Bolsista: BEATRIZ OLIVEIRA BARROS
Orientador(a): NAIARA CRISTINA CLEMENTE DOS SANTOS TAVARES DE PAULA
Resumo: Desde o início do século 20, as infecções virais transmitidas por artrópodes têm sido um grave problema global de saúde pública. Epidemias de febre amarela e dengue no Brasil, desde 1929 e 1981, respectivamente, têm sido enfrentadas há mais de 50 anos, e novas ameaças como CHIKV, ZIKV e WNV surgiram nas Américas nas últimas décadas. Recentemente, OROV e MAYV foram reportados na região da Amazônia e têm potencial para provocar graves epidemias no futuro.
A OMS afirma que a vigilância, controle do vetor, testes diagnósticos, vacinas e terapias específicas são necessários para controlar as arboviroses emergentes e reemergentes. O Brasil tem sofrido com essas doenças, com 11,6 milhões de infecções e 7 mil óbitos relacionados à dengue, zika e chikungunya nos últimos dez anos, representando 91% das mortes. É crucial que sejam realizadas pesquisas científicas para gerar inovações e conhecimento sobre prevenção, controle, diagnóstico, prognóstico e tratamento de arboviroses, com o objetivo de reduzir seu impacto na população e melhorar a saúde pública do país. Além disso, é importante destacar que as Emergências em Saúde Pública podem afetar a capacidade de vigilância e resposta dos sistemas de saúde, principalmente em áreas com desastres naturais, comprometendo a detecção de arboviroses.
A vigilância em saúde é um fator crucial para detectar e prevenir a disseminação de doenças e surtos epidêmicos. Portanto, o desenvolvimento de um diagnóstico multiplex com PCR quantitativa para vigilância epidemiológica de arboviroses em Minas Gerais é uma medida importante e inovadora. Esse projeto busca desenvolver um diagnóstico de alta sensibilidade e especificidade, que poderá ser útil na identificação rápida de arbovírus relevantes para a saúde pública, fornecendo informações valiosas para profissionais de saúde e permitindo o estabelecimento de medidas preventivas e a contenção de possíveis surtos epidêmicos. Para o desenvolvimento do diagnóstico multiplex, serão utilizados iniciadores específicos para cada arbovírus, que serão desenhados com base nas sequências preditas no NCBI. O RNA viral de cada arbovírus será extraído a partir de amostras clínicas de pacientes infectados, usando um kit específico. Em seguida, será realizada a síntese de cDNA para obtenção de molde para a amplificação por PCR.
A amplificação do cDNA será realizada usando os iniciadores desenhados, em uma reação multiplex, que permitirá a detecção de múltiplos arbovírus em uma única reação. Os produtos de PCR provenientes da purificação serão inseridos no vetor pGEM(Marca Registrada) -T Easy, seguido de transformação em bactérias Escherichia coli cepa DH5Alpha, extração plasmidial e sequenciamento. A análise de sequência permitirá a confirmação da identidade dos arbovírus detectados.
Será realizada a padronização da reação, definindo as temperaturas de anelamento, o número de ciclos e o tempo de amplificação para obtenção dos Cts. O protocolo da OMS para diagnóstico de Febre Amarela será utilizado como guia e adaptado para cada estudo de iniciadores. Os produtos de amplificação serão submetidos a uma corrida em gel de agarose e purificados. A eficiência dos iniciadores será determinada com a concentração gradiente. A sensibilidade será avaliada com diluições seriadas de plasmídeos e RNA viral, e a especificidade será avaliada em amostras clínicas. Os iniciadores com melhores resultados serão selecionados para a validação clínica em amostras de pacientes.
Com base nos resultados obtidos por este estudo, espera-se desenvolver um diagnóstico multiplex que possa contribuir significativamente para a vigilância epidemiológica de arboviroses em Minas Gerais e no Brasil.