Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
IMPACTO DE DIFERENTES TRATAMENTOS NA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM LEISHMANIOSE
Bolsista: Ana Júlia Gonzaga da Costa
Orientador(a): Sarah Nascimento Silva
Resumo: Introdução: As leishmanioses são doenças negligenciada causadas por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania e que se manifestam principalmente nas formas visceral (mais grave e letal) e cutânea (que pode gerar cicatrizes desfigurantes e estigmatizantes). Além da dificuldade de acesso ao diagnóstico e tratamento, o arsenal terapêutico para tratamento das leishmanioses ainda é muito restrito e relacionado a alta taxa de toxicidade, o que acarreta agravamento da morbidade da doença, com significativo impacto na qualidade de vida dos pacientes acometidos. A “Qualidade de Vida (QV)” é um desfecho em saúde avaliado nas análises de custo-utilidade (ACU) que mede os Anos de Vida Ajustados pela Qualidade (AVAQ), por meio de diferentes instrumentos, possibilitando a comparação de diferentes tipos de desfechos e doenças. Objetivos: Avaliar o impacto das várias formas clínicas de leishmaniose e do tratamento da doença na qualidade de vida de pacientes atendidos no Centro de Referência em Leishmaniose (CRL) do Instituto René Rachou (IRR) da Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais (Fiocruz-Minas). Métodos: Pacientes adultos e adolescentes com diagnóstico de leishmaniose durante um ano não epidêmico em serviço de referência em Belo Horizonte serão submetidos ao questionário EQ-5D-3L, questionário socioeconômico e ao Cutaneous leishmaniasis impact questionnaire (CLIQ), antes, durante e depois do tratamento para leishmaniose. Resultados Esperados: Espera-se reconhecer diferenças de impacto na qualidade de vida relacionadas às diversas formas clínicas de leishmaniose, características dos pacientes e tratamento realizado, o que poderia no futuro subsidiar intervenções em saúde pública, incluindo algoritmos terapêuticos, a fim de mitigar a morbidade gerada pela doença.
Inquérito de detecção de SARS-CoV-2 em crianças ? 5 anos que vivem na floresta amazônica, associação com gastroenterite aguda e com o perfil secretor (gene FUT2) de comorbidade para a diabetes tipo 1
Bolsista: BRUNO LORETO DE ARAGAO PEDROSO
Orientador(a): MARCIA TEREZINHA BARONI DE MORAES E SOUZA
Resumo: A gastroenterite aguda (GA) é uma doença comum que afeta pessoas de todas as idades, com complicações potencialmente graves, em crianças ? 5 anos (jovens crianças), que são mais vulneráveis à desidratação. É um problema de saúde mundial e do Brasil. Em cerca de 40% das amostras de crianças com GA há a detecção de um agente viral. Os principais são rota- e norovirus. A GA está associada à infecção pelo SARS-CoV-2 em 50% dos casos. Indivíduos acima de 45 anos são mais susceptíveis a severidade da Covid-19, principalmente se apresentam comorbidades como a hipertensão e diabetes tipo 1. A frequência de SARS-CoV-2 em jovens crianças (? 5 anos) carece de informações. Polimorfirmos de base única (SNP) no gene FUT2 pode determinar o status não secretor sendo um fator de susceptibilidade genética para a diabetes tipo 1. Este subprojeto visa detectar SARS-CoV-2 por transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real (qRT-PCR) em fezes e saliva de jovens crianças e verificar a presença do SNP rs601338 (G428A) no gene FUT2 utilizando as amostras de saliva contendo células da mucosa bucal (DNA cromossomial). As jovens crianças deste estudo foram atendidas na emergência do Hospital da Criança de Santo Antonio (HCSA), no estado de Roraima, no período de pandemia, nos meses de junho e julho de 2021; 404 amostras de casos (101 crianças com GA, 202 amostras/fezes e saliva) e controle (101 crianças com infecção respiratória aguda, 202 amostras/fezes e saliva) foram coletadas em paralelo. A hipótese deste projeto é que jovens crianças são portadoras assintomáticas de SARS-CoV-2 mesmo apresentando susceptibilidade para a comorbidade diabetes tipo 1, não representando reservatória da infecção. As informações obtidas com este subprojeto poderão servir para decisões quanto a prioridade em vacinar o grupo de crianças aqui representado, da população de etnia indígena vivendo em regiões de vulnerabilidade.
Papel da região C-terminal da proteína VgrG4 de Klebsiella pneumoniae na infecção em macrófagos
Bolsista: AMANDA DA SILVA SARMENTO
Orientador(a): LETICIA MIRANDA LERY SANTOS
Resumo: Klebsiella pneumoniae é uma bactéria Gram-negativa, encapsulada, ubíqua, pertencente à família Enterobacteriaceae. É uma bactéria comensal do trato gastrointestinal humano, que pode ser um patógeno oportunista causando infecções hospitalares e infecções adquiridas na comunidade. Infecções causadas por K. pneumoniae têm gerado grande preocupação aos órgãos de saúde pública mundial, devido a alta frequência de isolados resistentes a múltiplo antimicrobianos, bem como de isolados simultaneamente hipervirulentos e multiresistentes. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu as Enterobacteriaceae resistentes a carbapenemos e produtoras de beta-lactamases de espectro extendido (como a K. pneumoniae) na lista de patógenos prioritários para o estudo e desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas. Este projeto tem como objetivo gerar conhecimento sobre mecanismos moleculares envolvidos na interação bactéria-hospedeiro, que possam servir de base para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. A capacidade de isolados dessa espécie causarem infecções tem sido relacionada principalmente a sua habilidade em evadir respostas do sistema imune, através de fatores de virulência. Um dos fatores de virulência presente em K. pneumoniae é o Sistema de Secreção do Tipo VI (T6SS). O T6SS é um complexo macromolecular contrátil, capaz de translocar moléculas efetoras do citoplasma bacteriano para o meio extracelular ou para o interior de uma célula alvo. A proteína VgrG apresenta ~700 aminoácidos e forma trímeros que localizam-se na ponta do T6SS. Algumas VgrGs apresentam uma sequência adicional variável em seu C-terminal, conferindo uma função efetora. Assim, a proteína VgrG é um dos componentes do T6SS diretamente relacionados à sua atividade funcional. Em K. pneumoniae já foi mostrado que VgrG4 da cepa CIP52.145 é um importante efetor com atividade antibacteriana, conferindo vantagens competitivas a K. pneumoniae contra bactérias e leveduras. Essa VgrG4 possui uma extensão C-terminal (VgrG4-CTD) de 138 aminoácidos, que não apresenta nenhuma similaridade com proteínas de função conhecida. Nosso grupo mostrou recentemente que a VgrG4-CTD é capaz de interagir com proteínas do hospedeiro, principalmente proteínas relacionadas ao citoesqueleto, como a actina. Mostramos que essa interação foi capaz de remodelar o citoesqueleto de actina de macrófagos que foram estimulados com a proteína VgrG4-CTD. Esse projeto tem como principal objetivo dar continuidade aos estudos já iniciados pelo nosso grupo, contribuindo para a compreensão do papel desse rearranjo do citoesqueleto celular para a destino da infecção. Assim, pretendemos determinar a dinâmica da sobrevivência de K. pneumoniae em macrófagos estimulados com a VgrG4-CTD; verificar se a VgrG4-CTD modula a expressão ou secreção das citocinas IL-10, IFN-gamma e ativação do fator transcricional STAT6; e determinar se a VgrG4 é translocada pelo T6SS quando K. pneumoniae está contida em vacúolos KCV e/ou também por bactérias extracelulares. A compreensão deste mecanismos pode futuramente embasar novas abordagens terapêuticas para o tratamento de infecções causadas por bactérias resistentes.
IDENTIFICAÇÃO DE GENES ALVOS PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE PULMONAR
Bolsista: Camilly Beatriz Guedes de Andrade
Orientador(a): Sergio Marcos Arruda
Resumo: Tuberculose (TB) é uma doença transmissível causada pelo Mycobacterium tuberculosis (Mtb). O diagnóstico da TB nos postos de atendimento ainda é considerado um desafio. Nos últimos anos, surgiram novos métodos diagnósticos como o Xpert MTB/RIF® e, mais recentemente o XpertUltra®. Embora estes testes apresentem boa sensibilidade, se comparada com a baciloscopia e a cultura, o alto custo dos equipamentos impõe limitações para o seu amplo uso nas redes de atenção básica. Diferente de outras bactérias, uma característica peculiar do Mtb e que pode ser explorada para o desenvolvimento de novas ferramentas diagnósticas é a sua parede celular rica em lipídios. Grande parte da capacidade codificante do genoma bacteriano é dedicado a biossíntese, degradação e transporte destas moléculas. Em análise multi-ômica de macrófagos estimulados pelos lipídios do Mtb, identificamos que o extrato lipídico modula, simultaneamente, a expressão de genes envolvidos na ativação e controle da família de citocinas IL-1, polarização de macrófagos M1 e M2 e a diferenciação de linfócitos T para os subtipos Th1, Th2 e Th17. Essas análises revelaram que os lipídios do Mtb induzem um perfil de expressão gênica único, se comparado com outras infecções pulmonares. Assim, o objetivo principal desse trabalho é avaliar a expressão de genes alvos, provenientes das análises das ômicas, em macrófagos derivados de células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de pacientes com tuberculose e sadios, em estímulo aos lipídios do Mtb, como marcadores moleculares candidatos para o diagnóstico da tuberculose pulmonar. A nossa perspectiva é identificar um conjunto de genes que podem ser explorados para o desenvolvimento de assinaturas com alta especificidade para o diagnóstico da TB.
Estudo dos mecanismos envolvendo as alterações microvasculares em modelo experimental de doença de Chagas aguda.
Bolsista: KEYLA RODRIGUES NOVAES VENUTO
Orientador(a): Luciana Lopes de Almeida Ribeiro
Resumo: A doença de Chagas (DC) é uma doença negligenciada causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909). Afeta cerca de 7 milhões de pessoas no mundo, sendo endêmica na América Latina. No Brasil, cerca de 2 a 3 milhões de pessoas estão infectadas (WHO, 2017). A doença é dividida em duas fases. A fase aguda é caracterizada por parasitemia patente com intensa resposta inflamatória e a fase crônica por parasitemia muito baixa acompanhada da presença de parasitas nos tecidos (Rassi et al, 2011). A cardiomiopatia é a principal manifestação clínica da DC. Porém alterações neurológicas também observadas, como meningoencefalite, principalmente em crianças e pacientes imunossuprimidos na fase aguda e o acidente vascular cerebral isquêmico na fase crônica, que pode ser associado com alterações da microcirculação cerebral (MCC) (Pittella, 1993; Carod-Artal et al., 2007; Py, 2011). Ainda, 38,4% de indivíduos assintomáticos desenvolvem o AVC (Carod-Artal et al., 2010). Estudos em humanos demonstram que a DC altera a microcirculação cerebral (Carod-Artal et al., 2010). Nosso grupo reportou pela primeira vez que a infecção aguda pelo T. cruzi causa alterações funcionais na microcirculação cerebral em camundongos, como a redução no número de capilares espontaneamente perfundidos, intensa inflamação microvascular, e disfunção endotelial (Nisimura et al., 2014). O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes, que tem por consequência a produção excessiva de radicais livres, como as espécies reativas de oxigênio (EROs). Esse desequilibrio pode estar relacionado a diversas patologias, assim como a DC, e já foi observado no cérebro de animais infectados pelo T. cruzi (Sadek et al. 2002; Nisimura et al., 2014; Vilar-Pereira et al., 2021). Além disso, a isquemia tecidual gera hipóxia e leva a redução dos complexos respiratórios e comprometimento da síntese de ATP, além de comprometer a função mitocondrial (Ramos & Rossi, 1999; Borutaite et al., 2003). Junto da reperfusão tecidual, que segue a isquemia, esses fatores atuam aumentando a produção de EROS (Gupta et al., 2009). Nesse contexto de isquemia cerebral, a angiogênese foi apontada como um dos mecanismos de defesa do organismo para ajudar a restaurar o suprimento de oxigênio e nutrientes para o tecido após AVC (Beck & Plate, 2009). Sendo assim, o objetivo do presente estudo é avaliar o efeito do tratamento com benznidazol combinado ou não com o composto antioxidante selênio, sobre hipóxia e o estresse oxidativo no tecido cardíaco e cerebral dos animais durante infecção aguda experimental por T.cruzi.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO NAS RELAÇÕES AFETIVO SEXUAIS ENTRE ADOLESCENTES E JOVENS TRANS/TRAVESTIS
Bolsista: CAMILLY VITORIA DA SILVA MIRANDA
Orientador(a): ELAINE FERREIRA DO NASCIMENTO
Resumo: A adolescência e a juventude constituem etapas do desenvolvimento marcada pela busca de identidades e sentidos, sendo um período frequentemente caracterizado por múltiplas experiências e relacionamentos, em que as identificações sexuais e de gênero exteriorizam-se e se aclaram. No entanto, por vezes, esta fase é igualmente marcada por experiências adversas, como é o caso da violência. Estudos tem apontado que, nos mais diversos contextos socioculturais e diferentes classes socioeconômicas, observam-se o aumento da incidência e recorrência das práticas violentas nas relações amorosas, o que sustenta as preocupações dos vários segmentos (sociais, educação, saúde, jurídico), em função da gravidade dos casos, ao longo do tempo, trazendo múltiplas consequências a curto, médio e longo prazo. Destaca-se que, em geral, relações de namoro abusivas resultam em relações conjugais na mesma ordem de agravos, sobretudo, quando se trata de população trans/travestis cruzando com marcadores de raça e classe, existe ausência total de informação. O estudo busca responder o seguinte questionamento: Qual a compreensão da(o)s jovens trans/travestis sobre a violência no namoro, e como ela(e)s se comportam sabendo que ocorre essa violência com pessoas próximas?. Objetivo: Analisar a percepção que a(o)s adolescentes e jovens trans/travestis têm em relação a violência nas relações afetivos sexuais/namoro com recorte de gênero. Metodologia: O tipo de estudo foi descritivo, exploratório e interpretativo, com abordagem qualitativa com 30 aluna(o)s do Centro Estadual de Educação Profissional José Pacífico de Moura Neto, em Teresina, PI, com faixa etária compreendida entre 14 e 24 anos de idade, no período de setembro a dezembro de 2019. Os dados foram coletados por meio das técnicas de grupo focal e entrevistas semiestruturadas abordando questões relacionadas a violência de gênero. Resultados esperados: Espera-se, com os dados obtidos, caracterizar o perfil sociodemográfico dos adolescentes e jovens pesquisados, identificando o nível de conhecimento sobre temas relacionadas as sexualidades e gênero com destaque para a violência nas relações afetivo sexuais, em Teresina–PI. Ainda, visa-se identificar vulnerabilidades e potencialidades quanto aos aspectos relacionados ao papel da escola na desconstrução das relações de violência de gênero.
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