Bolsista: CARLA MARTINS CASAIS
Orientador(a): Raquel Aparecida Ferreira
Resumo: Os insetos da subfamília Triatominae Jeannel, 1919 são conhecidos por serem vetores do Trypanosoma cruzi Chagas, 1909, agente causador da doença de Chagas. Muitos aspectos acerca da estrutura sensorial desses insetos estão estudados e descritos na literatura, contudo, há poucos estudos a respeito do sistema visual de insetos da subfamília. Outro aspecto bastante relevante no estudo de vetores de doenças, e particularmente dos triatomíneos, é a ecologia e distribuição dos vetores em seus ecótopos naturais. Assim como os demais insetos, os triatomíneos possuem um par de olhos compostos por sensores denominados de omatídeos. Na fase adulta também apresentam um par de ocelos bem desenvolvidos (Insausti; Lazzari, 2000). É importante destacar que a incidência luminosa é distinta nos diferentes biomas brasileiros, sendo órgãos responsáveis pela percepção luminosa nos triatomíneos, os ocelos e os olhos compostos. A sensibilidade dos olhos à luz varia de acordo com o ritmo diário, de modo que esses insetos se tornam mais sensíveis a estímulos como luzes, sombras, contrastes e movimentos durante a noite (Reisenman; Lazzari; Giurfa, 1998). Nessa perspectiva, este projeto, assim como realizado em abelhas por outros autores (Araújo et al., 2023) tem por objetivo descrever aspectos da arquitetura das estruturas visuais de seis importantes espécies de triatomíneos provenientes de diferentes ecótopos naturais: Rhodnius nasutus Stal, 1859 e Triatoma brasiliensis (Neiva, 1911) espécies típicas da Caatinga; Rhodnius pictipes Stal, 1859, encontrada no bioma amazônico; Rhodnius domesticus Neiva & Pinto, 1923 e Triatoma vitticeps (Stal, 1859), espécies associadas à Mata Atlântica; e Triatoma infestans (Klug, 1834), encontrada na região do Chaco (Bolívia). De acordo com a disponibilidade de espécimes na Coleção de Vetores de Tripanosomatídeos (Fiocruz/COLVET) do Instituto René Rachou, foram selecionados 15 machos (M) e 15 fêmeas (F) de R. nasutus, 11M e 18F de T. vitticeps, 10F e 8M de R. domesticus; 15F e 12M de R. pictipes, 11F e 16M de T. brasiliensis, e 15F e 15M de T. infestans. Foram registradas fotos de cada espécime e, posteriormente, por meio de um programa de morfometria da LEICA foi aferido o tamanho corporal do triatomíneo (distância do ápice do clípeo até o final do último urotergito abdominal). Adicionalmente, para cada espécime foram tomadas fotos dos ocelos esquerdos usando uma lupa de alta resolução (LEICA), e posteriormente foi medida a área deles. Então, foram realizadas análises descritivas das medidas. Foi avaliada a correlação do tamanho corporal e ocelos por meio do teste de correlação de Spearman r, que avalia relação entre variáveis não paramétricas, como as do presente estudo. O teste foi conduzido no programa Prisma, versão 8.02. Além disso, foram restados e padronizados moldes dos olhos compostos dos insetos utilizando glicerina. Posteriormente, moldes do olho esquerdo de 126 espécimes foram fotografados, o que possibilitou, ao final, o cálculo da densidade omatídica (número de omatídeos dividido pela área total do olho composto). De acordo com os resultados obtidos, independente do sexo, na maioria das espécies de triatomíneo, exceto em R. domesticus (F r= -0,5 e p=0,16; M r=0 e p >0,99) e machos de R. nasutus (F r= 0,05 e p= 0,93; M= sem correlação), há uma correlação positiva entre tamanho do corpo e área ocelar (F T. brasiliensis r= 0,6605 e p = 0,03; M r=0,09 e p= 0,77; F T. infestans r=0,44 e p=0,09; M =0,33 e p=0,21; F R. pictipes r = 0,20 e p= 0,47; M= 0,22 e p= 0,67; F T. vitticeps r=0,25 e p= 0,3; M=0,11 e p=0,74). Para os casos de correlação positiva sem valor de p significativo, o tamanho amostral será aumentado a fim de elucidar se a correlação positiva ocorreu ao acaso. Em síntese, quanto maior o tamanho corporal dos insetos, mais extensa é sua área ocelar, estando estes achados de acordo com o esperado. Análises de modelagem de todas informações serão realizadas respondendo a pergunta do estudo.