Bolsista: RICHARD DE ALMEIDA LIMA
Orientador(a): ALEXANDRE DOS SANTOS DA SILVA
Resumo: Introdução: A pandemia mundial de COVID-19, doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 tem levado a uma alta taxa de indivíduos infectados e de mortalidade, totalizando, no mundo, 457 milhões de casos notificados e 6 milhões de óbitos (dados atualizados em 13 de março de 2022). Com o aumento e expansão da infecção causada pelo SARS-CoV-2, estudos pré-clínicos in vivo, como o utilizando o modelo animal de Hamster sírio, estão sendo realizados para avaliar o espectro clínico, resposta imunológica, fatores de agravamento e de cura, bem como o provável efeito sinérgico entre a patogênese da infecção e comorbidades. Uma dessas possibilidades é o uso desses animais para avaliar o uso de anticorpos anti-SARS-CoV-2 na infecção. Trabalhos anteriores mostraram que o uso de anticorpos anti-SARS-CoV-2 produzidos em equinos pode diminuir a carga viral em cultura de células. Portanto, este projeto investigou a eficácia do uso desses anticorpos equinos anti-SARS-CoV-2 no tratamento da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 em Hamster sírio. Métodos: Foram utilizados 63 animais, divididos em grupo controle negativo (3 animais), grupo controle positivo, grupo tratado pré-inoculação, dois grupos tratados com uma dose de anticorpos equinos anti-SARS-CoV-2 (sendo um grupo tratado com a dose de 1:6000 e outro tratado com a dose de 1:17000) e um grupo tratado com duas doses de anticorpos equinos anti-SARS-CoV-2 1:6000 (12 animais em cada grupo). Os Hamsters foram inoculados pela via intranasal com 25 ?L de 106 cópias/mL de SARS-CoV-2 (genótipo B.1.33) em cada narina, exceto grupo controle negativo e avaliados por 15 dias. Nos dias 3, 5, 10 e 15 DPI (dia pós inoculação) 3 animais de cada grupo foram anestesiados e eutanasiados por exsanguinação. Além disso, os animais foram avaliados clinicamente pela ocorrência de sinais clínicos da infecção, peso corporal e temperatura. Foram realizados ensaios hematológicos e bioquímicos do sangue, além de coletas de amostras de fezes, swab orofaríngeo, coração, pulmão, intestino e cérebro para avaliação da carga viral por RT-PCR nos dias da eutanasia. Resultados: Em relação à avaliação clínica, o grupo controle positivo apresentou significativa perda de massa corporal, enquanto os grupos tratados, excluindo-se o grupo tratado com uma alta dose (1:17000), não apresentaram significativa perda de massa corporal durante a infecção. No swab orofaríngeo, ocorreu uma diminuição da média da carga viral de SARS-CoV-2 do grupo tratado com uma alta dose (1:17000) quando comparado com os outros grupos no período inicial da infecção, ou seja, do dia 3 ao dia 5 DPI. Após o dia 5 DPI, observou-se uma diminuição da carga viral em todas as amostras, o que pode ter relação com uma diminuição da infecção. A RT-PCR do pulmão, apresentou carga viral consideravelmente menor ao longo dos dias após inoculação pelo grupo tratado pré inoculação. Não foram apresentadas variações bioquímicas e hematológicas consideráveis entre os grupos controle e os grupos tratados, somente ocorreu um aumento na taxa das transaminases oxalacética e pirúvica, tendo em vista que as mesmas são consideradas como biomarcadores para lesão hepática causada pelo SARS-CoV-2. Conclusão: Os resultados apresentados até o momento mostram que anticorpos equinos anti-SARS-CoV-2 podem ser utilizados no tratamento do SARS-CoV-2, principalmente quando tratados com alta dose de anticorpos (1:17000). Novas análises, como avaliação da carga do viral por RT-PCR do intestino, cérebro e fezes, além do teste de neutralização e isolamento viral serão realizadas para uma melhor avaliação do tratamento utilizando anticorpos equinos anti-SARS-CoV-2 em modelo animal Hamster sírio.