Bolsista: AGNES REZENDE LAGE
Orientador(a): SIMONE MORAIS DA COSTA
Resumo: Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia da COVID-19, tornando uma prioridade o desenvolvimento de vacinas contra essa doença. O agente etiológico da COVID-19, o Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2), é um vírus envelopado, com um genoma de RNA fita simples, com polaridade positiva, que codifica 16 proteínas não estruturais (nsp1–16), 9 proteínas acessórias e 4 proteínas estruturais: as proteínas spike (S), de membrana (M) e do envelope (E), que estão inseridas no envelope viral e a proteína do nucleocapsídeo (N) que se encontra associada ao RNA, formando o nucleocapsídeo. A proteína S medeia a ligação do vírus ao receptor celular e promove a fusão do envelope viral com a membrana celular. Devido ao seu papel crítico durante a infecção viral, essa proteína é o principal alvo das vacinas contra a COVID-19. Atualmente, existem 16 vacinas contra a COVID-19 aprovadas pela OMS. Essas vacinas foram essenciais para a redução dos casos graves e mortes pela doença, contudo, como o SARS-CoV-2 continua circulando, diversas variantes virais surgem continuamente. Essas variantes acumulam mutações principalmente na proteína S, que podem ter implicações nas taxas de infecção de vírus por meio de maior afinidade de ligação da proteína S ao receptor e podem também escapar da resposta imune gerada pelas vacinas atuais. Uma possiblidade para melhorar a eficácia das vacinas frente as novas variantes é a utilização de alvos antigênicos mais conservados para a construção de vacinas contra a COVID-19. Alguns autores sugerem que a proteína N é um bom antígeno para compor uma vacina. Essa proteína, que é conservada entre os coronavírus, está envolvida em alguns aspectos do ciclo viral e é produzida em grande quantidade durante a infecção, sendo um alvo tanto da resposta imune humoral, quanto da resposta de células T. Considerando a relevância de se estudar as proteínas de SARS-CoV-2 e de desenvolver novas gerações de vacinas baseadas em diferentes antígenos virais e plataformas vacinais, esse projeto tem como objetivo a construção e avaliação de vacinas de DNA contendo o gene N de SARS-CoV-2. Inicialmente foram feitas análises de bioinformática para selecionar a sequência da variante Delta de SARS-CoV-2 mais frequente mundialmente. A partir dessas análises, foram desenhados dois plasmídeos baseados na proteína N: um contendo o fragmento que codifica a proteína N inteira e um peptídeo sinal heterólogo, e outro contendo a sequência que codifica as porções intermediária e C-terminal da N e o peptídeo sinal heterólogo. As sequências dos fragmentos foram otimizadas para expressão em células humanas pela empresa GenScript e clonadas no plasmídeo pVAX1. Os plasmídeos recombinantes, pCoV-NDelta e pCoV-N1Delta, foram usados para transformar bactérias E. coli. A avaliação dos clones por digestão do plasmídeo recombinante com enzimas de restrição e sequenciamento do fragmento clonado confirmou os quadros de leitura abertos dos dois fragmentos: sequência que codifica a proteína N completa (pCoV-NDelta) e a sequência que codifica a proteína N truncada (pCoV-N1Delta). Os dois plasmídeos foram capazes de mediar a expressão das proteínas recombinantes tanto em células de rim de hamster BHK-12, quanto em células humanas HEK-293T. Os plasmídeos foram então purificados em larga escala e camundongos foram imunizados com duas doses dos plasmídeos pCoV-NDelta, pCoV-N1Delta e com o controle pVAX1. A análise da resposta imune celular indicou que as duas vacinas são capazes de induzir resposta imune celular específica. Entretanto, novo experimento in vivo é necessário para confirmar o resultado e avaliar se há diferença na indução da resposta pelas duas vacinas. Nesse projeto, analisaremos se as construções são capazes de mediar a secreção da proteína N. Camundongos serão imunizados com as 2 vacinas e a resposta imune humoral e celular induzidas por essas vacinas serão avaliadas e comparadas.