Bolsista: Juliana Oliveira da Mata
Orientador(a): EDWARD JOSE DE OLIVEIRA
Resumo: A esquistossomose intestinal, causada pelo Schistosoma mansoni, é uma doença parasitária considerada um problema de saúde pública no Brasil. O diagnóstico laboratorial dessa doença é realizado pela detecção de ovos do parasito nas fezes, utilizando método parasitológico. A técnica de Kato-Katz é a mais usada no Programa de Controle da Esquistossomose. Entretanto, essa técnica apresenta baixa sensibilidade quando aplicada para diagnóstico de indivíduos residentes em áreas de baixa prevalência. Visando contribuir para melhorar o diagnóstico laboratorial dessa doença, este projeto de pesquisa tem como propósito avaliar os ensaios de PCR-ELISA e PCR em tempo real (qPCR) para o diagnóstico da esquistossomose intestinal. Para isso, amostras de fezes coletadas de indivíduos residentes nos municípios de Malacacheta e Conde, consideradas como áreas de moderada endemicidade, serão examinadas pela técnica de Kato-Katz. Em seguida, amostras de fezes e urina serão examinadas pelos ensaios de PCR-ELISA e qPCR. O DNA total será extraído de 500 mg de fezes usando o kit comercial Power Fecal Pro (Qiagen GmbH, Hilden, Germany), de acordo com as recomendações do fabricante. O PCR-ELISA e o qPCR serão realizados de acordo com protocolo estabelecido pelo nosso grupo de pesquisa. Do município de Malacacheta, 400 foram efetivamente incluídos no estudo. Vinte e duas amostras foram positivas pela técnica de Kato-Katz, examinando-se duas lâminas, resultando em positividade de 5,5% (3,4-8,3). Considerando o ponto de corte de 0,150, 66/400 amostras de fezes foram positivas, que correspondem a 16,5% (12,8-21%) pelo PCR-ELISA. Infelizmente, não foi possível analisar as amostras de urina por meio do ensaio de PCR-ELISA em razão de queda da estabilidade dos reagentes, mesmo armazenados em congelador -20 ºC. Portanto as amostras de urina dos participantes de Malacacheta foram analisadas por meio do PCR convencional. Das 400 amostras de urina submetidas ao PCR convencional, 24 (6%, IC95%:3,84-8,93) foram positivas para a presença de DNA de S. mansoni. Os resultados do PCR em tempo real (qPCR) foram interpretados considerando um ponto de corte de 42 Ct. Dessa forma, a positividade do qPCR foi de 16,75% (IC95%:12,98-21,27), que foi muito parecida com a obtida pelo PCR-ELISA aplicado em amostras de fezes. Por outro lado, o qPCR, em DNA extraido de amostras de urina, apresentou uma positividade de 4,5% (IC95%:2,67-7,11), considerando um ponto de corte também de 42 Ct. Da população do município de Conde, já foi extraído DNA de 60 amostras de fezes, sendo que apenas uma apresentou concentração abaixo da média e, se não apresentar amplificação do controle interno, a extração e o ensaio de qPCR serão repetidos. A sensibilidade, especificidade, acurácia diagnóstica, concordância, razão de verossimilhança positiva e negativa dos ensaios de PCR-ELISA e qPCR serão determinadas, tomando como referência os resultados do exame parasitológico de fezes. O desenvolvimento desse projeto produzirá evidências técnico-científicas para embasar decisões no Programa de Controle da Esquistossomose.