Bolsista: GIULIA LOPES DE SOUZA NEVES
Orientador(a): FELIPE FERRAZ FIGUEIREDO MOREIRA
Resumo: A ordem Coleoptera inclui os insetos popularmente conhecidos como besouros, é a mais diversa do planeta, contendo mais de 385.000 espécies descritas no mundo atualmente . No Brasil, são registradas cerca de 34.000 espécies atualmente, divididas entre quatro subordens (Adephaga, Archostemata, Myxophaga e Polyphaga), esse número correspondendo a aproximadamente 10% da fauna mundial. Os besouros possuem uma ampla distribuição geográfica, sendo encontrados em todos os continentes exceto no continente antártico, além de estarem incluídos em diversos tipos de ambientes aéreos e aquáticos de água doce, como também em alguns limítrofes ao ambiente marinho, embora apenas uma pequena percentagem esteja nos ambientes aquáticos. Adephaga é a segunda subordem mais diversa de Coleoptera, com aproximadamente 46.000 espécies descritas, distribuídas em 11 famílias, onde 8 são consideradas predominantemente aquáticas (Amphizoidae, Aspidytidae, Dytiscidae, Gyrinidae, Haliplidae, Hygrobiidae, Meruidae e Noteridae). A Mata Atlântica é a segunda maior floresta tropical da América do Sul, com uma área original de 1,6 milhões de hectares, embora sua extensão tenha sido reduzida a quase ¾ pela ação humana. É um importante bioma, que devido a uma história evolutiva complexa, é uma das regiões mais biodiversas do planeta. O bioma fornece importantes serviços ecossistêmicos para o mundo ao prover a mais de 100 milhões de pessoas água e alimentos, além da manutenção de um clima estável. Foram selecionadas 10 áreas ao longo da Mata Atlântica onde os dados sobre adephagos aquáticos são inexistentes ou escassos e há alto potencial para descoberta de espécies inéditas e novos registros de distribuição geográfica. Em cada uma, serão explorados os diferentes ecossistemas aquáticos. Em todas as áreas selecionadas, insetos aquáticos foram coletados por meio de técnicas ativas e passivas. Todo o material está sendo analisado com o auxílio de microscópio estereoscópio, em solução de álcool 96°GL, em placas de Petri e manuseados com pinças moles e de ponta fina, a fim de observar as estruturas. Os adéfagos estão sendo separados dos demais insetos na triagem para em seguida serem identificados até o menor nível taxonômico possível com o auxílio de chaves de identificação, assim como o auxílio de especialista. Ademais, uma lista está sendo elaborada a fim de registrar os táxons identificados. A maioria do material já coletado foi triado e identificado até o nível de gênero, seis a nível de espécie, em um total de 687 espécimes e 25 gêneros. Três famílias foram identificadas (Gyrinidae, Dytiscidae e Noteridae), sendo a família Gyrinidae a mais abundante, com um total de 381 espécimes, e a família Dytiscidae a mais diversa, com um total de 18 gêneros. As seis espécies identificadas são todas Thermonectus succinctus (Aubé, 1838). Alguns gêneros ocorreram em apenas um ponto de coleta. Aglymbus e Enhydrus ocorreram somente no Parque Estadual dos Três Picos; Microdessus e Liodessus ocorreram somente no Parque Nacional do Caparaó; Pachydrus, Anodocheilus, Mesonoterus e Canthysellus ocorreram apenas em Murici; Hydrodytes ocorreu apenas na Reserva Biológica de Sooretama; Desmopachria ocorreu somente na Reserva Biológica de Saltinho; Hydaticus, Rhantus e Hydroporus, ocorreram apenas no Parque Nacional da Serra do Itajaí; e Dytiscus e Megadytes ocorreram somente no Parque Nacional do Iguaçu.O projeto terá continuidade com a identificação dos espécimes em nível específico, assim como o levantamento de informações a fim de descobrir se há novos registros de táxons para as localidades que posteriormente vão gerar publicações.