Bolsista: MARIELLEN SANTOS DE JESUS SOUZA
Orientador(a): Isadora Cristina de Siqueira
Resumo: Na contramão do propósito do programa da OMS/OPAS, cujo objetivo seria, até 2015, atingir a redução da incidência de sífilis congênita para menos de 0,5 casos por 1000 nascidos vivos, no Brasil, de 8,5/1000 nascidos vivos em 2017, as taxas subiram para 9,0/1000 nascidos vivos em 2018 e, em 2020, observa-se uma redução para 7,7/1000 nascidos vivos na taxa de incidência de sífilis congênita. Embora se observe essa diminuição dos casos de sífilis em quase todo o país em 2020, cabe ressaltar que parte dessa redução pode estar relacionada à identificação de problemas de transferência de dados entre as esferas de gestão do SUS, o que pode ocasionar diferença no total de casos entre as bases de dados municipal, estadual e federal de sífilis. O declínio no número de casos também pode decorrer de uma subnotificação dos casos no Sinan, devido à mobilização local dos profissionais de saúde ocasionada pela pandemia de covid-19. (PAHO, 2017; PEELING et al, 2017; BRASIL, 2021).
O relatório anual do núcleo de vigilância epidemiológica e pesquisa sobre a situação epidemiológica na Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto (MRPJMMN) no ano de 2018 identificou a sífilis como a principal doença infecciosa de notificação compulsória da unidade hospitalar, sendo notificado 530 de casos de sífilis em gestantes para um total de 6.865 nascidos vivos. A taxa de detecção de sífilis em gestante foi 77,2 casos/1.000 nascidos vivos sendo superior aos casos de 21,2/1.000 nascidos vivos para o estado da Bahia em 2018. Foram notificados 316 casos de sífilis congênita em 2018, com taxa de incidência de 46 casos/1.000 nascidos vivos, resultado bem superior aos 0,5 casos por 1.000 nascidos vivos preconizado pela Organização Mundial da Saúde, e superior a taxa de 25,7/1.000 nascidos vivos da referida maternidade, no ano anterior.
Assim, para uma real estimativa do impacto das infecções congênitas em nossa população, um estudo retrospectivo com mães e bebês com infecções por sífilis foi implantado. Realizamos um levantamento retrospectivo documental dos casos notificados de sífilis congênita no período de 2016-2019 de neonatos na Maternidade MRPJMMN, objetivando avaliar a prevalência de infecções congênitas e os desfechos clínicos das gestações associadas a infecções congênitas.
Até o momento, foram incluídos e coletados dados clínicos e epidemiológicos de 721 casos de sífilis congênita, compreendendo o período de janeiro de 2016 até o março de 2019 e cadastramos no banco de dados criada na plataforma de gerenciamento de dados REDCap 9.3.1 - © 2022 Vanderbilt University, para o armazenamento e onde foi possível iniciar a análise dos dados, para comparar a prevalência de sífilis congênita no período, descrever o perfil clínico e demográfico desses neonatos e avaliar a condição do diagnóstico materno e fatores relacionados ao tratamento ou falta de tratamento e diagnósticos maternos, como também, desfechos clínicos dos recém-nascidos.
Observou-se uma quantidade expressiva de casos notificados na maternidade de 2016 a 2019, com o maior número registrado no ano 2018, apesar de ainda faltarem os meses de março até dezembro do ano de 2019.
Foi possível analisar as características epidemiológicas e clínicas durante o período de estudo atual, e perceber o aumento no número de casos de sífilis congênita, assim como, de gestantes que são diagnosticadas durante o pré-natal, com media de idade de 24 anos, autodeclaradas pardas em sua maioria, com o Ensino Médio incompleto ou completo.
Os neonatos em sua maioria evoluem alta, sendo assintomáticos, porém com teste não treponêmico reagente, e esquema de tratamento com penicilina G por 10 dias. Através da análise documental em nosso estudo, observamos a importância da vigilância sobre o aumento de casos de sífilis congênita na conduta do estabelecimento de medidas para fortalecer o controle da propagação de sífilis na população e a contribuição acadêmica na divulgação científica do assunto abordado