Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação da resposta imune em indivíduos com leishmaniose tegumentar com teste intradérmico de Montenegro negativo (DTH-).
Bolsista: ALMERIO LIBORIO LOPES DE NORONHA FILHO
Orientador(a): Lucas Pedreira de Carvalho
Resumo: A Leishmaniose é uma doença parasitária causada por protozoários do gênero Leishmania. Estes parasitos infectam e sobrevivem principalmente nos macrófagos, porém outros tipos de células tais como as células dendriticas, linfócitos e neutrófilos participam na patogênese desta doença. A leishmaniose tegumentar americana (LTA) causada por Leishmania braziliensis pode causar desde a leishmaniose cutânea (LC), associada a uma ou mais úlceras granulomatosas, até as debilitantes formas disseminada (LD) ou mucosa (LM) da doença (Marsden et al., 1985; Schriefer et al., 2009; Carvalho et al., 2012). A resposta imune na LC é caracterizada por uma forte resposta inflamatória, tipicamente Th1. Linfócitos de pacientes com LC produzem IFN-y que é a mais importante citocina ativadora de macrófagos, e com isso impedem a multiplicação e a disseminação de parasitos (Ameen M., 2010). Todavia, a L. braziliensis persiste nas células infectadas e leva a grande produção de citocinas pro inflamatórias como IL1? e TNF que estão associadas à gravidade da doença ( Bottrel et al., 2001 ; Bacellar et al., 2002; Follador et al. , 2002 ; Vargas et al. , 2010 ; Carvalho et al., 2012; Santos D et al., 2018). Mais recentemente, tem sido destacado o papel de macrófagos na resposta inflamatória desde que essas células são predominantemente responsáveis pela produção de TNF e IL-1? (Santos, D et al., 2018). Além disso, células NK e T CD8+ produtoras de granzima B e perforina infiltram a lesão de pacientes com LC e induzem resposta inflamatória contribuindo para o desenvolvimento da úlcera cutânea (Novais, F et al. 2018; Santos, D et al., 2018) Corte de Pedra é um distrito do município de Presidente Tancredo Neves no sudeste do estado da Bahia. Está é uma área de transmissão de L. braziliensis onde cerca de 1000 casos da doença são acompanhados por ano. Cerca de 5% dos pacientes com LC desta área endêmica apresentam teste cutâneo negativo (DTH-) para antígenos de Leishmania. Estes são indivíduos com teste negativo para HIV e sem qualquer outra doença. Nossos dados preliminares mostram que pacientes com DTH- falham mais a terapêutica com antimonial pentavalente, e células mononucleares do sangue periférico produzem menos IFN-gama em resposta à antígenos de Leishmania quando comparados a pacientes com DTH+. A nossa principal hipótese é que pacientes DTH- falhem a terapêutica devido a uma baixa resposta Th1 local, e que a alta carga parasitária leve a uma resposta inflamatória exacerbada, contribuindo para o dano tecidual.
Análise da variabilidade de isoformas de GP63 e sua relação com as sequências codificantes em diferentes espécies de Leishmania Viannia
Bolsista: BISMARK BARROS HOLANDA
Orientador(a): Patricia Cuervo Escobar
Resumo: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença negligenciada causada protozoários do gênero Leishmania e associada a uma variedade de manifestações clínicas que vai desde lesões cutâneas localizadas até múltiplas lesões disseminadas e formas mucocutâneas. Parasitos do subgênero Viannia circulam exclusivamente nas Américas e apresentam uma grande variabilidade genotípica e fenotípica que resulta em diferentes graus de virulência e distintos desfechos clínicos. Três espécies são as mais relevantes epidemiologicamente para a LTA no continente: L. braziliensis, L. guyanensis e L. panamensis. A virulência dos parasitos envolve tanto a persistência quanto a capacidade de evasão do sistema imune do hospedeiro. A GP63 ou leishmanolisina é uma enzima proteolítica dependente de zinco, considerada um importante fator de virulência capaz de modular a resposta imune inata mediante a interação com receptores de fibronectina na superfície dos macrófagos, interação com receptores do tipo Toll e com fatores do complemento. Um grande número de cópias de genes de GP63 é observado em particular em espécies do subgênero Viannia, que seria resultante de eventos independentes de evolução, gerando uma ampla gama de genes parálogos. A presença desses múltiplos genes a partir de eventos de duplicação e recombinação, demonstra a adaptabilidade das espécies de Leishmania ao ambiente. Já foi reportado que diferentes cepas de L. braziliensis isoladas de pacientes apresentam variada expressão de GP63 que pode estar relacionado à variabilidade de fenótipos de virulência e desfechos clínicos da LTA. Dados proteômicos prévios do grupo demonstraram que a abundância de GP63 é significativamente diferente entre L. braziliensis, L. panamensis e L. guyanensis, e que isoformas desta metalopeptidase diferem em domínios específicos e são codificadas por diferentes genes parálogos. Além disso identificamos peptídeos proteotípicos que possibilitam a identificação de diferentes isoformas de GP63. Neste contexto, este subprojeto tem como objetivo correlacionar as diferentes isoformas de GP63 observadas na análise proteômica com as sequências genômicas que codificam essas enzimas e analisar sua conservação evolutiva intra e inter-específica no subgênero Viannia. O aluno será inicialmente sensibilizado com o tema, será treinado na análise in sílico de sequências nucleotídicas e de aminoácidos, será treinado em cultura de diferentes espécies de Leishmania (Viannia), extração e análise de ácidos nucleicos, amplificação gênica pelas técnicas de PCR convencional e qPCR e modelagem computacional de proteínas.
AVALIAÇÃO DA MODULAÇÃO DAS MESTÁSTASES DE TUMOR DE MAMA PELO MICROBIOMA - QUANTIFICAÇÃO DE MESTÁSTASES E PERFIL IMUNOLÓGICO NOS TUMORES SECUNDÁRIOS.
Bolsista: JULIA DE OLIVEIRA FERNANDES
Orientador(a): ADRIANA CESAR BONOMO
Resumo: O tumor de mama é o segundo tipo mais comum de câncer em mulheres no mundo todo, e embora a sobrevida ao tumor primário seja geralmente alta, a doença metastática tem uma progressão rápida e uma alta taxa de mortalidade. Vários fatores, como etnia, idade, dieta, estilo de vida, reposição hormonal e fatores genéticos, estão associados ao desenvolvimento do câncer de mama. A formação de metástases depende da capacidade das células tumorais de se adaptarem ao ambiente tecidual, incluindo o sistema imunológico, e de alterarem o equilíbrio em seu favor. O microbioma consiste na comunidade de microrganismos presentes no nosso corpo, incluindo fungos e bactérias, e é sabido que estes taxons desempenham um papel essencial no desenvolvimento e funcionamento do sistema imunológico como um todo. Antígenos microbianos ou seus produtos metabólicos podem influenciar na ativação de células imunes, mesmo em locais distantes de onde os microrganismos colonizam. Diversos tecidos expressam receptores que reconhecem microrganismos, como TLRs, receptores NOD, receptores de lectina do tipo C, dectina-1 e receptores para ácidos graxos de cadeia curta. De fato, estudos têm mostrado que as bactérias comensais e, mais recentemente, os fungos têm um papel importante em doenças inflamatórias, autoimunes e também no câncer. Desta forma, a hipótese deste estudo é que a presença e/ou a qualidade da microbiota comensal pode influenciar no estabelecimento de metástases em tecidos distantes, e que essa influência esteja relacionada ao sistema imunológico. Para testar essa suposição, utilizaremos um modelo experimental de tumor de mama em camundongos fêmeas da linhagem BALB/c, onde será injetada uma linhagem de carcinoma de mama chamada 4T1, conhecida por sua alta capacidade metastática. A formação de metástases em linfonodos, baço, fígado, pulmão e osso será avaliada por meio de ensaios clonogênicos e citometria de fluxo utilizando a linhagem tumoral marcada com GFP. A influência da microbiota bacteriana e fúngica será avaliada por meio do tratamento com diferentes combinações de antibióticos e antifúngicos, transferência de microbiota fecal, co-housing dos animais e estímulos com proteínas microbianas in vivo. O perfil celular imunológico nos tecidos metastáticos também será avaliado por citometria de fluxo. Acreditamos que identificar fatores microbianos que eventualmente estão envolvidos na colonização metastática e explorar possíveis intervenções terapêuticas, como o uso de antibióticos/antifúngicos ou probióticos, pode ser decisivo na elaboração de estratégias para melhorar o prognóstico da doença.
Avaliação da Nova Metodologia Laficave para Impregnação de Papéis com Malathion
Bolsista: JOAO SIMAO SILVA GONCALVES
Orientador(a): JOSE BENTO PEREIRA LIMA
Resumo: Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ Resumo do Subprojeto - Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) Avaliação da Nova Metodologia Laficave para Impregnação de Papéis com Malathion João Simão Silva Gonçalves O controle químico de insetos vetores é uma importante estratégia para interromper a transmissão de patógenos. No entanto, o uso intenso de pesticidas em diversas áreas humanas leva à seleção de populações de insetos resistentes a inseticidas, sendo uma ameaça global ao controle de doenças cujos patógenos são transmitidos por vetores. O uso racional destes compostos é uma das formas de mitigar a disseminação da resistência em populações naturais de insetos, sendo o monitoramento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os planos nacionais de combate a insetos vetores. Neste sentido, a realização de ensaios de susceptibilidade é um dos principais pilares do MRI, requerendo infraestrutura laboratorial e equipes capacitadas, bem como insumos produzidos com padrão de qualidade reconhecido e indicado pela OMS, a fim de que os resultados sejam comparados ao longo do tempo e entre diferentes laboratórios. Os ensaios OMS com insetos adultos utilizam papéis impregnados com doses diagnósticas de inseticidas usados em Saúde Pública, além de kits relacionados, atualmente produzidos e comercializados exclusivamente pela Universidade da Malásia. Todavia, este único centro não tem sido suficiente para prover as demandas dos países, fazendo a descentralização dessa produção necessária. A OMS selecionou o LBCVIV (antigo LAFICAVE) como opção para suprir esta necessidade, ao menos, para os países das Américas, em reconhecimento a sua expertise. Após workshop realizado na Malásia, algumas adaptações e modificações do método de impregnação do LBCVIV tornaram-se necessárias e novas avaliações são fundamentais para validação desse método e confirmação de sua eficácia. Sendo assim, a realização dos bioensaios, bem como as análises cromatográficas dos papéis, são importantes para verificação da distribuição do inseticida, prazo de validade e número de vezes que os papéis podem ser usados. Os resultados obtidos vão contribuir para que a OMS aceite e reconheça os papéis produzidos pelo LBCVIV.
VIGILÂNCIA GENÔMICA DA TRANSMISSÃO DA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI UTILIZANDO DNA AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE SUMIDOURO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
Bolsista: LUCAS DOS SANTOS DE CARVALHO
Orientador(a): ARNALDO MALDONADO JUNIOR
Resumo: A esquistossomose é uma doença tropical negligenciada causada por trematódeos digenéticos do gênero Schistosoma. Esta doença é transmita por veiculação hídrica e focal e a análise de DNA ambiental (eDNA) tem sido proposta como um método para detecção em estudos eco-epidemiológicos e vigilância em áreas endêmicas para esquistossomose. Este método permite detectar o DNA do parasito em amostras de água. Neste contexto, o presente projeto visa verificar, por meio de análise de eDNA, a presença do DNA do parasito em amostras de água proveniente de fontes de água diferentes de duas localidades endêmicas para Schistosoma mansoni no município de Sumidouro, estado do Rio de Janeiro. Inicialmente, será realizada detecção de eDNA de S. mansoni em amostras de água proveniente de infecção experimental e de amostras de água coletadas em Sumidouro a partir dos diferentes pontos de coleta, onde a água é utilizada para consumo humano e empregada para irrigação e lazer. Será possível identificar possíveis hotspots de transmissão de esquistossomose mansoni. Amostras de cercarias serão obtidas a partir da cepa de BH e colocadas em tubos de microcentrífuga com água desclorada, onde serão mantidas por uma semana à temperatura ambiente, e terão seu DNA isolado, utilizando kit comercial, e o gene mitocondrial do citocromo c oxidase da subunidade I será amplificado por meio de reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional e em tempo real. Será realizada também detecção de eDNA a partir de amostras de água obtidas de aquários contendo moluscos da espécie Biomphalaria glabrata infectados com S. mansoni. Posteriormente, após padronização das reações de PCR em condições experimentais, serão realizadas coletas de amostras de água em diferentes pontos em duas localidades endêmicas do município de Sumidouro. As amostras de água, tanto obtidas experimentalmente, quanto aquelas obtidas em Sumidouro, serão filtradas através de papeis de filtro de fibra de vidro (GF/F, 0,7 mm) e submetidos a técnica de extração de DNA e posteriormente serão submetidas a PCR convencional e tempo real.
Avaliação de antígenos de Schistosoma mansoni como alvos em novos testes de diagnóstico sorológico da esquistossomose
Bolsista: LARISSA MEIRA RESENDE
Orientador(a): Rosiane Aparecida da Silva Pereira
Resumo: Apesar dos avanços alcançados pelas ações de controle da esquistossomose, a doença ainda permanece como um grave problema de saúde pública mundial. Novas intervenções são uma prioridade para a eliminação e controle da esquistossomose, uma vez que as medidas atuais adotadas têm sido essencialmente baseadas na quimioterapia. Um dos obstáculos para alcançar a eliminação da doença é a sensibilidade do método de diagnóstico utilizado. Atualmente, o diagnóstico parasitológico pela técnica de Kato-Katz é o recomendado pela OMS. Entretanto, este método apresenta uma baixa sensibilidade na detecção da infecção pelo S. mansoni, principalmente em áreas de baixa endemicidade e baixa intensidade de infecção. Portanto, é urgente a necessidade de melhorias no diagnóstico da doença, sendo necessário o desenvolvimento de ferramentas alternativas, como novos testes sorológicos que sejam mais sensíveis e capazes de detectar precisamente as infecções ativas, bem como a prospecção de antígenos do parasito para serem empregados nesses testes. Em um estudo de imunoproteoma realizado pelo nosso grupo foram identificadas algumas proteínas com potencial para serem utilizadas como alvos para o diagnóstico sorológico da esquistossomose. Estas proteínas foram reconhecidas exclusivamente por anticorpos presentes no soro de indivíduos infectados, residentes em área endêmica para esquistossomose. Uma destas proteínas, que neste trabalho é chamada de PPE de S. mansoni, tem apresentado resultados promissores na forma de proteína recombinante. Para melhorar ainda mais a acurácia dos testes utilizando a proteína PPE recombinante, o objetivo deste projeto é realizar uma prospecção de peptídeos antigênicos da PPE que possam ser utilizados como alvos em novos testes de diagnóstico sorológico da esquistossomose. A estratégia experimental foi definida em dois eixos. O primeiro baseado na prospecção in sílico de peptídeos por meio do uso de diferentes preditores de epítopos de células B e o segundo, na utilização de peptídeos de 15 aminoácidos, que cobrem toda a sequência da proteína PPE, imobilizados em lâminas de vidro na forma de microarranjos de peptídeos. Os peptídeos selecionados in sílico serão sintetizados e utilizados em ensaios de ELISA para avaliar a reatividade de anticorpos presentes em amostras de soro de indivíduos infectados e não infectados pelo S. mansoni frente a estes antígenos. Os microarranjos de peptídeos também serão utilizados em imunoensaios para detecção dos peptídeos imunorreativos da proteína PPE. A realização deste projeto poderá resultar na identificação de peptídeos da proteína PPE com potencial para serem empregados em diferentes plataformas de diagnóstico sorológico da esquistossomose.
Página 48 de 56 páginas.