Bolsista: JOAO VICTOR OLIVEIRA BASTOS
Orientador(a): BEATRIZ GILDA JEGERHORN GRINSZTEJN
Resumo: Introdução: A América Latina é uma região com alta prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), afetando desproporcionalmente homens que fazem sexo com homens, travestis e mulheres trans. A expansão de programas de profilaxia pré-exposição (PrEP) amplia a testagem regular para o HIV e outras IST entre populações vulneráveis, possibilitando melhor compreensão sobre a dinâmica de transmissão das IST. No Brasil, o Ministério da Saúde divulga dados populacionais de sífilis, HIV e hepatites virais, não dispondo de informações sobre clamídia e gonorreia, uma vez que o manejo dessas condições é baseado em abordagem sindrômica, com dificuldades para acesso ao diagnóstico molecular. Além disso, há uma escassez de informações referentes aos fatores associados à incidência de IST na América Latina em geral, incluindo o Brasil, e – quando existentes – os dados são relacionados majoritariamente ao contexto da atenção à saúde materno-infantil. O Implementation PrEP (ImPrEP) foi um estudo que avaliou a oferta de PrEP por sistemas públicos de saúde em três países da América Latina (Brasil, México e Peru), possibilitando maior conhecimento sobre IST a nível regional.
Objetivos: Analisar os dados de prevalência e incidência de IST nos centros participantes do ImPrEP no Brasil, assim como seus fatores associados, de acordo com a região geográfica.
Métodos: O ImPrEP é um estudo prospectivo, de intervenção, aberto, multicêntrico, para avaliar a implementação da oferta de PrEP por sistemas públicos de saúde na América Latina, que incluiu centros no Brasil, no México e no Peru. Na visita de inclusão, os participantes são submetidos a testagens para HIV, sífilis, hepatites B e C, clamídia e gonorreia, além de coleta de informações sociodemográficas, clínicas e comportamentais. Nesse momento, iniciam a PrEP oral em regime diário. Além da visita de inclusão, os participantes passam por visita de retorno após 30 dias e visitas trimestrais até o término do estudo em junho de 2021. Após a inclusão, a sífilis é testa trimestralmente, enquanto hepatites B e C, clamídia e gonorreia são testadas anualmente. Ao total, o estudo incluiu 9.509 travestis, mulheres trans e homens que fazem sexo com homens, com idade superior a 18 anos, entre fevereiro/2018 e dezembro/2020, e seguidos até junho/2021. Para a presente análise, incluímos todos os participantes do ImPrEP acompanhados em centros localizados no Brasil; que compareceram pelo menos a uma visita de retorno trimestral. O desfecho primário é a incidência da primeira IST (clamídia, gonorreia ou sífilis) após início da PrEP. São desfechos secundários: incidência de cada IST separadamente (clamídia, gonorreia e sífilis), incidência de hepatite B, incidência de hepatite C. Consideraremos as seguintes variáveis: idade, raça/cor, identidade de gênero, escolaridade, região geográfica do centro em que foi incluído (Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste), uso prévio de PEP, número de parcerias sexuais, relato de sexo anal receptivo sem uso de preservativo, história de trabalho sexual, uso de drogas estimulantes, adesão à PrEP e diagnóstico de qualquer IST na inclusão. Na análise estatística, utilizaremos o modelo de riscos proporcionais de Cox para identificar os fatores associados, considerando como nível de significância o valor de p < 0.05.
Resultados Esperados: Com esse estudo, objetivamos maior conhecimento sobre a situação nacional das IST entre usuários de PrEP, dado até hoje pouco explorado no contexto nacional. Esse trabalho possibilitará a descrição de prevalência e incidência de sífilis, clamídia, gonorreia, hepatites B e C entre usuários de PrEP no Brasil, explorando as diferenças regionais. O conhecimento em relação aos fatores associados ao diagnóstico de IST na população do estudo auxilia o desenho de intervenções e o avanço de políticas públicas direcionadas para a prevenção de IST a nível nacional.