Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição 1

Revista: Edição 1 | Ano: 2023 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Derivados ureido-benzamidas como potenciais inibidores da proteína tirosina cinase BCR-ABL
Bolsista: GABRIELA PONTES DA COSTA
Orientador(a): MONICA MACEDO BASTOS
Resumo: A Leucemia Mieloide Crônica (LMC) é caracterizada pela presença de um cromossomo anormal denominado Philadelphia (Ph). A existência deste cromossomo faz com que o organismo expresse uma proteína híbrida BCR-ABL, e esta apresenta a atividade da tirosina cinase de forma anormal, sendo responsável pela patogênese da doença. O mesilato de imatinibe foi o primeiro representante da classe dos inibidores de tirosina cinase (ITC) BCR-ABL para o tratamento da LMC. No entanto, o aparecimento recorrente de resistências tem desafiado o tratamento com o uso destes inibidores. Este fato resultou no desenvolvimento de novos inibidores conhecidos como a segunda geração dos “tinibes”, tendo como representantes o nilotinibe, dasatinibe e bosutinibe. O ponatinibe, um ITC BCR-ABL de terceira geração, é o único capaz de contornar a mutação T315I presente no domínio da BCR-ABL1; contudo, os efeitos colaterais severos limitam o seu uso. Na busca por novos ITC, Park e colaboradores realizaram estudos que demonstraram que o nocodazol e derivados contendo o grupo ureia induzem apoptose em células de leucemia linfoide crônica (LLC), e os resultados dos estudos demonstraram potência submicromolar em ensaios enzimáticos para LMC, incluindo a formas mutante resistente. Diante deste cenário, neste projeto pretende-se realizar a síntese e a avaliação de dez novos derivados contendo o grupo ureia. A metodologia proposta para a obtenção dos compostos-alvo consiste em uma síntese convergente com três ou quatro etapas reacionais. Até o momento foram obtidos os intermediários 9 e 16a. A metodologia escolhida para a obtenção do intermediário 9 foi bem-sucedida. No entanto, apesar da obtenção do intermediário 16a gerar o resultado esperado, observou-se um baixo rendimento e dificuldades para purificação. Os intermediários 11 e 12 não foram obtidos com sucesso. Novas metodologias estão em curso na obtenção dos intermediários 11, 12 e 16a, porém ainda sem resultados para compor o relatório. Cabe destacar que, o andamento das etapas do projeto está no prazo estabelecido e de acordo com o cronograma inicialmente proposto.
Novos Análogos do ABX464 como Potenciais Multialvos Frente à Infecção pelo HIV-1
Bolsista: ISABELLE SOLLEIRO BRUM
Orientador(a): MONICA MACEDO BASTOS
Resumo: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o vírus da imunodeficiência humana (VIH ou HIV, do inglês “Human Immunodeficiency Virus”) infectou mais de 70 milhões de pessoas, com cerca de 35 milhões de óbitos desde o início da pandemia. No entanto, o desenvolvimento da terapia antirretroviral (TARV) transformou o HIV de uma condição quase fatal para uma condição crônica administrável. Uma eficácia clínica foi alcançada com a introdução de diferentes medicamentos; entretanto, a euforia inicial com o avanço terapêutico foi rapidamente desfeita frente à velocidade do aparecimento de cepas resistentes a diferentes combinações dos fármacos disponíveis. Estes fatores têm elevado o número de pesquisas nessa área, na tentativa de obter novas moléculas com mecanismos de ação reconhecidos ou inovadores. Recentemente, Campos e colaboradores desenvolveram o ABX464, um novo candidato a fármaco para tratar pacientes infectados pelo HIV-1, que atua interferindo na produção das proteínas reguladoras Rev (responsável pela exportação de transcritos de RNAm processados incompletamente do núcleo celular para o citoplasma, para traduzir as proteínas virais); e Tat (reguladora transcricional, que funciona como um fator de elongação, já que ela consegue aumentar a taxa de transcrição do genoma viral por meio da remoção dos fatores de elongação negativas); ou inibindo a exportação de RNAm necessário para a síntese de Gag, Pol e Env (componentes estruturais do cerne e do envelope viral), além de afetar na formação de RNA genômico. Este composto, que se encontra na fase II dos testes clínicos, também apresentou atividade em células latentes e em reservatórios virais, nos quais os fármacos utilizados na clínica, até o momento, não são capazes de atingir, impedindo a recuperação da carga viral quando o tratamento é interrompido. Outro núcleo empregado na busca por novas moléculas com mecanismos de ação reconhecidos ou inovadores é o indol, que também está presente em uma diversidade de moléculas bioativas, incluindo antirretrovirais, assim como seu derivado oxoindólico, a isatina. Os resultados satisfatórios do uso da isatina e seus derivados, na busca de moléculas com potencial atividade antirretroviral, somados à promissora atividade do ABX464, orientaram a elaboração desse projeto. Com isso, o objetivo deste trabalho incluiu o planejamento, a síntese e a avaliação biológica quanto a potencial atividade inibitória frente ao HIV-1 de doze novos híbridos, derivados de isatinas e análogos do ABX464. Para todos os compostos planejados foi proposta a vinculação de fragmentos de substâncias com reconhecida atividade antirretroviral, tais como o núcleo quinolínico e a isatina. A introdução da quinolina fundamenta-se no fato deste heterociclo estar presente no ABX464 e em moléculas com atividade antirretroviral, em especial como inibidores da proteína Rev e da protease. Para a outra parte da molécula foi proposta a introdução da isatina, já que a literatura descreve uma série de derivados deste núcleo com comprovada atividade biológica tuberculostática, antialérgica, imunossupressora, antitrombótica, anticonvulsivante, antifúngica, anticâncer, antirretroviral, entre outras. Até o momento, foram obtidos cinco intermediários, além de quatro produtos finais. Como perspectivas, espera-se dar início a síntese dos outros intermediários e produtos finais. Vale ressaltar que, com o advento da pandemia e momentos de interrupção da rotina laboratorial, foi necessária a adaptação do cronograma.
EFEITOS ECOTOXICOLÓGICOS DOS REJEITOS DA BARRAGEM DE BRUMADINHO, MINAS GERAIS EM MINHOCAS EISENIA ANDREI
Bolsista: DAVI PINHEIRO CUNHA
Orientador(a): ENRICO MENDES SAGGIORO
Resumo: A barragem de rejeitos (B1) da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale S.A, localizada em Brumadinho (Minas Gerais- Brasil), se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019. Cerca de 12 milhões de m3 de rejeitos atingiram o meio ambiente e o número de óbitos chega a 300. A contaminação ambiental espalhou-se por cerca de 300 hectares de terras da sub-bacia do Ferro-Carvão antes de chegar ao rio Paraopeba. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a toxicidade dos rejeitos em minhocas E. andrei expostas ao solo contaminado com rejeitos da barragem de Brumadinho/MG. Foi realizada uma quantificação dos elementos-traço nas amostras de solo controle e rejeito. Posteriormente, a toxicidade dos rejeitos em minhocas foi determinada por três abordagens: teste de fuga, teste agudo e teste crônico em solo. Para a determinação de elemento-traço nas amostras foi utilizada a metodologia descrita em Parente et al., (2021). O teste de fuga foi realizado conforme ISO (2008), nas concentrações de 0; 12,5; 18,5; 25; 37,5; 50; 62,5; 75 e 100% (m/m) de rejeito, composta por 3 replicatas, com 10 organismos cada, e tempo de exposição de 48h. As avaliações de efeitos agudos e crônicos foram realizadas de acordo com protocolo pela ASTM (2012), composta respectivamente por 3 e 4 replicatas, com 10 minhocas cada. Para o ensaio agudo (14 dias) as concentrações utilizadas foram: 0; 12,5; 25; 50; 75 e 100% (m/m) de rejeito. Para o ensaio crônico (60 dias) foram as proporções: 0; 3,12; 6,25; 12,5 e 25% (m/m). A estimativa da CL50 foi determinada pelo teste de Spearman-Karber. Para o teste de fuga foi utilizado o teste Exato de Fisher. Os resultados obtidos com os testes agudo e crônico em solo utilizaram os testes: Shapiro-Wilk, One-way- ANOVA, Kruskal-Walli e post hoc Dunnett test e post hoc Dunn’s test. Foi utilizado intervalo de confiança de 95 % para todas as análises. Ao quantificar os elementos-traço foram destacados os elementos Fe, Mg e Hg. A presença do metal Fe pode ser associado à mineração da mina do Córrego do Feijão, enquanto a presença de Mg à dolomitos intemperizados que formaram depósitos superficiais nas formações de rochas e a presença de Hg, pode ser advinda da sorção dos óxidos de manganês. Durante o ensaio agudo em solo, foi observada apenas uma morte na concentração de 25%, a qual foi atribuída ao acaso. Portanto, não foi observado efeito agudo de letalidade ao longo dos 14 dias de exposição, não sendo possível estimar a CL50 para a exposição ao rejeito. Em relação à variação na biomassa, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas aos 7 e 14 dias de exposição em relação ao controle. No teste de fuga foi observado o efeito de perda de habitat dos organismos a partir da adição de 37,5% de rejeito. A partir deste ensaio foi estimada uma CE50 de 27,2 ± 2,83 %, valor este utilizada como critério de definição das concentrações do ensaio crônico em solo. No ensaio crônico não foram observadas variações estatisticamente significativas que indicassem efeitos negativos da exposição ao rejeito sobre a biomassa dos organismos. No que tange à reprodução, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de exposição e seus respectivos grupos controle. No entanto, os resultados indicaram uma tendência na redução do número de indivíduos juvenis em relação ao número de casulos. A baixa presença de indivíduos juvenis em relação à quantidade de casulos indica a possível produção de casulos inviáveis ou a ocorrência de condições ambientais inadequadas à eclosão e/ou sobrevivência dos indivíduos juvenis. Diante dos resultados expostos, o desastre em Brumadinho pode ter causado impactos irreversíveis aos ecossistemas da região atingida pelo rompimento da barragem. Por isso, a utilização dos ensaios ecotoxicológicos pode ser aplicada como ferramentas promissoras, diante do grande desafio na avaliação do nível de contaminação, e do impacto sobre a biota edáfica.
Influência das monoaminoxidases e transportadores de dopamina no comportamento agressivo induzido pelo estresse nos camundongos Swiss Webster.
Bolsista: Victória Liger Ozório
Orientador(a): VIVIANE MUNIZ DA SILVA FRAGOSO
Resumo: A agressão é definida como um ato que um indivíduo prejudica ou lesa outro(s) de sua própria espécie de forma intencional, sendo uma das causas a presença de transtornos psiquiátricos. Quando a agressão se apresenta de forma exacerbada e constante pode ser considerada patológica, e decorrente de um alto nível de estresse. Utilizando o Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA) observamos que alguns indivíduos machos adultos da linhagem Swiss Webster, quando reagrupados, apresentam comportamento altamente agressivo após sofrerem o estresse do reagrupamento. Em estudos prévios observamos um aumento dos níveis de dopamina no córtex pré-frontal dos animais agressores do MEA, e nenhum aumento nos níveis de cortisol nesses animais, sugerindo uma redução na capacidade de desenvolver uma resposta adaptativa ao estresse social provocado pelo reagrupamento. Uma redução do comportamento agressivo após o tratamento com antipsicóticos de uso clínico (haloperidol e risperidona) também foi observado nesses animais, reforçando a influência da dopamina no comportamento agressivo dos animais sob estresse. Além disso mostramos que os níveis do receptor dopaminérgico D1 estão diminuídos nos camundongos altamente agressivos e sugerimos que o aumento de dopamina na fenda sináptica pode ser devido a alterações no transportador de dopamina (DAT) e na enzima monoaminoxidase (MAO). Já foi demonstrado que alterações no transportador de dopamina (DAT) estão presentes em camundongos com deficiência cognitiva e hiperatividade no córtex pré-frontal, e a diminuição na expressão da monoaminoxidase resulta em uma menor ação do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA) em resposta ao estresse. Sendo assim, iremos investigar se há alterações na MAOA, MAOB e DAT nas regiões cerebrais do córtex pré-frontal, amígdala, hipocampo, hipotálamo e hipófise entre os camundongos Swiss Webster submetidos ao MEA. A primeira etapa da pesquisa será aplicar o modelo espontâneo de agressividade. Camundongos machos da linhagem Swiss webster (n = 30), com 3 semanas de vida, serão requisitados ao Centro Multidisciplinar para Investigação Biológica na Área da Ciência em Animais de Laboratório – CEMIB da UNICAMP. Ao recebermos os animais será realizada a identificação individual (C1 a C5) e agrupados aleatoriamente em 6 grupos (A1 a A6). Na 4ª, 6ª e 8ª semanas de vida, realizaremos o Teste de Suspensão da Cauda (TSC), Etograma e Padrão de Comportamento Agressivo (PCA). Na 10ª semana de vida, será realizada a classificação dos animais de acordo com o TSC, seguido do reagrupamento desses animais, em 5 caixas (R1 a R5) contendo 5 animais em cada, utilizando como critério de escolha para composição do grupo: 1 indivíduo Hiper, 1 indivíduo Hipo e 3 animais Med. Uma gaiola, contendo 5 animais, não será reagrupada (NR), tornando-se nosso controle negativo. Na 12ª, 14ª e 16ª semanas de vida, os testes de etograma e padrão de comportamento agressivo serão repetidos, e os animais serão categorizados em Harmônicos (Har), indivíduos que apresentaram convívio harmônico e sem lesões corporais, tornando-se nosso controle positivo; Agredidos (AgD), animais que apresentam lesões corporais decorrentes de brigas, lutas e agressões; e Agressores (AgR), indivíduos que apresentam alta agressividade em relação aos outros indivíduos do grupo, possibilitando a reprodutibilidade do comportamento agressivo entre os animais. Após a categorização, os animais serão eutanasiados e amostras do tecido cerebral serão coletados para as análises de MAO e DAT por Western Blot. Em seguida, análise estatística dos resultados serão realizadas. Todos os procedimentos experimentais foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais do Instituto Oswaldo Cruz (CEUA/IOC) sob a licença número (L-032/2019-A1) de acordo com a Legislação brasileira e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONCEA).
Utilização de fluorescência para avaliação da atividade antimalárica de compostos-teste in vivo.
Bolsista: ANA LUIZA SOARES CHAVES
Orientador(a): Isabela Penna Ceravolo
Resumo: A determinação da atividade de potenciais antimaláricos in vivo é realizada no modelo murino, onde é possível se avaliar o metabolismo, a farmacocinética e as propriedades físicas preditivas de uma terapia oral. O padrão ouro utilizado para avaliação da atividade de drogas em camundongos experimentalmente infectados com Plasmodium é a contagem da parasitemia em esfregaços corados por microscopia óptica. No entanto, esse processo é demorado, requer técnicos experientes e não é automatizado. Portanto, a padronização de um método que utilize fluorescência como forma de substituir a contagem em microscópio apresenta vantagens como: (i) maior rapidez na triagem de potenciais antimaláricos, e a (ii) diminuição de resultados inconsistentes que podem ser influenciados por fatores humanos. O objetivo do presente trabalho foi otimizar um ensaio baseado na fluorescência do fluoróforo SYBR Green I (SYBRG), que é um intercalante de DNA, como descrito anteriormente (Arias et al. 2016), onde a fluorescência se apresenta diretamente proporcional à carga parasitária e inversamente proporcional a ação da droga-teste. Para isso, utilizamos camundongos suíços infectados experimentalmente com a cepa NK65 de Plasmodium berghei, em um inóculo de 107 hemácias infectadas. O tratamento com antimaláricos padrões foi realizado no 2°, 3° e 4° dia após a infecção, e a retirada do sangue pela porção final da cauda dos animais para ser incubado com SYBR green I (SYBRG), ou para a realização de esfregaços foi feita no 5° dia. Para testar o limite de sensibilidade do teste de fluorescência, utilizamos inicialmente o antimalárico cloroquina, e, posteriormente, o artesunato, já que a detecção de parasitemias apenas superiores a 1,4% (Arias et al. 2017) seria uma grande limitação caso tivéssemos amostras que apresentasse parasitemias baixas como aquelas encontradas em drogas ativas como os antimaláricos. Sob as nossas condições, que foi a utilização de sangue total, a diluição de SYBRG em tampão de lise, e a posterior incubação por 1 h à temperatura ambiente e sob abrigo da luz, houve a diferenciação de 1,38 a 4,35x entre a fluorescência de amostras de sangue de animais normais e infectados com o P. berghei nos cinco diferentes ensaios já realizados. Para testar a sensibilidade do teste foram realizadas três diferentes curvas de cloroquina, em doses que variaram de 1,25 a 10 mg/Kg. Os valores de r2 do coeficiente de Pearson dos três ensaios foram de 0,8918, 0,8916 e 0,9302 o que representa uma correlação forte e muito forte entre as técnicas de fluorescência e microscopia. Já nas duas curvas de artesunato realizadas, o valor de r2 referente ao coeficiente de Pearson foi de 0,9486 e 0,9785, correspondendo a uma correlação muito forte entre as duas técnicas realizadas. Nosso próximo passo será testar outros antimaláricos, além de extratos de plantas e compostos sintéticos e comparar os resultados obtidos na fluorescência com aqueles obtidos no teste supressivo de Peters (1965), que é o padrão ouro para avaliação de potenciais antimaláricos em camundongos experimentalmente infectados. Financiado pelo PIBIC/CNPq/FIOCRUZ, CNPq, FAPEMIG e IRR.
Ecoepidemiologia das leishmanioses no Piauí: Inferência sobre taxas de infecção do inseto vetor por Leishmania spp., pesquisa de fonte alimentar e caracterização molecular dos parasitos
Bolsista: RAFAELA TAVARES DOS REIS
Orientador(a): CONSTANCA FELICIA DE PAOLI DE CARVALHO BRITTO
Resumo: As leishmanioses apresentam uma grande variedade ecoepidemiológica, com ampla distribuição geográfica e diversidade clínica. Nos últimos anos, estas doenças vêm apresentando mudanças em seus ciclos de transmissão devido a diversos fatores, tendo o inseto vetor, fêmeas de flebotomíneos e as variáveis ambientais, importantes papéis neste contexto. Na presente proposta visamos estudar a fauna de flebotomíneos em municípios do estado do Piauí que são endêmicos para Leishmaniose Tegumentar (LT) e Leishmaniose Visceral (LV). De modo geral, a ocorrência de surtos de leishmanioses tem conhecida relação com impactos ambientais de diversas origens, portanto há que se trabalhar com prováveis fatores determinantes destes processos, que permitam discutir diferentes cenários epidemiológicos. O estado do Piauí representa, territorialmente, a confluência de três biomas brasileiros, o Cerrado, a Caatinga e a Amazônia; esta característica, associada à pobreza, torna o controle de algumas doenças infecciosas um grande desafio. A LV ocorre com maior frequência em área urbanas, inclusive na capital, Teresina. Em relação à LT, estão sendo descritos surtos em algumas regiões urbanas e rurais. Além disso, é possível notar, em algumas localidades, surtos epidêmicos recorrentes de LT onde a presença de vetores dos agentes etiológicos desta forma clinica é insuficiente ou inexistente, sugerindo assim que outras espécies de flebotomíneos possam estar transmitindo os parasitos responsáveis pela LT nestas áreas. Para este projeto, está sendo proposto um conjunto de metodologias amplamente aplicadas e validadas para o estudo da fauna flebotomínica, diagnóstico de infecção natural e pesquisa de fonte alimentar destes insetos, e acoplada a este conjunto, a análise espacial e modelagem matemática, possibilitando correlacionar os resultados obtidos nas diferentes áreas de estudo com os dados ambientais, em um Sistema de Informação Geográfica (SIG). Assim, esperamos produzir novos conhecimentos, não apenas para melhor compreender a ecoepidemiologia e o processo de espacialização da LT e LV nas áreas selecionadas, como também contribuir com elementos que possibilitem nortear e aperfeiçoar as diretrizes voltadas para as políticas públicas de vigilância e controle destes agravos.
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