Bolsista: Gabriele Aparecida Ribeiro de Souza
Orientador(a): Jaquelline Germano de Oliveira
Resumo: O vírus Chikungunya (CHIKV), um arbovírus pertencente ao gênero Alphavirus da família Togaviridadae, causa uma doença febril caracterizada por diversos sintomas, como: febre, dor de cabeça, erupções na pele, diarreia, vômito, mialgia, e principalmente, artralgia (dor nas articulações) que pode perdurar durante meses e até anos após a infecção. Além disso, a infecção pelo CHIKV, pode causar complicações neurológicas e óbito. O CHIKV é considerado um patógeno prioritário e uma grande ameaça à saúde global, está distribuído mais de 100 países gerando surtos epidêmicos ao redor do mundo, principalmente em áreas tropicais. No Brasil, em 2023, entre janeiro e o começo de março, ocorreram 43 mil casos prováveis de febre Chikungunya, um aumento de 97,1% quando comparado ao mesmo período de 2022. Nenhuma vacina está licenciada contra a febre do Chikungunya, assim como, até a presente data, não há medicamento antiviral disponível no mercado para o tratamento dos pacientes acometidos pela doença, os quais são tratados com analgésicos e anti-inflamatórios para controle e diminuição dos sintomas. O vasto reservatório de substâncias disponíveis na natureza, principalmente no Brasil, ainda tem sido muito pouco explorado com o objetivo de encontrar drogas antivirais para o tratamento da febre Chikungunya e de outras arboviroses. Na busca de drogas antivirais para o tratamento de arboviroses, nosso grupo de pesquisa identificou cerca de 200 extratos de plantas e de fungos que mostraram atividade antiviral in vitro contra DENV-2, ZIKV e YFV, dentre os mais de 7000 extratos de plantas e fungos avaliados (Barbosa E.C., 2019; de Castro Barbosa et al, 2022). O objetivo deste subprojeto é identificar, a partir de extratos brutos vegetais, fúngicos, substâncias purificadas e peptídeos sintéticos, ao menos uma substância capaz de inibir a multiplicação in vitro do CHIKV. Para tal, pretende-se: (i) avaliar in vitro a atividade antiviral contra CHIKV, pelo ensaio de MTT e avaliação do efeito citopático viral de 160 extratos de plantas e de fungos identificados pelo nosso grupo de pesquisa como ativos contra DENV-2; ZIKV e/ou YFV selvagem; 240 novos extratos de plantas e de fungos; 10 substâncias puras contra CHIKV e seis peptídeos sintéticos; (ii) determinar a concentração efetiva 50 (CE50) e concentração citotóxica 50 (CC50) de extratos ativos, de substâncias puras e de peptídeos sintéticos contra CHIKV; (iii) determinar o índice de seletividade (IS) de extratos/substâncias/peptídeos sintéticos ativos contra CHIKV; (iv) triar, pelo método do MTT, a atividade anti-CHIKV de frações cromatográficas de extratos submetidos ao fracionamento por cromatografia líquida de ultra alta performance acoplada à espectrometria de massas (UHPLC-MS) para identificação/anotação de substâncias presentes nas frações ativas. Portanto, como perspectiva, pretende-se identificar ao menos uma substância natural capaz de inibir a multiplicação do CHIKV que possa servir de base para o desenvolvimento de uma droga antiviral para o tratamento da febre do Chikungunya.