Revista Eletrônica do Programa de Bolsas - Edição ZERO

Revista: Edição ZERO | Ano: 2022 | Corpo Editorial: Editorial | Todas edições: Todas
ISSN: 2966-4020
Arquitetura da informação e organização de dados para o gerenciamento da judicialização em saúde: análise do fluxo de variáveis e uso da Informação das decisões judiciais em saúde de 2017 a 2021.
Bolsista: ISABELA BARBOSA RAMALHO BRITO VELOSO
Orientador(a): MARIA CRISTINA SOARES GUIMARAES
Resumo: O presente projeto visa ampliar os estudos de judicialização da saúde, dedicando-se ao desenvolvimento de descritores, dicionários e tesauros para recuperação de processos judiciais da saúde. Como a justiça não categoriza os tipos de processos, é muito dificil a reunião de dados sobre judicializaçào da saúde de forma precisa e segura. Com isso o presente projeto tem como principal objetivo dar continuidade as pesquisas até aqui que estavam na recuperação das movimentações judiciais através de processos automatizados de coleta e limpeza dos dados. Nesta etapa, os tesauros dão caráter ontologico na recuperação das movimentaçòes processuais da saúde, condiçao fundamental para montagem de um banco de dados aberto, on line e on time, da judicialização da saúde.
Sai pra lá - Jogo de tabuleiro pedagógico para conscientização da importância do distanciamento social e outras medidas profiláticas contra doenças respiratórias incluindo a COVID-19.
Bolsista: Pedro Henrique Garcia Nithack Marques
Orientador(a): TANIA ZAVERUCHA DO VALLE
Resumo: Em dezembro de 2019, o mundo viu surgir um novo coronavírus causador de uma síndrome respiratória severa, a qual foi denominada COVID-19. O SARS-CoV-2, virus causador da síndrome, se expandiu rapidamente e atingiu todos os continentes, inciando uma pandemia. Várias medidas de prevenção foram adotadas, incluindo a restrição de circulação da população, cancelamento de eventos, uso de máscaras, entre outras. Neste projeto desenvolvemos um jogo de tabuleiro para ser usado como ferramenta de divulgação científica, sensibilizando a população quanto à necessidade destas medidas para a prevenção da COVID-19 e outras doenças causadas por vírus respiratórios. O jogo foi concebido na lógica dos jogos de tabuleiro modernos, onde o jogador tem um papel ativo do curso da partidam agindo de modo estratégico. Em nosso jogo, os jogadores devem entrar no mercado, cumprir uma lista de compras e sair, fazendo atenção para não se infectarem. Assim, eles devem manter distanciamento das outras pessoas, usar máscara, higienizar as mãos, dar preferência para as áreas com maior circulação de ar e ter atenção com pessoas sem máscara ou não vacinadas. Optamos por um jogo cooperativo, onde todos os jogadores devem trabalhar juntos para fazerem suas compras, evitar riscos desnecessários e, acima de tudo, evitar expor os outros à infecção. Acreditamos que o jogo crie assim um sentimento de insegurança quanto ao risco de se infectar, mas ao mesmo tempo de solidariedade, pois o jogo só será ganho se todos os jogadores conseguirem realizar suas compras e sair saudáveis do mercado.
Octávio Domingues, cientista, leitor de Machado de Assis: a defesa da miscigenação por meio da literatura
Bolsista: Lucas Gabriel Candido de Jesus
Orientador(a): ROBERT WEGNER
Resumo: Justificativa O subprojeto pretende explorar a perspectiva pró-miscigenação do professor de agricultura Octávio Domingues (1897-1972) a partir da sua admiração por Machado de Assis. O geneticista publicou artigos tanto sobre a vida do escritor, quanto sobre as suas obras, a partir de uma perspectiva eugênica, religiosa e filosófica. Por meio desses textos, publicados em jornais e em forma de livro, Domingues defende a mestiçagem, uma vez que Machado Assis era entendido como um exemplo do benefício biológico da mistura racial que, conforme era enfatizado nas décadas de 1930 e 1940, caracterizava a população brasileira. Relevância Os textos sobre Machado de Assis podem fornecer dados relevantes para entender se a perspectiva de Octávio Domingues pró-mestiçagem pode ser entendida como uma visão de combate ao racismo, já que ser favorável à mistura racial não é necessariamente sinônimo de combate ao racismo. Consideramos que, uma vez analisados no quadro mais amplo de produção de Octávio Domingues sobre genética, eugenia e agricultura, seus textos sobre Machado de Assis podem ajudar a compreender, com mais profundidade, qual é o entendimento do autor em relação à mistura racial. Além de compreender a visão de Octávio Domingues em relação às áreas de estudo do autor e da sua perspectiva em relação à mistura racial, será possível verificar como o contexto do debate racial da primeira metade do século XX influenciou o zootecnista e seu pensamento. Foi possível verificar que o eugenista estava atualizado sobre o debate da época e compartilhava ideias semelhantes a autores clássicos do pensamento social brasileiro e influentes no debate racial, como Gilberto Freyre. Objetivos • Analisar os textos de Octávio Domingues sobre Machado de Assis e suas obras; • Discutir a postura pró-miscigenação de Octávio Domingues no contexto do debate racial na primeira metade do século XX; • Verificar como o contexto dos estudos raciais influenciaram Octávio Domingues e sua interpretação sobre a miscigenação e o racismo no Brasil; Metodologia Foi concluído o levantamento e a leitura da produção de Octávio Domingues em jornais e revistas, a partir de extensiva pesquisa na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, com o objetivo de compreender suas concepções teóricas, sua perspectiva acerca da miscigenação racial sob pressuposto eugênico e sua trajetória profissional. Daqui para frente, serão privilegiados e merecerão uma análise intensiva seus textos sobre Machado de Assis. Por meio dessa análise pretende-se compreender com mais profundidade sua defesa da miscigenação, que é feita por Domingues tanto a partir da vida do escritor, quanto pela análise das suas obras, como Dom Casmurro. Referências Bibliográficas DOMINGUES, Octavio. A concepção hereditária de Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 1941. DOMINGUES, Octávio. O Povoamento do Brasil. Diario de Noticias. v. 3174, n. 1, p. 17-18, abr. 1937. DOMINGUES, Octávio. Porque Escrevi sobre o Zebú. Diario de Noticias, v. 5170, n. 1, p. 12-13, set. 1939. DOMINGUES, Octávio. A Hereditariedade em Face da Educação. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1929. NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo social. 2007, v.19, n.1, p.287-308. mar. 2007. WEGNER, Robert. Dois geneticistas e a miscigenação. Octavio Domingues e Salvador de Toledo Piza no movimento eugenista brasileiro (1929-1933). Varia Historia v. 33, p. 79-107, 2017.
Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno: um inquérito de base hospitalar.
Bolsista: RAFAELLE MENDES DA COSTA
Orientador(a): MARIA DO CARMO LEAL
Resumo: ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA SERGIO AROUCA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ PROGRAMA PIBIC SUBPROJETO DO BOLSISTA Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno: um inquérito de base hospitalar. Aluna: Rafaela Mendes da Costa Orientadora: Maria do Carmo Leal Coorientadora: Tatiana Henriques Leite 1. IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO Título: Maus-tratos durante o parto e suas associações com o aleitamento materno um inquérito de base hospitalar. Aluno candidato a bolsa: Rafaela Mendes da costa Curso: Saúde Coletiva Universidade: UFRJ Período: 12 Unidade: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca Instituição: Fundação Oswaldo Cruz Orientadora: Maria do Carmo Leal Cargo: Pesquisador Titular em Saúde Pública Departamento: Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde Coorientadora: Tatiana Henriques Leite Cargo: Professora adjunta Departamento: Instituto de Medicina Social Hésio Cordeiro – UERJ 2. Justificativa e Relevância Publicações recentes têm mostrado que muitas mulheres no mundo são vítimas de maus tratos, desrespeito, abusos e negligência durante a gestação, parto e puerpério, sendo o parto o momento mais crítico. Na América Latina, tem sido utilizado o termo “violência obstétrica” para caracterizar o conjunto desses atos. No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe mais recentemente o termo “Mistreatment of women during the process of childbirth”, expressão utilizada nessa publicação. No Brasil, dois grandes estudos investigaram a prevalência de maus-tratos considerando o último parto. O primeiro, de base hospitalar estimou que no total, 44% das mulheres (45% no setor público e 30,2% no privado) sofrem algum tipo de maltrato durante a internação para o parto (2) . O segundo estudo, de base populacional, foi realizado em Pelotas com os dados da linha de base da coorte de Pelotas – 2015. Essa pesquisa reportou que 18,3% das mulheres relataram algum tipo de desrespeito ou abuso (3). Apesar da alta prevalência de maus-tratos no momento do nascimento no Brasil e também em outros países no mundo, há poucos estudos explorando as consequências desses atos na saúde da mulher e do recém-nascido. No melhor do conhecimento dos autores, não há nenhuma pesquisa epidemiológica que tenha investigado a associação entre maus tratos no parto e suas associações com a amamentação, sendo este, um importante gap da literatura. 3. Objetivo Investigar a associação entre os maus –tratos durante a internação para o parto com o aleitamento materno na maternidade e até dois meses após o parto. 4. Método O “Nascer no Brasil” é um inquérito nacional de base hospitalar, composto por puérperas e seus recém-nascidos, realizado no período de fevereiro de 2011 a outubro de 2012. Com o objetivo de mensurar os maus-tratos durante o trabalho de parto e nascimento foram feitas sete perguntas (indicadores) para as puérperas em um questionário preenchido entre quarenta e três dias e seis meses após o parto por telefone. Através dessas perguntas, as mulheres relataram atos de violência física ou psicológica, tratamento desrespeitoso, falta de informação, privacidade e comunicação com a equipe de saúde, impossibilidade de fazer perguntas e perda de autonomia. As perguntas sobre aleitamento materno foram realizadas por telefone entre 43 e 60 dias após o parto. Será utilizado dois desfechos para aleitamento materno. O primeiro, refere-se à amamentação exclusiva na alta da maternidade e o segundo desfecho, refere-se à amamentação exclusiva entre 43 e 60 dias após o parto. Análises descritivas e bivariadas serão realizadas estratificadas pela via de parto, considerando todos os nascimentos. Para comparar frequências, será utilizado o teste qui-quadrado. Essas análises serão realizadas em Stata (4). A modelagem principal será feita através de modelos de equação estrutural em Mplus (5). A equação estrutural é composta por um modelo de medida associado a um modelo estrutural. Essa forma de análise é vantajosa pois é possível considerar os erros de medida nas estimações de interesse central, modelar simultaneamente variáveis dependentes, testar ajustes globais, avaliar efeitos totais, diretos e indiretos, entre outras possibilidades. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/Fiocruz (CAAE 0096.0.031.000-10). 6 Referências 1. Savage V, Castro A. Measuring mistreatment of women during childbirth: A review of terminology and methodological approaches Prof. Suellen Miller. Reproductive Health. 2017;14(1):1-27. 2. Leite TH, Pereira APE, Leal MDC, da Silva AAM. Disrespect and abuse towards women during childbirth and postpartum depression: findings from Birth in Brazil Study. Journal of affective disorders. 2020 Aug 1;273:391-401. PubMed PMID: 32560934. pesquisa nacional Nascer no Brasil. Cadernos de saude publica. 2014;30(suppl 1):S140-S53. 3. Mesenburg MA, Victora CG, Jacob Serruya S, Ponce De León R, Damaso AH, Domingues MR, et al. Disrespect and abuse of women during the process of childbirth in the 2015 Pelotas birth cohort Prof. Suellen Miller. Reproductive Health. 2018;15(1):1-8. 4. Stata Statistical Software S. Release 14: College Station (TX): Stata Corporation.; 2016. 5. Muthén LK, BO. M. Mplus 8. In: edn t, editor. Los Angeles2018.
EVOCANDO O LEGADO DE VIRGÍNIA SCHALL:MEMÓRIAS, CIÊNCIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO PARA O SUS/AS MULHERES E OS PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA MEDICINA TROPICAL:TRAJETÓRIAS, PRÁTICAS E PROFISSIONALIZAÇÃO NO BRASIL (1940-1999)
Bolsista: Ailton Junior de Paula Souza
Orientador(a): DENISE NACIF PIMENTA
Resumo: Virgínia Schall teve trajetória fundamental na constituição de diferentes linhas de pesquisa no Brasil, como a educação em saúde, saúde coletiva, ensino de ciências e divulgação científica. O presente trabalho teve como objetivo geral resgatar por meio da história vida e trajetória profissional da pesquisadora discussões nos campos em que ela atuou. Desde 2015, com o falecimento de Virgínia Schall iniciou-se, no IRR, uma linha de pesquisa sobre sua trajetória de vida e profissional. Organizamos e digitalizamos parte do acervo, alimentamos o repositório institucional (Arca), organizamos livros, capítulos e artigos sobre a temática, além de produção de materiais educativos e audiovisuais, como um site e podcasts. Dada a multiplicidade de ações de Virgínia Schall e diante da constatação de que a vida de Schall se entrecruza com outras cientistas que também tiveram suas carregas invisibilizadas, sobretudo no campo da medicina tropical e com o encerramento do projeto inova, a pesquisadora propositora de desse projeto articulou-se com outros pesquisadores e instituições e submeteram um novo projeto ao CNPq sobre a atuação das mulheres na medicina tropical no brasil em colaboração com a Casa de Oswaldo cruz (COC). Um campo importante de atuação das mulheres nos ambientes acadêmicos e científicos é a Medicina Tropical, especialmente na interface educação em saúde no Brasil. Isso porque as profissões de enfermeiras, visitadoras e técnicas, bem com a formação nos cursos superiores de história natural, farmácia e química, dentro do universo das políticas educacionais, se configuram como espaços femininos e a medicina tropical configurou-se em um campo aberto. Desta forma, essas mulheres se alinharam às agendas da saúde pública, nas quais os programas de educação sanitária têm um espaço privilegiado. Portanto, é com um olhar voltado para as trajetórias, práticas e produções científicas das mulheres, sem hierarquizações nesse processo, que pretendemos contribuir para o debate sobre o papel das mulheres na ciência, tomando como caminho o seu papel na institucionalização do campo da medicina tropical brasileira. Os projetos possuem como referenciais teóricos e metodológicos interdisciplinaridades entre História, Arquivologia e Ciências da Vida, que abrange procedimentos bibliográficos, documentais e estudo de caso, como História Oral, pesquisa quali-quantitativa e análises de dados de documentação bibliográfica. O projeto também trouxe desdobramentos como a produção de oito episódios de Podcasts educativos e interdisciplinares, um site contendo informações sobre Mulheres na Medicina Tropical e a criação de uma página no Wikipédia sobre a vida e trajetória de Virgínia Schall.
Validação de vias diferentemente moduladas em células da medula óssea de cães naturalmente infectados por Leishmania infantum apresentando diferentes desfechos clínicos
Bolsista: Camile Silva Andrade
Orientador(a): Bruna Martins Macedo Leite
Resumo: Os cães infectados por L. infantum apresentam um espectro dinâmico de formas clínicas, que podem variar desde uma infecção subclínica até uma doença grave, podendo ser fatal. A progressão da leishmaniose visceral canina (LVC) depende de diversos fatores, entre eles, o tipo de resposta imune desencadeada após a infecção. O papel que a resposta imune desempenha no contexto da progressão e controle da LVC ainda não está completamente compreendido. Mais precisamente, o envolvimento da resposta imunecelular na patologia da doença não são bem esclarecidos. A MO é um dos tecidos de predileção da L. infantum e as células mielóides são uma das principais células hospedeiras do parasita. No entanto, o papel dessas células no desfecho clínico da LVC ainda é pouco estudado. Em razão da necessidade de esclarecer a importância da MO na patogênese da LVC, o objetivo do presente trabalho é validar vias diferentemente modulas identificadas em células da MO de cães resistentes e cães susceptíveis. Em estudo anterior, ainda não publicado, realizamos o sequenciamento de RNA total de células de MO de cães resistentes e susceptíveis selecionados de uma coorte com duração de 4 anos, realizada em área endêmica para LVC. Também foram incluídos no estudo cães controle não infectados por L. infatum. Em seguida ao sequenciamento, os dados brutos gerados foram mapeados e analisados por bioinformática, onde foram identificados genes diferentemente expressos (DEGs) em células da MO de cães resistentes e cães susceptíveis, quando comparados com células da MO de cães controle. Posteriormente foram feitas análises de enriquecimento de anotação de ontologia gênica e vias relacionadas à migração celular e ao reparo de quebra dupla de DNA foram identificadas como diferentemente modulas nas amostras obtidas de cães resistentes e susceptíveis. No presente estudo, os cães resistentes, os susceptíveis e os controles serão reavaliados e novas amostras biológicas serão coletadas para realização da validação das vias que foram anteriormente identificadas como diferentemente moduladas. As vias relacionadas a migração celular serão validadas por ensaios de migração realizados em placas de transwell e as vias relacionadas ao reparo de quebra dupla de DNA serão validadas por ensaios de cometa neutro. Validar essas vias irá contribuir para o melhor entendimento da patogênese da doença e na identificação de potenciais alvos imunoterapêuticos.
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