Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 2

Revista: Edição 2 | Ano: 2024 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Mapeamento fino dos genes NOS3, CBS e BHMT do ciclo do folato em busca de variantes comuns para estudo de associação de fenda labial com ou sem fenda palatina
Bolsista: LUIZ FELIPE RODRIGUES DE SOUZA
Orientador(a): Flavia Martinez de Carvalho
Resumo: A fenda oral (FO) é um grave problema de saúde pública, visto que requer um complexo tratamento multidisciplinar de longo prazo. A sua maioria não está relacionada a síndromes e possui etiologia complexa. A FL±FP (fenda labial com ou sem fenda palatina) é o tipo mais comum de FO com uma prevalência de 1 a 2 casos a cada 1.000 nascimentos. A identificação de genes contribuindo para o aumento do risco das FO tem sido um desafio da atualidade. Alterações estruturais maiores do genoma chamadas de variações do número de cópias (CNVs) são amplamente estudadas em indivíduos portadores de FO. Resultados preliminares de varredura ampla do genoma por microarranjos de genotipagem com marcadores SNP e CNV do nosso grupo em uma amostra de 30 famílias de uma população com alta frequência de FO identificaram 28 regiões CNV de novo - 5 das quais foram deleções (perdas não homogêneas) e 23 duplicações: 6 regiões contendo genes previamente associados com FO (GLI2, PKP1, MKX, PVRL1, CDH1 e TYMS) e 22 segmentos genômicos sem histórico prévio de associação com FO, como regiões candidatas a FL±FP não sindrômica. A etapa seguinte foi o mapeamento genético fino da região 18p11.32 que contém o gene TYMS,por ter sido o único locus de deleção com gene já descrito na literatura como candidato a FO. O TYMS é um dos genes envolvidos do ciclo do folato. Identificamos 10 variantes em TYMS e em outros dois genes importantes do ciclo do folato (MTHFR e MTHFD1) que foram genotipadas por meio de PCR em tempo real em 336 indivíduos pertencentes à 132 famílias da mesma região. Em seguida realizamos as análises estatísticas pertinentes, dentre elas: o teste de desequilíbrio de transmissão, a análise de haplótipos e a interação gene x gene. Estes resultados já foram submetidos a um periódico internacional indexado e em breve serão publicados. Durante essa fase do projeto, após criteriosa revisão de literatura, ampliamos o interesse pelo ciclo do folato através dos genes NOS3, CBS e BHMT, que interagem com TYMS e foram previamente associados à FO em população hispânica dos EUA. Esses três genes serão o foco deste sub-projeto de iniciação científica. O objetivo geral do sub-projeto é executar mais uma etapa do projeto maior no qual está inserido, contribuindo para o entendimento dos principais fatores genéticos na causalidade das fendas orais em regiões abrangidas pelo ECLAMC, a partir da identificação de regiões candidatas. Como objetivos específicos deste sub-projeto destaca-se a realização do mapeamento genético fino da região dos três genes alvo do ciclo do folato - NOS3, CBS e BHMT com a finalidade de sugerir novos marcadores genéticos candidatos a FO que possam ser replicados em uma população familiar mais ampla. Além disso, planeja-se realizar estudo de associação entre o polimorfismos rs2373929 no gene NOS3,pré-selecionado com base na literatura, em uma amostra composta por 132 famílias da mesma população com alta frequência de FL±FP. Para cumprir os objetivos específicos deste sub-projeto PIBIC da melhor forma possível, prosseguiremos com uma parte remota em virtude da pandemia da Covid-19 e uma parte presencial, quando possível. Este subprojeto foi ajustado de forma que, se houver impossibilidade de retorno da bolsista PIBIC às atividades presenciais nos 12 meses, o desenvolvimento do subprojeto e a capacitação da bolsista PIBIC não ficarão comprometidos. Visamos resultados que possam ser futuramente aplicados para a realidade do nosso país no que se refere ao aprimoramento do aconselhamento genético de famílias portadoras de fenda oral. Cronograma de atividades: Duração de 12 meses. Ver arquivo subprojeto completo em anexo na plataforma PIBIC.
Influência da atividade física no desempenho cognitivo-comportamental na homeostase e após infecção plasmodial murina não-grave
Bolsista: Ingrid de Oliveira de Lavigne
Orientador(a): CLAUDIO TADEU DANIEL RIBEIRO
Resumo: O sistema imune desempenha papel fundamental na função cognitivo-comportamental através de suas propriedades ativadoras ou supressoras da resposta imune e de forma dependente da natureza e da intensidade dos estímulos que exerce. A malária, doença infecto-parasitária causada por protozoários do gênero Plasmodium, é associada a sequelas neurocognitivas, sobretudo quando da sua forma cerebral (a malária cerebral, MC), complicação mais grave e letal em humanos e modelos experimentais. Também se tem relatado a associação de episódios maláricos não-graves ou malária não-complicada (MnC) ao mau desempenho em eventos neurocognitivos, associados ao aprendizado e memória em humanos. Nosso grupo observou um impacto tardio da MnC no desempenho cognitivo em um modelo experimental murino susceptível ao desenvolvimento de MC. No trabalho, a influência de estímulos imunes em diferentes paradigmas cognitivo-comportamentais (memória e ansiedade) foi estudada em camundongos C57BL/6: i) na homeostase e ii) após MnC por Plasmodium berghei ANKA (PbA), modelo experimental clássico de MC, sendo os animais tratados, entretanto, antes do comprometimento cerebral que ocorre no sexto dia de infecção. Observou-se que a infecção pode causar déficits de memória e induzir comportamento ansioso de longo prazo detectados tardiamente após um episódio único de MnC. A imunização com estímulos anti-inflamatórios em sua composição, incluído vacinas largamente usadas em seres humanos como aquela contra a difteria e o tétano (dT), aprimorou a memória de longa duração de camundongos sadios adultos e evitou a manifestação do déficit comportamental detectado tardiamente nos camundongos com episódio prévio de MnC por PbA, sugerindo um efeito promotor benéfico da imunização no desempenho cognitivo-comportamental e reforçando a reconhecida importância do sistema imune na performance neurocognitiva. Recentemente, a comunidade científica dirigiu a sua atenção aos possíveis efeitos do exercício físico, que parece beneficiar a função do sistema imune, no desempenho cognitivo-comportamental. Nossa proposta é estudar a influência de estímulos potencialmente promotores de imunomodulação e alterações fisiológicas e metabólicas, como o exercício físico, em combinação ou não com os estímulos imunes estudados anteriormente mencionados sobre os processos cognitivo-comportamentais na homeostase e após a malária experimental não-complicada.
Influência da atividade de neutrófilos na resposta imune de pacientes com Leishmaniose Tegumentar Americana apresentando diferentes respostas ao tratamento.
Bolsista: THAYANE XAVIER DE ANDRADE
Orientador(a): MARTA DE ALMEIDA SANTIAGO
Resumo: No Brasil a leishmaniose tegumentar americana (LTA) é causada principalmente L. braziliensis (Lb. A forma cutânea localizada (LCL) é predominante e os pacientes podem apresentar evoluções que variam de cura espontânea à má resposta ao tratamento. As diferenças parecem depender da espécie do parasito e fatores do hospedeiro, como tipo e intensidade da resposta imune, mas o mecanismo de ação não é totalmente compreendido. A influência de tipos celulares como neutrófilos, macrófagos, células NK, mastócitos, T reg, tem importância na formação da inflamação e são implicadas na geração de diferentes respostas imunes específicas. Uma das células que tem chamado atenção é o neutrófilo, antes era considerado importante apenas nos períodos iniciais da infecção, mas que atualmente é relacionado ao processo inflamatório de evolução superior a três ou seis meses. O detalhamento da função neutrofílica veio trazer informações importantes sobre as diferentes funções dessa célula que tanto pode ser benéfica, como deletéria para cura de lesões influenciadas pelo processo inflamatório envolvido, como é o caso da LTA. Os neutrófilos fazem parte dos leucócitos polimorfonucleares e estão na primeira linha de defesa à invasão por agentes infecciosos. São produzidos em grande quantidade pela medula (cerca de 60% dos leucócitos totais) e atuam por mecanismos intra e extracelulares como produção de mediadores inflamatórios, enzimas, fagocitose e produção de “Neutrophils Extracelular Traps- NETs”. As NETs são formadas pelo extravasamento de DNA, histonas e proteínas dos grânulos como elastase neutrofílica (NE), mieloperoxidase (MPO) e catepsina G, etc. Os neutrófilos podem ser avaliados por metodologias que visam identificar a célula, sua integridade, formação de NET e a ação enzimática presente. Neste subprojeto temos como objetivo geral descrever e comparar a presença e atividade de neutrófilos durante a resposta imune desenvolvida na LTA, correlacionando os achados com as diferentes formas de apresentação clínica e de resposta ao tratamento, visando o reconhecimento de padrões comuns ou não ao desenvolvimento da infecção, de modo a formar um painel de marcadores de evolução da mesma. Como objetivos específicos do aluno esperamos que este possa familiarizar-se com as técnicas de coleta de material e diagnóstico da LTA; dominar as técnicas para preparo de cortes de tecido congelado em criostato e realização de imunohistoquimica; familiarizar-se e treinar as técnicas de identificação de atividade de neutrófilos por citometria de fluxo como explosão oxidativa, identificação e quantificação de NETs, etc.; organizar e manter banco de dados com informações dos resultados obtidos, inclusive arquivo fotográfico; interpretar resultados laboratoriais empregados para detecção de neutrófilos e atividades neutrofílica na resposta imune in situ e in vitro, com a história clínica dos pacientes estudados; e participar na elaboração de relatórios e resumos, além da execução e divulgação de atividades de pesquisa correlatas. Para tal serão usadas técnicas de imunohistoquimica com marcações simples e duplas e citometria de fluxo para avaliação de atividade neutrofilica. Dentro desse contexto, um resultado muito importante será apresentar ao aluno de iniciação científica um mundo novo, fora de seu eixo universitário de rotina (no caso uma estudante do segundo ano medico), com o aprendizado da linguagem cientifica, o aprofundamento do conhecimento em imunologia e em doenças infecciosas e manuseio, obtenção e tratamento de dados com método científico. Esperamos que esta possibilidade abra os horizontes do aluno, fazendo com que descubra novos campos onde possa trafegar com desenvoltura no futuro, incluindo a leitura critica de informações cientificas, a melhoria da redação e a capacidade de síntese e organização de textos para publicação.
O risco de quem comunica o risco: discursos de jornalistas regionais sobre seu trabalho durante a pandemia de covid-19
Bolsista: Ana Cecília Amâncio Vieira
Orientador(a): Mariella Silva de Oliveira Costa
Resumo: A produção jornalística adquiriu novas especificidades, em meio à covid-19. Parte dos jornalistas estiveram entre aqueles profissionais que não puderam ficar em casa, e precisam se deslocar até onde a notícia estava. E, mesmo em trabalho remoto, experimentaram alteração significativa em seu cotidiano, saúde e vida, a partir da necessidade de informar os dados mais atuais, em meio à incerteza. Em pesquisas anteriores, verificamos que jornalistas do DF e da região centro-oeste do Brasil passaram por profundas alterações em seu cotidiano de trabalho, afetando significativamente o modo de se comunicar saúde em meio à covid-19.Já se observou também que o trabalho do jornalista afeta seu estado de saúde de forma negativa, devido ao estresse, trabalho em finais de semana, consumo de álcool, sedentarismo e cansaço excessivo antes mesmo da pandemia, e a necessidade de pesquisas e investimento na formação da promoção da saúde e qualidade de vida dos comunicadores. Nesta investigação, portanto, se busca compreender a percepção dos jornalistas das regiões norte e nordeste do Brasil sobre seu trabalho durante a pandemia de covid-19. A pesquisa é qualitativa, descritiva e exploratória, e envolve coleta de dados por meio de entrevistas online após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, gravadas em vídeo e transcritas posteriormente, situando as falas em seu contexto para serem compreendidas e interpretadas. A análise dos dados se dará à luz de hipóteses da pesquisa em comunicação tais como a teoria do agendamento, newsmaking e espiral do silêncio. Espera-se extrair das falas dos jornalistas que cobriram a pandemia nas regiões norte e nordeste como se deram os processos de noticiabilidade que nortearam a cobertura jornalística, o relacionamento com as fontes em meio à incerteza e às crises político-institucionais, e a forma como o fato social se converteu em notícia, bem como informações sobre sua percepção de risco à sua saúde no período.
IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS PARA PROGNÓSTICO DA ESPOROTRICOSE FELINA
Bolsista: NATALIA DEBIZE DA MOTTA
Orientador(a): SANDRO ANTONIO PEREIRA
Resumo: Na esporotricose felina, a defesa imunológica depende da ativação da resposta celular. Contudo ainda não está definido se o quadro clínico e a celularidade nas amostras citopatológicas de lesões cutâneas podem sinalizar sobre o status da resposta imunológica e o desfecho do tratamento. O objetivo geral desse trabalho será identificar os fatores prognósticos clínicos, dermatológicos e citopatológicos para o desfecho do tratamento da esporotricose felina. Por sua vez, os objetivos específicos serão verificar a distribuição dos marcadores inflamatórios presentes nas amostras citopatológicas de exsudato de lesões cutâneas por método de imunocitoquímica e avaliar a associação entre o desfecho do tratamento antifúngico e a distribuição de marcadores inflamatórios nas amostras citopatológicas de exsudato de lesão cutânea processadas por imunocitoquímica, em dois momentos do acompanhamento clínico. O estudo terá modelo longitudinal prospectivo com duas avaliações clínicas de 25 gatos recrutados aleatoriamente no Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-Dermzoo/INI/Fiocruz), por demanda espontânea dos seus responsáveis. Como critérios de elegibilidade os gatos devem apresentar lesões cutâneas e ter diagnóstico laboratorial de esporotricose e não podem ter sido submetidos a tratamento antifúngico e/ou com corticosteroides (uso oral ou tópico); gestantes/nutrizes também serão excluídas. Todos serão incluídos entre os anos de 2023 e 2024 e acompanhados mensalmente ao longo de todo tratamento antifúngico. Na consulta inicial de cada gato, será selecionada uma lesão para coleta de amostras de exsudato em dois momentos: admissão (T0) (quando iniciará o tratamento antifúngico) e após 21 dias (T21). Será coletada uma lâmina silanizada por aposição direta sobre a superfície da lesão em três pontos distintos ao longo de seu comprimento. Serão incubadas em anticorpos para Sporothrix sp., elastase neutrofílica e óxido nítrico sintase 2, sendo que cada impressão receberá um dos anticorpos mencionados. A celularidade in situ será mensurada por métodos semiquantitativos. Achados clínicos e citopatológicos de cada paciente serão categorizados de acordo com o desfecho de tratamento. Espera-se identificar fatores que contribuam para definição de prognóstico para esporotricose felina, além de aprimorarem a indicação dos protocolos terapêuticos.
ANÁLISE DE MARCADORES INFLAMATÓRIOS E DA CARGA PARASITÁRIA NA PELE DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS COM Leishmania infantum
Bolsista: ANA CAROLINA DE OLIVEIRA CAMPOS
Orientador(a): FERNANDA NAZARE MORGADO
Resumo: A Leishmaniose visceral no Brasil é causada pelo protozoário Leishmania infantum e os cães domésticos são considerados os principais animais reservatórios em meio urbano e rural. Mesmo quando assintomáticos, os cães podem apresentar carga detectável de Leishmania na pele sadia com possível capacidade de infectar o vetor flebotomíneo. As lesões de pele nos cães acometidos por LV têm sido frequentemente observadas, e microscopicamente podemos observar intensidade variada de alterações inflamatórias, e infiltração de macrófagos e neutrófilos acompanhados da presença de amastigotas. As armadilhas extracelulares de neutrófilos constituídas de DNA (NETs) já foram descritas em estudo in vitro a partir de células de cães infectados. Recentemente, em outros modelos de infecção, foi identificada a capacidade dos macrófagos produzirem as METs (macrophage extracelular traps). Nos cães infectados, o perfil inflamatório na derme e possível correlação com o aumento da carga parasitária e disseminação do parasita pela pele ainda não estão completamente estabelecidas e a possibilidade de formação de METs ainda não foi avaliada. Outro fator que pode estar envolvido na patogênese e na modulação dos perfis celulares presentes na pele é o fator induzível por hipóxia (HIF-1). Este já foi demonstrado na infecção in vitro de macrófagos por outras espécies de Leishmania, porém não foram ainda avaliados na pele de cães infectados. Assim, o objetivo deste estudo é quantificar marcadores inflamatórios (NOS2, CXCL8, CCL-2) e HIF-1 em pele de distintas regiões do corpo de cães naturalmente infectados por Leishmania infantum e sua possível correlação com a carga parasitaria e a sintomatologia clínica. Os animais serão divididos em grupos de acordo com o escore clínico: 1- baixo; 2- médio; e 3- alto escore clínico. Amostras de pele da orelha e da barriga de 30 cães provenientes de Mato Grosso serão avaliadas por análise histopatológica, imuno-histoquímica e imunofluorescência. A carga parasitária será quantificada por mm2 de tecido e será feita a descrição qualitativa de sua distribuição. Os dados produzidos neste estudo poderão trazer subsídios para o melhor entendimento sobre a imunopatogenia da LVC e a possível identificação de alvos para imunomodulação.
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