Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação de proteínas recombinantes para produção de um teste-rápido para o diagnóstico da leishmaniose visceral canina e humana
Bolsista: LUANA ARAGAO DOS SANTOS
Orientador(a): Deborah Bittencourt Mothé Fraga
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) é um grave problema de saúde pública no Brasil, sendo o cão o principal reservatório urbano. O controle da enfermidade é baseado no diagnóstico e eutanásia de cães soropositivos para Leishmania infantum, tornando extremamente importante a acurácia dos testes diagnósticos. Um estudo utilizando soros de humanos e cães infectados por L. Infantum identificou 12 antígenos a partir de bibliotecas de cDNA. Dessa família de antígenos, as proteínas rLci1, rLci2 e rLci5, foram escolhidas por apresentarem diferença significativa teste comercial EIE-LVC® Bio-Manguinhos. Além disso, a proteína rLci5 demonstrou resultados promissores em teste de ELISA, obtendo valores de 87% sensibilidade e 94% de especificidade, resultando em uma acurácia de 90%. Dessa forma, a rLci5 foi selecionada para compor um estudo de diagnóstico de LVC em ELISA, com o objetivo de substituir e aprimorar o protocolo preconizado pelo Ministério da Saúde. No entanto, encontrou-se reatividade cruzada com tripanossomatídeos da espécie T. Cruzi, espécie que partilha similaridades genéticas com a L. Infantum. Para reverter esse quadro, análises de bioinformática (BLAST-p, Clustal Omega, BepiPred - 2.0, IEDB e BcePred) serão conduzidas com as proteínas rLci1, rLci2 e rLci5, permitindo identificar os epítopos conservados entre as espécies L. infantum, T. cruzi, Ehrlichia canis e Babesia canis, que podem ser encontrados em coinfecções, e selecionar aqueles que apresentam maior imunogenicidade apenas para Leishmania infantum. Os epitopos gerados in silico através das ferramentas de bioinormática serão comparados e selecionados para posterior avaliação junto aos epitopos identificados por ensaio de microarranjo em laboratório. Esse projeto tem como objetivo geral avaliar as características bioquímicas das proteínas rLci1, rLci2 e rLci5 in silico e em laboratório para geração de um teste rápido baseado nas proteínas como produto final, a fim de identificar domínios conservados entre as espécies, e melhorar o potencial imunogênico desses antígenos.
IDENTIFICAÇÃO DE PARVOVÍRUS B19 HUMANO EM INDIVÍDUOS COM QUADRO FEBRIL AGUDO NA AMAZÔNIA OCIDENTAL
Bolsista: LARISSA VITORIA DE ARAUJO BRAGA
Orientador(a): Deusilene Souza Vieira Dall'Acqua
Resumo: Introdução: A infecção por Parvovírus Humano B19 (PVB19) é um patógeno comum, principalmente na infância, pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes em todas as faixas etárias de ambos os sexos. Objetivo: dessa forma, o objetivo deste estudo é identificar molecularmente a prevalência da infecção pelo PVB19 em indivíduos com quadro febril agudo na Amazônia ocidental e analisar o perfil clínico-epidemiológico dos casos positivos encontrados, a fim de realizar o diagnóstico diferencial do PVB19. Metodologia: participarão do estudo 100 indivíduos de ambos os sexos com a faixa etária de 18 a 65 anos e se apresentarem Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado, caso contrário serão excluídos. A detecção do PVB19 no presente estudo será utilizado amostras de soros negativas para Zika, Dengue, Chikungunya (ZDC) e Malária (N=100), essas amostras serão coletadas nas Unidades de Saúde Básica para serem processadas no Laboratório de Virologia Molecular FIOCRUZ-RO. Resultados esperados: o estudo visa identificar molecularmente o PVB19 e descobrir associações entre os indivíduos testados, buscando revelar meios que reduzam a prevalência do Parvovírus humano B19. Por isso, o desenvolvimento do projeto é de grande importância para a população do Estado de Rondônia, para que medidas de prevenção sejam tomadas e aplicadas na saúde pública.
Impacto da terapia antirretroviral no tamanho e complexidade do reservatório viral em indivíduos tratados na infecção aguda
Bolsista: CAROLINA SOARES ESPERIDIAO
Orientador(a): MONICK LINDENMEYER GUIMARAES
Resumo: O maior desafio para a obtenção da cura da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), é a eliminação dos reservatórios virais latentes. O início precoce da terapia antirretroviral combinada (cART) visa a diminuição dos reservatórios virais latentes uma vez que seu estabelecimento, e persistência a longo prazo é um dos fatores que possibilitam o reestabelecimento da viremia após a falha ou interrupção do tratamento. O grupo de indivíduos que recebeu cART precocemente e que foi capaz de apresentar um controle imunovirológico sustentado após a interrupção da terapia, foi denominado controladores pós-tratamento (PTCs), e têm sido estudados com o intuito de elucidar os mecanismos associados ao controle da infecção. Em 2015, iniciamos o acompanhamento de uma coorte de indivíduos que foram diagnosticados e que iniciaram a cART na fase aguda/ crônica recente da infecção pelo HIV. Já foram inclusos 24 participantes com infecção aguda, os quais dispõe de coleta antes da terapia (D0) e um ano (M12) e dois anos (M24) após a cART. Assim, o presente projeto tem por objetivo ampliar a caracterização virológica e parâmetros laboratoriais desses indivíduos. Para tal, avaliaremos os dados laboratoriais longitudinais de células T CD4+ e carga viral, o impacto da cART iniciada na fase aguda da infecção pelo HIV-1 no tamanho do reservatório viral será avaliado por real time PCR, a diversidade será obtida após diluição limite do DNA seguida de sequenciamento de sanger da região do envelope viral. E verificaremos se há associação entre subtipo viral e as características do reservatório. Deste modo, visamos gerar conhecimentos que sirvam de base para proposição de futuras intervenções de interrupção programada da cART ou com vistas a futuras intervenções terapêuticas.
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE PATÓGENOS DE POTENCIAL ZOONÓTICO E ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS ASSOCIADAS EM MORCEGOS DA MATA ATLÂNTICA DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL
Bolsista: Raphaela Nunes Rocha
Orientador(a): RODRIGO CALDAS MENEZES
Resumo: Animais silvestres podem ser reservatórios de diversos patógenos zoonóticos, como vírus e protozoários, envolvendo-se em ciclos epidemiológicos de doenças infecciosas emergentes e reemergentes, e assim podendo contribuir para a disseminação delas. Dentre estes, estão morcegos (ordem Chiroptera). Trabalhos em diversas regiões do Brasil já reportaram detecção de Leishmania spp. e Toxoplasma gondii em morcegos, por diversas técnicas, incluindo a imuno-histoquímica. Importantes doenças zoonóticas, as leishmanioses, toxoplasmose (congênita e gestacional), leptospirose e COVID-19 têm expressivo número de notificações, suspeitas e casos confirmados, incluindo casos graves e óbitos em humanos nos últimos anos no Brasil. Na perspectiva da saúde única, morcegos de áreas de Mata Atlântica do Rio de Janeiro podem fazer parte de ciclos epidemiológicos das zoonoses supracitadas, atuando como reservatórios. Entretanto, a ocorrência de infecção de morcegos por patógenos de potencial zoonótico nessas regiões, bem como as alterações histológicas a eles associadas são pouco conhecidas. Portanto, os objetivos desse estudo são avaliar a ocorrência de patógenos de potencial zoonótico e as alterações histológicas a eles associadas em morcegos de área de Mata Atlântica do município do Rio de Janeiro. Um estudo retrospectivo será realizado em amostras de 49 morcegos das espécies Platyrrhinus recifinus, Phyllostomus hastatus, Artibeus lituratus, A. fimbriatus, Sturnira lillium, Carollia perspicillata, Phyllostomus hastatus, Desmodus rotundus, e espécies não identificadas, capturados no Campus Fiocruz Mata Atlântica (CFMA), Jacarepaguá, em região da Mata Atlântica do município do Rio de Janeiro, nos anos de 2020 a 2022. Esses animais foram capturados, submetidos à eutanásia e necropsiados para coleta de diferentes órgãos: coração, cérebro, fígado, baço, rim, pulmão, intestino, traqueia, pele, linfonodo, e glândula suprarrenal. Esses órgãos foram fixados em formalina tamponada a 10%, emblocados em parafina e arquivados no Serviço de Anatomia Patológica do INI, Fiocruz. Todas essas amostras serão processadas, pela técnica de histopatologia (coloração hematoxilina-eosina). Aquelas amostras que apresentarem alterações histológicas sugestivas de infecção pelos patógenos pesquisados serão processadas pela técnica de imuno-histoquímica visando a detecção desses agentes infecciosos (formas amastigotas para Leishmania spp. e/ou reação inflamatória granulomatosa; formas taquizoítas ou cistos para T. gondii e/ou reação granulomatosa e necrose; reação inflamatória mononuclear em órgãos do trato respiratório e digestivo para SARS-CoV-2; e nefrite intersticial, necrose do epitélio de túbulos contornados, pneumonia e hemorragias pulmonares e ou necrose e hemorragia hepática para L. interrogans. Neste estudo, espera-se detectar índices de positividade para os patógenos investigados e identificar as alterações histológicas associadas em morcegos, e assim contribuir para com a iniciativa Saúde Única para prevenção e controle dessas zoonoses pesquisadas.
As ciências biomédicas no Brasil (1850-1900): instituições e atores. José Correia Picanço (1745-1823) e a criação primeiras escolas médicas”
Bolsista: JULIO CESAR OLIVEIRA MATHEUS
Orientador(a): Maria Rachel de Gomensoro Fróes da Fonseca
Resumo: O Subprojeto As ciências biomédicas no Brasil (1850-1900): instituições e atores. José Correia Picanço (1745-1823) e a criação primeiras escolas médicas” busca recolher, sistematizar e analisar informações que possibilitem uma melhor compreensão e apreensão da trajetória dos principais espaços de formação, de prática e de socialização do conhecimento médico, e das trajetórias dos principais atores neste contexto, como José Correia Picanço. José Correia Picanço nasceu em 10 de novembro de 1745, na cidade de Goyana, na então província de Pernambuco. Era filho do cirurgião barbeiro Francisco Correia Picanço, doutor pela Cúria Romana, Protonotario Apostólico e Commissario do Santo Officio, e de Joanna do Rosario. Iniciou sua trajetória na medicina por influência de seu pai, tendo os dois trabalhados juntos como cirurgiões barbeiros na então província de Pernambuco, em meados do século 17, e foi através desta profissão que conseguiu destaque. Recebeu o título de cirurgião-mor da província de Pernambuco, título este que foi concedido pelo governador de Pernambuco Antonio Francisco de Paula (1763-1768). Este mesmo governador também foi responsável pela sua ida para Portugal, onde se matriculou na Escola de Cirurgia do Hospital São José em Lisboa, obtendo o título de Licenciado em Cirurgia, depois seguiu sua trajetória profissional indo para Paris, onde recebeu o título de “Officier de Santé” (Oficial de Saúde), e ainda em Portugal, obtém seu grau em doutor em medicina, onde assume a cadeira de anatomia na Universidade de Coimbra. Ainda em Portugal, foi cirurgião-mor dos Exércitos do Reino e deputado da Real Junta do Protomedicato. Junto com o médico brasileiro Francisco de Melo Franco e outros eminentes médicos portugueses, assinou o laudo que declarou insana a rainha de Portugal, D. Maria I, em 1792. Já de volta ao Brasil, no ano de 1808, vindo com a Corte Portuguesa, insistiu junto ao Príncipe-Regente D. João, sobre a necessidade de se criar estabelecimentos de ensino médico no Brasil. Obteve sucesso em sua investida e por meio da Carta Régia de 18 de fevereiro de 1808, foi criada a Escola de Cirurgia da Bahia, e dois meses depois a Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica do Rio de Janeiro. José Correia Picanço foi responsável pela nomeação dos primeiros professores da Escola de Cirurgia da Bahia. Indicou Manuel José Estrela para a cadeira de cirurgia especulativa e prática e José Castro Soares para a cadeira de anatomia e operações cirúrgicas.
Análise morfológica e ultraestrutural do transporte intraflagelar em Trichomonas vaginalis
Bolsista: THAINA DE ALMEIDA LIMA
Orientador(a): Antônio Pereira das Neves Neto
Resumo: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Os flagelos em eucariotos são organelas microtubulares que se estendem da superfície celular. Muito além de suas funções como estruturas locomotoras, os flagelos estão envolvidos em diversos processos biológicos, tais como, adesão, migração, funções sensoriais, sinalização e comunicação intercelular. Essas estruturas se caracterizam por um axonema de arranjo de 9+2 microtúbulos. Uma variedade de patógenos dependem dos flagelos para completar seu ciclo de vida e exercer a patogênese. Estudos recentes reforçam o papel dos flagelos como uma importante interface durante a interação parasito-célula hospedeira. Nesse contexto, Trichomonas vaginalis (Tv) é um protista flagelado que pode provocar complicações gestacionais, maior predisposição ao HIV, câncer de próstata e de colo de útero. Embora Tv seja um dos mais comuns agentes infecciosos no mundo, os processos de sua patogenicidade são poucos conhecidos. Nosso principal interesse é identificar novos fatores que possam contribuir para a patogenicidade de Tv. Como Tv é um parasito extracelular, estruturas de superfície, como flagelos, são consideradas fortes candidatas a desempenharem importantes funções na interação com o hospedeiro. Apesar da motilidade dos cinco flagelos de Tv serem bem caracterizados, a organização estrutural e funções biológicas dessas organelas ainda permanecem pouco exploradas. Além disso, a morfogênese e montagem dos flagelos de Tv ainda são desconhecidas e necessitam de investigação. Estudos em outros modelos celulares têm demonstrado que a biogênese e manutenção dos flagelos envolvem uma maquinaria conhecida como transporte intraflagelar (TIF). O TIF consiste no movimento bidirecional de partículas proteicas globulares, chamadas de trilhos e visíveis por microscopia eletrônica, ao longo de todo o comprimento dos flagelos. Apesar de homólogos de proteínas TIF, como TIF27 e TIF140, estarem presentes no genoma de Tv, não há relatos sobre a presença dos trilhos de TIF neste parasito. Sendo assim, o presente projeto visa contribuir para avanços no conhecimento da biologia celular de Tv. Desvendar o papel do TIF na morfogênese dos flagelos de Tv trará impacto direto na compreensão sobre a biologia dessas estruturas e seu papel na interação patógeno-hospedeiro, podendo auxiliar para a descoberta de novos alvos terapêuticos. OBJETIVOS GERAL Identificar e caracterizar a presença do transporte intraflagelar em Tv. ESPECÍFICOS a) Verificar ultraestruturalmente a presença de trilhos do transporte intraflagelar nos flagelos de parasitos selvagens e transfectados com TIF27 e TIF140; b) Quantificar os aspectos morfológicos dos flagelos e trilhos do TIF nos axonemas de parasitos selvagens e transfectados com TIF27 e TIF140. METODOLOGIA Com o objetivo de identificar os trilhos de TIF e avaliar os efeitos ultraestruturais da expressão exógena de proteínas do TIF nos flagelos de Tv, parasitos selvagens da cepa B7RC2 (ATCC 50167) e transfectados com TvTIF27 (TVAG_267160) e TvTIF140 (TVAG_483890) serão cultivados em meio TYM, fixados e analisados por microscopia eletrônica de varredura (MEV) (Jeol JSM-5600) e de transmissão (MET) (FEI Tecnai Spirit), segundo protocolos já estabelecidos por nosso grupo. Para transfecção, sequências completas das proteínas TvTIF27 e TvTIF140 serão amplificadas por PCR, clonadas em plasmídeo Master-Neo-Hemaglutina (HA)2 e transfectadas nos parasitos através de eletroporação, conforme protocolo estabelecido por nosso grupo. Para MEV, o número, comprimento e espessura dos flagelos serão avaliados. Para MET, utilizaremos as técnicas de processamento de cortes ultrafinos e contrastação negativa para (a) avaliar e quantificar os aspectos morfológicos e diâmetro dos axonemas, bem como (b) o número, comprimento e posição relativa dos trilhos do TIF nos axonemas. Parasitos transfectados com vetor vazio (TVEpNeo) serão utilizados como controle.
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