Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Avaliação do efeito da vacina BCG no adoecimento por COVID-19 em contatos de hanseníase.
Bolsista: MARAYAH SAMPAIO RUAS DA FONSECA
Orientador(a): XIMENA ILLARRAMENDI ROJAS
Resumo: Dados da literatura indicam que o uso da imunoprofilaxia com BCG (Bacillus Calmette- Guérin), constituída pelo patógeno vivo atenuado Mycobacterium bovis, e utilizada como medida profilática contra as formas graves da tuberculose e hanseníase, apresenta também efeito imunomodulador e características protetoras contra outras infecções, dentre elas, infecções virais. A vacina BCG induz imunidade treinada por células imunes inatas que garante memória na resposta imunológica inespecífica heteróloga limitada no período de 3 meses até 1 ano. Estudos observacionais apontaram que a COVID-19 em países que possuem a vacina BCG como política de vacinação apresentou baixa incidência quando comparado a países sem essa política vacinal, correlacionando essa baixa incidência a hipóteses de proteção contra a doença. Um dos pilares da detecção precoce na hanseníase é o exame de contatos de pessoas acometidas pela doença. As normas brasileiras recomendam o exame dos contatos intradomiciliares de todos os casos novos de hanseníase detectados e a aplicação da vacina BCG intradérmica, como importante medida preventiva (SVS, 2016). O Ambulatório Souza Araújo (ASA), Unidade de Referência em Hanseníase da Fiocruz no Rio de Janeiro, tem uma experiência de mais de 25 anos no acompanhamento de contatos e no uso da imunoprofilaxia com BCG na rotina do programa de vigilância de contatos. Assim, propomos estudo primário observacional quantitativo analítico de corte transversal para comparar a incidência de COVID-19 em contatos de pessoas acometidas por hanseníase que receberam ou não a vacina BCG como medida de imunoprofilaxia da hanseníase estudar os problemas de saúde persistentes após a COVID-19 nesses contatos. Os contatos incluídos após o processo de consentimento/assentimento e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou Termo de Assentimento (TA), passarão por uma entrevista com questionários sobre sinais e sintomas da hanseníase, já feito de rotina na vigilância de contatos, e da COVID-19, além de perguntas sobre sua condição socioeconômica e histórico de vacinação com a BCG. Se eles referirem ter apresentado sinais e sintomas de COVID-19, eles serão convidados a comparecerem para realizar teste rápido confirmatório da presença de anticorpos contra SARS-CoV-2. Devido a possibilidade das pessoas previamente infectadas com SARS-CoV-2, apresentarem testes negativos para presença de antígenos ou anticorpos específicos, será solicitado aos contatos enviarem o laudo caso tenha confirmação de infecção pelo novo coronavirus. Será criado banco de dados específico utilizando o programa RedCap®. Será realizada estatística descritiva e inferencial, análise univariada para verificar a distribuição dos contatos segundo as variáveis sociodemográficas e clínicas. Será calculada a incidência e a razão de chances para estimar a magnitude da associação entre a ocorrência de COVID-19 entre os contatos que foram vacinados ou não com a BCG. Para essas análises será adotado o nível de 95% de confiança para as estimativas.
Nova abordagem para identificação de isolados de amostras clínicas resistentes ao nitroimidazol de Giardia lamblia
Bolsista: Suyane Rodrigues Prado
Orientador(a): MARIA FANTINATTI FERNANDES DA SILVA
Resumo: Giardia lamblia é um protozoário intestinal capaz de infectar um amplo espectro de hospedeiros mamíferos. Esta infecção é capaz de apresentar uma grande variedade de quadros clínicos de assintomático à sintomáticos agudos ou crônicos, sendo a diarreia a principal manifestação. Para o tratamento da giardíase o principal fármaco utilizado é o metronidazol da classe dos nitroimidazóis. Esta infecção possui distribuição global e as taxas de prevalência podem ser superiores a 50% em áreas de vulnerabilidade social e sanitária. Nestas áreas, elevados índices de reinfecção podem ser observados e levam ao uso indiscriminado de drogas o que aliado a baixa oferta de classes de fármacos para o tratamento da giardíase podem favorecer a emergência de cepas resistentes. Entretanto, os mecanismos envolvidos no processo de resistência parasitária são desconhecidos. Neste contexto, o projeto tem como objetivo estabelecer uma ferramenta de identificação de isolados resistentes de G. lamblia. Utilizaremos as seguintes estratégias: 1) Determinar in vitro proteínas e genes envolvidos no processo de menor susceptibilidade ao metronidazol. Será utilizada a espectrometria de massas para avaliação da abundância proteica e o sequenciamento gênico para identificar alterações nucleotídicas em genes que codificam as proteínas que diferem na abundância; 2) Estabelecer um ou mais alvos gênicos para diferenciar cepas susceptíveis de cepas resistentes através PCR em tempo real com high-resolution melting. O conjunto destes resultados permitirão traçar mecanismos alternativos de tratamento e estabelecer novos racionais para estratégias de controle giardíase.
Desenvolvimento de Novos Inseticidas Baseados na Técnica de RNA de interferência para o controle de larvas de Lutzomyia longipalpis
Bolsista: Milena Rosa Drago
Orientador(a): FERNANDO ARIEL GENTA
Resumo: Lutzomyia longipalpis é um flebotomíneo, e nas Américas é o principal vetor do parasita Leishmania infantum, agente causador da Leishmaniose Visceral. As estratégias de controle do vetor em sua maioria são baseadas na redução de populações adultas através do uso de inseticidas químicos. Contudo, essas estratégias tem grande impacto ambiental e podem resultar no surgimento de populações resistentes aos inseticidas. Nesse sentido, o desenvolvimento de novas estratégias para controle do vetor é fundamental, e estudos sobre o estágio larval do inseto podem ser importantes. Nesse trabalho, temos o objetivo de padronizar técnicas de silenciamento gênico via RNAi em larvas de L. longipalpis. Para isso, anteriormente foi feito o levantamento dos genes da via do RNAi no genoma de L. longipalpis, e mapeamento de alvos para silenciamento através de estudos do transcriptoma intestinal desse inseto. Nesse período, demos início a estudos experimentais visando a melhor eficiência das técnicas empregadas no tratamento de larvas com RNA dupla fita. Especificamente, testes de estabilidade do dsRNA quando exposto a extratos contendo nucleases do inseto, ou ingerido pelas larvas. Essas técnicas podem direcionar testes de inibição de nucleases e melhoramento do silenciamento gênico dessa espécie no estágio larval. No longo prazo, essa padronização pode resultar em novos bioinseticidas, através de ténicas que estamos desenvolvendo no nosso laboratório. É importante destacar que o projeto inicialmente planejado para a estudante, que versava sobre alimentação de larvas com dsRNA, sofreu severas limitações frente às restrições do Plano de Contigência da Fiocruz para a Pandemia de Covid-19. Dessa forma, o relatório atual apresenta a retomada das atividades laboratoriais da aluna no período em que as atividades presenciais foram permitidas.
Obtenção de sequências de aminoácidos dos domínios da região variável de anticorpos, VH e VL
Bolsista: NAILSON MOREIRA LIMA
Orientador(a): Marcos Roberto Lourenzoni
Resumo: Os receptores de antígenos quiméricos (CARs) são estruturas projetadas para se inserir na membrana de células imunes efetoras (células T) e ser específicos a antígenos expressos na superfície de células tumorais. A especificidade é garantida pelo uso de fragmento de anticorpo denominado scFv (formados por porções VH e VL de anticorpo), responsável pelo reconhecimento do alvo. O Grupo e Engenharia de Proteínas e Soluções para Saúde (GEPeSS) participa de um projeto junto ao DECIT, para desenvolvimento de novos CARs. Esse projeto é coordenado pelo Dr. Martin Bonamino e o GEPeSS, atua na proposição de novos scFvs para CARs. Visando a obtenção de potenciais candidatos (VH e VL) para reconhecimento de antígenos específicos, foi desenvolvida uma metodologia baseada em seleção por phage display, realizada a partir de bibliotecas de sequências gênicas codificadoras de porções VH e VL de anticorpos. Após o Phage é realizado o sequenciamento (NGS) destas bibliotecas antes e depois da seleção, seguido de montagem e filtragem. Por fim, é feita uma análise de enriquecimento nos dados NGS em que se verifica o quanto a abundância de determinada sequência (VH e VL) na biblioteca aumentou ou diminuiu após a seleção. Este método foi convertido em um conjunto de softwares executados em sequência, denominado ATTILA (https://github.com/waldeyr/attila). A partir dos dados NGS é feito processamento das e transformando em informações. Ao final é emitido um relatório com as sequências candidatas que devem representar os componentes VH e VL, que tiveram maior afinidade pelo antígeno, revelado na seleção. O projeto possibilitará reunir informações robustas de frequências de aminoácidos em determinadas posições, famílias de regiões determinantes de complementaridade (CDRs) etc., fazendo correlação com a estrutura, devido a canonicidade estrutural em VH e VL. Um banco de dados (BD) de sequências de VH e VL foi estruturado, é mantido e usado em outra ferramenta que faz evolução in silico de regiões VH e VL de anticorpos (projeto vinculado ao edital INOVA- Geração do Conhecimento, ganhador do Prêmio Sergio Arouca com o trabalho entitulado Tool development for evolution of antibodies in sílico - https://youtu.be/UOh75A6pKog ). No mesmo banco, há também o depósito de estruturas provenientes do Protein Data Bank. Portanto, o cruzamento de informações possibilitará o desenvolvimento de modelos 3D de scFv (VH-Linker-VL) para, por exemplo, fazer docking massivo contra um determinado alvo. Anticorpos típicos derivados de fontes de camundongo ou humanos usam a superfície formada pelas CDRs de ambos os domínios, VH e VL, para reconhecimento do alvo. Espécies alternativas, particularmente camelídeos, fornecem, através dos anticorpos de cadeia única do tipo VHH, um paradigma único para o reconhecimento de antígenos por meio de novos domínios que formam o parátopo de ligação ao antígeno. Portanto, não somente as sequencias de VH e VL humanos ou provenientes das bibliotecas de phage display serão consideradas. O Banco será alimentado com sequencias de anticorpos diversas. O interesse em camelídeos é decorrente de uma linha de pesquisa usando esses nanocorpos na Fiocruz-CE Nesse sentido, será desenvolvido um processo automatizado de obtenção, tratamento e análise de dados massivos de sequências de espécies de interesse provenientes dos bancos de dados públicos que compõem o NCBI através da ferramenta Entrez. Os dados obtidos em formato Fasta serão filtrados e tratados. As sequências passarão por numeração com esquema estabelecido por Kabat. Além da sequência, serão guardados no BD os metadados que as acompanham como espécie e banco de origem.
Comportamento alimentar e nutrição em triatomíneos, vetores do parasito Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas
Bolsista: Paulo Vinicius Camilo da Silva
Orientador(a): FERNANDO ARIEL GENTA
Resumo: Triatomíneos são insetos vetores do Trypanosoma cruzi, agente causador da Doença de Chagas. Embora esses insetos sejam considerados estritamente hematófagos, relatos recentes demonstram a capacidade desses insetos de ingerir soluções açucaradas em grande quantidade, assim como sucos vegetais. O estudo de novos hábitos alimentares em triatomíneos pode ser a base para o entendimento de relações ecológicas desconhecidas desses insetos na natureza, assim como para o desenvolvimento de novas ferramentas para controle da transmissão do T. cruzi. Nesse projeto, pretendemos caracterizar os efeitos da ingestão de diferentes frutos no desenvolvimento do triatomíneo R. prolixus. Isso será feito através do registro fotográfico da ingestão de frutos por ninfas de primeiro instar mantidas em jejum, observação do efeito da ingestão na quantidade de nutrientes no intestino e de reservas nutricionais do inseto após a exposição a frutos, através de medidas bioquímicas, e observação do efeito da ingestão de sucos vegetais na longevidade e na capacidade desses insetos de se alimentarem de sangue em sistema artificial.
Estudos sobre roedores silvestres hospedeiros de hantavírus e arenavírus em áreas de Campos Gerais no estado do Paraná
Bolsista: Rafaella Oliveira de Azevedo
Orientador(a): BERNARDO RODRIGUES TEIXEIRA
Resumo: Aproximadamente 60% dos patógenos infecciosos que afetam a saúde humana são zoonoses, sendo grande parte zoonoses virais com origem em mamíferos silvestres. Dentre estes, os roedores silvestres se destacam por serem hospedeiros potenciais de hantavírus e arenavírus, responsáveis por desencadearem diversas enfermidades. Este estudo visa então investigar a circulação de hantavírus e arenavírus em roedores silvestres provenientes de duas áreas de Campos Gerais no estado do Paraná. Como objetivos desse projeto estão: a realização de um levantamento bibliográfico, baseando-se em estudos de ecologia de populações e comunidades desses roedores hospedeiros de hantavírus e arenavírus; realização de um diagnóstico sorológico e molecular das amostras dos roedores silvestres e ainda a identificação dos genótipos virais associados a estes e por fim relacionar os dados de infecção por hantavírus e arenavírus às variáveis ambientais e das comunidades de roedores. As amostras de soro e órgãos a serem utilizadas nas análises sorológicas e moleculares, foram obtidas a partir de expedições científicas para a coleta de roedores silvestres entre 2018 e 2019. Tais coletas foram realizadas previamente em duas Unidades de Conservação (UCs) em áreas de campos naturais no estado do Paraná: Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas (REVIS-CP) no município de Palmas/PR e Parque Nacional dos Campos Gerais (PARNA-CG) no município de Ponta Grossa/PR. No presente estudo foi realizado um levantamento bibliográfico, utilizando-se inicialmente 117 artigos científicos oriundos do site Pubmed, ao decorrer das análises, apenas 85 foram validados como adequados às temáticas procuradas para o desenvolvimento deste estudo. Foram realizadas também análises sorológicas de 128 roedores silvestres. Quatro roedores (um Akodon montensis e três Oligoryzomys nigripes), todos provenientes do PARNA-CG, apresentaram sororeatividade (ELISA) para hantavírus, com uma prevalência total de 3,12%. Todos O. nigripes tiveram confirmação de infecção por análises moleculares (RT-PCR) enquanto A. montensis apresentou PCR negativa. Ambas as espécies são conhecidos reservatórios de hantavírus no estado do Paraná, sendo O. nigripes reservatório do genótipo Juquitiba (JUQV) e A. montensis do genótipo Jaborá (JABV). Com a continuidade do projeto espera-se concluir as análises de infecção por hantavírus e realizar as análises de infecção por arenavírus nas amostras coletadas. Com o decorrer do desenvolvimento desse estudo, pretende-se identificar os genótipos virais associados as espécies estudadas, avaliar as características ambientais relacionadas às espécies de hospedeiros e às prevalências de infecção, além de gerar conhecimento que possa servir de subsídio e ter aplicabilidade no sistema de vigilância ambiental em saúde na região, auxiliando tanto as secretarias de saúde locais, quanto os gestores das UCs de estudo.
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