Bolsista: JUAN CARLOS PROENCA MOURA
Orientador(a): FERNANDA DE BRUYCKER NOGUEIRA
Resumo: Os vírus dengue (DENV) pertencem à família Flaviviridae, gênero Flavivirus. Apresentam quatro sorotipos antigenicamente distintos (DENV-1 a 4). Possuem genoma RNA de fita simples com aproximadamente 11kb e polaridade positiva que codifica três proteínas estruturais e sete não estruturais. No Brasil, este vírus tem sido responsável por diversas epidemias com mais de 20 milhões de casos registrados nos últimos 40 anos, causadas por introduções de novos sorotipos, assim como pela reemergência destes, ocorridas desde a detecção e dispersão do DENV-1 (1986), DENV-2 (1990) e DENV-3 (2000) a partir do estado do Rio de Janeiro, e do DENV-4 (2010) em Roraima. A diversidade genética dos DENV tem sido descrita, sendo reconhecidos genótipos diferentes dentro de cada sorotipo. Além da evidência dos genótipos, a identificação de linhagens distintas tem sido relatada para os diferentes sorotipos. O DENV-1 apresenta cinco genótipos, denominados de I a V. O genótipo V (também conhecido como América/África), circulante no Brasil e Américas, tem sido alvo de estudos sobre a cocirculação e substituição de linhagens tanto no Brasil quanto em outros países americanos. Embora o genótipo V seja o único identificado até o momento, a presença de múltiplas linhagens introduzidas e estabelecidas no país reforça a possibilidade da emergência de um novo genótipo, enfatizando a necessidade de constante monitoramento genotípico. O DENV-2 possui 5 genótipos não silvestres distintos: genótipo Americano; Ásia I e II; Sudeste Asiático/Americano (conhecido como genótipo III); e, Cosmopolita (conhecido como genótipo II). No Brasil, desde a introdução deste sorotipo, o genótipo identificado predominantemente tem sido o genótipo III. Porém, recentemente, em 2021, foi identificado pela primeira vez no país o genótipo II (Cosmopolita) cocirculando com o genótipo III (Sudeste Asiático/Americano), anteriormente identificado somente no Peru, em 2019.
Em 2023, segundo o COE Arboviroses, até a SE 18, mais de 1 milhão de casos prováveis já foram notificados como dengue no Brasil, com mais de 11 mil casos graves e com sinais de alarme e pelo menos 434 casos de óbitos confirmados. Tais dados refletem um aumento de 22% no número de casos no mesmo período do ano de 2022, sendo detectado os sorotipos 1, 2 e 3, com predomínio dos DENV-1 e 2, reforçando a importância da vigilância molecular. Para tal, o sequenciamento genômico por Sanger ou de nova geração têm sido utilizados para a identificação e caracterização do genoma viral dos DENV, porém, sabe-se que são técnicas de alto custo e grande demanda tempo. Por isso, os DENV têm sido selecionados de maneira restrita para serem sequenciados, o que pode diminuir a chance de um estudo com maior representatividade da diversidade viral. Desta forma, propomos uma alternativa para identificar com maior rapidez a diversidade genética dos DENV-1 e DENV-2 no Brasil através da padronização de um teste de RT-qPCR (Taqman) que permitirá com especificidade a identificação dos genótipos circulantes, podendo ser aplicada em paralelo ao diagnóstico molecular em resposta às demandas do ministério da saúde quanto à caracterização genotípica.