Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
IDENTIFICAÇÃO E GENOTIPAGEM DE LEGIONELLA PNEUMOPHILA PROVENIENTE DAS REDES DE ABASTECIMENTO HOSPITALAR NO RIO DE JANEIRO.
Bolsista: GABRIELLA ALVES DE CERQUEIRA
Orientador(a): PHILIP NOEL SUFFYS
Resumo: Legionella pneumophila é uma bactéria aeróbia, gram-negativa, fastidiosa, formadora de biofilmes que é encontrada em ambientes aquáticos naturais, como lagos e rios, ou ambientes artificias, como redes de abastecimento e distribuição de água. Essa bactéria está essencialmente associada a duas doenças: Doença dos Legionários (DL), uma pneumonia que pode ser fatal em até 40% dos casos, e a Febre de Pontiac, um resfriado autolimitado. A contaminação ocorre pela inalação de gotículas contaminadas, portanto, é imprescindível a vigilância e a manutenção da qualidade de água dos sistemas artificiais, especialmente nos hospitais devido a exposição de pessoas imunossuprimidas. O método padrão e internacionalmente difundido para a identificação de Legionella spp. presente na água é a partir do isolamento em meio de cultura específico (ISO 11371), enquanto a técnica de genotipagem padrão é a Sequence-based Typing (SBT) que utiliza sete alelos para identificar a Sequence Type (ST) de cada isolado. Assim, este projeto tem como objetivo analisar a presença de Legionella spp. em amostras de água com foco nas amostras provenientes das redes de abastecimento hospitalar, para realizar a identificação da espécie L. pneumophila através do gene mip (macrophage infectivity potentiator) bem como o perfil molecular dos isolados através da técnica SBT. Métodos: serão coletadas amostras de água de grandes edifícios e também do sistema de abastecimento de água de hospitais com colaborações pré-estabelecidas. As amostras serão inoculadas em meio BCYE e incubadas a 35º C em ambiente rico em CO2 para averiguar a presença de Legionella spp. As culturas positivas serão submetidas a extração de DNA seguida pela PCR para identificação da espécie L. pneumophila. Por fim, os isolados de L. pneumophila serão processados de acordo com a técnica SBT para a identificação do perfil molecular das cepas.
DESIGUALDADE SOCIAL E PERSPECTIVA DO CURSO DE VIDA NO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
Bolsista: HORTENCIA MARIA RIBEIRO DE CARVALHO
Orientador(a): Juliana Vaz de Melo Mambrini
Resumo: INTRODUÇÃO: A população mundial está envelhecendo de forma acelerada. Além do aumento na proporção de idosos, observa-se ganho na longevidade, que não vem se traduzindo em anos de vida saudáveis, com importante proporção desses anos sendo vividos com doenças e/ou incapacidades. No nível individual, dentre as mudanças fisiológicas observadas no envelhecimento, destaca-se o declínio nos sistemas neurológicos e muscular, influenciando na força, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação motora da pessoa idosa. Com base em orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020 a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas declarou 2021-2030 como a Década para um Envelhecimento Saudável. Segundo a OMS, o envelhecimento saudável é resultante da combinação entre a capacidade intrínseca, que contempla as capacidades mentais e físicas, e o ambiente, considerando ambientes físicos, sociais e políticos e suas interações, sendo, portanto, diretamente relacionado a desigualdades socioeconômicas. A literatura aponta para a influência das vivências ao longo do curso de vida nos desfechos de saúde em idosos, conectando a saúde do idoso a exposições sociais ou físicas que ocorrem no decorrer da vida. Entre essas, os fatores socioeconômicos se destacam, especialmente no Brasil, país marcado pelas desigualdades sociais. OBJETIVO: Avaliar a desigualdade social em saúde no envelhecimento saudável dos idosos brasileiros. MÉTODOS: Trata-se de estudo transversal, baseado nos dados da segunda onda do ELSI-Brasil, realizado entre 2019 e 2021, conduzido com amostra nacional representativa da população com 50 anos ou mais não institucionalizada. Foram incluídos neste estudo todos os participantes com 60 anos ou mais. O desfecho do estudo é o envelhecimento saudável, avaliado com base em 5 indicadores, conforme orientação da OMS: memória tardia, força de preensão palmar e dificuldade para realização de três atividades da vida diária (vestir-se, administrar os próprios medicamentos e administrar o próprio dinheiro). A caracterização socioeconômica do participante foi baseada na escolaridade, na renda domiciliar per capita e na raça/cor autorreferida. Para descrição da amostra foram consideradas as variáveis sexo, idade, arranjo domiciliar e número de doenças crônicas. A descrição da amostra foi baseada em distribuições de frequências. A mensuração do envelhecimento saudável foi realizada utilizando o modelo para Respostas Graduadas da Teoria de Resposta ao Item (TRI). A associação não ajustada entre o desfecho e as covariáveis foi feita com base no teste Qui-Quadrado de Pearson, com correção de Rao-Scott. As análises foram realizadas no Stata 16.0, considerando-se os pesos amostrais, o efeito do delineamento do estudo e nível de 5% de significância. RESULTADOS PARCIAIS: A amostra foi composta por 6.929 indivíduos com 60 anos ou mais. Pouco mais da metade da amostra foi composta por mulheres (54,4%), 55,1% tinham entre 60 e 69 anos e quase metade eram brancos. Cerca de 40% tinham menos de 4 anos de estudo, aproximadamente 75% não moravam só e 47% não reportaram o diagnóstico de nenhuma das doenças crônicas consideradas. Com relação aos indicadores de capacidade intrínseca, destaca-se que 47,2% dos participantes estão no pior tercil do teste de memória e 82,5% possuem força de preensão manual adequada. Mais de 90% deles não apresentaram dificuldades nas atividades da vida diária. O uso do modelo da TRI se mostrou apropriado para a mensuração do Envelhecimento Saudável. Entre aqueles de maior escore, foi maior a participação de idosos de 60 a 69 anos, brancos, de maior escolaridade, maior tercil de renda e que não relataram possuir diagnóstico para as doenças crônicas consideradas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados iniciais do estudo apontam para a existência de desigualdades sociais no envelhecimento saudável, evidências que podem auxiliar a proposição de políticas públicas que garantam cuidado longitudinal integral para os idosos brasileiros.
Diagnóstico e prevenção de letalidade por leishmaniose visceral em pessoas coinfectadas com HIV em Gravatá – Pernambuco.
Bolsista: VITOR GAMA VIEIRA DE ARAUJO REGIS
Orientador(a): Zulma Maria de Medeiros
Resumo: PROJETO DE PESQUISA Diagnóstico e prevenção de letalidade por leishmaniose visceral em pessoas coinfectadas com HIV em Gravatá – Pernambuco. JUSTIFICATIVA E RELEV NCIA A leishmaniose visceral (LV) é uma parasitose com predomínio de casos nas regiões tropicais e subtropicais7. Apesar de endêmica em mais de 60 países, sete países respondem por mais de 90% do número de casos – Brasil, Etiópia, Índia, Quênia, Somália, Sudão do Sul e Sudão1. Nas Américas, 97% dos casos ocorrem no Brasil8. A coinfecção da LV e do vírus da imunodeficiência humana (LV/HIV) é um importante problema de saúde pública, poia o HIV+ eleva o risco de desenvolver LV em 100 a 2.320 vezes3 e o HIV+ aumenta o risco de recidiva de LV6. A prevalência de LV/HIV no Brasil varia de acordo com a região e com o método diagnóstico empregado. Um estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa em Pernambuco no qual teve como critério para definir LV/HIV foi ter ao menos um teste positivo para LV, foi observada uma prevalência de 16,91%3. As manifestações clínicas da LV/HIV podem ser perda de peso, febre, esplenomegalia e hepatomegalia, mas são sintomas mais frequentes nos casos de LV2, fato que pode retardar o diagnóstico de LV/HIV4. Além disso, os testes sorológicos tendem a ser menos sensíveis em pessoas imunocomprometidas9, e nenhum método atualmente disponível apresenta sensibilidade e especificidade altas no LV/HIV, sendo sugerida a associação de diferentes métodos para um diagnóstico mais preciso5. Já que o tratamento em pacientes com coinfecção tem maior risco de falha5, o diagnóstico precoce é de suma importância para reduzir a mortalidade2. OBJETIVOS Geral Desenvolver estratégias para diagnóstico e prevenção de letalidade por leishmaniose visceral em pessoas LV/HIV em Gravatá - Pernambuco. Específicos 1. Identificar casos de LV em pessoas com HIV através de testes imunológicos e moleculares na área de estudo; 2. Mapear os casos de LV nas redes de atenção à saúde como estratégia de vigilância no município; 3. Criar um fluxo de diagnóstico e protocolo de seguimento para os casos de coinfecção LV/HIV na área do estudo 4. Acompanhar os pacientes do SAE de Gravatá e observar o índice de coinfecção a longo prazo METODOLOGIA O estudo será realizado no Serviços de Assistência Especializada em HIV/aids (SAE/SUS), em Gravatá. A população do estudo será pessoas HIV+, de ambos os sexos e com idade > de 18 anos. No estudo longitudinal, serão realizados com exames clínicos e laboratoriais para confirmação do diagnóstico de LV/HIV, quando pelos menos um dos testes forem positivos: rK39-ICT, DAT, KAtex e PCR convencional. Além disso, serão coletadas informações, entrevista, prontuário e exame físico: o tratamento ao HIV, LV passadas ou recorrentes, medicamentos para HIV e exames laboratoriais (carga viral, CD8+, CD38+ e CD4). O projeto consiste em realizar um estudo longitudinal de acompanhamento dos pacientes do SAE de Gravatá, a fim de avaliar possíveis recidivas da coinfecção LV/HIV, bem como avaliar a cura dos pacientes e também avaliar novas possíveis coinfecções, realizando, dessa forma, coletas periódicas para realização de CD4, CD8, Carga Viral e realização dos testes sorológicos e moleculares para diagnóstico da LV. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CAEE 38488020.9.0000.5190).
Terapia Fotodinâmica em linhagem tumoral de hepatocarcinoma: Explorando o potencial do Azul de Metileno e outros fotossensibilizadores.
Bolsista: MARIA EDUARDA SOUZA DA SILVA LIMA
Orientador(a): LUIZ ANASTACIO ALVES
Resumo: O hepatocarcinoma é hoje o 5ª diagnóstico mais comum de câncer entre homens e o 7ª entre mulheres e leva à morte de aproximadamente 600.000 pessoas por ano em todo o mundo. O câncer hepático é uma doença extremamente debilitantes, tendo em vista o papel do fígado na síntese de fatores de coagulação, albumina, glicídios, hormônios, entre outros, além de suas funções desintoxicantes. Apesar do grande avanço no tratamento de tumores, as terapias e os fármacos disponíveis atualmente incluem procedimentos que, embora sejam eficientes, apresentam pouca seletividade, danificando estruturas e células saudáveis adjacentes e sistêmicas, o que acarreta em muitos efeitos colaterais para o paciente. Dessa maneira, o desenvolvimento e/ou aprimoramento de novas abordagens terapêuticas é importante devido à crescente incidência de câncer pelo mundo. E a Terapia Fotodinâmica (TFD) surge como um desses tratamentos. Sendo considerada uma alternativa menos invasiva e mais específica quando comparada com os tratamentos tradicionais, a TFD se baseia na utilização de um composto fotossensibilizador (FS), que ao ser excitado por uma fonte de luz de comprimento de onda específico, passa de um estado molecular fundamental para um estado excitado, e ao retornar a seu estado basal promove a geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) que vão ser responsáveis por induzir a destruição do tecido irradiado. O azul de metileno (AM) se destaca, dentre os FS utilizados, devido a sua baixa citotoxicidade no estado fundamental e seu alto rendimento quântico, além de ser um composto já aprovado para uso terapêutico e ser uma opção de baixo custo para a terapia. Entretanto, o AM apresenta baixa permeabilidade celular em decorrência da sua polaridade. Assim, meios que facilitem a passagem do AM pela membrana celular, como a utilização de peptídeos permeantes de membrana (CPPs) e a indução da ativação dos receptores P2X7 seriam formas de potencializar o efeito da terapia. Uma das possibilidades para aumentar a permeabilidade do azul de metileno seria a utilização de poros de membrana catiônicos ativados por receptores da família P2XR, que é expressa nos hepatócitos e em várias outras células. O receptor P2X possui o ATP como agonista, sendo, dessa forma, um alvo interessante para a internalização do AM em células tumorais de fígado. Por outro lado, outra alternativa a ser explorada no projeto é a utilização de peptídeos permeantes de membrana (CPPs), como a penetratina. Esse peptídeo com menos de 13 aminoácidos possui a ímpar característica anfipática e exerce a função de carreadora de fármacos ou moléculas catiônicas do meio extracelular para o meio intracelular. A TFD apresenta limitações com relação à aplicação da terapia em tumores profundos, como o hepatocarcinoma, de maneira que a utilização de nanopartículas busca aprimorar a eficácia da terapia em tumores de difícil localização. Essas nanopartículas seriam excitadas através da utilização de raios-x de baixa intensidade, de maneira que esses nanocintiladores emitam luz, ativando assim o fotossensibilizador. Assim, neste projeto pretendemos investigar a eficiência da Terapia Fotodinâmica em modelos de tumores in vitro e in vivo, usando AM e outros fotossensibilizadores, bem como avaliar a otimização da permeabilidade do AM através dos agentes permeabilizantes e o uso das nanopartículas radioluminescentes excitadas por raios-x visando o tratamento de tumores profundos
VISUALIZAÇÃO DE DADOS DE CARGA DE CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO, 1990-2019.
Bolsista: NICOLE ALMEIDA VARDIERO
Orientador(a): Raphael Mendonça Guimarães
Resumo: No Brasil, a vigilância do câncer relacionado ao trabalho ainda é incipiente, principalmente pela dificuldade em obter medidas robustas de exposição a agentes ocupacionais, e ao estabelecimento de causalidade dos cânceres e atividades ocupacionais pregressas. A análise deste cenário epidemiológico é necessária para dar suporte ao planejamento das políticas públicas de saúde. O país possui uma Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que ainda é recente e demanda constante atualização de dados para que possa ser adequadamente implementada. Diante disso, o objetivo do presente estudo é elaborar uma ferramenta de visualização de dados sobre a carga de câncer relacionado ao trabalho no Brasil e unidades da federação, entre 1990 e 2019. Extrairemos os dados do estudo de Carga Global de Doenças (GBD). Consideramos as mortes por câncer cujo fator de risco atribuível fossem agentes ocupacionais carcinogênicos. A análise espacial será realizada com o primeiro e último anos da série (1990 e 2019). As taxas de mortalidade ajustadas por idade serão utilizadas para calcular o Índice de Moran Global (I de Moran), e o Indicador Local de Associação Espacial (LISA). A taxa de mortalidade por câncer relacionado ao trabalho, ajustada por idade, será analisada a partir de sua tendência, para Brasil e Unidades da Federação, no período entre 1990 e 2019. A partir deste conjunto de evidências, realizaremos a validação das estratégias de divulgação, para em seguida criar ferramentas sde visualização dinâmica de dados que sejam disponibilizadas para o público em geral.
Validação de testes rápidos de antígenos para diagnóstico por RT-PCR e vigilância genômica
Bolsista: JOYCE DA SILVA CARVALHO
Orientador(a): FABIO MIYAJIMA
Resumo: A emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o consequente surgimento e propagação de novas linhagens filogenéticas (ditas variantes de preocupação, ou VOCs), em função do processo evolutivo estão associados com a sustentabilidade da pandemia da COVID-19, impactando diretamente no seu controle epidemiológico e no manejo de pacientes. Múltiplos eventos têm sido relatados, como a diminuição da efetividade vacinal, maior taxa de reinfecção, menor sensibilidade diagnóstica, além de variações na manifestação clínica e revisões nos protocolos terapêuticos e nas medidas de saúde pública. O rastreio e o monitoramento da evolução viral pela caracterização molecular de SARS-CoV-2 advém de iniciativas mundiais e de esforços colaborativos visando a geração de conhecimentos aplicáveis à contenção e combate à pandemia através de estratégias de vigilância genômica, como a análise filogenética e monitoramento de assinaturas do genoma viral por meio de técnicas de sequenciamento de nova geração (NGS). Inúmeros eventos de recrudescimento epidemiológico da COVID-19 têm sido registrados desde 2020. Essas chamadas “ondas pandêmicas” têm sido caracterizadas pelo surgimento de novas variantes e substituição das existentes, indicando claramente a existência de significantes processos evolutivos. Atualmente, subvariantes descendentes da BA.5 da VOC Ômicron (BA.5-like) constituem a linhagem predominante no Brasil e no mundo, de acordo com sequenciamentos depositados no GISAID, um repositório internacional para compartilhamento de sequências de vírus Influenza e SARS-CoV-2. O monitoramento genômico de SARS-CoV-2 se faz ainda mais necessário pela recente introdução de terapias antivirais específicas, e potencial advento de mecanismos de resistência, e da nova campanha promovida pelo programa nacional de imunização com as vacinas bivalentes. A diminuição significativa da captação e encaminhamento de amostras clínicas para vigilância laboratorial, muito em função da diminuição da adesão populacional por testagem da COVID-19 e à baixa demanda por exames moleculares de rt-PCR, evidenciam a necessidade do desenvolvimento de novas estratégias e implementação de fluxos alternativos, analíticos e pré-analíticos, para o encaminhamento de amostras, visando o fortalecimento da vigilância epidemiológica. Embora a técnica de rt-PCR seja considerada padrão-ouro para o diagnóstico do SARS-CoV-2, o elevado número de indivíduos infectados e a necessidade de testagem rápida e descentralizada, impulsionou o desenvolvimento de tecnologias de testes rápidos de antígenos para suprir a demanda global por diagnósticos e diminuir a sobrecarga nos centros de testagem molecular. Com a emergência e expansão de variantes de preocupação de SARS-CoV-2 (VOCs) em 2021, os TRs foram utilizados como algoritmos de testagem em massa em eventos e no monitoramento de viajantes, objetivando o rastreio ativo de indivíduos infectados, o isolamento de casos e a testagem de contactantes. A popularização do método, em função da praticidade de sua execução e maior celeridade na obtenção de resultados, combinados com o seu baixo custo e abundância de oferta, resultaram em uma grande expansão das testagens de TRs e consequentemente a uma drástica diminuição da procura pelos métodos tradicionais de rt-PCR de tempo real para o exame diagnóstico da COVID-19, a partir de meados de 2022. Desta forma, o uso de TRs rapidamente suplantou o número de exames realizados por rt-PCR de tempo real, constituindo a grande maioria dos testes diagnósticos realizados atualmente. As vantagens da ampla utilização dos TRs no diagnóstico da COVID-19 impactaram em um declínio significativo no número de amostras clínicas coletadas para exames diagnósticos de rt-PCR de tempo real, utilizados para triagem amostral, resultando em uma diminuição expressiva no número de amostras encaminhadas para os centros de vigilância genômica do país. Conclui-se que a avaliação e o monitoramento evolutivo da população viral circulante, bem como o rastreio de importação de novas linhagens do SARS-CoV-2 no Brasil têm sido significativamente prejudicados, e os dados atualmente reportados de limitada representatividade, aquém dos níveis de monitoramento requeridos.
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