Bolsista: RAPHAELA NUNES ROCHA
Orientador(a): RODRIGO CALDAS MENEZES
Resumo: Animais silvestres podem ser reservatórios de diversos patógenos zoonóticos, como vírus e protozoários, envolvendo-se em ciclos epidemiológicos de doenças infecciosas emergentes e reemergentes, e assim podendo contribuir para a disseminação delas. Dentre estes, estão morcegos (ordem Chiroptera). Trabalhos em diversas regiões do Brasil já reportaram detecção de Leishmania spp. e Toxoplasma gondii em morcegos, por diversas técnicas, incluindo a imuno-histoquímica. Importantes doenças zoonóticas, as leishmanioses, toxoplasmose (congênita e gestacional), leptospirose e COVID-19 têm expressivo número de notificações, suspeitas e casos confirmados, incluindo casos graves e óbitos em humanos nos últimos anos no Brasil. Na perspectiva da saúde única, morcegos de áreas de Mata Atlântica do Rio de Janeiro podem fazer parte de ciclos epidemiológicos das zoonoses supracitadas, atuando como reservatórios. Entretanto, a ocorrência de infecção de morcegos por patógenos de potencial zoonótico nessas regiões, bem como as alterações histológicas a eles associadas são pouco conhecidas. Portanto, os objetivos desse estudo são avaliar a ocorrência de patógenos de potencial zoonótico e as alterações histológicas a eles associadas em morcegos de área de Mata Atlântica do município do Rio de Janeiro. Um estudo retrospectivo será realizado em amostras de 49 morcegos das espécies Platyrrhinus recifinus, Phyllostomus hastatus, Artibeus lituratus, A. fimbriatus, Sturnira lillium, Carollia perspicillata, Phyllostomus hastatus, Desmodus rotundus, e espécies não identificadas, capturados no Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA), Jacarepaguá, em região da Mata Atlântica do município do Rio de Janeiro, nos anos de 2020 a 2022. Esses animais foram capturados, submetidos à eutanásia e necropsiados para coleta de diferentes órgãos: coração, cérebro, fígado, baço, rim, pulmão, intestino, traqueia, pele, linfonodo, e glândula suprarrenal. Esses órgãos foram fixados em formalina tamponada a 10%, emblocados em parafina e arquivados no Serviço de Anatomia Patológica do INI, Fiocruz. Todas essas amostras serão processadas, pela técnica de histopatologia (coloração hematoxilina-eosina). Aquelas amostras que apresentarem alterações histológicas sugestivas de infecção pelos patógenos pesquisados serão processadas pela técnica de imuno-histoquímica visando a detecção desses agentes infecciosos (formas amastigotas para Leishmania spp. e/ou reação inflamatória granulomatosa; formas taquizoítas ou cistos para T. gondii e/ou reação granulomatosa e necrose; reação inflamatória mononuclear em órgãos do trato respiratório e digestivo para SARS-CoV-2; e nefrite intersticial, necrose do epitélio de túbulos contornados, pneumonia e hemorragias pulmonares e ou necrose e hemorragia hepática para L. interrogans. Neste estudo, espera-se detectar índices de positividade para os patógenos investigados e identificar as alterações histológicas associadas em morcegos, e assim contribuir para com a iniciativa Saúde Única para prevenção e controle dessas zoonoses pesquisadas.