Bolsista: LARA CORREA UMPIERRE HENRIQUES
Orientador(a): MARIA DE LOURDES AGUIAR OLIVEIRA
Resumo: Dados a morbimortalidade, impacto econômico e o potencial pandêmico, a gripe e a COVID-19 compõe programas de vigilância da OMS e MS1–3. Juntamente com outras viroses respiratórias figuram dentre as principais causas de absenteísmo4–7.
Essas viroses apresentam amplo espectro clínico, variando de infecções assintomáticas ao óbito8–10. Após a exposição viral, o período de incubação da gripe costuma ser curto (até 1-4, média 2 dias) em contraste com a COVID-19 (entre 1-14, média 5-6dias)11,12. Cerca de 48.0% e 80.0% dos pacientes podem ser assintomáticos, respectivamente9,13,14 e capazes de transmitir o vírus. As categorias sob maior risco para doença grave/exposição, figuram idosos, indivíduos com comorbidades, gestantes e profissionais de saúde10,15–17.
Esses vírus apresentam alta transmissibilidade18,19 e são disseminados de pessoa a pessoa por gotículas de saliva, secreção respiratória ou aerossóis20,21 e, por contato indireto através de superfícies e objetos contaminados22,23. Podem se manter viáveis e superfícies sólidas por algumas horas21,23,24, sendo ainda excretados nos sistemas de escoto e no ambiente, onde a presença do RNA viral torna-se indicador da presença de infectados no território.
A epidemiologia baseada em esgoto tem sido usada com sucesso para o monitoramento de patógenos no nível populacional25–27. Muitos países do norte global adotaram o monitoramento sistemático de vírus respiratórios, Poliovírus e outros vírus de relevância pública em águas residuais28,29.
Diversos estudos evidenciaram que o aumento da concentração de SARS-CoV-2 em águas residuais precede o aumento da incidência de novos casos na comunidade, consistindo num sistema eficiente de alerta precoce26,30,31. Assim, a vigilância ambiental é estratégica para o monitoramento da dinâmica epidemiológica e evolutiva viral32.
A vigilância ambiental também permite monitorar a introdução de novas variantes virais 33–35 e com real representatividade temporal e geográfica. Portanto, constitui uma abordagem estratégica para acompanhamento efetivo da dinâmica epidemiológica e evolutiva viral, de modo a aperfeiçoar a nossa capacidade de intervenção e resposta.
O presente projeto consiste em estudo piloto para o monitoramento da circulação de vírus respiratórios (SARS-CoV-2, Influenza) em esgoto coletado em 3 pontos estratégicos da cidade do Rio de Janeiro. Essa abordagem ainda não se encontra implementada no contexto da vigilância em saúde no município, de modo que constitui objeto de interesse e colaboração entre da Secretaria Municipal de Saúde e o Laboratório de Referência Nacional (Ministério da Saúde) e Internacional (OMS) para Virus Respiratórios e Enterovírus da Fiocruz.
Essas informações são centrais para a construção e implementação do modelo de vigilância baseada em esgoto enquanto sistema de alerta precoce no nosso município e no país – uma inovação relevante no contexto da vigilância em saúde e central para o enfrentamento
e resposta à surtos, epidemias e emergências sanitárias.