Bolsista: CAROLINE DE SOUZA RODRIGUES
Orientador(a): ROMULO GONCALVES AGOSTINHO GALVANI
Resumo: O câncer é uma doença heterogênea e de ocorrência multifatorial. Entre as mulheres, o tipo mais frequente é o de mama. Embora o tumor primário seja importante para o curso da doença, o responsável pelo óbito da paciente é a metástase, tornando clara a urgência do entendimento dos fatores responsáveis pela sua indução. A linhagem celular de tumor de mama murino 4T1, ortotopicamente introduzida em camundongos BALB/cJ, é altamente tumorigênica e invasiva, sendo capaz de metastatizar para os mesmos órgãos afetados pelo câncer de mama humano, incluindo ossos, pulmão, linfonodos drenantes da mama, fígado e cérebro, servindo de modelo da forma mais grave da doença. Em consequência da heterogeneidade desse carcinoma, várias linhagens parentais de 4T1 foram isoladas e possuem fenótipos metastáticos divergentes, dentre elas a 67NR, que não tem capacidade invasiva, portanto não é letal, servindo de modelo para carcinoma in situ. A análise ex vivo de linfócitos T CD4 isolados da medula óssea de camundongos inoculados com células 4T1 ou 67NR demonstrou que no grupo que recebeu células 4T1, as células T são capazes de induzir doença osteolítica precoce essencial para o estabelecimento da metástase óssea, em contrapartida o grupo que recebeu o carcinoma in situ 67NR, não apresentou a perda óssea. A atividade pró-metastática destas células T foi positivamente correlacionada com a produção de citocinas pró-osteoclastogênicas, incluindo a molécula RANKL, regulador principal dos processos de osteoclastogênese e remodelamento ósseo. Estes dados sugerem que o tumor pode exercer papel sobre a diferenciação e ativação de células T influenciando na patologia da doença. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é analisar as características moleculares de 67NR e 4T1 para compreensão dos fatores celulares intrínsecos que sejam importantes para o estabelecimento metastático. A modulação pode ocorrer devido a moléculas que são expressas pelo tumor e agem diretamente sobre os linfócitos T, ou mesmo sobre outras células importantes na ativação dos primeiros. Para tal, utilizaremos dados depositados referentes a expressão gênica das linhagens celulares 67NR e 4T1 e buscaremos genes diferencialmente expressos (DEG) entre elas e então faremos uma busca por vias de sinalização possivelmente enriquecidas (GSEA) que estejam relacionadas com processos inflamatórios e a resposta imunológica. Para validar os achados in vitro será realizada a avaliação da expressão dos genes encontrados através de PCR em tempo real semi-quantitativo (TaqMan™). Outra possibilidade poderia ser o processamento de peptídeos a partir das proteínas de uma linhagem celular gerar respostas quantitativamente ou mesmo qualitativamente diferentes das respostas geradas para peptídeos da outra linhagem. Para avaliar esta possibilidade avaliaremos o peptidoma e ligandoma das linhagens celulares no contexto do haplótipo de MHC singeneico a ela (H2d) referente as respostas T CD4 (NetMHCIIPan) e da resposta T CD8 (NetMHCPan). Os peptídeos específicos de cada linhagem serão avaliados quanto a sua imunogenicidade através de dados depositados previamente através do Immune Epitope Database and Analysis Resource (IEDB). A identificação de tais fatores potencialmente associados ao estabelecimento metastático possibilita a compreensão da patologia da doença bem como a possibilidade de posterior validação in vivo e a geração de alternativas terapêuticas para o tratamento da metástase, atualmente inexistente