Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Alterações cardíacas na esteatose hepática: papel da via AGE-RAGE
Bolsista: DANIEL OLINDO DE CASTRO LINHARES
Orientador(a): ANISSA DALIRY
Resumo: A doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA) acomete 20-30% da população adulta mundial. Estudos sugerem uma importante relação causal entre as alterações hepáticas e os danos cardiovasculares, sendo esta a causa principal de morte em pacientes com DHGNA, porém o exato mecanismo que desencadeia essa progressão ainda não é completamente entendido. Atualmente, discute-se o papel dos produtos finais de glicação avançada, ou AGEs (do inglês, Advanced Glycation End Products), na etiologia das doenças cardiovasculares. AGEs são proteínas modificadas pela ação de açúcares redutores e lipideos, de forma não enzimática, que são formados ao longo da vida, porém aumentados em situações de estresse oxidativo e hiperglicemia, e que podem danificar os tecidos. Assim, com o presente estudo visamos elucidar o papel dos AGEs na fisiopatologia e evolução da DHGNA, com foco na função cardíaca. Os resultados contribuirão para o entendimento da fisiopatologia da DHGNA e proposição de alternativas terapêuticas visando retardar ou mesmo impedir a progressão das alterações cardíacas na esteatose hepática e seus consequentes efeitos deletérios.
Detecção, quantificação e caracterização molecular de vírus entéricos e SARS-CoV-2 no ambiente do trabalhador de limpeza urbana.
Bolsista: LIDIA POMBO GOMES
Orientador(a): NATALIA MARIA LANZARINI
Resumo: Os resíduos sólidos apresentam uma composição complexa de alta variabilidade. Apesar de existirem investigações de caracterização físico-química e bacteriológica dos lixiviados, há poucos estudos de detecção viral, e antes desta pesquisa, ausência de publicações sobre análise de risco dos trabalhadores de limpeza urbana a vírus. Existem poucos artigos de revisão sobre SARS-CoV-2 em resíduos sólidos, focados somente no gerenciamento de resíduos. Este projeto apresenta uma nova abordagem metodológica, com impacto direto na saúde dos trabalhadores quanto ao risco de exposição a vírus entéricos e também na aplicação de ferramentas de vigilância epidemiológica de emergências em saúde pública, com foco em vírus entéricos e SARS-CoV-2 no lixiviado de resíduos sólidos urbanos. O objetivo deste trabalho é realizar a detecção, quantificação e caracterização molecular de vírus entéricos e SARS-CoV-2 no ambiente do trabalhador de limpeza urbana. Para atingir este objetivo, será realizada a detecção e quantificação de vírus entéricos (HAdV e RVA) por PCR em tempo Real em bioaerossóis, swab de luvas de trabalhadores da coleta e em lixiviado da bacia de caminhões de resíduos sólidos urbanos, bem como a quantificação de SARS-CoV-2 na saliva dos trabalhadores por PCR em Tempo Real e em lixiviado da bacia de caminhões de resíduos sólidos urbanos, para aplicação do monitoramento de lixiviado como uma ferramenta de vigilância epidemiológica. Todas as amostras positivas serão caracterizadas molecularmente por sequenciamento. Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética do IOC/Fiocruz (n° 39187120.4.3001.5248) e está sendo desenvolvido em parceria com a COMLURB. As metodologias estabelecidas servirão de base para cálculos de análise de risco de exposição dos trabalhadores e na elaboração de relatórios mensais de vigilância epidemiológica ativa de SARS-CoV-2 com base em lixiviados.
ALTERAÇÕES EM GENES DE ENZIMAS METABOLIZADORAS DE DROGAS EM PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME EM USO DE HIDROXIUREIA
Bolsista: Maria Eduarda Andrade Candeias
Orientador(a): Marilda de Souza Gonçalves
Resumo: A anemia falciforme (AF) é a expressão da forma homozigota do alelo beta S, responsável pela formação da hemoglobina variante S (HbS). Desta forma, o indivíduo com AF possui o genótipo HbSS. Em condição de hipóxia ocorre a polimerização da HbS, com formação de fibras, que são responsáveis pela alteração na forma bicôncava e discoide da hemácia, que passa a ter o formato de foice. Ela é chamada de hemácia falcizada ou drepanócito. A falcização da hemácia contribui para o quadro clínico heterogêneo apresentado pelos indivíduos com AF, que pode se manifestar por hemólise intensa, crise de dor, infecções, síndrome torácica aguda e acidente vascular cerebral, entre outros. Dentre os tratamentos disponíveis para a AF, a hidroxiuréia (HU) tem sido o tratamento de escolha, uma vez que eleva a hemoglobina fetal (HbF) e melhora o quadro clínico desses indivíduos. Entretanto, observa-se uma intervariabilidade na resposta ao tratamento, que pode ser devido ao perfil metabólico de cada indivíduo que se estende de lento a ultrarrápido, cujos fenótipos podem ser decorrentes de alterações genéticas em genes de enzimas metabolizadoras e proteínas transportadoras de drogas, tais como a citocromo P450, glutationa S-transferase, mieloperoxidase e a família de transportadores de soluto. Dessa forma, o objetivo do presente estudo será de investigar a influência de polimorfismos em genes de EMD na resposta à HU em indivíduos com AF. Serão incluídos 20 indivíduos com AF em uso de HU atendidos no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (HUPES). As amostras coletadas serão utilizadas para as análises de farmacocinética e biologia molecular, bem como as laboratoriais (hematológicas e bioquímicas). Os dados clínicos dos participantes serão obtidos através de questionário epidemiológico e prontuário clínico. A análise dos dados será realizada pelos programas Epi-info v. 7, SPSS v. 21 e GraphPad Prism v. 8, considerando os valores de p<0,05 como estatisticamente significativos.
Análise do envolvimento do PPAR gama, SIRT-1 e MAP kinase na neuroinflamação na sepse causada pela Klebsiella pneumoniae
Bolsista: EDUARDA VIEIRA THIELE GENEZIO DA SILVA
Orientador(a): ADRIANA RIBEIRO SILVA
Resumo: A presença de astrócitos e microglia reativos está correlacionada com diversas neuropatologias. Os distúrbios neurológicos são descritos durante e após os eventos de sepse e podem piorar o prognóstico dos indivíduos. A presença de astrócitos e microglia ativados e inflamação ocorre em casos de sepse, mas o número de trabalhos ainda é pequeno e os mecanismos envolvidos entre sepse e astrogliose relacionando com a infecção ainda são desconhecidos. Os fármacos que podem inibir os mecanismos de ativação glial tem potencial para diminuir os efeitos deletérios induzidos por estas neuropatologias. Avaliaremos o efeito do tratamento com o agonista de PPAR gama rosiglitazona, moduladores de SIRT-1 ou inibidores de MAP kinases na resposta imunológica glial. A rosiglitazona controla o metabolismo de lipídeos, de glicose e a resposta inflamatória. Seus efeitos benéficos podem envolver a enzima SIRT-1 e a inativação de proteínas de sinalização intracelular como as MAP kinases, que estão envolvidas com a indução da produção de mediadores inflamatórios. Com o uso de camundongos Swiss, verificaremos o efeito da administração de rosiglitazona na astrogliose e ativação da microglia em modelo animal de pneumosepse causada pela bactéria Klebsiella pneumoniae. Realizaremos a análise de marcadores de astrócitos e microglia em cérebros de animais infectados e tratados com rosiglitazona e/ou inibidores de MAP kinase e associaremos com a inflamação local, através da avaliação da produção de mediadores inflamatórios como as citocinas. Verificaremos se a rosiglitazona e/ou inibidores de MAP kinase inibem a gliose e a neuroinflamação, no intuito de avaliar os mecanismos moleculares envolvidos e uma potencial aplicação terapêutica.
Investigação de propriedades antioxidantes da hidroxiureia no tratamento da anemia falciforme
Bolsista: JOAO PEDRO LEITE DOS PASSOS
Orientador(a): Marilda de Souza Gonçalves
Resumo: A hidroxiureia (HU) é considerada a droga “padrão-ouro” para o tratamento da doença falciforme (DF) sendo aprovada pela Food and Drugs Administration (FDA) em 1998 como terapêutica oficial para o tratamento desta hemoglobinopatia. Apesar da existência de outros medicamentos utilizados para tratamento da DF, a HU continua sendo a principal opção terapêutica devido os seus benefícios comprovados. Embora os mecanismos de ação da droga ainda não seja totalmente conhecido, estudos comprovaram o potencial de indução de HbF em células precursoras eritróides e o aumento da biodisponibilidade de óxido nítrico (NO), como possíveis justificativas da melhoria do quadro clínico desses pacientes por diminuição dos eventos hemolíticos e vasoclusivos. Em nossa hipótese, acreditamos que a HU pode atuar diretamente na inibição/minimização de espécies reativas de oxigênio (ERO) diminuindo lesões ao endotélio vascular, bem como na expressão de moléculas inflamatórias produzidas pelo endotélio vascular. Deste modo, julgamos de grande importância o desenvolvimento do presente estudo, uma vez que a compreensão dos mecanismos associados a HU, suas repercussões vasculares e sua atuação junto aos diversos tipos celulares nos fenômenos vasoclusivos e inflamatórios presentes na DF poderá contribuir para o alcance de melhores resultados terapêuticos
Detecção de agentes zoonóticos virais em roedores sinantrópicos e populações humanas
Bolsista: ALANIS DOMARCO DE OLIVEIRA MOTA
Orientador(a): JORLAN FERNANDES DE JESUS
Resumo: Os roedores sinantrópicos Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus rattus foram introduzidos e estabeleceram populações em todos os continentes, exceto na Antártida. Concomitantemente, junto com esses animais diversos agentes zoonóticos capazes de causar doenças humanas também forma introduzidos em novas áreas. Neste cenário se destacam dois vírus, o vírus da coriomeningite linfocítica (LCMV) e o vírus Seoul (SEOV) que possuem como principias reservatórios os roedores da espécie Mus musculus e Rattus norvegicus, respectivamente. Recentemente, o vírus Wenzhou (WENV) foi detectado em de R. norvegicus e M. musculus, na China, mas sua dispersão para outras áreas ainda é desconhecida. Esses vírus são capazes de causar infecções crônicas em seus respectivos hospedeiros roedores, resultando em disseminação persistente ou esporádica ao longo da vida do vírus em suas excretas. No Brasil, levantamentos realizados em domicílios de regiões de alta vulnerabilidade socioeconômica demonstraram altas taxas de infestações por roedores. Mesmo assim, são relativamente poucos os estudos que abordam o monitoramento de agentes infecciosos nesses animais, em especial vírus. Assim, o objetivo deste estudo é detectar a circulação dos vírus SEOV, LCMV e WENV em amostras de roedores e em populações humanas do Brasil. Adicionalmente, uma revisão sistemática sobre a detecção de vírus em roedores e morcegos coletados em nosso território também foi realizada. Até o momento 125 amostras de soro e fragmentos de pulmão de roedores da espécie R. novergicus obtidas de quatro comunidades da cidade de Salvador – Bahia foram testadas para presença de anticorpos e de RNA viral para LCMV. Um total de 21 (16,8%) amostras foram positivas pelas técnicas de RT-PCR (12,8% - 16/125) e ELISA (5,0% - 5/125). A busca sistemática nas bases PubMed, LILACS, SciELO, Scopus e WoS, por patógenos em roedores no Brasil, descrevem a detecção de quatro famílias de roedores em 71 artigos, e um total de 17 famílias virais infectando roedores. A pesquisa por agentes virais em quiróptero no território nacional resultou num total de 106 artigos elegíveis, descrevendo a detecção de 20 famílias virais em 48 gêneros diferentes de morcegos. O Brasil possui biomas com grande diversidade faunística, onde mais de 74 gêneros e 236 espécies de roedores com já foram registrados, o que aponta para a necessidade de estudos acerca de patógenos zoonóticos em roedores, incluindo as espécies sinantrópicas encontradas no ambiente urbano. Neste sentido, uma vigilância ecoepidemiológica ativa pode auxiliar no manejo de recursos para respostas rápidas a possíveis surtos causados por agentes zoonóticos relacionados a estes animais.
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