Bolsista: CATHARINA D OLIVEIRA LOURES SCHWARTZ CUPOLILLO
Orientador(a): YARA MARIA TRAUB CSEKO
Resumo: Desenvolvimento de métodos alternativos para o controle da leishmaniose: uso do endossimbionte WolbachiaAs leishmanioses, classificadas como doenças negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos pelas fêmeas de flebotomíneos do gênero Lutzomyia. A espécie Lutzomyia longipalpis é a principal responsável pela transmissão da Leishmania infantum, agente etiológico da leishmaniose visceral nas Américas. Embora inicialmente restritas a áreas rurais e silvestres, as leishmanioses passaram por um processo de urbanização, atingindo áreas não endêmicas. Atualmente, a leishmaniose é considerada endêmica em 99 países, com mais de 12 milhões de pessoas infectadas e uma estimativa anual de 700 mil a 1 milhão de novos casos. As manifestações clínicas variam de acordo com a espécie do parasita e a resposta imunológica do hospedeiro, podendo ser assintomática ou evoluir para formas graves. Existem três formas principais da doença: cutânea, mucocutânea e visceral, sendo a cutânea a mais comum, especialmente nas Américas, Mediterrâneo, Oriente Médio e Ásia Central. O parasita apresenta um ciclo de vida digenético, com duas formas evolutivas: promastigota (flagelada, presente no intestino do vetor) e amastigota (sem flagelo, encontrada no interior de macrófagos de hospedeiros vertebrados). A transmissão ocorre pela picada de fêmeas infectadas, que ingerem formas amastigotas presentes em macrófagos. Após serem liberadas no intestino do vetor, transformam-se em promastigotas, sofrem divisão binária até se diferenciarem em formas metacíclicas infectantes que migram para probóscide, podendo infectar um novo hospedeiro vertebrado durante o repasto sanguíneo. Vale ressaltar que os cães desempenham um papel importante na transmissão da leishmaniose visceral, atuando como um principais reservatórios do parasita e contribuindo para a urbanização da doença. Como estratégia de controle, são adotadas medidas como o diagnóstico precoce, tratamento dos casos humanos, uso de inseticidas e eliminação de reservatórios infectados, porém, essas estratégias têm se mostrado insuficientes diante da expansão da doença. Diante disso, são necessárias novas medidas de controle da transmissão, entre elas o uso da bactéria endossimbionte Wolbachia pipientis, presente naturalmente em 40% a 70% dos artrópodes. A Wolbachia é conhecida por modificar características reprodutivas de seus hospedeiros, como feminização, morte seletiva de machos, partenogênese e incompatibilidade citoplasmática, além de bloquear a infecção por patógenos. Em Aedes aegypti, por exemplo, a cepa wMel demonstrou bloquear a infecção por vírus como dengue, Zika e Chikungunya. Além disso, foi descoberta a presença natural da bactéria em Lutzomyia longipalpis, possibilitando seu uso como agente de controle biológico.. O projeto tem como objetivo geral analisar os impactos da Wolbachia pipientis em fêmeas de L. longipalpis, estabelecer a infecção nesses vetores e avaliar a possibilidade do método como estratégia de bloqueio da infecção por Leishmania spp.. Os objetivos específicos são o desenvolvimento e padronização de metodologias de infecção oral e microinjeção da cepa wMelPop-CLA, análise da estabilidade da colonização bacteriana ao longo do tempo e avaliação do impacto da presença da bactéria na carga parasitária de Leishmania nas fêmeas infectadas.