Bolsista: RYAN MARCELO SOEIRO DE OLIVEIRA
Orientador(a): Richard Hemmi Valente
Resumo: A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, é endêmica na América Latina. Porém, a sua distribuição tem apresentado alcance global, atingindo milhões de pessoas no mundo. A ação direta do parasito, somada à resposta imune, afeta principalmente o tecido cardíaco e/ou o trato gastrointestinal, conjuntamente ao sistema nervoso. No entanto, as lesões teciduais comumente progridem de maneira subclínica, podendo o indivíduo infectado permanecer assintomático por décadas. Cerca de 30 a 40% dos casos evoluem para a fase crônica sintomática, período em que as drogas-padrão apresentam eficácia variável, de forma que outros medicamentos devem ser utilizados para o tratamento de sintomas específicos. Portanto, frente às características de evolução da doença, destaca-se a necessidade de biomarcadores capazes de indicar a progressão para a forma cardíaca ou digestiva, de modo a melhor assistir ao paciente através da oferta de formas alternativas de acompanhamento do quadro clínico, auxiliando na escolha do tratamento e, eventualmente, no prognóstico. Dado que a cardiopatia é a manifestação clínica mais severa e frequente, apresentando maior impacto socioeconômico, nosso grupo tem focado no estudo de proteínas de T. cruzi candidatas a biomarcadores da forma cardíaca da doença de Chagas. Recentemente, associamos a proteína CAP5.5 (imunorreativa) a pacientes cardiopatas em estágio B1. A fim de darmos continuidade aos estudos acerca dessa proteína, este subprojeto visa estabelecer uma metodologia de enovelamento in vitro para a CAP5.5 recombinante (CAP5.5r) purificada em condição desnaturante, almejando altos rendimento purificativo e grau de homogeneidade. Adicionalmente, a imunorreatividade da proteína recombinante com conformação obtida in vitro será avaliada para determinar sua possível aplicação como antígeno em ensaios de verificação de biomarcador por ELISA. Dessa forma, a expressão heteróloga da CAP5.5 foi inicialmente avaliada em Escherichia coli BL21(DE3) em diferentes condições de temperatura (20 e 37 °C) e concentração de indutor (0,062 a 1,000 mM de isopropil Beta-D-1-tiogalactopiranosídeo). De acordo com os resultados obtidos, a superexpressão da proteína recombinante não se mostrou um fator de toxicidade para a bactéria. Entretanto, houve um grande acúmulo de corpos de inclusão, provavelmente devido a uma taxa de síntese elevada. Consequentemente, independentemente da condição testada, observou-se mais de uma proteoforma de CAP5.5r, como resultado de diferenças no estado de enovelamento e, em maior grau, de degradação por endopeptidases. Novas transformações serão realizadas em cepas de E. coli comercialmente modificadas com pLysS, o qual expressa constitutivamente a T7 lisozima, proteína inibidora da RNA T7 polimerase. Uma vez que o método de expressão da proteína recombinante for estabelecido, a purificação será realizada por IMAC em condição desnaturante para posterior enovelamento in vitro. Por fim, em vista do interesse de aplicação da proteína recombinante como antígeno em ensaio de ELISA, a imunorreatividade das moléculas obtidas será avaliada por immunoblotting. O ensaio será realizado a partir de eletroforeses em condições nativas ou desnaturantes ou desnaturantes e redutoras de CAP5.5r, seguidas de western blotting e imunorevelação tendo IgG de pacientes por anticorpos primários do ensaio (IgG que foram utilizadas no estudo de prospecção que resultaram na identificação da CAP5.5 como candidata a biomarcador da forma cardíaca da doença de Chagas).