Bolsista: ALANIS DOMARCO DE OLIVEIRA MOTA
Orientador(a): JORLAN FERNANDES DE JESUS
Resumo: Os roedores sinantrópicos Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus rattus foram introduzidos e estabeleceram populações em todos os continentes, exceto na Antártida. Concomitantemente, junto com esses animais diversos agentes zoonóticos capazes de causar doenças humanas também forma introduzidos em novas áreas. Neste cenário se destacam dois vírus, o vírus da coriomeningite linfocítica (LCMV) e o vírus Seoul (SEOV) que possuem como principias reservatórios os roedores da espécie Mus musculus e Rattus norvegicus, respectivamente. Recentemente, o vírus Wenzhou (WENV) foi detectado em de R. norvegicus e M. musculus, na China, mas sua dispersão para outras áreas ainda é desconhecida. Esses vírus são capazes de causar infecções crônicas em seus respectivos hospedeiros roedores, resultando em disseminação persistente ou esporádica ao longo da vida do vírus em suas excretas. No Brasil, levantamentos realizados em domicílios de regiões de alta vulnerabilidade socioeconômica demonstraram altas taxas de infestações por roedores. Mesmo assim, são relativamente poucos os estudos que abordam o monitoramento de agentes infecciosos nesses animais, em especial vírus. Assim, o objetivo deste estudo é detectar a circulação dos vírus SEOV, LCMV e WENV em amostras de roedores e em populações humanas do Brasil. Adicionalmente, uma revisão sistemática sobre a detecção de vírus em roedores e morcegos coletados em nosso território também foi realizada. Até o momento 125 amostras de soro e fragmentos de pulmão de roedores da espécie R. novergicus obtidas de quatro comunidades da cidade de Salvador – Bahia foram testadas para presença de anticorpos e de RNA viral para LCMV. Um total de 21 (16,8%) amostras foram positivas pelas técnicas de RT-PCR (12,8% - 16/125) e ELISA (5,0% - 5/125). A busca sistemática nas bases PubMed, LILACS, SciELO, Scopus e WoS, por patógenos em roedores no Brasil, descrevem a detecção de quatro famílias de roedores em 71 artigos, e um total de 17 famílias virais infectando roedores. A pesquisa por agentes virais em quiróptero no território nacional resultou num total de 106 artigos elegíveis, descrevendo a detecção de 20 famílias virais em 48 gêneros diferentes de morcegos. O Brasil possui biomas com grande diversidade faunística, onde mais de 74 gêneros e 236 espécies de roedores com já foram registrados, o que aponta para a necessidade de estudos acerca de patógenos zoonóticos em roedores, incluindo as espécies sinantrópicas encontradas no ambiente urbano. Neste sentido, uma vigilância ecoepidemiológica ativa pode auxiliar no manejo de recursos para respostas rápidas a possíveis surtos causados por agentes zoonóticos relacionados a estes animais.