhoria dessas análises pode levar à identificação de novos alvos terapêuticos e contribuir diretamente para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no combate às infecções fúngicas.Ao preencher essa lacuna no conhecimento, esta pesquisa tem o potencial de impactar não apenas a ciência fúngica, mas também a prática clínica, fornecendo bases mais sólidas para o diagnóstico, controle e tratamento dessas infecções nos hospitais ao redor do mundo.
Derivados ureido-benzamidas como potenciais inibidores da proteína tirosina cinase BCR-ABL
Bolsista: GABRIELA PONTES DA COSTA
Orientador(a): MONICA MACEDO BASTOS
Resumo: A Leucemia Mieloide Crônica (LMC) é caracterizada pela presença de um cromossomo anormal denominado Philadelphia (Ph). A existência deste cromossomo faz com que o organismo expresse uma proteína híbrida BCR-ABL1, e esta apresenta a atividade da tirosina cinase de forma anormal, sendo responsável pela patogênese da doença. O mesilato de imatinibe foi o primeiro representante da classe dos inibidores de tirosina cinase (ITC) BCR-ABL1 para o tratamento da LMC. No entanto, o aparecimento recorrente de resistências tem desafiado o tratamento com o uso destes inibidores. Este fato resultou no desenvolvimento de novos inibidores, conhecidos como a segunda geração dos tinibes, tendo como representantes o nilotinibe, dasatinibe e bosutinibe, e terceira geração, que inclui ponatinibe e asciminibe. O ponatinibe, um ITC BCR-ABL de terceira geração, é o único capaz de contornar a mutação T315I, presente no domínio da BCR-ABL1; contudo, os efeitos colaterais severos limitam o seu uso. Na busca por novos ITCs, foram realizados estudos que demonstraram que o nocodazol e derivados, contendo o grupo ureia, induzem apoptose em células de leucemia linfoide crônica (LLC), e os resultados dos estudos demonstraram potência submicromolar em ensaios enzimáticos para LMC, incluindo a forma mutante resistente. Diante deste cenário, neste projeto pretende-se realizar a síntese e a avaliação de quinze novos derivados do ponatinibe, planejados a partir de modificações estruturais, incluindo a inclusão do grupo ureia, presente no nocodazol. A metodologia proposta para a obtenção dos compostos-alvo consiste em uma síntese convergente com três ou quatro etapas reacionais. Cabe destacar que, o andamento das etapas do projeto está no prazo estabelecido, e de acordo com o cronograma inicialmente proposto.
O risco de quem comunica o risco: discursos de jornalistas regionais sobre seu trabalho durante a pandemia de covid-19
Bolsista: ANA CECILIA AMANCIO VIEIRA
Orientador(a): Mariella Silva de Oliveira Costa
Resumo: Comunicar saúde é um desafio que foi amplificado durante a pandemia de covid-19. A pesquisa investigou as percepções de jornalistas das regiões Norte e Nordeste do Brasil sobre os desafios enfrentados naquele período. Com metodologia qualitativa, descritiva e exploratória, o estudo foi realizado por meio de entrevistas online com 17 profissionais da comunicação. As falas dos jornalistas foram convergentes em diferentes aspectos, e divergentes em outros. Os resultados revelam mudanças na rotina de trabalho, aumento dos riscos de transmissão, sendo o medo de contrair a doença um fator contribuinte para sobrecarga na saúde mental, aumentando o estresse e a ansiedade. Os profissionais estiveram responsáveis por relatar uma crise global de saúde marcada por mortes, incertezas e medo constante. A hostilidade pública e as agressões verbais ou físicas foram relatadas, bem como a desconfiança no trabalho jornalístico. As dificuldades de acesso a informações confiáveis também foram destacadas pelos jornalistas como desafiadoras. Os resultados podem subsidiar instituições educacionais a ofertarem formação específica em saúde para jornalistas, bem como auxiliar as empresas de comunicação a boas práticas para o cotidiano do trabalho dos comunicadores em saúde.
Análise do impacto funcional de polimorfismos não-sinônimos na proteína receptora de AMP cíclico em Mycobacterium bovis BCG
Bolsista: MATHEUS OLIVEIRA CARREIRO DE MELLO
Orientador(a): MARCOS GUSTAVO ARAUJO SCHWARZ
Resumo: No início do século XX, o Bacilo de Calmette e Guérin, a vacina contra tuberculose, foi criado pela atenuação de um isolado de Mycobacterium bovis, que posteriormente seria entregue à vários polos de pesquisa pelo mundo. Várias cepas distintas foram se derivando devido a diversas metodologias de cultivo pelo mundo, chegando ao Brasil pelo cientista Julio Elvio Moreau em 1924 como variante Moreau. Este trabalho objetiva analisar possíveis alterações funcionais da proteína receptora de AMP cíclico (CRP) nas variantes M. bovis BCG Pasteur e Moreau, e M. tuberculosis, que apresentam diferenças em sua sequência primária, para compreender sua importância na virulência desses organismos e como as variações dessa proteína afetam sua função. Para tal, clonamos os genes em vetor pET28a e expressamos as proteínas recombinantes de forma heteróloga em Escherichia coli BL21(DE3). Após purificação por cromatografia de afinidade por metais, as proteínas foram analisadas por cromatografia de troca iônica. Os próximos passos serão a análise da ligação das isoformas em promotores já conhecidos do regulon de CRP, para avaliar o impacto funcional das mutações nesse fenótipo.
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