Bolsista: LUISA VIDON BLANC
Orientador(a): PAULO ROBERTO SOARES STEPHENS
Resumo: Pode-se entender que, desde o momento da concepção de um indivíduo, o desenvolvimento ocorre, ora em etapas e estágios, ora em sentidos múltiplos ao longo de toda uma vida, incorrendo em um sujeito que se colocará no mundo para experenciar as relações sociais, interpessoais e intrapessoais. É de se esperar, portanto, um desenvolvimento típico aos sujeitos, mesmo que com especificidades ao longo da história ontogenética e presumida a genética, pois, conforme Cosenza e Guerra (2011), dispondo de um sistema nervoso que confere vias sensoriais e motoras, observa-se um padrão.
Diante dos primeiros momentos da constituição orgânica do indivíduo, os laços familiares se apresentam como fundidores do sujeito que, posteriormente com a escola, tornarão possíveis maiores estimulações, vínculos, habilidades, dentre outros fatores. Vigotskii, Luria e Leontiev (2010) explanam justamente sobre as interações que ocorrerão aos indivíduos no decorrer de suas existências, através de processos ativos, mediados por fatores internos e externos, inferindo fases no desenvolvimento, mas que se submetem a operações globais ao longo do que seja
considerado típico. Nesse sentido, o desenvolvimento típico pode sofrer desordens pela dependência de diferentes aspectos circundantes aos sujeitos. Como bem explana Cosenza e Guerra (2011), as limitações podem advir de prejuízos sensoriais, visuais, auditivos, distorções comportamentais,
ambientais, cognitivas, motoras, genéticos ou adquiridos. Diante das colocações de Pantano e Zorzi (2009) e do DSM-IV-Tr (2002), esses prejuízos podem ser percebidos, principalmente, no âmbito escolar, em fase de aprendizagem, onde os transtornos de leitura, de escrita e de cálculos são inesperados em relação à inteligência, escolaridade e idade cronológica. Esses prejuízos ou distúrbios, passíveis de se tornarem mais profundos no período educacional, diante de relações problemáticas, incompreensões, despreparos, entre outros, podem trazer comorbidades aos que já possuem algum tipo de déficit ainda não diagnosticado out tratado. Nesse período, verifica-se que a prevalência dos quadros de transtornos específicos de aprendizagem tem sido compreendida entre 5% a 15%, mediante American Psychiatric Association (2014). Back et al (2020) e Silva e Crenitte (2014) evidenciam que a prevalência da dislexia está mais para o gênero masculino e em menor grau para o gênero feminino. No tocante à discalculia, Malloy-Diniz et al (2010) elucida que a prevalência varia entre 3% e 6%, menor em relação às porcentagens verificadas nos estudos sobre a dislexia. Já, sobre a disortografia, o seu diagnóstico e prevalência se apresentam atrelados à dislexia, de acordo
com Crenitte (2019). Torna-se, então, preocupante e importante a discussão de tais temáticas, pois a etapa educacional é exímia em informar e formar habilidades, capacidades e potencialidade nos alunos, atendendo aos prejuízos percebidos, consoante Pantano e Zorzi (2009).
Além disso, atrelados aos transtornos específicos de aprendizagem se notam como
consequências a depressão infantil e a baixa no desempenho escolar. Portanto, contrária a uma ação precoce e efetiva, os problemas no período de desenvolvimento infantil podem se tornar maiores e análogos a outros, vendo-se o aumento de comorbidades. Em novembro de 2021 foi aprovada a Lei 14254/21 que estabelece um acompanhamento integral do aluno com algum tipo de Transtorno Específico de Aprendizagem e Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Segundo a Lei 14254/21, os alunos acometidos
por algum tipo de transtorno de aprendizagem têm o direito em tese, à identificação precoce do transtorno, o encaminhamento para o diagnóstico clínico, todo o apoio educacional na rede de ensino, bem como o suporte terapêutico especializado na rede de saúde. (Legislação Federal, 2021).Segundo Fonseca (2016, p.95) “os diretores escolares, os legisladores, os professores e os demais responsáveis políticos da educação necessitam de informações válidas baseados em evidências científicas e não de opiniões” acerca de crianças com dificuldades de aprendizagem, incluindo os transtornos específicos de aprendizagem (dislexia, disortografia e discalculia). Nesse sentido, importam a pesquisa e os estudos sobre a evolução da produção científica
internacional acerca dos transtornos específicos de aprendizagem e da depressão na infância, visando compreender o que está sendo produzido e discutido, podendo-se também comparar com o que já foi desenvolvido nas produções científicas brasileiras.