Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Efeito de produtos naturais e de bactérias no desenvolvimento e imunidade de larvas de Aedes aegypti.
Bolsista: Mylena Marinho de Medeiros Garcia
Orientador(a): DANIELE PEREIRA DE CASTRO
Resumo: As principais doenças causadas por patógenos transmitidos por insetos vetores são um grande problema de saúde pública mundial. Os surtos de arboviroses transmitidos pelo inseto Aedes aegypti sobrecarregam regularmente os sistemas de saúde do país (OPAS, 2020), por ser o principal vetor do vírus da dengue, além de transmitir o vírus da febre amarela, Zika e chikungunya (Christophers 1960). O controle do vetor é a intervenção mais eficaz e viável para a prevenção dessas doenças (George et. al. 2015), porém a resistência aos inseticidas utilizados tem aumentado bastante (Rivero et al., 2010). Portanto, a busca por novos compostos com atividade inseticida e por novas estratégias de controle é de grande relevância. Compostos naturais além de afetarem a fisiologia e comportamento dos insetos podem afetar também o sistema imunológico e assim comprometerem o desenvolvimento do patógeno. As fisalinas são seco-esteróides isolados da planta Physalis angulata L que possuem ação moduladora da imunidade relatados em mamíferos e insetos (Tomassini et al 2000; Pinto et al., 2016). O sistema imunológico de insetos vetores é essencial para garantir seu desenvolvimento no meio ambiente principalmente no caso de larvas de A. aegypti, que se desenvolvem em ambientes aquáticos compostos de inúmeros detritos e de diferentes microrganismos que também são utilizados como fontes de alimentação (Souza et al., 2016). Nesse contexto, a aplicação de compostos imunossupressores em larvas de A. aegypti pode afetar seu desenvolvimento por deixar as larvas sem proteção contra os diversos microrganismos do ambiente do criadouro podendo afetar sua sobrevivência e competência vetorial. E a melhor compreensão do efeito da ingestão de diferentes microrganismos pelas larvas na resposta imune é importante para estudos de controle biológico.
Síntese e avaliação biológica de selenazóis análogos ao FAP, potenciais moléculas líderes na busca por novos agentes anticâncer.
Bolsista: ANA BEATRIZ CALLEGARIO AMORIM
Orientador(a): VICTOR FACCHINETTI LUZ
Resumo: O câncer é uma doença complexa que varia extensivamente na forma como se apresenta, no seu desenvolvimento e nos sintomas de um paciente para outro. As estatísticas nacionais e internacionais não deixam dúvidas e servem de alerta para o grave problema de saúde pública mundial que representa essa doença. O câncer é a principal causa de mortes em países desenvolvidos e ocupa o segundo lugar nas taxas de mortalidade dos países em desenvolvimento. Apenas no Brasil, são estimados aproximadamente 630 mil novos casos da doença para o ano de 2018. Recentemente, moléculas bioativas e fármacos capazes de inibir de forma específica proteínas-alvo presentes em diversas linhagens de células cancerosas vem sendo desenvolvidos através de modificações racionais no esqueleto 2-fenilaminopirimidina (FAP), grupo farmacofórico presente no imatinibe, primeiro inibidor de tirosina quinase aprovado para uso clínico pelo FDA, em 2001. Nesse contexto, análogos do FAP contendo grupos heterocíclicos vem sendo reportados na literatura, incluindo derivados 2-fenilaminotiazólicos, que apresentaram resultados relevantes como inibidores de enzimas tirosina quinase. Dessa forma, propõe-se a síntese de uma série de derivados 2-fenilaminoselenazólicos, obtidos a partir da troca isostérica do núcleo pirimidínico do FAP pelo núcleo selenazólico, visando a identificação de novas moléculas líderes capazes de orientar o desenvolvimento racional de fármacos no combate ao câncer. As selenouréias substituídas, intermediários-chave do projeto, poderão ser sintetizadas a partir da reação da 2-metil-5-nitroanilina, obtida comercialmente, com o isoselenocianato de benzoíla, obtido in situ, seguida de hidrólise básica. Os produtos finais desejados serão obtidos, então, a partir de reações de Hantzch entre as selenouréias substituidas e diversas 2-bromoacetofenonas.
Desenvolvimento de Biossensor baseado na tecnologia de ressonância plasmônica de superfície para estudo e diagnóstico da hepatite A
Bolsista: vanessa da silva santos
Orientador(a): LUCIANE ALMEIDA AMADO LEON
Resumo: A infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) ocorre no mundo todo, representando a causa mais comum de hepatite viral aguda. A infecção pelo HAV se apresenta atualmente como um problema de saúde pública em muitos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde se observa uma mudança dos padrões epidemiológicos devido às melhorias das condições de higiene e habitação durante as últimas duas décadas. No Brasil, embora venha ocorrendo um aumento da proporção de indivíduos suscetíveis, a persistência do vírus circulando no ambiente potencializa as chances de ocorrência de casos agudos e surtos epidêmicos. Portanto, um diagnóstico rápido e de larga escala dos casos agudos pode auxiliar na adoção de medidas adequadas de contenção do surto, assim como detectar os indivíduos suscetíveis que podem ser candidatos a vacinação. A recente inclusão da vacina, no PNI, em 2014, reforça a necessidade de um sistema de vigilância epidemiológica para avaliação de resposta vacinal. Diante do cenário epidemiológico atual da hepatite A no Brasil, o emprego de técnicas avançadas para o diagnóstico rápido e em larga escala, pode ser uma alternativa promissora aos testes imunonoenzimáticos, atualmente disponíveis. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi padronizar biossensores de refletância aplicados ao imunodiagnóstico em larga escala da hepatite A, para detecção de anticorpos e antígenos do HAV (HAVAg). Para detecção de anticorpos anti-HAV utilizando um biossensor de refletância, utilizaremos a proteína VP1 recombinante, imobilizada no sensor chip COOH5, enquanto que, para detecção de HAVAg, utilizaremos anticorpos monoclonais anti-HAV imunolizados no sensor chip. Posteriormente, para estabelecer as condições de regeneração do biossensor, realizaremos uma cinética de tempo (30s a 2 min) com a solução glicina (10mM, pH 1,5) para determinar o tempo e volume de tampão capaz de regenerar melhor o sensor chip, utilizando anticorpos anti-HAV IgM e IgG purificados (1,75nM). A fim de avaliar a interação antígeno-anticorpo no biossensor serão utilizados anticorpos anti-HAV IgM e IgG purificados, em diferentes concentrações (1,75nM; 0,875nM; 0,437nM; 0,218nM) e desta forma serão avaliados os parâmetros de acurácia do ensaio: sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade. Para avaliar o desempenho do teste SPR utilizaremos amostras-controle de soro positivos e negativos para anti-HAV IgM e HAVAG. Ao final deste projeto visamos desenvolver ensaios de biossensor com acurácia para aplicação no diagnóstico rápido e em larga escala da hepatite A, contribuindo consequentemente, para as ações de vigilância e tornar mais rápidas as ações preventivas e de contenção da transmissão do vírus em casos de surtos epidêmicos e em transfusões sanguíneas
Efeito do tratamento in vitro com nanopartículas de óxido de ferro na polarização de macrófagos associados a células derivadas de neoplasias mamárias
Bolsista: Pedro Augusto de Brito Moreira
Orientador(a): Erica Alessandra Rocha Alves
Resumo: O câncer de mama é o tipo de câncer que possui a maior incidência e a maior mortalidade na população feminina em todo o mundo. Atualmente, a cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia são os tratamentos mais eficazes contra este tipo de câncer. Entretanto, o tratamento ainda é um desafio devido aos inúmeros efeitos colaterais e a eficiência limitada das terapias tradicionais, que diminuem a qualidade de vida dos pacientes. Por isso há grande interesse em novas alternativas terapêuticas que promovam de forma segura, a destruição das células neoplásicas sem que haja comprometimento da qualidade de vida dos pacientes. Dentro do componente celular do microambiente tumoral, os macrófagos associados a tumores (TAMs) tem despertado grande interesse. Estudos recentes afirmam que nanopartículas de óxido de ferro estimulam a reprogramação dos TAMs fazendo com que percam sua função promotora de tumores e adquiram funções supressoras de tumores. Dessa forma, este projeto visa avaliar o efeito do tratamento com nanopartículas maghemita encapsuladas com polianilina na polarização de TAMs associados às células derivadas de neoplasias mamárias. Inicialmente, as nanopartículas produzidas foram autoclavadas para utilização nos experimentos in vitro, porém como havia a possibilidade deste processo alterar a estrutura, composição e propriedades das nanopartículas, as seguintes análises foram realizadas: a) avaliação da esterilidade das nanopartículas; b) avaliação da influência do processo de autoclavagem na citotoxicidade das nanopartículas; c) avaliação da influência do processo de autoclavagem na extração e purificação de gDNA; e d) quantificação dos níveis de endotoxinas nas nanopartículas. Os resultados dos ensaios mencionados mostraram que não houve crescimento microbiano nas nanopartículas após a autoclavagem. Além disso, as nanopartículas autoclavadas não apresentaram citotoxicidade, mantiveram a propriedade de captura de DNA genômico e não possuíam níveis significativos de endotoxinas. Para o estudo in vitro, foram adquiridas 4 linhagens tumorais de mama derivadas de seres humanos (MCF-7, MDA-MB-231, SkBr3, BT474) e uma linhagem de monócito humano (THP-1). As linhagens foram expandidas e criopreservadas de acordo com as especificações do Banco de células do Rio de Janeiro. Em seguida, foi realizada a adaptação de todas as linhagens para o meio de cultura DMEM com 10% de soro fetal bovino e antibióticos. Após a obtenção do banco de células, realizou-se a determinação da concentração máxima não citotóxica (Cmaxnt) de nanopartículas para as linhagens tumorais de mama e para as células THP-1. Para isso, as células foram incubadas com concentrações crescentes de nanopartículas de óxido de ferro (0-9mg/mL) por 24 horas. Em seguida realizou-se o ensaio do MTT e verificou-se que a Cmaxnt foi de 1,5 mg/mL para as células MDA-MB-231, SkBr3 e BT474, de 3 mg/mL para as células MCF-7 e de 0,06 mg/mL para as células THP-1. Em seguida, células THP-1 foram co-incubadas com células MCF-7 em um sistema transwell com membrana de 0,4 µm. As células THP-1 foram posicionadas na câmara superior e as células tumorais na câmara inferior. As nanopartículas foram depositadas na câmara superior sobre os macrófagos na concentração de 0,06 mg/mL. Após 24 e 48 horas de incubação, o sobrenadante da cultura foi utilizado para dosagem dos níveis das citocinas pelo kit CBA Human Inflammatory Cytokines Kit (BD Biosciences) e as células tumorais foram marcadas com o kit CellEvent™ Caspase-3/7 Green Flow Cytometry Assay Kit (Invitrogen) e com o reagente SYTOX® AADvanced dead cell Stain e analisadas por citometria fluxo. Verificou-se que o tratamento com nanopartículas de óxido de ferro aumentou a capacidade das células THP-1 induzirem a morte por apoptose das células MCF-7. Esse aumento da destruição das células tumorais não foi associado com alterações na produção das citocinas IL-1?, IL-6, IL-8, IL-12p70, TNF-alfa e IL-10. Pretende-se ainda investigar se tal elevação dos níveis de apoptose das células MCF-7 relaciona-se com alterações nos padrões de expressão gênica dos macrófagos expostos as nanopartículas, bem como com alterações nos níveis intracelulares de ROS e de estresse oxidativo nos sobrenadantes das co-culturas. Os mesmos ensaios executados com as células MCF-7 ainda serão realizados com as células MDA-MB-231. Além disso, também serão mensurados o recrutamento das células THP-1 utilizando as duas linhagens de câncer de mama.
FAUNA DE MARUINS (DIPTERA: CERATOPOGONIDAE) E DETECÇÃO DE FONTES DE REPASTO SANGUÍNEO EM QUATRO DISTRITOS DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO, RONDÔNIA, BRASIL
Bolsista: Isis Marinho Oliveira Falcão
Orientador(a): ANTONIO MARQUES PEREIRA JUNIOR
Resumo: Os maruins do gênero Culicoides são pequenos insetos que estão envolvidos na transmissão do Vírus da Língua Azul, que afeta ruminantes (Mellor, 1990) e do Vírus Oropouche, que causa a febre Oropouche em humanos na região amazônica (Travassos da Rosa et al., 2017). Esses insetos são amplamente distribuídas na Amazônia, entretanto poucos estudos demonstram seu papel vetorial nas localidades. Na dinâmica de transmissão dos patógenos é importante a identificação de vetores e reservatórios que contribuem para a manutenção de parasitos. A identificação da origem de alimentação sanguínea é essencial para determinação da preferência de hospedeiros de insetos vetores (Lassen, Nielsen e Kristensen, 2012). Algumas espécies de Culicoides alimentam-se de mamíferos e aves, embora algumas outras alimentem-se de répteis e anfíbios (Borkent e Spinelli, 2007). No Brasil até o momento não há estudos que caracterizam a fauna de hospedeiros utilizados como fonte de alimentação sanguínea por espécies de maruins, sendo relevante esse tipo de informação para entender e compreender dinâmicas de transmissão de patógenos e conhecer os possíveis hospedeiros vertebrados. Estudos tem demonstrado que os maruins apresentam uma alta diversidade, entretanto pesquisas que demonstrem a estrutura populacional e fauna desses insetos na Amazônia são incipientes. Os únicos trabalhos com Culicoides em Rondônia foram os de Farias et al. (2016), que descreveram C. hildebrandoi e Carvalho et al. (2017) que trabalharam com espécies de áreas rurais de Porto Velho nos ambientes de pasto e floresta, registrando alta diversidade de espécies em floresta. Portanto, o presente estudo tem como objetivos descrever a composição faunística de maruins nos ecótopos de mata, borda e peridomicílio; estimar a diversidade das espécies de maruins presentes em cada ecótopo avaliado e detectar as fontes de repasto sanguíneo em fêmeas ingurgitadas de maruins. Neste projeto serão analisados os espécimes de maruins coletados com armadilhas luminosas ao longo do ano de 2019, nos distritos de Nova Califórnia, Vista Alegre do Abunã, União Bandeirantes e Nova Mutum, Porto Velho, Rondônia. Os maruins serão montados em lâminas e posteriormente identificados morfologicamente com base em chaves de identificação (Spinelli et al., 2005). Para a identificação de fonte alimentar, serão utilizados o DNA extraído de abdome parcial das fêmeas ingurgitadas com posterior PCR com iniciadores que flanqueiam um fragmento de 358 pb de uma região conservada do citocromo b (cytb) do DNA mitocondrial de vertebrados. Todos os produtos amplificados serão destinados para a Rede de Plataformas Tecnológicas da Fiocruz e analisados através de comparação com sequências depositadas no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST). Os dados desse estudo contribuirão com o conhecimento da diversidade de maruins em áreas distritais de Porto Velho, bem como identificar quais as espécies de hospedeiros vertebrados são utilizadas como alimentos e compreender possível participação dos animais no ciclo de patógenos transmitidos pelos insetos.
Estudo de Bactérias Resistentes ao Mercúrio (Hg) e a Antibióticos Isoladas de Efluentes de Estações de Tratamento de Esgotos Domésticos
Bolsista: ALINE LIMA GIMENEZ DOS SANTOS
Orientador(a): PAULO RUBENS GUIMARAES BARROCAS
Resumo: O mercúrio (Hg) é considerado um dos poluentes ambientais mais perigosos, devido a sua persistência no ambiente, eficiente transporte atmosférico e elevada neurotoxicidade. Portanto, estudos que visam reduzir a exposição humana ao Hg e os seus consequentes efeitos danosos à saúde são de grande relevância para a Saúde Pública. A biogeoquímica do Hg em ambientes aquáticos é controlada principalmente por reações mediadas por bactérias. A resistência bacteriana ao Hg tem sido amplamente relatada em isolados de ambientes contaminados e tem sido associada a resistência antibióticos. No presente estudo será avaliada a presença de bactérias resistentes antibióticos de última escolha (i.e., ertapenem, ceftazidima e polimixina B) e simultaneamente ao Hg, presentes em amostras de efluentes de estações de tratamento de esgotos domésticos (ETE). Espera-se que os resultados obtidos contribuam para mitigar os efeitos danosos do lançamento de efluentes perigosos das ETEs nos sistemas aquáticos, preservando o ambiente, prevenindo doenças e protegendo a saúde humana.
Página 12 de 46 páginas.