Bolsista: bárbara alves de brito soledade
Orientador(a): Isabele Barbieri dos Santos
Resumo: O enriquecimento ambiental (EA), definido como "qualquer medida que promove a expressão de tipos de comportamento naturais específicos da espécie”, apresenta-se como alternativa para a manutenção das condições de bem-estar animal (BEA), mitigando o efeito do confinamento dos animais em experimentação, ajudando a prevenir a ansiedade, frustração e estresse crônico. A legislação brasileira recomenda que o EA deve ser fornecido como parte dos cuidados de rotina dos animais utilizados para pesquisa e ensino. Uma das principais consequências da ausência/redução do BEA para a pesquisa é o comprometimento da fidedignidade dos dados. Há diversos relatos associando a redução da agressividade dos animais em experimentação (redução de estresse, lesões e óbitos) com o uso adequado de itens de EA. O objetivo deste estudo é avaliar se a implantação de itens de enriquecimento ambiental de fácil manejo e baixo custo selecionados, no alojamento de camundongos das linhagens Swiss Webster, C57BL6 e BALBc, albergados no Centro de Experimentação Animal, implica na diminuição do estresse, aumento do BEA e consequentemente na melhoria dos resultados das pesquisas desenvolvidas pelo IOC/FIOCRUZ. Como objetivos específicos temos: Elaborar um etograma para camundongos; Avaliar a efetividade dos itens de enriquecimento ambiental para camundongos. Os itens de EA selecionados foram feno, túnel de PVC, rede (máscaras cirúrgicas sem o arame), papel pardo (originado de sacos que acondicionam material utilizado para forração das gaiolas dos animais), divisórias de papelão e sementes de girassol. Todos estes itens foram selecionados porque apresentam baixo custo, fácil manuseio e higienização, permitindo esterilização, o que facilita sua implantação e permanência na rotina de manutenção dos animais do CEA/IOC. Para cada linhagem de camundongo (Swiss Webster, C57BL6 e BALBc), foram selecionados 16 animais, divididos em dois grupos (ambos compostos por 4 machos e 4 fêmeas): grupo 1 experimental, para o qual foi fornecido o feno e grupo 2 controle onde não foi oferecido o feno. Os animais foram separados ao acaso, faixa etária adulta e com média de peso de 20g. O ambiente de alojamento manteve a temperatura média de 22C e fotoperíodo controlado por dispositivo eletrônico (12 horas de luz e 12 horas sem luz). O feno foi oferecido previamente autoclavado e divididos em porções de aproximadamente 12g, para cada gaiola, permanecendo pelo período de 7 dias, sendo substituído por nova porção por mais 7 dias. Os procedimentos adotados no estudo seguiram as normas internacionais de bem-estar, sendo executados conforme a legislação brasileira licenciado com número de L-043/2016 pelo Comitê de ética em uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) da Fiocruz. Todos os animais acompanhados tanto do grupo 1 que receberam feno como enriquecimento, como do grupo controle, apresentaram temperatura corporal normal e não apresentaram perda de peso. Foi elaborado um etograma onde oram listados possíveis comportamentos normais e estereotipias dos camundongos como: ALIMENTAÇÃO = ingestão de ração e água; FISIOLÓGICO = defecar/urinar; AUTO CUIDADO = Lamber-se, coçar-se, alisar-se (passar pata na cabeça); AGONÍSTICO = brigar; EXPLORATÓRIO = lambendo a grade da tampa, lambendo o bico do bebedouro, cheirando as grades, mordendo a grade, cheirando o ar, mordendo o comedouro; ATIVO = acordado; INATIVO = dormindo (sleep); PLAY = correndo, saltando e rolando c/ outro indivíduo. ANORMAL = lamber-se excessivamente; INTERAÇÃO SOCIAL - cheirar ou lamber outro indivíduo, vocalização; INTERAGIR C/ ENRIQ.AMBIENTAL= EA). Espera-se que a implantação e manutenção destes itens de EA diminua o estresse, aumente o BEA dos animais em experimentação do CEA, melhorando consequentemente a qualidade dos dados das pesquisas realizadas no IOC, principalmente aquelas relacionadas com a resposta imune e comportamento do animal. Entretanto, ainda temos poucos resultados para chegarmos a uma conclusão.