Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Estabelecimento de um modelo de Hamster Sírio (Mesocricetus auratus) para a infecção experimental por cepas brasileiras e vacinal do vírus da Febre Amarela
Bolsista: Mariana Barata Viana Tiradentes
Orientador(a): PEDRO PAULO DE ABREU MANSO
Resumo: A Febre Amarela (FA) é uma doença infecciosa associada a um flavivirus que leva à morte milhares de pessoas anualmente. O melhor modelo animal para o estudo da FA são os primatas não humanos, cuja experimentação envolve um alto custo e complexos trâmites regulatórios. Até então, não existe um modelo cricetídeo descrito para cepas brasileiras ou vacinal do vírus da FA, além de não dispormos localmente das cepas até então adaptadas. Neste projeto, pretendemos avaliar o uso do hamster sírio (Mesocricetus auratus) como modelo experimental para infecção por cepas brasileiras e vacinal do vírus da FA. Para tal, os animais serão infectados com as cepas ES-504/BRA/2017 e RJ155, oriundas, respectivamente, dos surtos de FA no Espírito Santo em 2017 e no Rio de Janeiro em 2019, e com a cepa vacinal 17DD. A fim de avaliar a susceptibilidade deste modelo à infecção experimental, durante sete dias após a infecção será realizada a avaliação clínica dos animais; a análise histopatológica e a investigação do RNA viral pela reação em cadeia pela polimerase (PCR) convencional em diferentes tecidos. O aprofundamento de um modelo experimental em Mesocricetus auratus utilizando cepas brasileiras e vacinal contribuirá para o desenvolvimento de drogas e novas vacinas contra febre amarela.
Obesidade monogênica não sindrômica: Análise do gene SH2B1 e caracterização do perfil imunometabólico
Bolsista: IZADORA STHEPHANIE DA SILVA ASSIS
Orientador(a): ANA CAROLINA PROENCA DA FONSECA
Resumo: Introdução: A obesidade é uma doença complexa definida pelo acúmulo de gordura corporal devido ao desequilíbrio energético. Tendo se então, um consumo calórico maior que o gasto energético por um período prolongado. Essa patologia está relacionada a diversos fatores, como: dieta hipercalórica, sedentarismo, cultural, medicamentos, estrutura social, genética, dentre outros. Com relação aos fatores genéticos, a obesidade pode ser classificada em dois tipos: poligênica e monogênica. A obesidade monogênica não sindrômica, forma rara e grave, é caracterizada pela presença de variantes de grande efeito em um único gene, resultando no fenótipo grave de obesidade e de início precoce. Nesta forma de obesidade, as alterações genéticas estão presentes em genes que atuam na via leptina-melanocortina, como SH2B1. Esse gene contém 9 exóns e se encontra localizado no braço curto do cromossomo 16. Ele codifica uma proteína adaptadora contendo dois domínios denominados de Src homologia 2 (SH2) e pleckstrina (PH). Essa proteína tem o papel de mediar a sinalização celular em resposta a múltiplos hormônios, em especial os fatores de crescimento e citocinas. A importância do SH2B1 para obesidade é visto em estudos com camundongos, no qual a deleção do gene resultou em obesidade precoce grave e resistência à insulina (Rui L. et al. 2005). Em humanos, Doche e colaboradores (2012) avaliaram uma coorte de ascendência europeia e identificaram variações potencialmente patogênicas em heterozigose em 5 indivíduos. Esses pacientes apresentavam obesidade de início precoce, hiperfagia, atrasos no desenvolvimento da fala e linguagem, e comportamento agressivo. Essas variantes estavam segregando com a doença em outros familiares analisados. Objetivo: Dessa forma, o projeto tem como objetivo investigar variantes raras e potencialmente patogênicas no gene SH2B1 em uma amostra de indivíduos com obesidade de início precoce, no intuito de identificar pacientes com a forma Mendeliana não sindrômica da obesidade. Ademais, realizaremos uma caracterização fenotípica através da dosagem de hormônios e citocinas inflamatórias, a fim de aprofundar o conhecimento imunometabólico destes pacientes. Metodologia: A amostra é composta por 122 pacientes com obesidade grave e que desenvolveram esse fenótipo na infância; e também 100 pacientes eutróficos para que possamos aprofundar as análises de patogenicidade. Devido ao período da pandemia, o projeto foi dividido em uma fase prática e outra remota. Com isso, iniciei no projeto de modo remoto, primeiramente aprendendo a como utilizar o banco de dados Ensembl, como desenhar primers e analisar um eletroferograma. Após esse período de conhecimento prévio, comecei a realizar as análises in sílico com os resultados dos experimentos. Em paralelo, uma parte experimental do projeto estava sendo realizada pela minha orientadora, que obteve resultados através da amplificação das regiões por PCR e sequenciamento, pelo método de Sanger automático. Resultados: Até o momento, foi realizado o rastreamento dos 122 pacientes para o exóns 3, 4, 5, 7 e 8. Nessas análises identificamos 4 variantes missense [p.(Ala99Val), p.(Val345Met), p.(Ser410Phe), p.(Arg630Gln) e p.(Ala663Val)], sendo 2 potencialmente patogênicas. Fizemos o rastreamento dessas variantes na amostra de controles. Entramos em contato com a família do paciente portador da variante p.(Arg630Gln), realizamos a análise do heredograma e estamos finalizando a investigação genética para fazermos a análise de segregação. Perspectiva: Após toda análise dos resultados do sequenciamento e da patogenicidade das mutações, pretendemos iniciar a caracterização do perfil imunometabólico dos pacientes carreadores de variantes. Além disso, mesmo com resultados parciais, aspiramos divulgá-los em algum evento científico e/ou congresso.
Monitoramento de infecções pelo SARS-CoV-2 e Influenza em trabalhadores da saúde e no ambiente laboral, no contexto de retorno às atividades presenciais
Bolsista: LARA CORREA UMPIERRE HENRIQUES
Orientador(a): MARIA DE LOURDES AGUIAR OLIVEIRA
Resumo: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Dados a morbimortalidade, impacto econômico e o potencial pandêmico, a gripe e a COVID-19 compõe programas de vigilância da OMS e MS1,2. Juntamente com outras viroses respiratórias figuram dentre as principais causas de absenteísmo3–5. As viroses apresentam amplo espectro clínico, variando de infecções assintomáticas ao óbito6,7. Após a exposição viral, o período de incubação da gripe costuma ser de 1-4 dias, em contraste com a COVID-19 (1-14 dias)8,9. Cerca de 48.0% e 80.0% dos pacientes podem ser assintomáticos, respectivamente6,10,11 e capazes de transmitir o vírus. Dentre as categorias sob maior risco para doença grave/exposição, figuram idosos, pessoas com comorbidades, gestantes e trabalhadores da saúde12,13. Os últimos foram fortemente afetados durante a pandemia14 - com maior risco de transmissão no ambiente laboral, e impacto nos sistemas de saúde15. Esses vírus apresentam alta transmissibilidade16,17. São disseminados entre pessoas por gotículas de saliva, secreção respiratória ou aerossóis18,19 , e por contato indireto através de superfícies e fõmites20,21 – já que podem sobreviver no ambiente21,22. O projeto propõe monitorar as infecções por SARS-CoV-2 e Influenza em colaboradores sintomáticos e assintomáticos do IOC/Fiocruz e potenciais fatores de risco; as VOCs do SARS-CoV-2 e a presença de indicadores no ambiente/fômites, buscando fortalecer a vigilância no ambiente laboral. Ainda, esperamos subsidiar a orientação de medidas voltadas à redução do risco de transmissão e promoção da saúde, no âmbito da nossa comunidade. OBJETIVOS • Monitorar as infecções por SARS-CoV-2 e Influenza em colaboradores do IOC • Explorar fatores/comportamentos de risco associados a essas viroses • Monitorar a presença de RNAviral no ambiente laboral • Monitorar VOCs (SARS-CoV-2) na população METODOLOGIA Nesse estudo transversal prospectivo, voluntários serão convidados à coleta de amostra clínica e dados clinico-epidemiológicos. Serão coletadas amostras ambientais utilizando swab. Após extração de RNA, a detecção molecular de SARS-CoV-2 e Influenza A e B será realizada por RT-PCR em tempo real. Amostras positivas serão submetidas à inferência de VOCs por RT-PCR em tempo real. Após análise exploratória dos dados, possíveis associações entre as variáveis de interesse e os desfechos serão exploradas por analise bi-/multivariada (SPSS, v19). CRONOGRAMA Atividade Duração (Mês) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Treinamento QBA, coleta de amostras e ensaios Coleta de amostras e dados Extração de RNA Detecção molecular viral Registros em banco de dados Pesquisa bibliográfica Elaboração de posters, relatório, artigo REFERÊNCIAS 1. World Health Organization. Pandemic Influenza Risk Management Guidance. (2017). 2. Young, M. Infect Dis Ther 10, 35–45 (2021). 3. Kuster, S. P. Infect. Control Hosp. Epidemiol. 42, 268–273 (2021). 4. Gholami, M. International Journal of Infectious Diseases 104, 335–346 (2021). 5. Dzinamarira, T. IJERPH 19, 146 (2021). 6. Ge, H. Eur J Clin Microbiol Infect Dis 39, 1–9 (2020). 7. Zambon, M. Medicine 42, 45–51 (2014). 8. WHO. Coronavirus disease 2019 Situation Report 73. (2020). 9. Thompson, C. Medicine 37, 679–685 (2009). 10. Caini, S., Influenza Other Respir Viruses 12, 780–792 (2018). 11. Bénet, T. Clin Infect Dis 72, e311–e318 (2021). 12. Morrow-Howell, N., J Aging Soc Policy 32, 526–535 (2020). 13. Crook, BMJ 374, n1648 (2021). 14. Mas Romero, M. PLoS ONE 15, e0241030 (2020). 15. Gabutti, G., doi:10.6084/M9.FIGSHARE.11994465. 16. Li, Q. N Engl J Med 382, 1199–1207 (2020). 17. Li, P. Int. J. Infect. Dis. (2020) doi:10.1016/j.ijid.2020.03.027. 18. Cheng, V. Infect Control Hosp Epidemiol 41, 493–498 (2020). 19. Killingley, B. Influenza Other Respir Viruses 7, 42–51 (2013). 20. World Health Organization. Modes of transmission of virus causing COVID-19:implications for IPC precaution recommendations. (2020). 21. van Doremalen, N. N. Engl. J. Med. (2020) doi:10.1056/NEJMc2004973. 22. Weber, T. P. Journal of Infection 57, 361–373 (2008).
DOR DENTÁRIA ENTRE ADULTOS A PARTIR DE 50 ANOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS FATORES INDIVIDUAIS A PARTIR DO ELSI-BRASIL
Bolsista: JULIA MOURA DE MIRANDA COELHO
Orientador(a): Rafael da Silveira Moreira
Resumo: O fenômeno mundial de envelhecimento populacional explicita alterações psicológicas, biológicas e sociais, exigindo dos profissionais de saúde uma atuação cada vez mais assertiva, de maneira a minimizar o impacto que esse contexto de fragilidade e vulnerabilidade estabelecem sobre a qualidade de vida dos indivíduos. Este estudo tem como objetivo investigar a prevalência de dor dentária entre adultos brasileiros a partir de 50 anos de idade e sua associação com fatores individuais. Trata-se de um estudo transversal utilizando dados secundários do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz – Minas Gerais (FIOCRUZ-MG) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A amostragem aplicada no ELSI foi do tipo complexa (por conglomerados), sendo representativa para a população não institucionalizada dentro da faixa etária elegível. Todos os dados obtidos foram coletados entre os anos de 2015-2016 a partir de instrumentos aplicados voltados às características dos domicílios, dos indivíduos residentes e às medidas físicas dos participantes. Na presente abordagem, serão realizadas análises simples e múltipla de associação entre a variável “presença de dor de dente nos 6 meses anteriores à pesquisa” (Sim/Não) e diversos aspectos individuais relacionados às características sociodemográficas, de vizinhança do indivíduo, de trabalho e aposentadoria, de saúde geral e doenças, de saúde bucal, psicossocial, do uso de serviços de saúde e de medidas físicas. Os dados coletados serão organizados no programa estatístico SPSS 20.0® para desenvolvimento da estatística descritiva e analítica e os resultados da análise serão apresentados por meio de gráficos e tabelas. Assim, este trabalho se propõe a contribuir com a qualificação da atenção à saúde, tanto por abordagens assistenciais, como por abordagens no âmbito da gestão, que considerem as repercussões do contexto de envelhecimento a ser aqui apresentado.
Determinação da susceptibilidade à antimicrobianos de isolados de portadores de Neisseria meningitidis. Análise molecular dos mecanismos de resistência.
Bolsista: RAYANA SALES AZEVEDO
Orientador(a): Ivano Raffaele Victorio de Filippis Capasso
Resumo: A Doença Meningocócica (DM) apresenta uma série de sintomas, variando de febre alta, rigidez de nuca, petéquias, e pode se apresentar de duas formas: meningite e septicemia. O agente etiológico da DM é a Neisseria meningitidis (Nm), um diplococo Gram-negativo que pode ser encontrado na nasofaringe nos seres humanos que é seu único hospedeiro. A Nm pode ser classificada em 12 sorogrupos, mas os mais comuns são os tipos A, B, C, Y e W135. O objetivo principal deste estudo, é pesquisar a ocorrência de cepas de meningococos com susceptibilidade reduzida aos antibióticos beta-lactâmicos (penicilina, ampicilina, amoxicilina, cefotaxima e ceftriaxona), às quinolonas (ácido nalidíxico, levofloxacina e ciprofloxacina), cloranfenicol, azitromicina e rifampicina, isoladas de portadores assintomáticos de N. meningitidis na faixa etária de 15 a 35 anos no Rio de Janeiro. Essas linhagens estão preservadas na coleção de pesquisa do INCQS/FIOCRUZ. As cepas a serem analisadas foram objeto de estudo de uma tese de doutorado do Laboratório de Microrganismos de Referência do INCQS (LMR/INCQS). As cepas com diminuição da susceptibilidade, serão avaliadas quanto aos mecanismos de resistência para os antibióticos beta-lactâmicos, quinolonas, e rifampicina. Para os beta-lactamicos serão investigados a presença de genes produtores de beta-lactamase ou mecanismos de resistência associados à modificação da Proteína Ligadora de Penicilina (PBP) pelo sequenciamento do gene e posterior tradução para determinação de possíveis mutações. Par os outros antibióticos, os mecanismos de resistência a serem investigados, serão a modificação da proteína-alvo dos antibióticos, também pelo sequenciamento do gene e tradução da proteína. Os resultados obtidos serão de grande importância para conhecermos os níveis de susceptibilidade e os mecanismos de resistência de cepas de portadores com susceptibilidade reduzida aos principais antibióticos usados no tratamento e na profilaxia das doenças causadas por meningococos e o possível potencial de disseminação de cepas virulentas na população estudada.
ANÁLISE DE DADOS DE SEQUENCIAMENTO DE AMOSTRAS DO AR CAPTURADOS POR DRONES
Bolsista: LUDIMILLA VITORIA LEONEL LOPES
Orientador(a): Antônio Mauro Rezende
Resumo: A abordagem de metagenômica se caracteriza por utilizar o sequenciamento de ácidos nucléicos para avaliar a microbiota de determinados ambientes e compartimentos. Essa estratégia é principalmente usada para a prospecção e identificação de microrganismos com o menor viés possível, pois essa caracterização independe de métodos de cultivo normalmente utilizados em estudos sobre a microbiota. No que tange a poluição do ar e os seus malefícios para a saúde humana, os resultados que serão produzidos no presente trabalho, tem como objetivo principal compreender a dinâmica dos microrganismos em sua totalidade levando em consideração os fatores abióticos e a interação destes micróbios em comunidade no ambiente aéreo. Além disso, assimilar de que maneira a intervenção humana modifica a atividade destes organismos pode fornecer embasamento científico para que entidades adotem uma postura profilática no que diz respeito a possíveis patologias e alterações climáticas relacionadas aos microrganismos presentes no ar. Atualmente, as coletas de materiais do ambiente aéreo são realizadas utilizando grandes equipamentos que são fixados em edifícios, logo são realizadas coletas localizadas sem alteração do ponto geográfico e sem variações na altitude da coleta. Uma vez que a localização geográfica e a altitude influenciam de forma direta em diversas variáveis abióticas do ambiente, propomos aqui o desenvolvimento de uma abordagem inovadora para monitoramento microbiológico do ar, utilizando aeronaves não tripuladas, de pequeno porte, popularmente conhecidas como drones, associadas à coleta de ar e posterior análise utilizando sequenciamento de DNA de Nova Geração para avaliação das comunidades microbianas encontradas em diversas regiões da cidade do Recife - PE em diversas altitudes.
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