Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Padronização e validação de ensaio imunoenzimático (ELISA), utilizando antígenos recombinantes, para o diagnóstico da Leishmaniose Mucosa.
Bolsista: FLAVIA NUNES ZEFERINO
Orientador(a): Mariana Lourenço Freire
Resumo: A leishmaniose mucosa (LM) é considerada a forma mais grave de leishmaniose tegumentar (LT) devido ao seu caráter destrutivo e potencial para gerar dano funcional nos tratos respiratório e digestivo. No Brasil, cerca de 25% dos pacientes com LM são diagnosticados apenas por critério clinico-epidemiológico, o que demonstra a dificuldade de acesso ao diagnóstico laboratorial adequado, sendo ainda mais preocupante devido a toxicidade do tratamento. Considerando a restrição das técnicas disponíveis, que ainda exigem procedimentos invasivos para coleta do material biológico, nossa proposta se baseia no desenvolvimento de um Ensaio de imunoabsorção enzimática (ELISA) para detecção de anticorpos para o diagnóstico da LM. Devido à disponibilidade prévia em nosso grupo de pesquisa, serão avaliados os seguintes antígenos recombinantes específicos de Leishmania sp. : Triparedoxina mitocondrial peroxidase (mTXNPx); Proteína homóloga do receptor para cinase C ativada de Leishmania (LACK); Proteína quinase ativada por mitógeno 4 (MAPK4); Proteína de Membrana dos Kinetoplastídeos-11 (KMP-11); Fosfatase ácida secretada (sAcP); Proteína Hipotética (LbPH). Visando a melhor discriminação entre amostras positivas e negativas, inicialmente será conduzida uma padronização do ELISA utilizando cada antígeno recombinante e variados alguns parâmetros relevantes, como a placa de ELISA, a concentração do antígeno utilizada, a diluição das amostras e o tipo e diluição do conjugado. Em seguida, a validação dos ELISAs utilizando cada antígeno será realizada em amostras de painel de soro de pacientes atendidos no Centro de Referência em Leishmaniose (CRL-IRR) com suspeita de LT e acometimento mucoso, que consentiram em participar do projeto. Os resultados de sensibilidade e especificidade obtido para os ELISAs, serão comparados com os do exame direto, cultura, PCR convencional e exame histopatológico. O desenvolvimento desse projeto contribuirá para a produção de um kit protótipo para diagnóstico da LM, capaz de efetivamente aumentar o acesso dos pacientes ao diagnóstico confirmatório da doença no Brasil.
Caracterização taxonômica e distribuição geoespacial das espécies causadoras das leishmanioses em pacientes atendidos no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, de 2016 a 2021
Bolsista: Jayane Gonçalves Nascimento
Orientador(a): LUCIANA DE FREITAS CAMPOS MIRANDA
Resumo: As leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania e podem se apresentar clinicamente como leishmaniose visceral (LV) ou leishmaniose tegumentar (LT). No Brasil, oito espécies de Leishmania são patogênicas para o ser humano, sete relacionadas à LT e uma à LV. No estado do Rio de Janeiro (RJ), Brasil, a espécie mais prevalente é Leishmania braziliensis, no entanto outras espécies já foram descritas de forma autóctone no RJ: Leishmania infantum e Leishmania amazonensis. Recentemente identificou-se um caso autóctone de uma variante genética de Leishmania naiffi isolada de uma paciente de Duas Barras-RJ. A caracterização taxonômica não é realizada rotineiramente, entretanto, considerando a diversidade clínica das leishmanioses e o fato de muitas áreas estarem em sobreposição, a informação sobre a identificação da espécie tem se tornado cada vez mais importante. O Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses possui um banco de amostras de Leishmania spp. criopreservadas. Nosso estudo propõe a identificação etiológica dessas espécies, isoladas de casos humanos nos últimos 6 anos (2016 a 2021), georreferenciar esses casos e construir mapas temáticos com a distribuição espaço-temporal dessas espécies no estado do RJ. A caracterização taxonômica será feita por eletroforese de isoenzimas ou técnicas moleculares. Com esse estudo, esperamos conhecer as espécies responsáveis pela LT e LV humana no RJ e, assim, conhecer se existem outros casos de LT causados por L. amazonensis, L. naiffi, L. infantum ou outras espécies de Leishmania não endêmicas no RJ. Portanto, o conhecimento das espécies de Leishmania circulantes nos hospedeiros humanos, bem como sua distribuição geoespacial serão dados epidemiológicos importantes para a vigilância e controle dessas doenças no estado e no município do RJ.
IDENTIFICAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DA DIVERSIDADE DE VÍRUS EM ÁREA CONTAMINADA POR LIXIVIADO DE RESÍDUOS E SEUS EFEITOS À SAÚDE PÚBLICA
Bolsista: ANNE TORRES DE FARO MOTTA
Orientador(a): CAMILLE FERREIRA MANNARINO
Resumo: Os resíduos sólidos urbanos (RSU) comumente contêm materiais, como seringas e agulhas, restos de curativos, medicamentos, fraldas descartáveis, papel higiênico e secreções, que podem ser fontes de microrganismos - vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos. Nos locais de disposição final de resíduos sólidos, é gerado um efluente, oriundo da solubilização de compostos presentes nos resíduos, pela umidade inicial destes e do eventual aporte de água de chuva. O lixiviado de resíduos sólidos possui difícil biodegradação, características físicas, químicas e biológicas variáveis e potencial elevado de causar contaminação. Enquanto a caracterização físico-química de lixiviados é amplamente estudada, a sua caracterização microbiológica ainda é limitada à identificação de alguns grupos de bactérias e fungos. Embora os manuais da EPA descrevam a persistência de vírus em lixiviados por cultivo celular, a sua detecção e quantificação em lixiviados de RSU resume-se a poucos estudos, iniciados com os pesquisadores deste grupo. Dessa forma, é de grande importância o desenvolvimento de pesquisas versando sobre detecção e quantificação de vírus em lixiviados de resíduos, de forma a contribuir para a determinação de possíveis impactos desse efluente à saúde, além de riscos de exposição para trabalhadores de serviços de manejo de resíduos. Esse projeto se propõe a detectar e quantificar vírus presentes em lixiviado e água subterrânea em área contaminada por resíduos sólidos, buscando avaliar seus possíveis impactos à saúde pública. O estudo permitirá nortear medidas de prevenção e controle para a população residente no entorno da área. Serão avaliadas amostras de lixiviado e água subterrânea oriundas de um lixão encerrado no Estado do Rio de Janeiro. O lixiviado será coletado em três lagoas de acumulação existentes na área. A água subterrânea será coletada em cinco poços de monitoramento instalados no lixão e em um poço de abastecimento localizado em terreno adjacente. Serão realizadas 4 amostragens por ano, uma em cada estação climática, totalizando 36 amostras. As amostras serão processadas, os ácidos nucleicos extraídos e analisados por Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR) utilizando o sistema TaqMan para detecção e quantificação viral. As amostras positivas pelo qPCR serão submetidas a protocolos qualitativos de PCR convencional e sequenciamento para caracterização molecular dos vírus detectados. A infectividade viral será avaliada em cultura de células. Serão ainda identificadas as características físico-químicas do lixiviado e água subterrânea, de forma a identificar possíveis interferentes na detecção viral e/ou preditores da sua presença. Esta pesquisa contribuirá para a determinação de impactos à saúde e ao ambiente causados por lixões encerrados. Espera-se consolidar métodos de detecção e quantificação viral em lixiviados de resíduos sólidos, no sentido de que vírus se tornem importantes indicadores no monitoramento de lixões e aterros sanitários.
Mudanças climáticas e acervos científicos e culturais: estudos de caso
Bolsista: ESTER CAMILO MOREIRA MACIEL
Orientador(a): Carla Maria Teixeira Coelho
Resumo: O acesso pleno da sociedade ao patrimônio científico e cultural depende de sua conservação em longo prazo e das estratégias para sua difusão. No contexto brasileiro vários são os riscos que podem impactar esses bens, levando a perdas muitas vezes irreversíveis. Além dos riscos tradicionalmente reconhecidos - relacionados à ausência de ações periódicas de conservação, ao uso, a ações de criminosos, incêndios, ataque biológico etc. - novos desafios têm surgido para os profissionais responsáveis pela preservação de bens culturais, como o impacto das mudanças climáticas. De acordo com o relatório mais recente do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) as pesquisas comprovam que é inequívoco o impacto causado pela ação humana sobre o planeta, influenciando o aumento da temperatura global. Os resultados desses impactos já observados incluem o aumento do nível do mar e de eventos climáticos extremos, e os cenários projetados para o futuro indicam que tais situações serão potencializadas. Nesse contexto, parece fundamental que o campo do patrimônio cultural contribua para a definição de estratégias de mitigação de riscos relacionados à emergência climática, bem como se comprometa de maneira mais efetiva em reduzir os impactos negativos da ação humana sobre o planeta, contribuindo para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável definida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Diversas instituições vêm se mobilizando para articular o campo do patrimônio cultural nas discussões sobre desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas. O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS) criou um comitê brasileiro sobre Mudanças climáticas. Em 2019 uma rede internacional - a Climate Heritage Network – foi criada visando a integração de instituições interessadas em contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A atuação da rede se baseia na premissa de que a cultura e o patrimônio são afetados pelas mudanças climáticas; e que também constituem um recurso importante para ajudar as comunidades a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer sua capacidade de adaptação. O presente subprojeto dá continuidade à pesquisa iniciada na etapa anterior, que contemplou o levantamento e análise de publicações que abordam o tema das mudanças climáticas e seus impactos para o patrimônio cultural; a identificação de pesquisas realizadas na Fiocruz sobre mudanças climáticas; e análise de informações sobre o perfil climático do campus Manguinhos, onde encontram-se importantes acervos científicos e culturais da instituição. Propõe-se para esse novo ciclo a pesquisa de estudos de caso de acervos científicos e culturais impactados pelas mudanças climáticas. Objetiva-se a análise dos principais danos e processos de deterioração para os acervos decorrentes de alterações no padrão do clima, bem como a identificação das principais estratégias de mitigação e adaptação que vêm sendo adotadas pelas instituições para proteção desses acervos. Para tanto, a metodologia proposta contempla as seguintes etapas: identificação e seleção de estudos de caso de acervos científicos e culturais impactados pelas mudanças climáticas; análise dos principais impactos influenciados pelas mudanças climáticas relatados para os estudos de caso selecionados; análise das estratégias de mitigação de riscos adotadas; compilação das informações no relatório final. O subprojeto se vincula ao projeto de pesquisa “Tecnologias aplicadas à conservação preventiva do Patrimônio das Ciências e da Saúde” do grupo de pesquisa Saúde e Cidade: arquitetura, urbanismo e patrimônio cultural, selecionado pelo Edital de Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa da Faperj em novembro de 2019. Por meio da pesquisa aplicada, da capacitação e da disseminação de conceitos, métodos e técnicas de conservação preventiva o projeto busca contribuir para a disseminação da abordagem preventiva para o patrimônio cultural brasileiro.
Estudo via simulação de Dinâmica Molecular do complexo formado entre o scFv e a proteína de membrana CD22, avaliando uma mutação no scFv em relação ao ganho de afinidade
Bolsista: Axel Jhonantam Oliveira Lima
Orientador(a): Marcos Roberto Lourenzoni
Resumo: Os CARs são moléculas de proteína recombinante que podem ser expressas em células imunológicas, especificamente em linfócitos T, por meio de métodos de tecnologia do DNA recombinante (1). O CAR possui a função de redimensionar a ação dos linfócitos T contra células alvo, como células cancerígenas, as quais possuem em sua superfície um antígeno específico (2). De uma forma geral, os CARs são constituídos por três domínios ou porções, conforme a Figura 1, que mostra as diferentes gerações de CAR, sendo o mais usado o de segunda geração. Importante destacar que o domínio extracelular contém um fragmento variável de cadeia única (scFv) e o hinge. O scFv é formado pelas porções VL e VH (domínio variável da cadeia leve e pesada) de um anticorpo monoclonal (mAb) e um linker; e é responsável pelo reconhecimento ao antígeno expresso pela célula cancerígena (3). O scFv é o ponto focal dessa proposta, mas é necessário estudar a interface scfv/Cd22. Em geral, o CAR anti-CD22 aprovado para testes clínicos (NCT02588456, NCT02650414 e NCT02315612) utiliza um scFv em sua porção extracelular proveniente do mAb M971 (4). Nesses testes clínicos os CARs anti-CD22 que utilizam scFvs derivados de M971 tem conectados entre domínios VH e VL do scFv de M971 um linker curto (GGGGS) e longo (GGGGS)4, sendo o scFv de linker curto o que possui maior afinidade pelo receptor CD22, uma vez que o linker curto nesse scFv proporciona a formação de nanoclusters. De acordo com o trabalho desses pesquisadores, a mutação Y52R aumentou a afinidade de ligação do complexo scFv-CD22 em 5 vezes (KD = 5 nM). O aumento na afinidade observado torna a mutação Y52R promissora para aplicação em scFvs de CARs anti-CD22 e CARs Bi específicos anti-CD19/CD22. Existem duas principais técnicas computacionais que objetivam estimar a afinidade de ligação, são elas: técnica de Mecânica Molecular de Poisson-Boltzmann com Solvatação da Área de Superfície (MM/PBSA) e método de Força Adaptativa (ABF). As técnicas MM/PBSA e ABF podem ser utilizadas para calcular os valores de energia livre de ligação entre o scFv de M971 e o CD22, a fim de comparar com os resultados experimentais obtidos por Ereño-orbea e colaboradores (5). Assim, tem-se a possibilidade de validar a proposição da mutação Y52R, descrita como favorável para aplicação em scFv de CARs Bi específicos anti-CD19/CD22. As técnicas mencionadas estão ligadas a simulação de Dinâmica Molecular (DM). Nesse trabalho, vamos usar MM/PBSA pra primeira análise de diferenças de afinidade.
Análise do impacto molecular e fenotípico de mutações observadas em pacientes com diabetes monogênico em uma amostra de pacientes do Rio de Janeiro.
Bolsista: AMANDA FERREIRA DE ANDRADE SILVA
Orientador(a): MARIO CAMPOS JUNIOR
Resumo: Segundo os dados da 10ª edição do Atlas Internacional de Diabetes existem cerca de 537 milhões de adultos com diabetes em todo mundo. O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de adultos com diabetes (20 a 79 anos) afetados pela doença. As formas mais comuns de DM são as multifatoriais, entretanto, formas monogênicas também contribuem para esta doença. O DM monogênico é causado por alterações em um único gene. Dentre as formas monogênicas existentes destaca-se o tipo Maturity Onset Diabetes of the Young” (MODY), que é a forma mais frequente, caracterizada pelo diagnóstico geralmente antes dos 25 anos, histórico familiar com segregação autossômica dominante e defeito primário na célula ?-pancreática. Sabe-se que até o presente, 14 formas de MODY foram descritas. (GCK, HNF1A, HNF4A e HNF1B correspondem à maioria dos casos. Já alterações nos genes PDX1, NEUROD1, KLF11, CEL, PAX4, INS, BLK, ABCC8, KCNJ11 e APPL1). Além das formas já descritas e associadas à MODY, outros genes têm sido associados a formas monogênicas da doença, como é o caso do gene RFX6. Diante disso, o projeto tem por objetivo o estudo molecular do gene RFX6 na população brasileira como causa de diabetes monogênico. Nesse estudo foi incluída uma amostra de 40 pacientes brasileiros, não aparentados e de ambos os sexos, com características clínicas de diabetes monogênico e previamente testado negativo para os genes mais comuns de MODY. Para o desenho de oligonucleotídeos que contemplassem toda a região codificante do gene foram realizadas buscas em banco de sequencias pelo gene RFX6. Os primers foram desenhados a partir da utilização do algoritmo Primer3Plus. Para o estabelecimento do método de rastreamento molecular por sequenciamento de Sanger foi realizada a reação em cadeia da polimerase (PCR) para a amplificação de duas regiões genômicas que contêm parte da sequência codificante do gene RFX6. Até o momento, 10 amostras foram amplificadas do éxon 3 e 11 amostras foram amplificadas para o éxon 4. Em seguida iremos realizar a amplificação das demais amostras desse gene, bem como das regiões restantes. Assim, esperamos descrever novas mutações patogênicas no gene estudado como causa de diabetes raros na população brasileira.
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